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Salários e Tecnologia no Crescimento

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187A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
SALÁRIOS E TECNOLOGIA NUM 
MODELO DE CRESCIMENTO COM 
RESTRIÇÃO EXTERNA*
Marcus Dutra**
Gabriel Porcile***
Antonio J. A. Meirelles****
RESUMO O modelo proposto formaliza uma preocupação que se encontra cada 
vez com mais freqüência na literatura, a saber, a de que trabalhadores que não têm 
acesso a condições adequadas de capacitação, saúde e motivação tendem a aprender 
menos, reduzindo a velocidade de inovação em produtos e processos na fi rma. Na 
medida em que a competitividade internacional repousa crescentemente na ino-
vação e/ou na imitação rápida de tecnologia, um nível baixo de desenvolvimento 
humano implicará oportunidades de crescimento perdidas. Assim, o modelo assu-
me que, até certo valor crítico do salário real, aumentos de salário real produzem 
aumentos de competitividade e da taxa de crescimento com equilíbrio externo, tor-
nando compatíveis o crescimento econômico e a distribuição da renda, inclusive 
num contexto de abertura e de intensa concorrência internacional.
Palavras-chave: crescimento econômico; competitividade internacional; tecno-
logia e comércio internacional
Código JEL: F43 – Economic Growth of Open Economies
 * Artigo recebido em 26 de janeiro de 2005 e aprovado em 25 de novembro de 2005. 
 ** Petrobras, e-mail: marcus.dutra@bol.com
*** Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador 
do CNPq, e-mail: porcile@ufpr.br
 **** Professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Uni-
camp) e pesquisador do CNPq, e-mail: tomze@fea.unicamp.br
R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
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WAGES AND TECHNOLOGY IN A GROWTH MODEL 
WITH EXTERNAL CONSTRAINTS
ABSTRACT The model formalizes a topic that the economic literature addresses 
with increasing frequency, namely that workers who have no access to adequate le-
vels of education, health and motivation tend to learn more slowly and this in turn 
reduces the rate of innovation in products and processes in the fi rm. To the extent 
that international competitiveness increasingly relies on innovation and imitation 
of technology, a low level of human development will render lost opportunities 
for growth. Thus, the model assumes that — up to a certain critical level of the 
real wage — increases in real wages lead to a higher rate of growth consistent with 
balance-of-payments equilibrium, which makes compatible growth and income 
distribution even in contexts of external openness and intense international com-
petition. 
Key words: economic growth; international competitiveness; technology and in-
ternational trade
189A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 000-000, jan./mar. 2006
INTRODUÇÃO
Assume-se convencionalmente que a relação entre salários reais e competiti-
vidade internacional é negativa. O suposto fundamenta-se em que o salário 
real é parte do custo unitário de produção, e este por sua vez é um indicador 
da capacidade das fi rmas de um país de competir internacionalmente. Mas, 
em certos casos, salários reais mais elevados podem ter conseqüências po-
sitivas sobre a competitividade em países em que os salários reais são mui-
to baixos. Crescentemente, a literatura aponta diversos mecanismos pelos 
quais esses efeitos positivos poderiam acontecer.
Em primeiro lugar, em países com salário real muito baixo, a capacidade 
do trabalhador é negativamente afetada. A produtividade do trabalhador 
está positivamente associada com seu nível de consumo (Basu, 1984: 96; 
Bliss e Stern, 1978). Os trabalhadores desses países estão mais predispostos 
a ter problemas de saúde (inclusive por defi ciências alimentares na gestação 
e nos primeiros anos da infância, que persistem posteriormente) e teriam 
também menor acesso à educação e a bens culturais, o que reduz sua ca-
pacidade de aprendizado.1 Em segundo lugar, a literatura sobre salários de 
efi ciência tende a destacar que salários reais mais altos permitem que o tra-
balhador tenha uma motivação maior e dedique um esforço maior ao tra-
balho (Shapiro e Stiglitz, 1989; Ros, 2000: 320). Como resultado, o esforço 
que o trabalhador dedica ao aprendizado de suas tarefas, e eventualmente a 
melhorar o processo de trabalho, tende a aumentar com o salário real, den-
tro de um leque limitado de variação do salário real. 
Assim, tanto pelo fator capacidade quanto pelo fator motivação, salários 
reais mais altos poderiam estar associados a uma taxa mais alta de aprendi-
zado em países em desenvolvimento. Isso leva ao segundo ponto do argu-
mento deste trabalho: competitividade e aprendizado estão positivamente 
associados, na medida em que cada vez mais o sucesso competitivo depende 
da inovação ou da imitação criativa dos inovadores, isto é, do aprendizado 
de novas tecnologias e de novos processos produtivos. A capacidade de se 
adaptar a um ambiente em permanente mudança, e de receber e processar 
informação de distintas fontes (inclusive de centros de pesquisa e de univer-
sidades) para entrar em mercados mais sofi sticados ou em mais rápido cres-
cimento, é um componente-chave da chamada competitividade estrutural 
ou sistêmica (Cimoli, 1988; Mytelka, 1999). Tudo isso reforça a idéia de que 
190 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
os impactos das variações de salários devem ser estudados considerando 
seus eventuais efeitos sobre a taxa de aprendizado tecnológico. Se essa taxa 
aumenta com o salário real, existe um espaço para que a distribuição da 
renda e o crescimento avancem juntos, pari passu com o aumento da com-
petitividade internacional.
A contribuição deste trabalho é mostrar como essa relação entre salários 
e aprendizado pode ser tratada no marco de um modelo de crescimento 
com restrição em balança de pagamentos. O trabalho consta de três seções, 
além da introdução e das conclusões.
A seção 1 apresenta as principais equações do modelo. Parte-se de uma 
equação de crescimento de longo prazo com equilíbrio externo, na qual a 
taxa de crescimento da economia depende da variação no tempo de com-
petitividade internacional dessa economia. A variação da competitividade 
internacional, por sua vez, é função da taxa relativa de inovação no Norte 
(países líderes do ponto de vista tecnológico, que expandem a fronteira do 
conhecimento) e de aprendizado no Sul (formado por países que não alcan-
çaram a fronteira tecnológica internacional). 
Seguindo os modelos de catching-up tecnológico, assume-se que a taxa 
de aprendizado relativo depende do hiato tecnológico Norte-Sul, mas tam-
bém do salário real no Sul, via os mencionados efeitos sobre a capacidade e a 
motivação do trabalhador. Finalmente, a variação dos salários reais no tem-
po é uma função do comportamento do mercado de trabalho, supondo que 
a oferta de trabalho cresce a uma taxa constante exógena e que a demanda 
de trabalho depende da taxa de crescimento da economia. 
A seção 2 analisa a dinâmica do sistema e a estabilidade dos equilíbrios. 
A seção 3 discute o efeito, sobre os valores de equilíbrio da competitividade 
e do salário real, de mudanças nos parâmetros do sistema induzidas pela 
política econômica. O modelo mostra que uma política favorável ao au-
mento dos salários reais, quando se parte de níveis iniciais muito baixos, 
pode favorecer o aprendizado e, a partir dele, a competitividade e o cresci-
mento, dando lugar a um círculo virtuoso por meio do qual crescimento e 
distribuição da renda se reforçam mutuamente.
191A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
1. O MODELO
1.1 Crescimento econômico e competitividade
Toma-se como ponto de partida o modelo de Amable (1994), o qual intro-
duz uma mudança no modelo de crescimentocom restrição do balanço de 
pagamentos proposto por McCombie e Thirlwall (1994). Essa mudança con-
siste em incluir a variável qualidade no argumento da função de demanda de 
exportações, enquanto a função de demanda de importações é igual à usada 
por McCombie e Thirlwall. Segundo Amable, a conta corrente de um certo 
país dependerá de sua taxa de câmbio real, de seu nível de renda, da renda do 
resto do mundo e da qualidade de suas exportações. Formalmente:
 P*
M = A (— E) ψY π (1)
 
P 
 
PX = B (— —)ηZ ε Ωλ (2)
 
P*E
onde M são as importações do Sul, X são as exportações do Sul, Z é a renda 
do Norte, Y é a renda do Sul, P é o nível de preços no Sul, P* é o nível de 
preços no Norte, Ω é um indicador de qualidade das exportações, E é a taxa 
nominal de câmbio (preço em unidades monetárias domésticas de uma 
unidade monetária estrangeira), ψ é a elasticidade preço das importações, 
π é a elasticidade renda das importações, η é a elasticidade preço das expor-
tações, ε é a elasticidade renda das exportações, λ é a elasticidade qualidade 
das exportações, A e B são constantes positivas. As elasticidades preço são 
negativas, e as elasticidades com relação à renda e à qualidade são positi-
vas. A elasticidade em qualidade assim defi nida é parte do que McCombie e 
Thirlwall (1994, cap. 3) chamam de non-price competitiveness. 
Para que exista equilíbrio na conta corrente, é necessário que a seguinte 
condição seja satisfeita:
EP*M = PX (3)
ou então
 P* P
EP*A = (— E)ψ Yπ = PB (——)
η
Z 
εΩ λ (4)
 
P P*E
192 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
Aplicando logaritmos à igualdade anterior e diferenciando com relação 
ao tempo, obtém-se o seguinte resultado:
e + p* + ψ(p* + e – p) + πy = η (p – p* – e) + p + εZ + λω (5)
onde as letras minúsculas representam as taxas de variação das variáveis no
 ∂p/∂t
tempo (por exemplo, p = ———).
 
p
Da equação (5) obtemos a taxa de crescimento de longo prazo da econo-
mia compatível com o equilíbrio na conta corrente:
 1y = — (η (p – p*– e) + ψ (p – p* – e) + (p – p* – e) + εz + λω) (6) π
 
1y = — ((η + ψ + 1)(p – p* – e) + εz + λω) (7)
 π
É fácil ver que a taxa de crescimento de longo prazo com equilíbrio em 
conta corrente depende da variação da taxa de câmbio real, da variação 
da renda do resto do mundo e da variação da qualidade das exportações. 
É o resultado conhecido como Lei de Thirwall, com a inclusão de um novo 
componente, a saber, a variação da qualidade das exportações no tempo. 
Para tornar o modelo mais operacional e estudar suas conexões com tec-
nologia e salários, adotam-se alguns supostos simplifi cadores. O primeiro 
suposto é que a variação da qualidade é função do nível das assimetrias tec-
nológicas internacionais.2 Mais especifi camente, assume-se que a variação 
da competitividade em qualidade é uma função inversa do hiato tecnológico 
Norte-Sul, dada por S = (Ts/Tn), onde Ts e Tn denotam o estoque de conhe-
cimentos tecnológicos no Sul e no Norte, respectivamente. Formalmente:
 TSω = S = �——� (8)
 TN
O segundo suposto, de uso freqüente neste tipo de modelo, consiste em 
supor que o princípio da paridade do poder de compra se verifi ca no longo 
prazo (i.e., p – p* – e = 0). O terceiro suposto é que a economia opera em re-
193A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
gime de taxa de câmbio fi xa, portanto e = 0. A combinação dos dois supos-
tos anteriores implica a plena convergência entre a taxa de infl ação interna 
e a taxa de infl ação externa (p = p*). 
Usando os supostos anteriores, tem-se que:
 1 1
y = — (εz +
 λω) = — (εz +
 λS) (9)
 π π
Assim, a taxa de crescimento da renda dos países menos desenvolvidos 
será inversamente proporcional à elasticidade renda das importações (π) e 
diretamente proporcional à taxas de crescimento da renda do mundo (z), 
à função inversa do hiato tecnológico (S) e às elasticidades renda (ε) e de 
qualidade (λ) das exportações.
S varia no tempo como função do aprendizado no Sul, dada uma taxa 
constante de progresso técnico no Norte. Na próxima seção discutem-se os 
determinantes do aprendizado no Sul: o hiato tecnológico Norte-Sul, que 
defi ne o potencial de imitação existente para o Sul, e a capacidade dos tra-
balhadores do Sul de absorver e desenvolver a tecnologia estrangeira, que 
depende do salário real.
1.2 Aprendizado
A evolução da variável S no tempo depende do hiato tecnológico e do sa-
lário real no Sul. A infl uência do hiato é um aspecto bem documentado na 
literatura sobre catching-up tecnológico, como em Fagerberg (1988, 1995). 
A idéia é que quanto maior for o hiato tecnológico, maiores serão as opor-
tunidades de imitação, maior a difusão de tecnologia e mais alta a taxa de 
aprendizado no Sul. Como S é o inverso do hiato tecnológico, a velocidade 
de aprendizado cresce com o aumento desse hiato.
Com relação ao salário real, assume-se que a taxa de aprendizado au-
menta com o salário real até um certo valor crítico, a partir do qual aumen-
tos do salário real já não afetam o aprendizado. O suposto é razoável, na 
medida em que o efeito negativo dos baixos salários tem a ver com defi ciên-
cias na saúde e na formação do trabalhador. Quando essas defi ciências são 
atendidas, o trabalhador pode alcançar seu potencial, independentemente 
de novos aumentos do salário real. Formalmente:
194 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
|s = a0 +a1W – a2 S para W ≤ Wc (10 e 11)
 s = a0 + a1Wc – a2 S para W > Wc 
 
d lnS
onde s = ——— é a taxa de crescimento da inversa do hiato, W é o
 
dt
sa lário real do Sul e Wc é o valor crítico (que se supõe exógeno) do salário 
real a partir do qual já não afeta a taxa de aprendizado no Sul. Todos os 
parâmetros são positivos. O parâmetro a1 é uma medida do efeito do salá-
rio real sobre o aprendizado. O parâmetro a2 indica a velocidade com que 
se perdem as oportunidades de imitação quando o hiato se reduz. Quanto 
maior a2, menor é a capacidade economia de aproveitar a existência de um 
hiato tecnológico para promover o seu próprio processo de aprendizado.
1.3 O Mercado de trabalho
A variação do salário relativo do Sul é uma função (a) da diferença na taxa 
de aumento da oferta e demanda de trabalho e (b) do confl ito entre em-
presários e sindicatos quando os empresários são price-takers (e, em conse-
qüência, o mark-up é fl exível: deve-se lembrar que se supõe a plena con-
vergência dos preços externos e internos). A demanda de trabalho depen-
de, por um lado, da taxa de crescimento da economia e, portanto, da sua 
competitividade em qualidade (equação 9). Supondo dado o aumento da 
oferta de trabalho no tempo, quanto maior o aumento da demanda de traba-
lhadores, maior tenderá a ser a variação do salário relativo. Mas o confl ito entre 
capital e trabalho também afeta a evolução dos salários reais. À medida que 
o salário real é mais alto e a margem de lucros se reduz, aumenta a resistência 
empresarial a outorgar novos aumentos de salários (Carlin e Soskice, 1990: 
140 - 143). Assim, para uma mesma variação no nível de emprego, a varia-
ção do salário real será menor quando o nível do salário real for maior.
Em resumo, a variação percentual do salário real no tempo, denotada 
como w = [d (lnW) / dt), é inversamente proporcional ao nível do salário 
real e diretamente proporcional à competitividade do Sul. Formalmente:
w = bo – b1W + b2S, (12)
onde todos os parâmetros são positivos; b1 depende da capacidade dos em-
presários (trabalhadores) de evitar (promover) cortes na margem de lucro; 
195A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
b2 depende do impacto do crescimento sobre a variação do emprego, afe-
tando a barganha salarial.
2. DINÂMICA E ESTABILIDADE
2.1 Equilíbrio
A discussão anterior defi ne um sistema de duas equações diferenciais, uma 
das quais exprime o comportamento do mercado de trabalho e a outraa 
dinâmica tecnológica (e de competitividade em qualidade). Com efeito, 
tem-se que:
� 
w = b0 – b1W + b2 S (13)
 |s = a0 + a1W – a2 S para W ≤ Wc
 s = a0 + a1Wc – a2 S para W > Wc 
 
A equação (13) pode ser divida em dois subsistemas:
W = [0, Wc) W = [Wc, ∞) 
�w = b0 – b1W + b2S 
(14) �w = b0 – b1W + b2S (15)
 s = a0 – a1W – a2S s = a0 – a1Wc – a2S
E, reordenando os termos, tem-se:
�w + b1W – b2S = b0 w + b1W – b2S = b0 (17)
 s = a1W + a2S = a0 s + a2S = a0 + a1 Wc
Em equilíbrio, S (t) = S*, W(t) = W* e s = w = 0, portanto:
W = [0, Wc) W = [Wc, ∞)
� +b1W – b2S = b0 
(18) +b1W – b2S = b0 
(19)
 –a1W + a2S = a0 +a2S = a0 + a1 Wc
�
� �
� �
� �
196 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
Para W* ≤ Wc, tem-se que em equilíbrio: 
 a2b0 + b2a0 e a1b0 + b1 a0W*= –––––––––––– e S*= ––––––––––
 b1a2– b2a1 b1a2– b2a1
Quando o equilíbrio ocorre para um salário real no Sul maior que o salá-
rio crítico, os valores de equilíbrio são dados pelas seguintes equações:
 b0 b2(a0 + a1Wc) (a0 + a1Wc)
W*= ––– + ––––––––––– e S* = ––––––––––
 b1 b1a2 a2
Para evitar cenários inconsistentes não apenas no ponto de equilíbrio, 
mas durante todo o período transiente da dinâmica econômica, são adi-
cionadas restrições aos valores que podem assumir as variáveis. A primeira 
restrição impede que o Sul supere o Norte em termos tecnológicos, ou seja, 
TS / TN não pode ser maior do que a unidade. 
TS / TN ≤ 1 (20)
Outro cenário que deve ser evitado durante a dinâmica de transição é 
que o lucro dos capitalistas seja negativo. Para isso, é necessário que a mas-
sa de salários seja menor que o produto (expressas ambas as variáveis em 
termos reais): 
WL < Y (21)
onde W é o salário real; L é o nível de emprego; Y é a renda do Sul. Se a produ-
tividade do trabalho é A = Y / L, e assume-se que ela cresce linearmente com a 
inversa do hiato tecnológico, A = KS, a restrição (21) pode ser escrita como:
W < KS (22)
A equação (22) é imediatamente intuitiva, já que apenas implica que o 
salário real não pode ser maior do que a produtividade física do trabalho.
As fi guras 1A e 1B mostram grafi camente os pontos de equilíbrio do sis-
tema. As áreas tracejadas são aquelas inconsistentes com (20) ou (22). 
 2.2 Estabilidade
A seguir, analisar-se-á a estabilidade dos pontos fi xos a partir da matriz ja-
cobiana dos subsistemas de equações diferenciais anteriormente apresenta-
dos. Os subsistemas (14) e (15) podem ser escritos como:
197A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
Figuras 1A e 1B: Equilíbrio do salário e do hiato tecnológico
S
S
WWc
WWc
 b0 b1 
W = 0, S = ––– + –––W
 b2 b2 
 a0 a1 
S = 0, S = ––– + –––W
 a2 a2 
 a1b0 + b1a0 
S* = –––––––––
 a1a2 – b2a1
 a0 a1S = 0, S = –– + –– W a2 a2
 a2b0 + b2a0 
W* = –––––––––
 b1a2 – b2a1
 b0 b1W = 0, S = –– + –– W b2 b2
 a0 a1s = 0, S = –– + –– W a2 a2
 a0 + a1 Wc s = 0, S = –––––––– —
 a2 
 (a0 + a1Wc) 
S* = –––––––––
 
 a2 
 b0 b2 (a0 + a1Wc)W* = ––– + –––––––––—
 b1 b1a2 
 
S ≥ 1
 
 
W ≥ K.S
 
 
S ≥ 1
 
 
W ≥ K.S
 
198 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
�
w 
� �
–b1 b2� �
W 
� 
b0� = + (23)
s a1 – a2 S a0
�
w 
� �
–b1 b2� �
W 
� 
b0
 = + (24)
s 0 – a2 S �a0 + a1Wc�
Onde
 
–b1 b2 –b1 b2 
Jw ≤ wc = � � e Jw > wc = � � a1 –a2 – a2 0
são as matrizes jacobianas desses subsistemas. Como se sabe, a análise de 
estabilidade pode ser feita a partir dessas matrizes. Analisar-se-á primei-
ramente o caso em que W* ≤ Wc. O traço e o determinante do primeiro 
subsistema são os seguintes: 
tr J = –b1 – a2 (25), | J | = b1a2 – b2a1 (26)
Como todos os parâmetros ai e bi são positivos, sabe-se, sem ambigüi-
dade, que para W* ≤ Wc, tem-se que tr J < 0. Mas o sinal do determinante 
não é evidente. Há, entretanto, algumas condições que devem ser satisfeitas 
para que a interseção das curvas s = 0 e w = 0 ocorra em um ponto no qual 
0 < W* ≤ Wc. Essas condições serão bastante úteis na análise do sinal de 
| J |. A equação que descreve a competitividade em função do nível salarial a 
partir de w = 0 possui um coefi ciente linear negativo igual a – b0 / b2. Por sua 
vez, a isolinha s = 0 tem coefi ciente linear positivo a0 / a2. Portanto, para que 
as retas se interceptem no primeiro quadrante, é necessário que o coefi cien-
te angular da reta s = 0 seja menor que o da reta w = 0. Sendo assim,
a1 / a2 < b1 / b2 (27)
Essa condição é necessária, embora não seja sufi ciente, para garantir que 
0 < W* ≤ Wc. Do ponto de vista da análise de estabilidade, a verifi cação 
dessa condição é sufi ciente para que o equilíbrio seja estável, pois dela con-
clui-se que b1a2 > b2a1 e, portanto, | J | > 0. Dessa forma, se (tr J)2 ≥ 4 | J |, o 
ponto de equilíbrio será um nó estável, e se (tr J)2 < 4 | J |, o equilíbrio será 
um foco estável.3
199A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
Figuras 2A e 2B: Campos vetoriais de salário e hiato tecnológico
S
WWc
S*
W*
(tr J)2 > 4 | J |
nó estável
S
WWc
S*
W*
(tr J)2 < 4 | J |
foco estável
1º caso: W*≤ Wc
tr J < 0, | J | > 0
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S
WWc
S*
W*
(tr J)2 > 4 | J |
nó estável
S
WWc
S*
W*
(tr J)2 < 4 | J |
foco estável
2º caso: W* > Wc
tr J < 0, | J | > 0
201A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
No caso em que W* >Wc, temos os seguintes resultados no cálculo do 
traço e do determinante:
tr J = –b1 – a2 (28), | J | = b1a2 (29)
O traço e o determinante da jacobiana são, respectivamente, negativo 
e positivo para quaisquer valores dos parâmetros b1 e a2. Assim, se (tr J)2 ≥ 4 
| J |, o ponto de equilíbrio será um nó estável, e se (tr J)2 < 4 | J |, o ponto de 
equilíbrio será um foco estável.
Em resumo, os pontos de equilíbrio possíveis do sistema são estáveis. As 
fi guras 2A e 2B mostram os campos vetoriais de W e S, traçados a partir das 
equações s = s (S, W) e w = w (S, W).
3. ALGUMAS IMPLICAÇÕES DO MODELO
Uma primeira conclusão que surge do modelo é que se o equilíbrio se alcan-
ça antes de Wc, esse equilíbrio será inefi ciente, dado que para uma econo-
mia é preferível ter melhores salários e maior crescimento ao mesmo tempo. 
Com efeito, quaisquer pares de valores (W*, S*), em que W* < Wc implicam 
que a economia não está explorando plenamente as complementaridades 
existentes entre crescimento e salários reais, aceitando, simultaneamente, 
um nível mais baixo de salários e uma taxa menor de crescimento do que 
em quaisquer confi gurações alternativas a partir de Wc. 
Que é necessário para que W* supere Wc ? O equilíbrio ocorrerá após o 
ponto crítico Wc se, por exemplo, b1a2 < b2a1 (obtida a partir da equação 
27). Para que isso aconteça, a interação positiva entre salários e competi-
tividade (salário maior eleva a competitividade, que por sua vez eleva os 
salários) deverá superar a interação negativa entre a redução do aprendi-
zado (e do aumento da competitividade), dada pelo fechamento do hiato, 
e a crescente luta distributiva entre o capital e o trabalho. Essa interação 
negativa limita os aumentos salariais quando o salário real se eleva. Neste 
caso, políticas que fortaleçam a capacidade negociadora dos trabalhadores e 
políticas orientadas a elevar a capacitação do trabalhador seriam capazes de 
promover, simultaneamente, uma competitividade mais alta e uma melhor 
distribuição da renda. O primeiro tipo de política seria captado no modelo 
via redução no coefi ciente b1, enquanto o segundo poderia ser captado via 
redução do coefi ciente a2, indicando elevada capacidade de aproveitar no 
Sul as oportunidades de imitação. 
202 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
Esse resultado do modelo tende a ser coincidente com os estudos que 
mostram que um padrão muito desigual de distribuição tende a estaras-
sociado com uma taxa menor de inovação e de crescimento (Engerman e 
Sokoloff, 1994; Aghion e Williamson, 2000). Uma economia na qual as po-
líticas tivessem um viés claramente negativo com relação à distribuição de 
renda (por exemplo, por que as políticas públicas são cooptadas pelos seto-
res mais afl uentes, ou por que existe uma grande repressão das demandas 
dos setores mais pobres) teria maiores probabilidades de se encontrar num 
equilíbrio aquém de Wc.
O mecanismo aqui proposto de reforço entre crescimento, competitivi-
dade e salários reais numa economia aberta sujeita à restrição de balanço de 
pagamentos complementa o que fora encontrado por Blecker (1989). No 
caso desse autor, essa complementaridade dava-se por meio das elasticida-
des preço da demanda de exportações e importações. Uma queda no mark-
up e a conseqüente melhora na distribuição da renda de um país estariam 
associadas a maiores competitividade e crescimento, no modelo de Blecker, 
apenas se as elasticidades preço das exportações e das importações são altas 
o sufi ciente em relação à elasticidade renda das importações. Caso contrário, 
o aumento no nível de atividade provocado pela melhor distribuição geraria 
um desequilíbrio externo capaz de frustrar o crescimento (Blecker, 1989: 
403). No modelo aqui apresentado, esse tipo de efeito está excluído porque 
se assumiu perfeita convergência entre os preços internos e externos. No 
entanto, o efeito benéfi co sobre a competitividade do aumento do salário 
real pode efetivamente ocorrer a partir do aumento da taxa de aprendizado: 
a conexão entre crescimento e distribuição é dada pelo aprendizado tecno-
lógico, que aumenta a competitividade em qualidade do Sul. 
A situação é um pouco diferente quando o equilíbrio acontece além do 
ponto crítico do salário real (ver tabela 1, que resume os efeitos das mudan-
ças dos parâmetros do modelo sobre os valores de equilíbrio do salário real 
e da inversa do hiato). Aumentos salariais muito intensos poderiam levar 
a uma situação de esmagamento de lucros, um cenário excluído do mode-
lo ex-hipotese. Mas, também neste caso, uma política destinada a elevar o 
coefi ciente de aprendizado do trabalhador contribuiria para alcançar valo-
res mais altos de S* e W*. Da mesma forma, políticas que procurem maxi-
mizar a imitação de tecnologia (menor a2) também contribuem para au-
mentar os valores do salário real e a competitividade de equilíbrio. 
203A. Meirelles, G. Porcile e M. Dutra – Salários e tecnologia num modelo...
É importante observar que quanto maior Wc, maiores serão os valores 
de S* e W* do segundo equilíbrio. Wc foi suposto constante no modelo, mas 
parece razoável admitir que ele tende a aumentar à medida que a economia 
se torna mais sofi sticada e competitiva em bens e serviços mais intensivos 
em conhecimentos. O Wc poderia ser relativamente baixo num país que 
produz aço e sapatos baratos, mas pode ser muito alto para um país que 
produz aços especiais e sapatos intensivos em design. Em outras palavras, 
a própria transformação da economia redefi ne o que pode ser considerado 
um trabalhador plenamente capacitado e motivado. Assim, Wc seria uma 
espécie de alvo em movimento, que não poderia ser alcançado com um úni-
co tipo de política, de uma vez e para sempre.
4.COMENTÁRIOS FINAIS 
O modelo proposto formaliza, no contexto dos modelos de crescimento 
com restrição externa, uma preocupação que se encontra cada vez com mais 
freqüência na literatura, a saber, a de que trabalhadores que não têm acesso 
a condições adequadas de capacitação, saúde e motivação tendem a apren-
der menos, reduzindo a velocidade da mudança de produtos e processos. Na 
medida em que a competitividade internacional repousa crescentemente na 
inovação e/ou na imitação rápida de tecnologia, um nível baixo de desen-
volvimento humano implicará oportunidades de crescimento perdidas. 
Tabela 1: Efeitos das mudanças nos parâmetros 
do sistema sobre os valores de W* e S*
Parâmetro Efeito sobre W* Efeito sobre S*
a0 (+) (+)
a1 (+) (+)
a2 (–) (–)
b0 (+) (+)
b1 (–) (–)
b2 (+) (+)
Parâmetro Efeito sobre W* Efeito sobre S*
a0 (+) (+)
a1 (+) (+)
a2 (–) (–)
b0 (+) (0)
b1 (–) (0)
b2 (+) (0)
204 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 187-205, jan./abr. 2006
Admite-se que o aprendizado não aumenta indefi nidamente com o salá-
rio real, mas apenas até um valor crítico do salário igual a Wc. Uma econo-
mia somente estaria aproveitando de forma efi ciente as complementaridades 
entre competitividade e salário real se o salário superasse esse valor crítico. 
Quando isso acontece, o papel das políticas de elevação do salário real se 
torna menos central, e ganham relevância as políticas destinadas a fortalecer 
o aprendizado e a promover setores mais intensivos em conhecimentos. 
NOTAS
 1. Como observam Ranis e Stewart (2002), “un mayor desarrollo humano genera más 
crecimiento a medida que una población más sana y educada contribuye a mejorar el 
desempeño económico”. 
 2. Sobre esse ponto, ver Verspagen (1993), cap. 5, e Canuto, Higachi e Porcile 
(1999).
 3. De forma mais intuitiva, pode-se dizer que a estabilidade requer que o impacto negativo 
do salário real sobre sua própria variação (b1) supere o impacto positivo do salário real 
sobre S (a1), de forma a evitar um processo explosivo de aumentos dos salários reais e o 
correspondente aumento requerido da competitividade. 
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