Prévia do material em texto
AMOSTRAGEM NO MAMÃO PARA A DETERMINAÇÃO DO BRIX * F. PIMENTEL GOMES JOSÉ MITIDIERI E. S. A. "LUIZ DE QUEIROZ* 1. INTRODUÇÃO A determinação do brix, ou porcentagem de sólidos to_ tais, em frutos, tem sido estudada por vários autores. Assim , estudos da variação do brix nas diferentes partes do melão e da melancia foram feitos por SCOTT e MACGILLIVRAY (1940) e por PORTER, BISSON e ALLINGER (1940). Estes autores torna ram evidente o fato de que as diferentes porções desses frutos sao variáveis em composição e mostraram com isso que um certo cui dado deveria ser tomado ao se pretender obter amostras para de terminação do brix. No presente trabalho procuramos fazer para o caso dofru to do mamoeiro ( carica papaya L. ) a mesma verificação, e examinar a possibilidade de estabelecer um critério de amostra gem para determinação do brix no mamão. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 - MATERIAL O material por nos utilizado constou de frutos de diversas procedências em numero total de cinqüenta. Com isso visamos a uma maior generalização dos resultados. Estes frutos provinham dos seguintes lugares: Monte Al to (4 frutos). Ribeirão Preto (2 frutos), Sao Carlos (13 frutos) , Mercado de São Paulo (3 frutos) e Seção de Genética (28 frutos). Nestes últimos estão incluidos diversos cruzamentos entre plan tas irmãs ou "sibs", feitos com material de duas origens. * Recebido para publicação em 17/9/62 . A cor da polpa desses frutos variou do amarelo (15 fru tos) ao vermelho-alaranjado (35 frutos). Estes frutos foram os mesmos utilizados no trabalho de VALSECHI e MITIDIERI (1954). Os frutos foram colhidos de vez e completaram sua matu ração a sombra. 2.2 - MÉTODOS 2 . 2 . 1 - AMOSTRAGEM - Os frutos, uma vez maduros, foram divididos longitudinalmente, de modo que ficasse separada a parte exposta ao sol da parte encostada ao caule da planta (Figura 1). Cada uma dessas partes foi cortada em 3 seções transversais (Figura 2), e em cada uma destas fo ram considerados tres lugares para tirada de amostras: peno da semente, meio da polpa e perto da casca . Nesses tres lugares foram feitas perfurações da polpa com o tirador de amostras que acompanha o refratometro de campo Zeiss . As amostras retiradas foram esmagadas e o caldo coloca do no refratometro de campo Zeiss para procedermos a leitura do brix. Entretanto, estávamos mais interessados em obter uma ti rada de amostras no sentido vertical, porquanto na pratica seria menos trabalhoso. As leituras obtidas perto das sementes, meio da polpa e perto da casca foram então somadas e calculada a me dia, que representa praticamente uma tirada de amostra no senti do vertical. Ficamos, enfim, com tres valores de brix para a par te exposta ao sol e tres para a parte encostada ao caule da planta, correspondendo a base, meio e ápice. 3. ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise da variância dos valôres por nós obtidos (tabe_ la 1), é dada a seguir. Se igualarmos estas esperanças matemáticas as esti mativas obtidas acima, obteremos estimativas para diversas componentes de variancia, que sao as seguintes : tf 2 = 1, 070, Or 2 = 0, 028 , f 1 tf 2 ^ 0 ,045, ô* ^ = 0 , 106 , tf? = 0, 056, of? = 0,013 . fv lv Ô" 2 = 0,216, Com J amostras no sentido lateral e K amostras no sentido vertical, a variancia da media de um fruto qualquer seria: 2 i / 2 2 x 1 , 2 2v 1 / 2 2v tf + — (tf + tf ) + — (tf + tf ) + ( t f + t f J f J 1 fl K v fv JK lv Segue-se que no caso acima, com J = 2 e K = 3 , a ej3 timativa dessa variancia era : 1 1 1 1, 079 + — (0, 028 + 0, 106) + — (0, 045 + 0, 056) + —(0,013 + 0,216)= 2 3 6 = 1,218 Se tivéssemos usado uma so amostra, ao acaso, a esti mativa seria : 1, 079 + 0, 028 + 0, 106 + 0, 045 + 0, 056 + 0, 013 + 0, 216 = 1, 543 . Isto e, com seis dados por fruto, em vez de um, teríamos um aumento de apenas 27% na quantidade de intormaçao. E se, em lugar de seis dados num fruto so tomássemos dois frutos e uma so amostra em cada fruto, a variancia da media do fruto seria , 5 4 3 = 0, 772 . 2 Conclui-se, pois, que e preferível tomar maior numero de frutos e tirar uma so amostra de cada fruto. Esta amostra única poderá ser tiraaa ao acaso, de qualquer local do fruto, prefe rivelmente, de um local previamente escolhido, sempre o mesmo para todos os frutos examinados. 4. DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos verificamos que, ape sar de grande variação existente nos valores do brix tomados nas diferentes partes do fruto e estudadas no presente trabalho, a aná lise estatistica revelou que e preferivel uma amostra em um nu mero maior de frutos do que muitas amostras em poucos frutos. Isto vem simplificar sobremaneira os trabalhos de amos tragem que de outro modo teriam que ser feitos levando em consi deraçao as va riaçdes de local para local. 5. RESUMO E CONCLUSÕES No presente trabalho os autores estudaram, em cinqüen¬ ta mamões de diversas procedências, a variação do valor do brix em varias partes do fruto. A análise estatística mostrou que, apesar da variação e¬ xistente entre as partes estudadas, e preferível utilizar maior nú¬ mero de frutos e tomar uma só amostra por fruto. As determinações sendo feitas num numero elevado de fru¬ tos, basta colher o brix de apenas um ponto do fruto. Êste pon¬ to poderá ser escolhido pelo melhorista, que usara sempre o mes¬ mo, a fim de manter um critério uniforme de trabalho. Podemos adotar para tirada de amostras um ponto localizado no meio da re¬ gião que separa a parte exposta ao sol da parte encostada ao caule da planta. 6. SUMMARY The present paper deals with sampling methods to be employed in the determination of the total sugar content obtained from brix measurements in Carica papaya L. , given by Ze iss hand refractometer. The results obtained led to the conclusion that, rather than using several samples per fruit, it is better to get a large number of fruits, taking just one sample per fruit. The sample in each fruit should be taken always from the same region. Z. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GOMES, F. P. & SIMÃO, S. - Correlação entre o Brix e o Açú¬ car em Manga. Rev. Agr ic . 31(4): 12-56, 1956. PORTER, D . R . ; BISSON, C .S . & ALLINGER, H.W. - Factors Affecting the Total Soluble Solids, Reducing Sugars and Sucrose in Watermelons. Hilgardia 13(2): 33 - 40 , 1940 . SCOTT, G. W. & MCGILLIVRAY, H. - Variation in Solids of the Pr ice from Different Regions in Melon Fruits. Hil¬ gardia 13 (2): 69 - 79, 1940. SIMÃO, S. - Distribuição dos Açúcares no Mamão. O Solo 52 : 116 - 118, 1960. VALSECHI, O. & MITIDIERI, J. - O Brix na Determinação da Riqueza em Açúcares no Mamão como Auxiliar no Melho¬ ramento do Mamoeiro - Carica papaya L . An. E. S. A. "Luiz de Queiroz" 11 : 85 - 92, 1954.