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10/9/2016 1 Reações de escurecimento não enzimático • Caramelização • Reação de Maillard Transformações químicas de mono e dissacarídeos Caramelização Reações de escurecimento não enzimático Processo de aquecimento de açúcares (sacarose, glucose, frutose), promovendo um complexo grupo de reações e a formação de pigmentos escuros • Condições Caramelização • Altas temperaturas (~ 150 oC) • Altas concentrações de açúcares • Com adição ou não de ácidos e álcalis • Baixo teor de água • Etapas Caramelização Aquecimento: isomerização (enedióis) Desidratação (HMF), condensação, hidrólise Polimerização do HMF (compostos coloridos) HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF - HMF, ácido lático e outros compostos de baixo peso molecular • Formação de aromas Caramelização Furanonas e piranonas • Algodão doce Caramelização • Caramelização parcial • Cristalização 10/9/2016 2 • Caramelo Caramelização • Produto final da caramelização • Produzido comercialmente, tanto como corante como aromatizante • Corante mais antigo e mais utilizado na indústria de alimentos • Classe I, classe II, classe III e classe IV • Caramelo – classe I Caramelização • Poder ser usado álcali ou ácido • Não pode ser usado sulfito e amônia • Claro, amarelado • Bebidas destiladas, sobremesas e temperos • Caramelo – classe II Caramelização • Poder ser usado álcali ou ácido • Pode ser usado sulfito (amônia não) • pH: 3-4 em solução • Marrom avermelhado • Licores • Caramelo – classe III Caramelização • Poder ser usado álcali ou ácido • Pode ser usado amônia (sulfito não) • pH: 4,2-4,8 em solução • Marrom avermelhado • Molhos, cervejas, pudins • Caramelo – classe IV Caramelização • Poder ser usado álcali ou ácido • Pode ser usado sulfito e amônia • pH: 2-4,5 em solução • Marrom • Refrigerantes Reação de Maillard Reações de escurecimento não enzimático Reação química entre açúcares redutores e aminoácidos, sob aquecimento ou durante a estocagem, levando à formação de pigmentos escuros 10/9/2016 3 • Desejável Reação de Maillard • Cor: Casca de pão, carne • Aroma: Café, chocolate, carne • Formação de compostos antioxidantes • Indesejável • Cor: Mudanças durante a estocagem (leite em pó) • Aroma: Off-flavors durante processamento/estocagem • Perdas nutricionais: Aminoácidos essenciais, proteínas • Formação de compostos tóxicos/mutagênicos • Reagentes Reação de Maillard Aminoácido Açúcar redutor • Leite: caseína, lactoalbumina, lactoglobulina, lactose • Carne: mioglobina, miosina, actina, ribose, gorduras • Batata: glucose, asparagina • Etapas Etapa 1: Formação da base de Schiff (imina) Etapa 2: Rearranjo de Amadori/Heyns Etapa 3: Formação de compostos dicarbonílicos Reação de Maillard Aldose + NH2 Cetose + NH2 Cetosamina Aldosamina Cor Aroma Reação de Maillard: Etapa 1 Estruturas: Profa. Adriana Z. Mercadante. 4. Ciclização → Aldosilamina/cetosilamina 1. Abertura do anel (facilitada em meio básico) 2. Condensação do açúcar com o aminoácido (carbonila) 3. Desidratação → Base de Schiff (instável) Base de Schiff Glucosilglicina Reação de Maillard: Etapa 2 Estruturas: Profa. Adriana Z. Mercadante. 1. Protonação da base de Schiff 2. Isomerização → Cetosamina/aldosamina (composto de Amadori/Heyns) Base de Schiff 1-desoxi-1-glicina-D-frutose (cetosamina) Rearranjo de Amadori: Aldose → Cetosamina Rearranjo de Heyns: Cetose → Aldosamina (mais lento, menor proporção) Reação de Maillard: Etapa 3 Estruturas: Profa. Adriana Z. Mercadante. 1. Enolização 2. Desaminação e/ou desidratação 1,2- eneaminol 2,3- enediol 3. Formação de dicarbonilas 1-desoxi-hexosulose 3-desoxiosona 1-desoxiosona 10/9/2016 4 Reação de Maillard: Etapa 3 • Ciclização e desidratação: HMF e outros compostos (piranona, pirrol, piridina) → compostos incolores Melanoidinas • Polimerização → melanoidinas com N (cor) 3-desoxiosona Formação de compostos coloridos Reação de Maillard: Etapa 3 • Ciclização/fragmentação 1-desoxiosona Formação de compostos aromáticos Redutonas Formação de compostos antioxidantes Reação de Maillard: Etapa 3 • Na presença de dicarbonilas, aminoácidos sofrem condensação, hidrólise e descarboxilação formando aldeídos (aldeídos de Strecker) com um C a menos que o aminoácido precursor Aminoácido Aldeído de Strecker Formação de compostos aromáticos: Degradação de Strecker Reação de Maillard: Etapa 3 Formação de compostos aromáticos: Degradação de Strecker Aminoácido Aldeído de Strecker Aroma Threshold (ppb) Glicina Formaldeído Urina de rato 50.000 Alanina Acetaldeído Pungente, frutal 25 Valina 2-metil-propanal Pungente, frutal, chocolate 0,1 – 2,3 Leucina 3-metil-butanal Frutal, pêssego, cacau, malte 0,2 – 3,0 Fenilalanina Fenilacetaldeído Mel, doce, floral 4 Metionina Metional Batata cozida 0,2 Cisteína Mercapto acetaldeído Doce, sulfuroso, fruta podre nd Reação de Maillard: Etapa 3 Aminoácido Aminocetonas Formação de compostos aromáticos: Degradação de Strecker Pirazinas Eneaminol Reação de Maillard: visão geral Açúcar redutor Aminoácido Condensação, rearranjo e fragmentação (dicarbonilas) Intermediários incolores com ou sem N (HMF, piranona, pirrol, piridina) Melanoidinas (com N na molécula) Degradação de Strecker CO2, aldeídos, aminocetonas compostos pirazínicos + Polimerização Compostos de baixo PM (isomaltol, maltol, diacetila etc) RNH2 10/9/2016 5 Reação de Maillard • Fatores que afetam a velocidade da reação: Natureza dos reagentes Condições do meio • Açúcares redutores • Aminoácidos • Temperatura • pH • Atividade de água • Catalisadores • Inibidores Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Açúcares Pentoses > hexoses > dissacarídeos Velocidade diminui • Pentoses: Xilose > arabinose • Aldoses: Glucose > maltose > galactose A % forma acíclica aumenta com aumento de pH e de temperatura Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Açúcares Xilose Frutose Glucose pH: 2,2 T: 47 oC Xilose 57 oC Glucose (57 oC) Frutose (57 oC) Glucose (47 oC) Frutose (47 oC) Maltose (47 oC) Sacarose (47 oC) pH: 6,2 T: 47/57 oC Açúcar (1,25 M) + Glicina (0,66 M) Fonte: Bobbio & Bobbio (1973) Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Aminoácidos Aquecimento a 100 oC com glucose Tempo (h) In te n si d a d e d e c o r a 4 2 0 n m aa básico aa ácido Fonte: Amino acids, 27: 85-90, 2004. Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Temperatura • A reação ocorre lentamente a baixas temperaturas • A velocidade de reação aumenta rapidamente com o aumento da temperatura (duplica a cada aumento de 10 oC entre 40 e 70 oC) • pH • A reação ocorre rapidamente em pH neutro • Em pH muito baixo ocorre protonação do grupo amino do aminoácido (diminui a nucleofilicidade) • Em pH muito alto ocorre degradação do açúcar Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Atividade de água Atividade de água 3 = Reação de Maillard 10/9/2016 6 Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Catalisadores • Fostato e citrato • Cu2+ em pH ácido Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Inibidores • Sulfitos Reação de Maillard: Fatores que afetam a velocidade da reação • Formas de controle Acelerar Alta temperatura, pH neutro, aW média, pentose, lisina, adicionar catalisadores Desacelerar Baixa temperatura, pH ácido, aW baixa, remoção de açúcares redutores, baixa concentração dos reagentes Inibir Adição de sulfito,pH elevado • Resumo Reações de escurecimento não enzimático Reação de Maillard Caramelização Açúcar redutor + aminoácido Açúcar (redutor e não-redutor) T normalmente até 100°C T ~ 150°C (<200°C) Não usa NaHSO3, NH3 Usa NaHSO3, NaOH, NH3 Comp. heterocíclicos com N, O, S Comp. heterocíclicos com O, N* Produtos de aroma/sabor Produtos de aroma/sabor Melanoidinas (com nitrogênio) Caramelo (sem nitrogênio) Oligossacarídeos • Carboidratos que por hidrólise da ligação glicosídica resultam em 2 ou mais monossacarídeos • Trissacarídeos • Tetrassacarídeos • FOS e GOS • Ciclodextrinas Oligossacarídeos Rafinose D-Galactopiranose Sacarose Estruturas: Profa. Adriana Z. Mercadante. α-D-galactopiranosil-(1→6)-α-D-glucopiranosil-(1→2)-β-D-frutofuranosídeo • Bastante frequente em vegetais e leguminosas • Não redutor • Não é metabolizada pelo organismo • Hidrólise total / hidrólise por invertase (melibiose + D-frutose) 10/9/2016 7 Oligossacarídeos Estaquiose D-Galactopiranose D-Galactopiranose Sacarose Estruturas: Profa. Adriana Z. Mercadante. • Pouco frequente em alimentos • Não redutor • Leguminosas: perda por lixiviação • Hidrólise: melibiose e rafinose α-D-galactopiranosil-(1→6)-α-D-galactopiranosil-(1→6)-α-D-glucopiranosil-(1→2)-β-D-frutofuranosídeo Oligossacarídeos Fruto-oligossacarídeos (FOS) D-Glucopiranose 2,3 ou 4 D-Frutofuranoses Estruturas: Profa. Adriana Z. Mercadante. 1-Cestose Nistose Frutofuranosil nistose Oligossacarídeos Fruto-oligossacarídeos (FOS) • Ampla ocorrência na natureza • “Açúcares” não convencionais, não redutores, não metabolizados pelo organismo e não calóricos • Prebióticos • 30% do poder adoçante da sacarose • Altamente higroscópicos • Altamente estáveis (pH e T) • Rapidamente fermentados Oligossacarídeos Fruto-oligossacarídeos (FOS) • Produtos comerciais � Raftilose / Frutafit: hidrólise enzimática da inulina � Neosugar / Actilight: transfrutosilação enzimática em resíduos de sacarose • Sorvetes e sobremesas lácteas, alimentos para diabéticos, alimentos funcionais, produtos de panificação, sucos, molhos... Oligossacarídeos Galacto-oligossacarídeos (GOS) D-Glucopiranose 2,3 ou 4 D-Galactopiranoses Estrutura: Profa. Adriana Z. Mercadante. β-D-galactopiranosil-(1→4)-β-D-galactopiranosil-(1→4)-α-D-glucopiranose • Produzidos por transgalactosilação enzimática em resíduos de lactose Oligossacarídeos Ciclodextrinas 6, 7 ou 8 D-Glucopiranoses • Oligossacarídeos cíclicos • Obtidas a partir da hidrólise enzimática do amido (ciclização intramolecular) • α, β e γ ciclodextrinas • Forma de funil: cavidade hidrofóbica e superfície externa hidrofílica • Capacidade de formar complexos com constituintes desejáveis e indesejáveis (ex: aromas) 10/9/2016 8 Boa semana! Próxima aula: Amido