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Tema 2 - Elaboração do Demonstrativo de Resultados do Exercício

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GESTÃO DE 
CUSTOS
INDUSTRIAIS
Gustavo Antoni
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Revisão Técnica:
Henrique Martins Rocha
Graduação em Engenharia Mecânica (UERJ)
Mestrado em Sistemas de Gestão (UFF)
Doutorado em Engenharia Mecânica (UNESP)
Pós-doutorado em Projetos/ Desenvolvimento de Novos Produtos (UNESP)
A635g Antoni, Gustavo.
Gestão de custos industriais / Gustavo Antoni. – 
Porto Alegre : SAGAH, 2017.
213 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-118-1
1. Indústria - Custos. 2. Indústria - Gestão. I. Título. 
CDU 657.4:67
Elaboração do 
demonstrativo de 
resultados do exercício
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Listar os itens da estrutura da demonstração de resultados do exercício.
 � Diferenciar regime de competência e regime de caixa.
 � Reconhecer as diferenças entre as demonstrações de resultados do 
exercício inovado e do convencional.
Introdução
Você sabe como os empresários lidam com os números de seus negócios? 
Sabe quais métricas norteiam o desempenho e fornecem informações 
importantes para a operacionalização de uma empresa?
Um indicador fundamental é a demonstração do resultado do exer-
cício (DRE), uma das demonstrações contábeis elaborada junto com o 
balanço patrimonial. É a DRE que aponta se uma empresa é lucrativa 
ou não.
Neste capítulo, você vai ver a diferença entre regime de competência 
e regime de caixa, além de conhecer os itens fundamentais da DRE e o 
embasamento na Lei nº 6.404/76. Você vai descobrir quais são os itens 
da estrutura de uma DRE e quais gastos são alocados em cada um dos 
itens da estrutura. Ao final, você vai ver a DRE inovada e as diferenças 
entre ela e a DRE convencional.
A demonstração do resultado do exercício
A demonstração do resultado do exercício (DRE) é um relatório de contas 
de resultado que demonstra quais foram as receitas obtidas pela empresa em 
operações, investimentos e transações. Demonstra, também, quais foram as 
despesas necessárias para a obtenção das receitas e qual foi o resultado obtido 
da confrontação das receitas e despesas (UNIVERSIDADE LUTERANA 
DO BRASIL, 2009).
A DRE é um relatório ordenado das receitas e despesas da empresa em um 
exercício, ou período específico. Nela são apresentadas as receitas do período 
e as despesas a deduzir dessas receitas, em uma sequência vertical. A seguir, 
é apresentado o resultado desse processo, podendo ser positivo (lucro) ou 
negativo (prejuízo) (UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL, 2008). A 
Figura 1 apresenta um modelo simplificado da estrutura da DRE.
Figura 1. Modelo simplificado da estrutura da DRE, em sequência vertical.
Fonte: Adaptada de Marion (2015, p. 98).
Para micro e pequenas empresas, a DRE pode ser simplificada, de forma 
que sejam evidenciadas todas as receitas e deduzidas todas as despesas, sendo 
possível apurar o lucro em uma análise minuciosa dos grupos e despesas 
(UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL, 2008).
85Elaboração do demonstrativo de resultados do exercício
A DRE exigida pela Lei nº 6.404/76 necessita de informações mais detalha-
das, como grupo de despesas, tipos de lucros e discriminação dos impostos, 
conforme você pode conferir na Figura 2.
Figura 2. DRE simplificada e DRE com informações detalhadas.
Fonte: Universidade Luterana do Brasil (2008, p. 83).
Para apurar o resultado do exercício de uma companhia, é necessário confrontar o 
total de receitas com o total de despesas. Se o saldo das receitas menos as despesas 
for positivo, houve lucro no exercício; se o saldo for negativo, houve prejuízo.
Gestão de custos industriais86
Estrutura da DRE
A estrutura da DRE é definida no artigo 187 da Lei nº 6.404/76, desta forma:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os 
abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e 
serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das re-
ceitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão 
para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e 
partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de 
instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, 
que não se caracterizem como despesa;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação 
do capital social.
§ 1º. Na determinação do resultado do exercício serão computados:
 � as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente 
da sua realização em moeda, e;
 � os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, corres-
pondentes a essas receitas e rendimentos.
87Elaboração do demonstrativo de resultados do exercício
A Figura 3 mostra a você a estrutura da DRE com uma apresentação mais 
detalhada das receitas e despesas.
Figura 3. Estrutura da DRE.
Fonte: Adaptada de Universidade Luterana do Brasil (2008, p. 84).
Continue a leitura para conhecer, em detalhes, as contas de resultado da 
DRE.
Gestão de custos industriais88
Receita bruta e receita líquida
A receita bruta de uma empresa representa o total das vendas realizadas 
em um período, ou seja, é a soma dos valores referentes a todos os produtos 
vendidos ou serviços prestados.
A receita líquida é dada pelo valor da receita bruta menos a tributação 
sobre vendas, como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), PIS e 
COFINS (Programas de Integração Social e Contribuição para Financiamento 
da Seguridade Social), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias 
e Serviços) e ISS (Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza), além de 
descontos concedidos a clientes e devoluções.
Resultado ou lucro bruto
O lucro bruto é o montante resultante da receita líquida menos os custos do 
período. Os custos do período podem ser:
a) CPV – custo dos produtos vendidos (para indústria).
b) CMV – custo das mercadorias vendidas (empresa comercial).
c) CSP – custo dos serviços prestados (empresa de serviços).
Segundo Marion (2015), deve-se subtrair da receita o custo da mercadoria 
ou do produto, ou do serviço prestado, não considerando as despesas admi-
nistrativas, financeiras e de vendas. O lucro bruto cobre, primeiramente, os 
custos de fabricação do produto, e depois é destinado a remunerar as despesas 
de vendas e administrativas e também o governo (Imposto de Renda) e os 
proprietários (lucro líquido). Assim, quanto maior for a fatia do lucro bruto, 
maior será a remuneração dos administradores, diretores e proprietários. 
Por isso, há uma atenção especial ao controle de custos da empresa, pois há 
impacto direto na remuneração do capital investido.
Lucro operacional
O lucro operacional consiste na soma do lucro bruto e outras receitas operacio-
nais (p. ex., recuperação de impostos, aluguel de imóveis que não estão sendo 
usados pela empresa). Depois, são diminuídas as despesas operacionais, que 
são as despesas necessárias para gerar receita, e são divididas em três grupos:
89Elaboração do demonstrativo de resultados do exercício
a) Despesas de venda – marketing, fretes, comissões, entre outros.
b) Despesas administrativas – salários da equipe administrativa, encargos 
sociais, energia elétrica, material de escritório.
c) Despesas financeiras – juros, descontos a clientes, despesas bancárias, 
entre outros.
Segundo Universidade Luterana do Brasil (2009), há ainda as receitas 
financeiras, que são demonstradas em grupo específico, pois não são geradas 
na operação da empresa. São exemplos de receitas financeiras os juros de 
aplicações e os descontos ganhos de fornecedores.
Resultado antes da contribuição social
É o lucro operacional somado a algum resultado não operacional, o qual sofre 
uma tributação de 9%, que é destinada aos cofres públicos para o auxílio--desemprego e outras finalidades sociais.
Resultado antes do Imposto de Renda
É o lucro antes da contribuição social após o desconto desta contribuição, e 
ao qual incide uma tributação, destinada ao governo, de 15% sobre o lucro 
apurado ou presumido.
Resultado depois do Imposto de Renda
É o lucro antes do Imposto de Renda, já deduzido o valor do tributo.
Lucro líquido do exercício
Consiste no resultado depois do imposto de renda menos algumas provisões, 
ou seja, é o saldo da DRE após todas as deduções.
Regime de competência e regime de caixa
No capítulo “Introdução às Demonstrações Financeiras”, você leu sobre o regime 
de competência, como sendo um pressuposto básico das demonstrações estudadas. 
No entanto, o registro dos fatos, ou confrontação entre receitas e despesas, pode 
ser realizado de duas maneiras: pelo regime de competência e pelo regime de caixa.
Gestão de custos industriais90
Regime de competência
O regime de competência é aceito e recomendado pela legislação, pois evi-
dencia o resultado das empresas de forma mais adequada (UNIVERSIDADE 
LUTERANA DO BRASIL, 2008). Os fundamentos básicos deste regime são:
a) as receitas devem ser reconhecidas e contabilizadas no período em que 
foram geradas, independentemente do recebimento;
b) as despesas devem ser contabilizadas no período em que ocorreram, 
independentemente da data de pagamento.
Assim, o lucro é determinado através das receitas e despesas de determi-
nado período, mesmo que a receita ainda não tenha sido recebida, ou que as 
despesas tenham sido pagas.
Regime de caixa
O regime de caixa consiste em uma forma simplificada de registro de fatos 
e é aplicado somente em microempresas ou instituições sem fins lucrativos, 
como igrejas e organizações não governamentais (ONGs) (UNIVERSIDADE 
LUTERANA DO BRASIL, 2008). Os fundamentos básicos deste regime são:
a) as receitas são contabilizadas no seu recebimento, ou seja, quando entra 
o dinheiro no caixa;
b) as despesas são contabilizadas no momento do pagamento.
O box “Exemplo” mostra a você a diferença na apuração dos resultados, 
considerando ambos os regimes.
91Elaboração do demonstrativo de resultados do exercício
A empresa VTech Ltda, em determinado período, realizou um total de vendas de 
R$ 31.000, mas recebeu somente R$ 19.000 à vista, ficando o saldo para 30 dias após 
a venda. As despesas do período somaram R$ 12.000, sendo que apenas R$ 8.000 
foram pagos, e o saldo foi parcelado.
A demonstração do resultado do período em cada um dos regimes ficou assim:
DRE Competência Caixa
Receitas R$ 31.000 R$ 19.000
(-) Despesas R$ 12.000 R$ 8.000
= Lucro R$ 19.000 R$ 11.000
A contabilidade pública é feita em um sistema misto, da seguinte forma:
 � as receitas são contabilizadas pelo sistema de caixa, pois os órgãos públicos só 
podem usufruir dos recursos que já estiverem em seus cofres;
 � as despesas são registradas pelo regime de competência, ou seja, são registradas 
no período que ocorrem, independentemente do pagamento.
Fonte: Universidade Luterana do Brasil (2008).
Diferenças entre DRE inovada e DRE convencional
Atualmente, muitos relatórios contábeis apresentam a expressão EBITDA, 
que, em inglês, significa earning before interest, taxes, depreciation and 
amortization. Uma tradução dessa expressão seria lucro antes dos juros, 
impostos, depreciação e amortização.
Gestão de custos industriais92
A Figura 4 traz uma comparação entre a DRE convencional e a DRE 
inovada, ambas de uma empresa comercial.
Figura 4. DRE convencional e DRE inovada.
Fonte: Universidade Luterana do Brasil (2008, p. 91).
Marion (2015) afirma que o EBITDA abrange todos os componentes ope-
racionais e os componentes com potencial de afetar o caixa, o que mostra a 
capacidade da empresa de gerar resultado somente com suas operações, ou 
atividades-fim.
De acordo com Paula (2014): 
Podemos definir o EBITDA como sendo “a geração operacional de caixa” da 
companhia, ou seja, quanto a empresa gera de lucro (ou prejuízo) apenas 
em suas atividades operacionais, sem considerar os efeitos financeiros 
e de pagamento de tributos. Como dissemos, o EBITDA é um indicador 
muito importante para os empresários e administradores de empresas, 
pois possibilita que sejam analisados não apenas o resultado final da 
organização, e sim o processo de geração de valor com um todo.
93Elaboração do demonstrativo de resultados do exercício
1. Como são determinados os impostos 
dedutíveis da receita bruta?
a) Por critérios determinados 
anualmente pelos governos 
estadual e federal.
b) De acordo com o custo de 
fabricação dos produtos.
c) De acordo com o ramo de 
atividades da empresa
d) De acordo com o 
volume de vendas.
e) De acordo com o lucro 
líquido do exercício.
2. Indique qual alternativa apresenta 
exemplos de despesas que 
devem ser classificadas na DRE 
como despesas administrativas.
a) Pessoal da fábrica, encargos 
sociais, comissões.
b) Pessoal de vendas, 
comissões, aluguel.
c) Pessoal de escritório 
administrativo, aluguel, 
assinaturas de revista.
d) Pessoal da administração, 
juros, depreciação.
e) Pessoal de vendas, juros, aluguel.
3. Indique qual alternativa apresenta 
uma despesa financeira.
a) Salários do pessoal da 
administração.
b) Comissão de vendedores.
c) Juros pagos.
d) Aluguel de um escritório.
e) Publicidade e propaganda.
4. Uma empresa investe uma 
grande quantia em publicidade 
e propaganda, mas não obtém o 
resultado esperado, ou seja, suas 
vendas não aumentaram, e os 
resultados foram idênticos aos do 
período anterior. Considerando 
que, mesmo após a campanha 
publicitária, a empresa não teve 
nenhuma outra despesa extra, e 
considerando o resultado idêntico 
ao do mês anterior, qual item 
não terá alteração na DRE?
a) Lucro líquido do exercício.
b) Lucro operacional.
c) Lucro bruto.
d) Provisão para o Imposto 
de Renda.
e) Participação dos lucros 
dos empregados.
5. O EBITDA é uma medida 
de resultado que não leva 
em consideração:
a) Juros, impostos, depreciação 
e amortização.
b) Juros, impostos e despesas 
administrativas.
c) Juros, impostos, despesas 
de vendas e amortização.
d) Juros, impostos, descontos 
concedidos e amortização.
e) Juros, impostos, depreciação 
e administração da fábrica.
Gestão de custos industriais94
MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
PAULA, G. B. de. O que é EBITDA ou LAJIDA. 28 jul. 2014. Disponível em: <https://www.
treasy.com.br/blog/o-que-e-ebitda-ou-lajida>. Acesso em: 05 abr. 2017.
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL (Org.). Estrutura e análise das demonstrações 
contábeis. Curitiba: IBPEX, 2009. 
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL (Org.). Fundamentos da contabilidade. Curitiba: 
IBPEX, 2008. 
95Elaboração do demonstrativo de resultados do exercício
http://treasy.com.br/blog/o-que-e-ebitda-ou-lajida
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