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190 parte III – apLICando pessoas fIgura 15 Fatores de especificações na análise de cargos. conceito de análise de cargos Analisar um cargo significa detalhar o que este exige do seu ocupante em termos de conhecimentos, habi- lidades e capacidades para desempenhá-lo adequada- mente. A análise é feita a partir da descrição do cargo. Embora sejam intimamente relacionadas, a diferença é que enquanto a descrição de cargos focaliza o conteúdo (o que, o ocupante faz, quando faz, como faz e por que faz), a análise de cargos procura determinar quais são os requisitos físicos e mentais necessários ao ocupante, as responsabilidades que o cargo lhe impõem e as con- dições em que o trabalho deve ser feito. dICa: definições de análise de cargos •» análise de cargos é a informação a respeito do que o ocupante do cargo faz e os conhecimentos, as habilidades e as competências que ele precisa para desempenhar o cargo adequadamente.21 •» análise de cargos é o processo sistemático de coletar informação utilizada para tomar decisões a respeito de cargos. A análise de cargos identifica as tarefas, os deveres e as responsabilidades de um cargo em particular.22 •» análise de cargos é o procedimento para determinar os requisitos de deveres e responsabilidades de um cargo e o tipo de pessoa que deverá ocupá-lo.23 Assim, a análise de cargos se preocupa com as espe- cificações do cargo em relação ao seu ocupante. Funcio- na como uma análise comparativa de quais exigências (requisitos) o cargo impõe à pessoa que o ocupa sob o ponto de vista mental, físico, de responsabilidades e condições de trabalho. Para que a análise de cargos tenha uma base concreta de comparação, precisa fun- damentar-se em fatores de especificações. A Figura 15 mostra os principais fatores de especi- ficações utilizados. mÉtodos de coleta de dados sobRe caRgos Existem três métodos básicos para obtenção de dados a respeito dos cargos: entrevista, questionário e observação. método da entrevista A obtenção de dados sobre os cargos pode ser feita por meio de entrevistas. Existem três tipos de entrevistas para tal finalidade: as individuais com cada funcionário; grupais com funcionários ocupando o mesmo cargo; e entrevistas com o supervisor que conhece os cargos a serem analisados. As entrevistas grupais são usadas quando há grande número de ocupantes do mesmo car- go, como nos casos de caixas de bancos, operadores de máquinas similares, escriturários, vendedores, etc. O su- pervisor imediato deverá conduzir as sessões dos grupos ou então o supervisor será entrevistado separadamente, para proporcionar aos funcionários uma perspectiva pes- soal sobre os deveres e as responsabilidades de seu cargo. A entrevista é o método mais utilizado para buscar dados a respeito dos cargos e determinar deveres e res- ponsabilidades. As principais questões abordadas em uma entrevista típica sobre cargos são: •» Qual é o cargo que você desempenha? •» O que você faz? •» Quando faz: diária, semanal e mensalmente? •» Como você faz? Quais são os métodos e processos utilizados? •» Por que você faz? Quais os objetivos e resultados do seu trabalho? •» Quais são seus principais deveres e responsabilidades? Esforço físico Concentração visual ou mental Destrezas ou habilidades Compleição física Ambiente físico de trabalho Riscos de acidentes Instrução necessária Experiência anterior Iniciativa Aptidões Supervisão de pessoas Material, equipamento ou ferramenta Dinheiro, títulos ou documentos Contatos internos ou externos Requisitos físicos Condições de trabalho Requisitos mentais Responsabi- lidade por Fatores de especifi- cações CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 191 •» Em que condições físicas você trabalha? Quais são as demandas de saúde e segurança? •» Qual é a escolaridade, a experiência e as habilidades que seu cargo requer? •» Quais são os requisitos físicos que o cargo exige? E quais requisitos mentais? •» Quem é o seu fornecedor interno (entradas) e o seu cliente interno (saídas)? •» Quem é o seu superior imediato? O que você reporta a ele? •» Quais são seus subordinados? Explicar. Muitas entrevistas são estruturadas por meio de uma listagem de questões que é preenchida pelo entrevista- dor no ato da entrevista. prós e COntras: método da entrevista para coleta de dados prós •» É o método de obtenção de dados mais amplamente utilizado. •» Permite que o ocupante do cargo relacione ativida- des e comportamentos que outros não conseguiriam definir. •» Proporciona oportunidade para mostrar as possíveis frustrações que o cargo impõe, mas que o supervisor não percebe. •» É um método simples e rápido para obter informação. Contras •» Pode apresentar distorções de informação, falsifica- ções ou preconceitos. •» O ocupante pode exagerar certas responsabilidades, enquanto minimiza outras. •» O ocupante pode legitimar sua visão do cargo para obter vantagens pessoais quanto à remuneração ou à importância do cargo. dICa: o vocabulário da análise de cargos24 O U.S. Employment Service e o U.S. Office of Person- nel Management utilizam os seguintes conceitos básicos sobre análise de cargos: •» análise de cargos: é um processo sistemático e pro- posital para coletar informações sobre os aspectos mais importantes relacionados com o trabalho de um cargo. •» descrição de cargos: representa um sumário escrito do cargo como uma unidade organizacional identificável. •» Especificações do cargo: é uma explanação escrita dos conhecimentos, das habilidades, das capacidades, dos traços e de outras características necessárias para o desempenho adequado de determinado cargo. •» tarefas: são séries agregadas e coordenadas de ele- mentos do trabalho necessárias para produzir deter- minado resultado (como uma unidade de produção ou serviço ao cliente). •» Posição: consiste nas responsabilidades e nos deve- res desempenhados por uma pessoa. •» cargo: é um agrupamento de posições similares em deveres, como um programador ou vendedor. •» família de cargos: um grupo de dois ou mais cargos com deveres similares. método do questionário A coleta de dados a respeito de um cargo pode ser feita por questionários distribuídos aos ocupantes ou ao supervisor. Na prática, o questionário segue o mesmo roteiro da entrevista, com a diferença de que é preenchido pelo ocupante do cargo, ou pelo supervisor ou por ambos. Al- guns questionários são bem estruturados para facilitar o preenchimento e a utilização. A principal vantagem do questionário é proporcionar um meio eficiente e rápido de coletar informação de um grande número de funcionários. O custo operacional é menor do que o da entrevista. Em contrapartida, a organização requer tempo e testes preliminares (Figura 16). vOltandO aO CasO IntrOdutórIO: a tintas abC A primeira providência de Mário Esteves foi ensinar aos gerentes e a seus funcionários os métodos de des- crever e analisar cargos. Mário queria que as mudanças começassem pelos gerentes. Seria o início do redesenho dos cargos da companhia de maneira descentralizada. O que fazer no lugar de Mário? 192 parte III – apLICando pessoas QuestIOnárIO para desCrIçãO e análIse de CargO Nome: Título do cargo: Departamento: Superior imediato: 1. resumo dos deveres: escreva com suas próprias palavras tudo aquilo que você faz: 2. Qualificações profissionais: relacione os conhecimentos que você utiliza no seu trabalho: 3. equipamentos: relacione as máquinas ou os instrumentos (calculadora, computador, motor) que você opera como parte do seu trabalho: 4. responsabilidades: relacione todas as suas responsabilidades em ordem decrescente de importância e a porcentagem de tempo dedicada a elas no mês: 5. Contatos: liste os contatos com outros departamentos ou empresas. Defina os deveres e as responsabilidades envolvidos nesses contatos internos ou externos: 6. Supervisão exercida: seu cargo tem responsabilidadespor supervisão de pessoas? Sim ( ) Não ( ) Se sim, relacione os cargos sob sua supervisão direta: 7. Supervisão recebida: qual é a frequência da supervisão que você recebe do seu superior? ( ) Frequentemente ( ) Ocasional ( ) Raramente ( ) Nunca 8. Decisões: explique as decisões que você toma no desempenho do seu cargo: 9. Condições de trabalho: descreva as condições sob as quais você trabalha, como ruídos, temperaturas quentes ou frias, trabalho externo, condições desagradáveis. 10. Requisitos exigidos pelo cargo: indique os requisitos mínimos necessários ao cargo. Escolaridade: Experiência: Conhecimentos específicos: Habilidades: 11. Informação adicional: descreva toda informação adicional não incluída nos itens anteriores: Assinatura: Data: ____/____/_____ fIgura 16 Questionário para descrição e análise de cargo. CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 193 método da observação A observação direta daquilo que o ocupante do cargo está fazendo é outro método de colher informação sobre o cargo. O método da observação é aplicável a cargos simples, rotineiros e repetitivos, como operadores de linha de montagem, operadores de máquinas, escriturá- rios, etc. É comum o método da observação utilizar uma listagem de itens ou um questionário para ser preenchi- do pelo observador para assegurar a cobertura de todas as informações necessárias (Figura 17). etapas do processo de análise de cargos O processo de analisar cargos envolve seis etapas, que estão representadas na Figura 18. fIgura 17 Participação dos envolvidos na coleta de dados. métodos de coleta de informação Participação do analista de cargos Participação do ocupante ou do supervisor Entrevista Participação ativa. O analista colhe dados por meio da entrevista Participação ativa. O ocupante fornece dados por meio da entrevista Questionário Participação passiva. O analista recebe dados por meio do questionário Participação ativa. O ocupante fornece dados por meio do questionário Observação Participação ativa. O analista colhe dados por meio da observação Participação passiva. O ocupante apenas trabalha enquanto o analista observa Passo 1 Examinar a estrutura da organização e dos cargos Passo 3 Selecionar os cargos a serem analisados Passo 5 Preparar as descrições de cargos Passo 2 Definir quais informações são requeridas para a análise dos cargos Passo 4 Coligir dados necessários para as análises de cargos Passo 6 Preparar as especificações de cargos Utilizar as informações dos passos 1 a 6 para: Planejamento de RH Modelagem de trabalho Recrutamento e seleção Treinamento Avaliação do desempenho Remuneração e benefícios Avaliação dos resultados fIgura 18 Os seis passos no processo de análise de cargos.27 O processo deve considerar que a organização não é uma entidade imóvel e parada no tempo, mas que está em constante e dinâmica mudança. Os cargos devem ser constantemente descritos, analisados e redefinidos para acompanhar as mudanças na organização e no conteúdo. Um programa de descrição e análise de cargos deve ser desenvolvido de maneira planejada e cuidadosa. Os principais cuidados constam na Figura 19. usos da descrição e da análise de cargos A descrição e a análise de cargos funcionam como o mapeamento do trabalho realizado na organização.25 Um programa de descrição e análise de cargos produz subsídios para o recrutamento e a seleção de pessoas, para a identificação das necessidades de treinamento, elaboração de programas de treinamento, para o pla- nejamento da força de trabalho, avaliação de cargos e critérios de salários, avaliação do desempenho, etc. Quase todas as atividades tradicionais de RH estão baseadas em informações fornecidas pela descrição e análise de cargos. Os principais objetivos da descrição e análise de cargos são:26 •» Subsídios ao recrutamento: definir o mercado de RH no qual recrutar e dados para elaboração de anúncios ou técnicas de recrutamento. •» Subsídios à seleção de pessoas: características do ocupante do cargo, requisitos exigidos, definição da bateria de provas e testes de seleção. 194 parte III – apLICando pessoas fIgura 19 Procedimentos gerais na análise e descrição de cargos.28 passos Aspectos a considerar 1. Desenvolver informações preliminares sobre o cargo a – verificar os documentos existentes para desenvolver uma visão do cargo, a missão, principais deveres ou funções e padrões de trabalho b – preparar uma lista preliminar de deveres para servir como referência para conduzir a entrevista c – anotar os principais itens que sejam obscuros, ambíguos ou que requeiram maior esclarecimento 2. Conduzir as entrevistas a – localizar um ocupante capaz de proporcionar uma visão global do cargo e seus principais deveres, como um supervisor ou um funcionário experiente b – o ocupante do cargo deverá ser um funcionário típico que conhece o cargo (nunca um trainee ou recém-admitido) c – os entrevistados devem ser experientes (ocupantes) ou responsáveis pelo trabalho realizado (supervisor) 3. Consolidar a informação sobre o cargo a – juntar todas as informações obtidas das diversas fontes em uma descrição compreensiva e coerente do cargo b – um ocupante experiente do cargo deve ser um recurso acessível ao analista de cargos durante a fase de consolidação c – checar se todos os itens da lista inicial e preliminar de deveres e questões foram respondidos ou confirmados 4. Verificar a descrição do cargo a – a fase de verificação deve ser conduzida em uma situação de grupo; cópias escritas da descrição do cargo (descrição narrativa mais a lista de tarefas) devem ser distribuídas ao supervisor e aos ocupantes do cargo b – a finalidade é verificar se a descrição está acurada e completa c – o analista deve anotar omissões, ambiguidades e esclarecimentos fIgura 20 Usos da informação da análise de cargo.31 função Informação resultado Tarefas, qualificações, resultados esperados, recompensas Estrutura organizacional de cargos Programas de treinamento Padrões de seleção e promoção Critérios de avaliação do desempenho Descrição de cargos, avaliação e classificação de cargos e faixas salariais Qualificação requerida Tarefas, habilidades, comportamentos, atitudes Tarefas, habilidades, comportamentos, prêmios e incentivos Análise de cargo Padrões de comportamento ou resultados esperados Desenho do cargo Treinamento e desenvolvimento Recrutamento e seleção Avaliação do desempenho Remuneração •» Material para o treinamento: conteúdo dos progra- mas de treinamento, conhecimentos e habilidades exigidos e atitudes diante do cliente. •» Base para a avaliação e a classificação de cargos: fatores de especificações para utilizar como fatores de avaliação de cargos, escolha de cargos referenciais para pesquisa de salários, etc. •» Avaliação do desempenho: definição de critérios e padrões de desempenho para avaliar ocupantes, metas e resultados a alcançar. •» Base para programas de higiene e segurança: da- dos sobre condições de insalubridade e periculosi- dade comuns a determinados cargos. •» Guia para os executivos como gestores de pes- soas: dados sobre o conteúdo dos cargos e o desem- penho das pessoas que compõem as equipes. A Figura 20 mostra os diferentes usos da informação proporcionada pela descrição e análise de cargos. CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 195 Cada organização tem sua própria estrutura organi- zacional, que representa a divisão interna de trabalho e a maneira como as unidades estão inter-relacionadas para o alcance dos objetivos globais.29 CasO de apOIO: a asea brown boveri 30 A Asea Brown Boveri (ABB), a colossal produtora de equipamento elétrico, é um exemplo de corporação que, para competir na próxima década no mercado global e mutável, buscou a desorganização. A ABB fez quatro coisas para se tornar superágil: organizou-se ao redor de miniunidades,fortaleceu os empregados com o empo- werment, achatou a hierarquia e eliminou o staff central da matriz. Como conseguiu? Em primeiro lugar, após assumir a presidência da companhia que fatura US$ 30 bilhões ao ano, Percy Barnevik “desorganizou” os 215 mil funcionários em 5 mil minicompanhias, cada qual com apenas 50 funcio- nários em média. Cada unidade de 50 funcionários tem um gerente e três ou quatro assistentes, centrados no cliente. Cada unidade é mais fácil de gerenciar do que tocar um negócio com mil, 5 mil ou 10 mil funcionários. Em segundo lugar, a tomada de decisão torna-se mais rápida, fazendo com que as 5 mil minicompanhias sejam autônomas e fortalecidas. Os colaboradores têm autoridade para tomar decisões no seu negócio, sem o consentimento da cúpula. Se um cliente tem uma quei- xa sobre um equipamento de US$ 500 mil, o funcionário da minicompanhia pode aprovar a substituição sem ter de pedir permissão ao superior. Dar autoridade aos co- laboradores significa que os 5 mil negócios da ABB são tocados por equipes com pessoas de alto desempenho, capacitadas e compromissadas com o negócio. Em terceiro lugar, a ABB tem apenas três níveis hie- rárquicos (enquanto organizações de tamanho equiva- lente têm 7 a 8 níveis). Há uma equipe executiva de 13 membros da alta administração em Zurique, na Suíça. Abaixo dela, um nível executivo de 250 membros entre gerentes e executivos de vários países no comando dos negócios. No terceiro nível, estão os gerentes das 5 mil minicompanhias e suas equipes administrativas. A fir- ma enxugou a hierarquia e a cadeia de comando para deixar aos funcionários as decisões, para responderem mais rapidamente às necessidades dos clientes e aos movimentos dos concorrentes. Em quarto lugar, como as decisões foram empurra- das para a linha de baixo, a ABB pôde reduzir seu staff. Quando Barnevik se tornou presidente em 1980, a matriz tinha 2 mil pessoas trabalhando para rever e analisar decisões dos funcionários do nível mais baixo. Em me- ses, Barnevik reduziu o staff para apenas 200. Quando a ABB adquiriu outras companhias, ele fez o mesmo enxugamento. A agilidade foi o resultado direto dessa reorgani- zação: uma organização enxuta, ágil, com funcionários altamente capacitados, comprometidos e organizados em pequenas equipes fortalecidas, cada qual hábil a responder prontamente aos movimentos dos concor- rentes e às necessidades dos clientes sem precisar da aprovação da matriz. Questões 1. Explicar a “desorganização” da ABB e quais eram os seus objetivos? 2. Como se obteve maior agilidade nas decisões na ABB? 3. Explicar o enxugamento da hierarquia e da cadeia de comando na ABB. 4. Como se obteve o empowerment na ABB? Avaliação por competências A modelagem do trabalho por meio do conceito de cargo está sendo gradativamente substituída pelo con- ceito de competências, pelo fato de elas pertencerem às pessoas, e não aos cargos. As pessoas podem transitar pelos cargos na medida em que alcançam carreira na organização e as competências seguem com elas. O mais importante é que as competências estão relacionadas com as áreas da empresa e não se prendem a um cargo específico. Cada competência é um agregado sistêmico de conhecimentos, habilidades e atitudes, enquanto a especificação do cargo fragmenta e decompõe esses com- ponentes em aspectos separados (Figura 21). A gestão por competência envolve os seguintes pas- sos:32 •» Definir os objetivos estratégicos da organização. •» Identificar as competências necessárias ao alcance desses objetivos. •» Mapear as competências internas, isto é, aquelas que a organização já possui. •» Comparar as competências necessárias com as atuais a fim de identificar o gap (lacuna) a ser preenchido. 196 parte III – apLICando pessoas Baseada em cargos Baseada em competências Ampliar competências individuais e grupais Abastecer toda a organização de competências individuais e grupais Adequada mobilização interna de competências crescentemente complexas e desafiantes Adequada oferta interna de competências crescentemente complexas em todas as áreas e níveis da organização Disponibilidade de competências em todas as áreas e níveis da organização Pessoas competentes mobilizadas e custos do plano de carreira Ascensão vertical na hierarquia de cargos da organização Encarreiramento de ocupantes de cargos através dos vários níveis hierárquicos da organização Adequada mobilização interna de ocupantes de cargos crescentemente complexos Adequado preenchimento de cargos crescentemente complexos na hierarquia de cargos da organização Adequação do plano de sucessão Ocupantes de cargos mobilizados e custos do plano de carreira Carreira Objetivo primário Objetivo final Eficiência Eficácia Indicador Retorno sobre o investimento fIgura 21 Carreira baseada em cargos versus carreira baseada em competências. Descrição de cargos Demais processos da GP Análise de cargos Especificações de cargos modelagem por descrição e análise de cargos Definição das competências requeridas Mapeamento das competências existentes Definição da lacuna de competências modelagem por competências fIgura 22 Modelo misto de modelagem do trabalho. •» Planejar como esse gap será preenchido. Os meios mais comuns são recrutamento e seleção, T&D e/ ou gestão da carreira. •» Preencher o gap recrutando e selecionando novos talentos e/ou desenvolvendo os já existentes na or- ganização. •» Apurar os resultados alcançados e compará-los com os desejados. A modelagem do trabalho por competências permi- te um tratamento melhor à organização por equipes, como se verá mais adiante. O modelo de modelagem do trabalho mais utilizado une essas duas abordagens fazendo com que a tradicional análise e descrição de cargos seja posteriormente abordada em termos de competências no nível tático (departamentos) e orga- nizacional (Figura 22). CasO de apOIO: a digimed 33 A DigiTudo é uma empresa regional que oferece serviços de tecnologia de informação (TI) a clientes de vários setores, incluindo o de saúde. Em sua reformula- ção, a empresa está se transformando em Digimed para focalizar a área de saúde para prestar serviços de conec- tividade, digitalização de exames e outros destinados a clínicas e hospitais. Certa de que colocar os talentos certos nos lugares certos será a chave para o sucesso, a empresa contratou uma consultoria especializada em CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 197 Gerência de contas Comunicação Negociação Orientação para vendas Gerência de desenvolvimento Expertise Resolução de problemas Ênfase nos detalhes Gerência de suporte Comunicação Resolução de problemas Autocontrole Gerência administrativa Planejamento e organização Liderança Tomada de decisão Competências corporativas Foco no cliente Espírito de equipe Criatividade e inovação Orientação para resultados Aprendizado constante fIgura 24 Matriz de competências da Digimed.34 fIgura 23 Competências corporativas ou institucionais da Digimed.33 Competências Descrição Conhecimentos do cliente Conhecimento profundo sobre a dinâmica das empresas da área de saúde, com capacidade de ouvir o cliente, entender suas necessidades e desenvolver uma relação de confiança com ele Espírito de equipe Capacidade de dividir as responsabilidades pela execução de uma tarefa, de cumprir a própria parte e atuar cooperativamente para que os colegas cumpram as suas Criatividade e inovação Capacidade de enxergar velhos problemas sob novas perspectivas, de quebrar paradigmas, ter insights pouco ortodoxos e exercitar o pensamento divergente (a partir de um único ponto, chegar a vários destinos) Orientação para resultados Capacidade de identificar, entre as ideias criativas, aquelas que têm chances de gerar resultados reais, com a habilidade de manter o foco e distinguir entre atividades prioritárias e secundárias Aprendizado constante Desejo de se manter constantemente atualizado coma área de atuação, sempre em busca de novas soluções e tecnologias, com a habilidade de planejar e monitorar o autodesenvolvimento gestão por competências para assessorar a reformulação (Figura 23). identificadas as competências corporativas – aquelas que todas as pessoas precisam ter –, a empresa passou a definir as competências específicas ou funcionais – aque- las que apenas os funcionários de determinada área ou processo precisam ter. Também foram redefinidas as áreas da empresa e a Digimed passou a adotar uma estrutura com quatro gerências (Figura 24). gestão da caRReIRa Também a carreira está deixando de ser desenvol- vida por meio de cargos para ser construída a partir de competências. Carreira significa a sequência de posições e ativida- des desenvolvidas por uma pessoa ao longo do tempo em uma organização. Tradicionalmente, as empresas elaboravam um plano de carreiras para preparar as pessoas no sentido de ocuparem cargos gradativamen- te mais altos na sua hierarquia. Como as organizações eram altas e verticalizadas, o encarreiramento vertical era o preferido. Hoje, com organizações achatadas em ra- zão do enxugamento dos níveis hierárquicos, o encarrei- ramento está se tornando cada vez mais horizontalizado. Algumas organizações adotam o plano de carreira em Y: as promoções ou as substituições podem ser feitas verticalmente (cargos mais elevados) ou horizontal- mente (cargos no mesmo nível, mas mais complexos ou envolvendo outras especialidades) dependendo da oportunidade (Figura 25). 198 parte III – apLICando pessoas Com poucos níveis hierárquicos, a carreira vertical está passando para carreiras alternativas. O planejamen- to está sendo substituído pelas oportunidades que sur- gem intempestivamente na organização. As empresas estão compondo e recompondo continuamente suas equipes de projetos por meio do conceito de competên- cias na medida em que produtos e serviços se alteram e novas competências precisam ser criadas ou adicio- nadas para o sucesso. autogerenciamento da carreira Outro aspecto importante é que o tradicional pla- nejamento de carreira está cedendo lugar para o au- togerenciamento da carreira. Agora quem precisa se preocupar com a carreira não é mais a organização. Essa incumbência está passando para as mãos de cada pessoa. Cada pessoa é que deve administrar sua pró- pria carreira profissional e saber como ajustá-la conti- nuamente às demandas e às exigências de um mundo em rápida mudança e transformação. Para tanto, cada pessoa deve procurar conhecer seus próprios talentos e saber como desenvolvê-los e aplicá-los ao longo de sua vida profissional para aproveitar as oportunidades que surgem intempestivamente, evitar a obsolescência e neutralizar as ameaças que possivelmente venham a surgir, como o desaparecimento de certas profissões e o aparecimento de outras completamente novas e inova- doras. Para tanto, a organização deve oferecer meios e recursos para ajudar as pessoas. Isso será visto adiante. dICa: planejamento, desenvolvimento e gestão da carreira Pessoas talentosas em suas profissões – porque conseguem juntar características pessoais, tipo de in- teligência e interesses vocacionais – são intensamente disputadas pelas organizações. Em geral, existem cinco distinções a respeito da carreira:36 1. Planejamento da carreira: é o processo pelo qual a empresa identifica futuras necessidades de promo- ções e implementa os meios para preenchê-las. 2. desenvolvimento da carreira: envolve o planeja- mento e a gestão da carreira, bem como os meios e recursos para preparar as pessoas. 3. gestão da carreira: é o processo pelo qual uma orga- nização seleciona, avalia, dá atribuições e desenvolve Presidente Carreira vertical tradicional vice-presidente Diretor de operações Diretor de laboratório Gerente de operações Gerente de laboratório Encarregado Auxiliar Presidente Carreiras alternativas vice-presidente Diretor de operações Diretor de laboratório Gerente de operações Gerente de laboratório Auxiliar A Auxiliar B Encarregado A Encarregado B fIgura 25 Mudanças nos planos de carreira.35