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178 parte III – apLICando pessoas O&M – (cargos de escritório) que se incumbem do pla- nejamento e da distribuição das tarefas e atribuições da maior parte da organização. Os demais cargos – da área administrativa, financeira e mercadológica – quase sem- pre são desenhados pelas respectivas gerências em um processo contínuo de resolução de problemas e melhoria contínua. isso significa que os cargos não são estáveis, nem estáticos ou definitivos, mas que estão sempre em evolução, inovação e mudança para se adaptarem a contínuas transformações que envolvem a organização. O que está acontecendo atualmente é uma completa revolução no conceito de cargo por causa das exigências do mundo moderno e da globalização da economia. Para melhor entender isso, deve-se conhecer os diferentes modelos de desenho de cargos. modelos de desenHo de caRgos O desenho de cargo é tão antigo quanto o próprio trabalho humano. Desde que o ser humano teve de se dedicar à tarefa de caçar ou pescar, ele aprendeu pela experiência acumulada ao longo dos séculos a modifi- car seu desempenho para melhorá-lo continuamente. E quando a tarefa foi aumentando, exigindo um número maior de pessoas para realizá-la, a coisa se complicou. Mas a situação básica de um homem que desempenha tarefas sob a direção de outro jamais foi alterada, apesar de todas as mudanças sociais, políticas, econômicas, culturais e demográficas ocorridas durante a longa his- tória da humanidade. Existem três modelos de desenho de cargos: o clássico, o humanístico e o contingencial. modelo clássico ou tradicional É o desenho de cargos apregoado pelos engenhei- ros da administração científica no início do século XX. Taylor, Gantt e Gilbreth utilizaram princípios de ra- cionalização do trabalho para projetar cargos, definir métodos padronizados e treinar pessoas para obter a máxima eficiência possível. Além disso, ofereciam in- centivos salariais (prêmios de produção) para assegurar a adesão aos métodos de trabalho. A partir da divisão do trabalho e da fragmentação das tarefas, definiam os cargos. Estabeleceram uma separação rígida entre o pensar (gerência) e o executar (operário). O gerente planeja e o operário obedece e executa as tarefas simples e repetitivas. A eficiência era a preocupação máxima. Os aspectos principais do modelo clássico de dese- nho de cargos são: •» A pessoa como apêndice da máquina: a racionali- dade é técnica, lógica e determinística. A tecnologia vem antes e as pessoas depois. É ela (como equipa- mento, maquinário, ferramentas, instalações, arranjo físico) que serve de base para o desenho dos cargos. Este serve exclusivamente à tecnologia e aos pro- cessos de produção. A pessoa é um mero recurso produtivo. Com a introdução do modelo burocráti- co, o homem passou a ser um apêndice da estrutura organizacional e da tecnologia. •» Fragmentação do trabalho: para servir à raciona- lidade técnica, o trabalho é dividido e fragmentado a fim de que cada pessoa faça apenas uma subtarefa simples e repetitiva, ou seja, uma incumbência par- cial e fragmentada para executar de maneira roti- neira e monótona, tendo em vista o tempo-padrão para realizá-la e os ciclos de produção que precisam ser atendidos. No conjunto, o trabalho das pessoas deve ser feito de maneira harmoniosa, cadenciada e coordenada. É o conceito de linha de montagem: ao longo do processo produtivo, tudo deve funcionar como a regularidade e a cadência de um relógio, e cada pessoa deve fazer um pequeno acréscimo no produto que vai seguindo ao longo da linha de pro- dução. Toda atividade humana é padronizada. •» Ênfase na eficiência: o operário trabalha segundo o método e segue regras e procedimentos. O traba- lho é cadenciado e medido por estudos de tempos e movimentos (tempo-padrão = 100% de eficiência). O operário que consegue maior eficiência recebe prê- mios de produção, pelo conceito de homo economicus. A lógica fria dessa abordagem é que o método traz eficiência, esta aumenta os lucros da organização, e os ganhos dos trabalhadores são maiores por causa dos incentivos salariais. •» Conservantismo: o desenho clássico repousa na presunção de estabilidade e permanência no longo prazo do processo produtivo. Ele é definitivo e feito para durar sempre. Não se cogitam mudanças. O desenho clássico funciona sob a abordagem de sistema fechado: excluem-se outras variáveis no siste- ma, para que as restantes funcionem em uma relação determinística de causa e efeito. É a teoria da máquina: a organização e as pessoas são coisas que funcionam em uma lógica simples e mecânica. O trabalhador e o cargo recebem o mesmo tratamento das máquinas. CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 179 O desenho clássico foi projetado para alcançar as seguintes vantagens: •» Redução de custos: operários com qualificações mínimas e salários menores, para facilitar a seleção e reduzir os custos de treinamento. •» Padronização das atividades: a homogeneização das tarefas facilita a supervisão e o controle, permi- tindo amplitude administrativa maior, com grande número de subordinados para cada supervisor. •» Apoio à tecnologia: a aplicação do princípio da li- nha de montagem era a maneira de obter o melhor rendimento da tecnologia da época. Na realidade, o desenho clássico trouxe desvanta- gens e limitações 7 (Figura 5): •» Cargos simples e repetitivos tornam-se monótonos e chatos: daí a apatia, a fadiga psicológica, o desinteres- se e a perda do significado do trabalho. Em casos mais graves, trazem efeitos negativos como ressentimento, abaixamento do moral e resistência ativa dos operá- rios. Esses efeitos negativos provocam rotatividade de pessoal, absenteísmo e precária dedicação das pessoas. São efeitos que pesam muito na pretendida redução de custos, chegando mesmo a ultrapassá-la em alguns casos. Além do mais, o desenho clássico utiliza apenas as habilidades manuais e físicas das pessoas, despre- zando o seu maior tesouro: a inteligência. •» Desmotivação pelo trabalho: pela falta de mo- tivação intrínseca, as pessoas se concentram nas reivindicações e expectativas por maiores salários e melhores condições de trabalho como meio de compensar a insatisfação, o descontentamento e a frustração com a tarefa. •» Trabalho individualizado e isolado: o trabalho é realizado em uma situação de confinamento so- cial do ocupante. Mesmo trabalhando com outras pessoas na linha de montagem, cada operário tem sua tarefa específica e nenhum contato interpessoal ou social com os colegas. A interdependência é da tarefa e não dos contatos pessoais. As pessoas estão fisicamente juntas, mas socialmente distantes. •» Monopólio da chefia: a relação de trabalho de cada trabalhador é diádica: cada ocupante relaciona-se ape- nas com seu superior. Este monopoliza os contatos do trabalhador com o restante da organização. Tudo passa por ele e nada ocorre sem a sua anuência. A programação e o fluxo sequencial do trabalho são da responsabilidade do gerente. O operário apenas exe- cuta e não pensa. Nesse modelo, o trabalhador não está interessado nem é capaz de exercer autodireção e autocontrole. Daí a organização ter de controlar, fiscalizar e monitorar o seu comportamento. Contudo, a Era da Informação trouxe rápidas trans- formações sociais, culturais e econômicas mostrando que o desenho clássico tende a criar ou transferir pro- blemas para o futuro, por três razões fundamentais:8 1. Os jovens de hoje estão recebendo melhor educação e informação e deverão compor uma força de traba- lho futura que desejará cargos mais significativos, desafiadores e consistentes com seu padrão de for- mação e conhecimentos. 2. As atitudes quanto à autoridade estão mudando a cada geração e as pessoas de hoje estão menos pro- pensas do que seus antecessores a aceitar cegamente as ordens dadas por seus superiores. 3. Com o gradual movimento da sociedade em relação ao bem-estar social e à qualidade de vida, os cargos rotineiros ecíclicos estão se tornando indesejáveis e sendo atribuídos a robôs ou mecanização. A tecno- logia está exterminando cargos rudimentares, sujos e ruins, ao mesmo tempo que cria cargos mais ino- vadores e criativos. A Era da Informação está provocando uma migra- ção dos empregos industriais para empregos na área de serviços. Enquanto no setor industrial as oportunidades de emprego murcham de ano para ano por causa da mecanização, elas crescem no setor de serviços. avalIaçãO CrítICa: consequências do modelo clássico A prática tem demonstrado que as vantagens espe- radas pelos autores clássicos e do modelo burocrático foram ultrapassadas pelas desvantagens, pelo fato de terem apostado em um raciocínio lógico e racionalista totalmente distanciado do comportamento psicológico e social das pessoas. O modelo clássico proporcionou o conceito tradicional de cargo e provocou um enorme avanço no desenho de cargos, já que antes nada havia a respeito. Contudo, não acompanhou as mudanças sociais, culturais e tecnológicas do mundo moderno. 180 parte III – apLICando pessoas Embora seja ainda utilizado em muitas organizações, representa uma abordagem ultrapassada e obsoleta que precisa ser urgentemente repensada. modelo humanístico O modelo humanístico é também denominado mo- delo de RH pelo fato de ter surgido com a experiência de Hawthorne. Foi a partir dela que surgiu a Escola de Relações Humanas, na década de 1930. O movimento humanista foi uma reação pendular ao mecanicismo da administração tradicional da época e no sentido de substituir a engenharia industrial pelas ciências sociais, a organização formal pela organização infor- mal, a chefia pela liderança, o incentivo salarial pelas recompensas sociais e simbólicas, o comportamento individual pelo comportamento em grupo e o organo- grama pelo sociograma. O conceito de homo economicus (pessoa motivada exclusivamente por recompensas salariais) foi substituído pelo conceito de homo social (pessoa motivada por recompensas sociais). A Escola de Relações Humanas foi uma tentativa de submeter a administração autocrática e impositiva ao espírito democrático tipicamente norte-americano. Com ela, surgem os conceitos sobre liderança, motivação, co- municação e assuntos relacionados com as pessoas e sua supervisão. A abordagem humanística substituiu a ênfase antes colocada nas tarefas (administração cien- tífica) e na estrutura organizacional (teoria clássica e da burocracia) pela ênfase nas pessoas e nos grupos sociais. avalIaçãO CrítICa: consequências do modelo humanístico Todavia, o desenho humanístico preocupa-se mais com o contexto do cargo do que propriamente com o conteúdo do cargo. Por essa razão, o desenho do cargo em si não é diferente do modelo clássico. Os humanis- tas deslocam sua atenção para as condições sociais sob as quais o cargo é desempenhado, deixando de lado o conteúdo, que é totalmente negligenciado. O modelo humanista procura incrementar a interação das pessoas entre si e com os superiores como meio de satisfazer ne- cessidades individuais e aumentar o moral do pessoal. Mas a consulta e a participação não afetam o cumpri- mento da tarefa nem o fluxo ou a sequência do trabalho, que permanecem intocados. fIgura 5 As vantagens esperadas e os resultados do desenho clássico. vantagens esperadas Objetivos individuais •» Cargos simples requerem pouco trei- namento e facilitam a seleção •» Cargos simples requerem pessoas com poucas habilidades e salários baixos •» Cargos simples permitem troca rápida e fácil de ocupantes •» Em razão da mecanização, o ocupante não fica fisicamente cansado •» A padronização facilita o controle e permite a supervisão mais ampla, com muitos subordinados •» A padronização e a mecanização facili- tam a previsibilidade da produção •» A administração tem controle absoluto sobre os trabalhadores •» A economia no custo da seleção e do treinamento pode não existir por causa da rotatividade de pessoal •» Elevados absenteísmos e rotatividade requerem trabalhadores extras, o que eleva os custos da produção •» Em razão da monotonia do trabalho em linha, a produtividade cai, exigindo incentivos salariais elevados •» A monotonia do trabalho traz alienação e falta de compromisso, o que provoca problemas de produtividade e qualidade •» A rotatividade e o absenteísmo elevam os custos de recrutamento e seleção, além de elevar os custos da produção •» A supervisão aumenta a distância en- tre o trabalho e a administração CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 181 O gerente deve criar e desenvolver um grupo de traba- lho coeso e integrado, promover uma atmosfera psicológica amigável e cooperativa, estabelecer intervalos de lazer e descanso agradáveis com interação social e incrementar a rotação das pessoas entre cargos similares, como opor- tunidades ocasionais para interagir com outras unidades e departamentos. Para reduzir a monotonia e a chatice da tarefa, o modelo busca momentos de escape nas horas de lazer e em momentos esporádicos por meio da interação social. Apenas o envolvimento externo é cogitado – e prin- cipalmente nas horas fora do trabalho. Todavia, o modelo humanístico revelou-se insufi- ciente para resolver os problemas enfrentados pelas or- ganizações e caiu em descrédito pelo romantismo de sua abordagem e por seus aspectos manipulativos (Figura 6). modelo contingencial O modelo contingencial representa a abordagem mais ampla e complexa pelo fato de considerar três va- riáveis simultaneamente: as pessoas, a tarefa e a estru- tura da organização. O nome “contingencial” decorre da adequação do desenho do cargo a essas três variáveis. Como essas três variáveis assumem características dife- rentes, o resultado é relativo, e contingente, e não fixo ou padronizável. Ambos, modelos clássico e humanista, prescrevem que o cargo deve ser projetado como algo definitivo e permanente: a expectativa de um ambiente estável e previsível permitia métodos padronizados e re- petitivos, já que a tecnologia utilizada deve permanecer constante durante muito tempo. Nesses dois modelos, a ênfase é colocada na estabilidade dos objetivos organiza- cionais, da tecnologia e dos fatores ambientais; portanto, também nos processos e produtos da organização. Daí a característica típica do desenho tradicional: o caráter definitivo e permanente dos cargos, como se fossem per- feitos e não devessem ser modificados ou melhorados. No modelo contingencial, o desenho do cargo não se baseia na presunção de estabilidade e permanência dos objetivos e dos processos organizacionais, mas, ao contrário, é dinâmico e se baseia na contínua mudança e na revisão do cargo como uma responsabilidade bá- sica colocada nas mãos do gerente ou de sua equipe de trabalho. Assim, o modelo contingencial é mutável em decorrência do desenvolvimento pessoal do ocupante e do desenvolvimento tecnológico da tarefa. Em um mundo globalizado e de forte concorrência em que tudo muda, os cargos não podem ser estáticos ou permanentes. A organização moderna exige produtivida- de e qualidade para alcançar altos níveis de desempenho por meio da melhoria contínua na aplicação dos talentos criativos e da capacidade de autodireção e autocontrole de seus membros, enquanto proporciona oportunidades de satisfação das suas necessidades individuais. O mo- delo contingencial supõe a utilização das capacidades de autodireção e autocontrole das pessoas e, sobretudo, objetivos definidos conjuntamente entre o ocupante e o seu gerente para tornar o cargo um verdadeiro fator mo- tivacional. O gerente deve criar mecanismos pelos quais as contribuições das pessoas possam melhorar o desem- penho departamental, e não simplesmente consultar fIgura 6 Diferenças entre modelo clássico e humanístico de desenho de cargos. Modelo clássico Modelo humanístico •» Ênfase na tarefa e na tecnologia •» Fundamentado na estrutura organiza- cional •» Busca a eficiência por meio do método eracionalização do trabalho •» Preocupação com o conteúdo do cargo •» Baseado em ordens e imposições •» Trabalhador executa e obdece •» Conceito de Homo economicus •» Recompensas salariais e materiais •» Ênfase na pessoa e no grupo social •» Fundamentado na interação e na dinâ- mica de grupo •» Busca a eficiência pela satisfação e inte- ração das pessoas •» Preocupação com o contexto do cargo, isto é, com o entorno social •» Baseado em comunicações •» Trabalhador participa nas decisões •» Conceito de Homo social •» Recompensas sociais e simbólicas 182 parte III – apLICando pessoas subordinados para satisfazer apenas às necessidades de participação e consideração, que passam de fins para meios. A satisfação torna-se um subproduto desejável, mas não é o objetivo principal. O modelo contingencial se baseia em cinco dimen- sões essenciais que todo cargo deve possuir em maior ou menor grau, a saber9 (Figura 7): 1. Variedade: refere-se ao número e à variedade de ha- bilidades exigidas pelo cargo. Existe variedade quan- do o cargo apresenta vasta gama de operações ou uso de diversidade de equipamentos e procedimentos para tornar o cargo menos repetitivo e monótono. Significa a utilização de diversas habilidades e co- nhecimentos do ocupante, de diversos equipamen- tos e procedimentos e a execução de diversas tarefas diferentes. Um trabalho com variedade elimina a rotina, a chatice e a monotonia e torna-se desafian- te ao fazer o ocupante utilizar várias habilidades e competências para fazer o trabalho com sucesso. Não existe variedade quando o cargo é sequencial e monótono, quando a pessoa não pode conversar com os colegas, quando seu trabalho é rigidamente programado por terceiros, quando sua área de tra- balho é limitada e quando os insumos dependem totalmente do gerente. A variedade é introduzida na medida em que o ocupante supre seus insumos, uti- liza diferentes equipamentos, ambientes, métodos de trabalho e diferentes operações, com criatividade e diversidade. 2. Autonomia: refere-se ao grau de independência e critério pessoal que o ocupante tem para planejar e executar seu trabalho. Refere-se à liberdade e inde- pendência para programar o trabalho, selecionar o equipamento a utilizar e decidir quais métodos ou procedimentos deverá seguir. A autonomia está relacionada com o lapso de tempo de que o ocupante dispõe para receber supervisão direta do seu geren- te. Quanto maior a autonomia, maior a extensão de tempo em que o ocupante deixa de receber supervi- são direta e maior a autoadministração do próprio trabalho. Ocorre falta de autonomia quando o trabalho é pre- determinado, os intervalos de trabalho são rigida- mente controlados, a mobilidade física da pessoa é restrita, os insumos de seu trabalho dependem da gerência ou de outros. A autonomia proporciona liberdade de métodos, de programar o trabalho e intervalos de repouso, mobilidade física ilimitada e quando a pessoa deixa de depender da gerência ou de outras pessoas. 3. Significado das tarefas: refere-se ao conhecimento do impacto que o cargo provoca em outras pessoas ou na atividade organizacional. Nada mais é do que a noção das interdependências do cargo com os demais cargos da organização e da contribuição do trabalho na atividade geral do departamento ou da organização. Quanto mais o ocupante tem no- ção do significado das tarefas que executa, maior a importância que percebe pelo trabalho, maior a contribuição e mais elevada a responsabilidade. Quando o cargo é significativo, o ocupante pode distinguir o que é mais importante e prioritário, o que é essencial e o que é acidental entre as coisas que faz para atingir os objetivos organizacionais. Com isso, pode criar condições para adequar o seu cargo às necessidades da organização e do cliente interno ou externo. Há falta de significado das tarefas quando a pessoa recebe apenas ordens e comandos para cumprir e ne- nhum esclarecimento sobre a finalidade ou objetivos do trabalho. A significância das tarefas requer uma explicitação completa do trabalho, dos objetivos, da utilidade e da importância, da interdependência com os demais cargos da organização e para qual cliente interno ou externo deve ser direcionado o trabalho. 4. Identidade com a tarefa: refere-se ao grau em que o cargo requer que a pessoa execute e complete uma unidade integral do trabalho. A identidade se relaciona com a possibilidade de a pessoa efetuar um trabalho inteiro ou global e poder claramente identificar os resultados de seus esforços. O ocupante identifica-se com a tarefa na medida em que a execu- ta integralmente como produto final de sua ativida- de e que lhe dê uma noção da totalidade, da extensão e do objetivo a alcançar. A montagem total de um produto em lugar da realização de apenas uma sim- ples etapa da operação introduz identidade com o trabalho. Há falta de identidade quando o ocupante executa atividades fragmentadas, parciais e incom- pletas, que ele ignora para que servem e quando o trabalho é determinado pela gerência. A pessoa que aperta parafusos o dia inteiro não consegue saber exatamente para que serve o seu trabalho. 5. Retroação: refere-se ao grau de informação de retor- no que o ocupante recebe para avaliar a eficiência CapÍtULo 7 – ModeLageM do traBaLHo 183 de seus esforços na produção de resultados. A re- troação funciona como uma informação de retor- no que a pessoa recebe enquanto está trabalhando e que revela como está desempenhando sua tarefa ou como está indo em sua atividade. A retroação deve ser fornecida pelo próprio resultado do trabalho para permitir uma contínua e direta autoavaliação do desempenho, sem necessidade de julgamento perió- dico de seu superior ou de qualquer órgão externo. A retroação é um retorno de informação. Quando a produção do ocupante é misturada com a produção de outras pessoas ou quando a produção é removida ou retirada com frequência, não há conhecimento dos resultados do trabalho pessoal. A retroinforma- ção ocorre apenas quando o ocupante tem conhe- cimento dos resultados do seu próprio trabalho ou quando a sua produção horária ou diária é perfeita- mente visível e palpável. Baixo grau variedade Trabalho sequencial, uniforme, parcial, chato, monótono e repetitivo. As operações, os equipamentos e as habilidades são sempre os mesmos, sem qualquer mudança ou variação. Mesmice e rotina Trabalho variado e diversificado. As operações são diferentes e os equipamentos e as habilidades são variados. Diversidade e desafio, em que a pessoa executa várias atividades diferentes e inovadoras Trabalho rigidamente programado, com local e equipamentos definitivos e métodos preestabelecidos. O chefe determina o que, quando, onde e como fazer Ampla liberdade para planejar e programar o trabalho, escolher o equipamento, local e método de trabalho. O ocupante programa seu trabalho, escolhe o local, o método e o equipamento Autonomia Trabalho específico, fragmentado e parcial, sem qualquer sentido psicológico para a pessoa, que se frustra e se aliena. Trabalho estranho e vazio Trabalho integral, global e com significado para a pessoa e que lhe permite identificar-se com ele. O local e o trabalho “pertencem” à pessoa Identidade com as tarefas Desconhecimento do impacto e das interdependências da tarefa sobre as outras da empresa. Visão estreita, confinada, isolada e míope da atividade Conhecimento amplo da repercussão do trabalho sobre as demais da empresa. visão abrangente das suas consequências e das suas interdependências Significado das tarefas Nenhuma informação sobre o desempenho ou resultado do trabalho. Ignorância sobre a performance. Necessidade de avaliação externa e de incentivo salarial como reforço Informação clara sobre o desempenho e o resultado do trabalho. Perfeita e imediata noção sobre a performance. Senso de autoavaliação, autodireção e autorrealização Retroação Alto grau fIgura 7 As cinco dimensões essenciaisno desenho contingencial.11 As cinco dimensões essenciais ou dimensões profun- das criam condições para a satisfação intrínseca como resultado do cumprimento da tarefa que o ocupante realiza. Essas condições fazem com que o cargo seja im- pregnado de fatores motivacionais ou satisfacientes, permitindo que:10 •» A pessoa utilize várias de suas habilidades e compe- tências pessoais na execução das tarefas. •» A pessoa tenha certa autonomia, independência e autodireção na execução das tarefas. •» A pessoa faça algo significativo e que tenha certo sentido ou razão de ser. •» A pessoa se sinta pessoalmente responsável pelo sucesso ou fracasso das tarefas em função dos seus próprios esforços. •» A pessoa perceba e avalie o seu próprio desempenho enquanto executa o trabalho, sem intervenção de terceiros ou da chefia.