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Avaliação de Exames Bioquímicos (Parte 1) PROFA. CAMILA MUNAFÓ SERPA Competência ▪ Compreender e interpretar corretamente dados do hemograma completo, perfil glicêmico e risco para doenças cardiovasculares. Conhecimentos •Detalhamento sobre os elementos celulares do sangue; •Características dos exames relacionados à diabetes e hopoglicemia •Características dos exames relacionados às doenças cardiovasculares. Habilidades •Interpretação hemograma; •Interpretação dos exames relacionados ao diagnóstico e controle do diabetes e hipoglicemia •Interpretação dos exames relacionados às doenças cardiovasculares Atitudes •Atenção; •Compreensão; •Aplicação. Parâmetros bioquímicos indicativos do estado nutricional ▪ EXAMES BIOQUÍMICOS: Auxiliares na avaliação do estado nutricional ▪ Medidas objetivas de avaliação do estado nutricional – possibilitam seguimento, intervenções – acompanhamento da evolução do estado nutricional do indivíduo. ▪ Fatores que podem limitar a interpretação dos dados obtidos: ▪ testes isolados; preparação do exame ▪ idade, sexo, estado fisiológico; ▪ drogas, estresse, injúria, inflamação; ▪ Valores de referência utilizados pelo laboratório. ▪ Tipos de amostras: sangue, urina, fezes, biópsia de amostras, saliva, suor, cabelo, etc. Sumário ▪ Abordaremos as características gerais do sangue e os seguintes indicadores: •Série vermelha •Anemias •Série branca Hemograma completo •Glicemia de jejum e causal; •Curva glicêmica; •Hemoglobina glicada; •Frutosamina; •Hipoglicemia. Diabetes Mellitus •Colesterol total e frações •Triglicerídeos •Homocisteína •Apo A1 •Apo B Função Cardiovascular Sangue Sangue Características gerais: ▪ Sangue é composto pelas seguintes células em suspensão: ▪ Glóbulos brancos: leucócitos; ▪ Glóbulos vermelhos: eritrócitos (hemácias); ▪ Plaquetas (trombócitos) ▪ Plasma: água, sais minerais, vitaminas, proteínas, glicídios e lipídios (forma gel e coagula fora do organismo humano); ▪ Soro: mesmo conteúdo do plasma sem o fibrinogênio (não coagula fora do organismo humano). Glóbulos vermelhos (hemácias) Glóbulo branco (leucócito) Diferenciação de elementos celulares do sangue a partir da medula óssea Hematopoiese Resumo!!! Detalhamento hematopoiese Diferenciação dos linfócitos B e T Sangue (nos tecidos → macrófagos) englobam material estranho, fragmentam-no e exibem-no em sua superfície para reconhecimento e ação pelos linfócitos Tipos de linfócitos: - Linfócito B (produzido na medula óssea): produção de anticorpos (plasmócito) e diferenciação em células de memória B (ativadas no encontro com um antígeno) - Linfócito T (produzido na medula (B e NK) e diferenciado no timo); há 5 tipos principais, com funções diferentes: * CD4 (auxiliar – coordena a função da defesa imunológica), * CD8 (citotóxico – elimina células infectadas); * NKT (natural killers - preparadas para destruir células prejudiciais ao organismo); * CD45 (memória – aprendem a responder a um invasor específico); * FOXP3 (reguladora – suprimem a ativação, proliferação e funções de diversas células imunitárias). Segregam substâncias com propriedades anti- coagulantes (heparina) e histamina (promove dilatação do vaso sanguíneo) Fagocitam ou destroem micro- organismos e outras substâncias → realizam diapedese (saem do sangue e penetram nos tecidos) Liberam mediadores químicos que reduzem inflamação; atacam vermes / parasitas (aumentam seu número sob estas condições) Sangue ▪ São termos sinônimos, no entanto, em farmacologia podem diferenciar-se pelo ponto de vista da análise: Nível sérico •Medida de uma certa substância (g/dL; mg/dL; mcg/dL) analisada em laboratório. Nível plasmático •Medida de uma certa substância (g/dL; mg/dL; mcg/dL) no organismo do paciente Unidades de medidas importantes ▪ Para interpretar os exames bioquímicos é preciso conhecer as unidades de medida que podem ser utilizadas: Unidades de medida (Kg): Decigrama (dg) = 10−1 g (0,1 g) Centigrama (cg) = 10−2 g (0,01 g) Miligrama (mg) = 10-3 g (0,001 g) Micrograma (mcg ou μg) = 10-6 g (0,000001 g ...) Nanograma (ng) = 10-9 g Picograma (pg) = 10-12 g Femtograma (fg) = 10-15 g Unidades de medida (L): Decilitro (dL) = 10−1 L Centilitro (cL) = 10−2 L Mililitro (mL ou cm³) = 10-3 L Microlitro (mcL ou μL) = 10-6 L Nanolitro (nL) = 10-9 L Picolitro (pL) = 10-12 g Femtolitro (fL) = 10-15 g Hemograma Completo Hemograma Completo ▪ “O hemograma completo fornece a contagem das células sanguíneas e a descrição dos glóbulos vermelhos. O hemograma é uma contagem de células sanguíneas com contagem diferencial dos glóbulos brancos (geralmente chamado de diferencial)”. (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012) ▪ O hemograma constitui um importante exame laboratorial que permite avaliar o estado de saúde geral de um indivíduo. ▪ Os dados fornecidos pelo hemograma são essenciais na investigação das doenças hematológicas. As alterações observadas nesse exame permitem ao médico avaliar doenças relacionadas à ▪ série vermelha (anemias, policitemia, malária), ▪ Série branca (leucemias, infecções diversas) e ▪ plaquetas (púrpuras, trombocitopenias) e relacioná-las aos achados clínicos observados no paciente. Hemograma Completo – Série Vermelha ▪ Avaliação qualitativa dos eritrócitos (termos mais comuns): Tamanho •Termo geral: Anisocitose •Microcítica (tamanho pequeno) •Normocítica: normal •Macrocítica (tamanho grande) Forma •Alteração na forma da hemácia; •Termo geral: poiquilocitose •Tipos de formas encontradas: forma de foice, esfera, lágrima, entre outras. Coloração •Hipocromia (descorada) → deficiência de ferro; a microcitose ou poiquilocitose pode levar à hipocromia •Normocromia (coloração normal) •Hipercromia (hipercorada) → termo pouco utilizado Hemograma Completo – Série Vermelha D is p o n ív e l e m : h tt p :/ / w w w .c ie n c ia n e w s .c o m .b r/ a rq u iv o s / A C E T / IM A G E N S / A rt ig o s _ c ie n ti fi c o s / In te rp h e m o .p d f Hemograma Completo – Série Vermelha ▪ Avaliação quantitativa: Item do hemograma Valor de referência Interpretação Eritrócitos (glóbulos vermelhos) 4,5 - 5,5 mcg/mm3 (homem > 12 anos) 3,8 - 4,8 mcg/mm3 (mulher > 12 anos) Além dos déficits nutricionais, podem apresentar- se maior em pacientes com hemorragia, hemólise (destruição das hemácias com liberação da hemoglobina), aberrações genéticas, falência da medula óssea ou doença renal e naqueles que estão fazendo uso de determinados medicamentos; não são sensíveis para deficiência de ferro, vitamina B12 ou folato Hemoglobina (Hg) (pigmento respiratório das hemácias → transporta O² e recolhe CO²) 13,0 – 17,0 g/dL (homem > 12 anos) 12,0 – 15,0 g/dL (mulher > 12 anos) Idem à interpretação dos eritrócitos Hematócrito (% do volume de eritrócitos no sangue) 40,0 - 50,0% (homem > 12 anos) 35,0 - 46,0% (mulher > 12 anos) Idem à interpretação dos eritrócitos e hemoglobina. Também pode estar reduzido na desidratação. (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012) Hemograma Completo – Série Vermelha Item do hemograma Valor de referência Interpretação VCM (Volume corpuscular médio →mede o tamanho da hemácia) 80,0 - 100,0 fl -Reduzido (microcítica): na presença de deficiência de ferro, traço talassêmico e insuficiência renal crônica, anemia de doença crônica; - Elevado (macrocítica): na presença de deficiência de vitamina B12 ou folato e defeitos genéticos na síntese de DNA; - Não tem sensibilidade microcítica nem macrocítica quanto às deficiências marginais de nutrientes HCM (Hg Corpuscular média → peso da Hg nas hemácias) 27,0 - 32,0 pg Causas dos valores anormais semelhantes aos do VCM CHCM (concentração de HCM → concentração de Hg nas hemácias) 31,5 - 36,0 g/dL Reduzida nos pacientes com deficiência de ferro e traço talassêmico (anemia do mediterrâneo → ↓ [ ] de Hg nas hemácias; não é sensível às deficiências marginais de nutrientes RDW (red cell distribution width→ analisa a variação de tamanho entre hemácias) 11,9 - 15,4% Aumentado na anisocitose ▪ Avaliação quantitativa: Índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM, RDW) (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012) Hemograma Completo – Plaquetas ✓Ou trombócitos, são fragmentos de citoplasma, sem núcleo celular. ✓Participam do processo de coagulação do sangue (formação de coágulos); ✓Podem ser modificadas pela ingestão adequada ou não de: ▪ Eicosanoides (derivados de ω-6 e ω-3); ▪ Cálcio → cálcio ionizado (estimula a liberação de tromboplastina pelas plaquetas (início da formação do coágulo). ✓Podem alterar-se na presença de anemia megaloblástica (def. de B12 ou ác. Fólico). ✓São analisadas de forma quantitativa (10³/mm³ ou mil/mm³). Anemias ▪ A anemia é uma deficiência no tamanho ou número de glóbulos vermelhos ou a quantidade de hemoglobina que eles contêm. ▪ Essa deficiência limita a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o sangue e as células dos tecidos. ▪ A classificação da anemia baseia-se na avaliação quali e quantitativa dos eritrócitos. ▪ A maioria das anemias é causada pela falta de nutrientes necessários para a síntese normal dos eritrócitos, principalmente ferro, vitamina B12 e ácido fólico. ▪ As anemias que resultam da ingestão inadequada de ferro, proteínas e determinadas vitaminas (vitamina B12, ácido fólico, piridoxina e ácido ascórbico), cobre e outros metais pesados são frequentemente denominadas anemias nutricionais. ▪ Outras anemias resultam de várias condições como hemorragia, anormalidades genéticas, doenças crônicas ou toxicidade por fármacos, e têm graus variados de consequência nutricional. (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012) Anemias (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012, pg. 1281) Anemias (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012, pg. 1281) Anemia por deficiência de ferro (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012, pg. 1285) Anemia por deficiência de ferro (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012, pg. 1287) Anemias (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012, pg. 1281) Hemograma Completo – Plaquetas Valor de referência: ▪ Plaquetas 150 – 400 mil/mm³ ▪ Aumento do seu número: trombocitose→ Alta resposta de coagulação; favorece formação de coágulos (trombose); ▪ Diminuição do seu número: trombocitopenia → Baixa resposta de coagulação; favorece hemorragias internas. → presente em doenças que afetam a medula óssea. Item do hemograma Valor de referência Interpretação Leucócitos (granulares e agranulares) 4,5 - 11 mil/mm3 Elevados (leucocitose) nos pacientes com infecção, neoplasia e estresse reduzido (leucopenia) nos pacientes com DPC, doenças autoimunes ou infecções graves, e naqueles que estão passando por quimioterapia ou radioterapia Neutrófilos 1,80 - 7,70 Mil/mm3 55 a 70 % Neutrofilia: cetoacidose, trauma, estresse, infecções formadoras de pus, leucemia; Neutropenia: DPC, anemia aplástica, quimioterapia, infecção grave Linfócito Totais 1,0 - 4,0 Mil/mm3 20 a 40% Típicos: 1,0 - 3,8 Mil/mm3 Atipicos: 0,0 - 0,20 Mil/mm3 Linfocitose: infecção, leucemia, mieloma, mononucleose Linfocitopenia: leucemia, quimioterapia, sepse, AIDS Linfócitos típicos (todos os normalmente produzidos: CD4, CD8, NKT, FOXP3, CD45 Linfócitos atípicos acompanham freqüentemente as linfocitoses secundárias a processos infecciosos. Hemograma Completo – Série Branca ▪ Avaliação quantitativa: Sufixo “penia” = redução (leucopenia, neutropenia, etc); sufixo “ose” ou “filia” = aumento (leucocitose, neutrofilia, etc) (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012) Item do hemograma Valor de referência Interpretação Eosinófilos 0,0 - 0,45 Mil/mm3 1 a 4% Eosinofilia: infestação parasítica, alergia, eczema, leucemia, doença autoimune Eosinopenia: aumento na produção de esteroides Basófilos 0,0 - 0,20 - Mil/mm3 0,5 a 1% Basofilia: leucemia Basopenia: alergia Monócitos (macrófagos nos tecidos → células de Kupffer (fígado), micróglia (SN), e células de Langerhans (epiderme) 0,0 – 0,8 Mil/mm 2 a 8% Monocitose: infecções crônicas, como tuberculose, colite ulcerativa, infecção por protozoários, doença de Hodgkin, leucemia mielomonocítica, mieloma múltiplo e doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide Monocitopenia: infecções no sangue, tratamentos de quimioterapia e problemas na medula óssea, como anemia aplástica e leucemia; infecções na pele, uso de corticoides e infecção pelo HPV. Hemograma Completo – Série Branca ▪ Avaliação quantitativa: Sufixo “penia” ➔ redução (leucopenia, neutropenia, etc); sufixo “ose” ou “filia” ➔ aumento (leucocitose, neutrofilia, etc) (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2012) Diabetes Mellitus Diagnóstico e Controle Diabetes - Glicemia ✓Glicemia (Diretrizes - Sociedade Brasileira de Diabetes, 2016 / ADA 2016). Exame de sangue: Estágio Glicemia de jejum (mg/dL) Glicemia causal (mg/dL) Normal < 100 < 140 Intolerância à glicose (pré- diabetes) ≥ 100 e < 126 ≥ 140 e < 200 Diabetes ≥ 126 ≥ 200 Diagnóstico e Controle Diabetes – Curva glicêmica ✓Curva Glicêmica ou Teste de tolerância oral à glicose (TTOG) (Diretrizes - Sociedade Brasileira de Diabetes, 2016 / ADA 2016). Avaliação da glicemia a cada 30 minutos após a oferta em jejum de 75g de glicose diluída em aproximadamente 300ml de água: Tempo Normal Intolerância à glicose (mg/dL) Diabetes (mg/dL) 30, 60 e 90 minutos < 200 ≥ 200 ao menos 1 vez ≥ 200 todas as vezes 2 horas < 140 ≥ 140 e < 200 ≥ 200 Diagnóstico e Controle Diabetes – A1C Hemoglobina Glicada (A1C) ✓A hemoglobina glicada, também denominada hemoglobina glicosilada ou glicohemoglobina, é conhecida ainda como HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C. ✓O termo genérico “hemoglobina glicada” refere-se a um conjunto de substâncias formadas com base em reações entre a hemoglobina A (HbA) e alguns açúcares. ✓A glicação da hemoglobina ocorre ao longo de todo o período de vida do glóbulo vermelho, que é de, aproximadamente, 120 dias. Porém, dentro destes 120 dias, a glicemia recente é a que mais influencia o valor da A1C. Fonte: http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320110603170201.pdf Diagnóstico e Controle Diabetes – A1C ✓Hemoglobina Glicada (A1C) (WHO, 2011 / ADA 2016). Exame de sangue: Nível de A1C % Nível equivalente de glicemia média estimada (*) Glicemia causal (mg/dL) < 5,7% 117 mg/dL Ausência de diabetes Entre 5,7 e 6,4% 117 a 137 mg/dL Pré-diabetes ≥ 6,5% 140 mg/dL Presença de diabetes (*) Nathan, DM et AL. “Translating the A1C Assay into Estimated Average Glucose Values” (ADAG Study). Diabetes Care 31:1-6, 2008 Diagnóstico e Controle Diabetes – A1C ✓Hemoglobina Glicada (A1C) (SBD, 2018). Exame de sangue: Diagnóstico e Controle Diabetes – Tratamento Diagnóstico e Controle Diabetes – Frutosamina Frutosamina: ✓Proteína glicada, constituída principalmente dealbumina; ✓Reflete o controle glicêmico em 1 a 2 semanas anteriores; ✓Alternativa à A1C ✓Útil no início do tratamento do DM, para avaliar a sua adesão ao tratamento; ✓Por conter albumina, seus valores podem variar na presença de doenças hepáticas e sistêmicas agudas. Referência no sangue: 1,8 a 2,8 mmol/L Diagnóstico - Hipoglicemia ▪ Queda dos níveis de glicose no sangue → pode levar ao coma e óbito se não corrigida, sendo, portanto, uma condição mais agressiva do que a hiperglicemia e deve ter acompanhamento eficaz. ▪ Hipoglicemia pós-prandial (reativa): causada principalmente por hiperinsulinismo, tipo mais comum de hipoglicemia pós-prandial documentada e é observada em pacientes que se submeteram à gastrectomia ou a algum outro tipo de cirurgia gástrica. Esses procedimentos estão associados à rápida liberação do alimento ao intestino delgado, rápida absorção de glicose e resposta exagerada à insulina. ▪ Hipoglicemia do jejum (ou pós absorvente): pode ocorrer em resposta a se ter passado oito ou mais horas sem ingerir alimentos. As causas da hipoglicemia incluem estados de deficiência hormonal (por ex. glucagon), doença hepática adquirida, tumores pancreáticos ou não pancreáticos. ▪ Diagnóstico de hipoglicemia: valores abaixo de 60 mg de glicose/dL. Função cardiovascular Lipídios ▪ Aproximadamente, 97% dos lipídios dietéticos estão na forma de triglicerídeos, e o restante, na forma de fosfolipídios e colesterol. ▪ Transportadores de lipídios na corrente sanguínea: Quilomicrons, VLDL, LDL, HDL. Lipídios Triglicérides ▪ Maior porção dos lipídios dietéticos; ▪ As lipoproteínas ricas em triglicerídeos incluem os quilomícrons, o VLDL e quaisquer remanescentes ou produtos intermediários formados no metabolismo; ▪ No fígado, os triglicerídeos dos quilomícrons são reagrupados em VLDL e transportados principalmente para o tecido adiposo, no qual são metabolizados e armazenados; ▪ Dessas lipoproteínas ricas em triglicerídeos, os quilomícrons e os remanescentes de VLDL são conhecidos por serem aterogênicos, porque ativam as plaquetas, a cascata de coagulação e a formação de coágulos. Todos contêm lipoproteína apo B. Colesterol total e frações ▪ A mensuração do colesterol total capta o colesterol contido em todas as frações de lipoproteínas: ▪ 60% a 70% são transportados no LDL (lipoproteína de baixa densidade), ▪ 20% a 30% no HDL (lipoproteína de alta densidade) e ▪ 10% a 15% no VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade). ▪ Estudos têm mostrado consistentemente que uma alta concentração sérica de colesterol (especificamente o colesterol LDL alto) é uma das principais causas de doença das coronárias, acidente vascular encefálico e mortalidade. Colesterol total e frações ▪ Figura 1 – Ciclos de transporte de lípides no plasma. As lipoproteínas participam de três ciclos básicos de transporte de lípides no plasma: ▪ (1) ciclo exógeno, no qual as gorduras são absorvidas no intestino e chegam ao plasma, sob a forma de quilomícrons, e, após degradação pela lipase lipoproteica (LPL), ao fígado ou a tecidos periféricos; ▪ (2) ciclo endógeno, em que as gorduras do fígado se direcionam aos tecidos periféricos; a lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) é secretada pelo fígado e, por ação da LPL, transforma-se em lipoproteína de densidade intermediária e, posteriormente, em LDL, a qual carrega os lípides, principalmente o colesterol, para os tecidos periféricos; ▪ (3) transporte reverso do colesterol, em que as gorduras, principalmente o colesterol dos tecidos, retorna para o fígado; as HDL nascentes captam colesterol não esterificado dos tecidos periféricos pela ação da lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT), formando as HDL maduras; por meio da CETP, ocorre também a transferência de ésteres de colesterol da HDL para outras lipoproteínas, como as VLDL. AGL: ácidos graxos livres; HPL: lipase hepática. Fonte: ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – 2017, pg 3 Valores de referência e de alvo terapêutico para Colesterol total e frações e Triglicérides Fonte: ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – 2017, pg 8 Homocisteína ▪ Homocisteína (He): Produto intermediário do metabolismo, envolvendo ácido fólico, vitamina B12, metionina e vitamina B6 ▪ Deficiências de folato ou de vitamina B12 podem resultar no aumento das concentrações plasmáticas de homocisteína = hiperhomocisteinemia (HH). ▪ A HH tem sido associada a maior risco de eventos aterotrombóticos, e a literatura sugere associação causal, independente de outros fatores de risco para doença arterial. ▪ Diminuição da homocisteína plasmática para valores normais é seguida de redução significante na incidência de doença aterotrombótica. (Neves, Macedo e Lopes, 2004). ▪ Outros estudos sugerem um papel para a redução da homocisteína na doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ALS) e outros distúrbios neuropsiquiátricos (Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013. Valor de referência para He plasmática: Até 16mmol/l (6-12mmol/l para mulheres e 8- 14mmol/l para homens). A HH é considerada moderada para valores entre 16-30mmol/l, intermediária para valores entre 30-100mmol/l e severa para valores maiores que 100mmol/l Metabolismo da He F o n te : h tt p :/ / w w w .s c ie lo .b r/ p d f/ jb p m l/ v4 0 n 5 / a 0 6 v 4 0 n 5 .p d f Apolipoproteínas B e A1 ▪ A ApoB encontra-se nas lipoproteínas aterogênicas VLDL, IDL, LDL e Lp(a) originadas do fígado e nos remanescentes da via exógena do metabolismo, na proporção de uma partícula de ApoB por cada partícula de lipoproteína. ▪ Assim, a dosagem da ApoB constitui uma medida indireta de todas as partículas aterogênicas presentes na corrente sanguínea, correspondendo à fração do não HDL-c. ▪ Grandes estudos comprovaram a superioridade do não HDL-c e da ApoB em relação à LDL-c na predição do risco cardiovascular; ▪ Considerando a falta de um consenso na atualidade sobre a relevância clínica do uso da ApoB como preditor de risco cardiovascular e o custo adicional que representa em relação à fração não HDL-c (gratuitamente implícita no perfil lipidico de rotina), surge uma natural limitação de seu uso na prática clínica. ▪ Em conclusão, a dosagem de rotina da ApoB não é recomendada na avaliação ou estratificação do risco cardiovascular (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: A). ▪ Concentrações de ApoB de 120 mg/dL equivalem ao não HDL-c de 160 mg/dL e de ApoB Fonte: ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – 2017, pg 8 Apolipoproteínas B e A1 ▪ A ApoA-I é a principal apoproteína da HDL e fornece uma boa estimativa da concentração de HDL-c. ▪ Cada partícula de HDL pode transportar várias moléculas de ApoA-I. ▪ Concentrações plasmáticas de ApoA-I < 120 mg/dL para homens e < 140 mg/dL para mulheres correspondem aproximadamente às que são consideradas baixas concentrações de HDL-c. ▪ De modo semelhante ao desempenho da ApoB, a utilização da dosagem da ApoA-I não mostrou superioridade à dosagem do HDL-c na previsão do risco cardiovascular. ▪ Diversos estudos prospectivos analisaram a relação entre a ApoB e ApoA-I (indicadora do balanço aterogênico no plasma), mas não se mostraram efetivas na melhora da estratificação do risco. Fonte: ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – 2017, pg 8 e 9 Fatores de Risco de Doença cardiovascular (M a h a n , E s c o tt -S tu m p e R a ym o n d , 2 0 1 2 , p g . 1 0 2 ReferênciasBibliográficas ▪ GIPHG. ATUALIZAÇÃO SOBRE HEMOGLOBINA GLICADA (A1C) PARA AVALIAÇÃO DO CONTROLE GLICÊMICO E PARA O DIAGNÓSTICO DO DIABETES: ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS. Disponível em: http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320110603170201.pdf ▪ MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. E RAYMOND, J. L. KRAUSE, Alimentos Nutrição e Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier: 2012. ▪ NAOUM, P. C. NAOUM, F. A. INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL DO HEMOGRAMA . Disponível em: http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/Artigos_cientificos/Interphemo.pdf ▪ NEMER, A. S. A., NEVES, F. J. E FERREIRA, J. E. S. Manual de Solicitação e interpretação de exames laboratoriais. São Paulo: Revinter, 2010. ▪ NEVES, L. B., MACEDO, D. M., LOPES, A. C. Homocisteína. J Bras Patol Med Lab, v. 40, n. 5, p. 311-20, 2004 . Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v40n5/a06v40n5.pdf ▪ Posicionamento Oficial SBD no 02/2018. CONDUTA TERAPÊUTICA NO DIABETES TIPO 2: ALGORITMO SBD 2018. SBD, 2018. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/images/2018/posicionamento-oficial-sbd-tratamento- do-dm2-versao-final-e-definitiva-10-mai-2018.pdf. ▪ SBC. ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE. Arq Bras Cardiol; v. 109, n. 1, pg. 1-76, 2017.