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Fontes do Direito Tributário

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Módulo Tributo e Segurança Jurídica
SEMINÁRIO III - FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
Leitura básica
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 32 ed. São Paulo: Noeses, 2022, Capítulo III. 
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8. ed. São Paulo: Noeses, 2021, Segunda Parte, Capítulo II, itens 2.1.2 (Hierarquia das leis complementares: hierarquia formal e hierarquia material) e 2.3 (Fontes do direito) até 2.3.6 (Fonte do direito e fonte da Ciência do Direito) da segunda parte do livro.
•	MOUSSALLÉM, Tárek. Fontes do direito tributário. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2006. Capítulos 5, 7 e 9.
 
Leitura complementar
•	MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2.ed. São Paulo: Noeses, 2011. Capítulo II, item 2.5; Capítulo V, itens 5.3 e 5.4.
•	IVO, Gabriel. A relação entre lei complementar e lei ordinária. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v.10, 2013, São Paulo. Sistema tributário brasileiro e as relações internacionais. São Paulo: Noeses, 2013, p. 363 a 380. 
•	IVO, Gabriel. Norma jurídica, produção e controle. São Paulo: Noeses, 2006. Introdução, item 6.
•	MCNAUGHTON, Charles William. Hierarquia e Sistema Tributário. São Paulo: Quartier Latin, 2011. Capítulo VIII.
Questões
1. Defina sua concepção de “direito” e a de “fontes do direito” pela perspectiva do Constructivismo Lógico-Semântico e indique qual a utilidade do estudo das fontes do direito. Por essa ótica, pode-se afirmar que leis, doutrina, jurisprudência, costumes e fato jurídico são fontes do direito? 
RESPOSTA: A expressão fontes de direito é utilizada para designar a origem do direito, ou seja, de onde ele emana. Seu significado advém das teorias tradicionalistas onde geralmente expõem um grande número dos manuais de Teoria Geral do Direito e manuais específicos, trazendo consigo a ideia de que o fenômeno jurídico se origina de abordagens que permitem suas classificação como fontes, que podem ser assim classificadas: (i) fontes históricas; (ii) fontes reais; (iii) fontes materiais; (iii) fontes formais, dentre outras. 
Nessa abordagem, existe a ideia de que a lei seria a própria fonte do sistema normativo, logo, o direito cria o direito de forma autogerada. A partir dessa concepção, a influência de elementos externos estariam presentes a fim de interferir de forma direta na gestão do direito.
Dessa forma, tanto a economia, a geografia e as demais áreas poderiam fazer nascer o direito já que são designadas como fontes, sendo que as fontes do direito seriam consideradas como um “dado”.
De acordo com Mayra Farias,
Por adotar critérios de sistematicidade e cientificidade, a escola do constructivismo lógico-semântico abraça diferente viés, repensando as definições até então seguidas do que seriam as “fontes do direito”. Com os novos paradigmas regidos pela adoção da teoria do conhecimento e da linguagem, ruiu a ideia de que normas podem ser “fontes do direito”. A premissa adotada pelo Professor Paulo de Barros Carvalho e seguida por diversos teóricos discípulos é de que o direito não é “dado”, mas “construído”. [footnoteRef:1] [1: FARIAS, Mayra Andrade Marinho. Fontes do direito no constructivismo lógico-semântico e na teoria comunicacional do direito: dado ou construído? IBET, 2016.p.4.] 
Pode-se dizer que grande parte dos pressupostos do Constructivismo Lógico-Semântico e da Teoria Comunicacional do Direito é semelhante, uma vez que ambas as escolas foram erigidas sob o norte de que “o direito é texto”, o que justificaria o dissenso no que tange às “fontes do direito”.[footnoteRef:2] [2: FARIAS, Mayra Andrade Marinho. Fontes do direito no constructivismo lógico-semântico e na teoria comunicacional do direito: dado ou construído? IBET, 2016.p.4.] 
O uso do termo “fonte do direito”, apoiada sobre diferentes lugares comuns proporcionados pela sociedade moderna, traz consigo uma ambiguidade quanto aquela que comporta o direito em si. A expressão fonte tanto pode significar a gênese, origem histórica, sociológica, psicológica, como a formação dos processos de elaboração e dedução das regras. 
Segundo Técio Sampaio,
A teoria das fontes, em suas origens modernas reposta-se à tomada de consciência de que o direito não é essencialmente um dado, mas uma construção elaborada no interior da cultura humana. Ela desenvolve-se, pois, desde o momento em que a ciência percebe seu objeto (o direito) como um produto cultural e não mais como um dado da natureza ou sagrado. Com isto se cria, porém, um problema teórico, pois o reconhecimento do direito como uma construção não exclui seu aspecto como dado, posto que, afinal, se o direito pe feito, é obra humana, a matéria-prima não se confunde com a própria obra. As doutrinas aqui denominadas tradicionalistas, com visões bastante aproximadas entre si, podem ser agrupadas a partir das premissas adotadas para classificar as fontes do direito.[footnoteRef:3] [3: FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito.3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001.p.219.] 
Segundo Paulo de Barros Carvalho, define “fontes do direito” para a sua escola: o Constructivismo Lógico- Semântico, e afirma: 
Por fontes do direito havemos de compreender os focos ejetores de regras jurídicas, isto é, os órgãos habilitados pelo sistema para produzirem normas, numa organização escalonada, bem como a própria atividade desenvolvida por essas entidades, tendo em vista a criação de normas. O significado da expressão fontes do direito implica refletirmos sobre a circunstância de que regra jurídica alguma ingressa no sistema do direito positivo sem que seja introduzida por outra norma, que chamaremos, daqui avante, de “veículo introdutor de normas”. Isso já nos autoriza a falar em “normas introduzidas” e “normas introdutoras”. Pois bem, nos limites desta proposta, as fontes do direito serão os acontecimentos do mundo social, juridicizados por regras do sistema e credenciados para produzir normas jurídicas que introduzem no ordenamento outras normas, gerais e abstratas, gerais e concretas, individuais e abstratas, ou individuais e concretas. Agora, tais ocorrências serão colhidas enquanto atos de enunciação, já que os enunciados consubstanciam as próprias normas.[footnoteRef:4] [4: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 14ª edição. São Paulo: Saraiva, 2002. p.45.] 
Para o Constructivismo lógico-semântico, o estudo das “fontes do direito” está voltado primordialmente para o exame dos fatos.
Leis: Segundo entendimento de Maria Helena Diniz,
Entendendo-se a lei em sentido amplo, abrange todos os atos normativos contidos no processo legislativo (CF, art. 59, I a VII), que são:
- A lei constitucional, sobrepondo-se a todas as demais normas integrantes do ordenamento jurídico.
- A lei complementar, alusiva à estrutura estatal ou aos serviços do Estado, constituindo as leis de organização básica, cuja matéria está prevista na Constituição e, para sua existência, exige-se o quórum qualificado do art. 69 da Constituição Federal, ou seja, a maioria absoluta nas duas Casas do Congresso Nacional, para que não seja fruto de uma minoria.
- A lei ordinária, editada pelo Poder Legislativo da União, Estados e Municípios, no campo de suas competências constitucionais, com a sanção do chefe do Executivo.
- A lei delegada, que, estando no mesmo plano da lei ordinária, 
 As medidas provisórias, que estão no mesmo escalão hierárquico da lei ordinária, embora não sejam leis. São normas expedidas pelo Presidente da República, no exercício de competência constitucional (CF, art. 84, XXVI) em caso de relevância do interesse público e urgência. 
- O decreto legislativo é norma aprovada por maioria simples pelo Congresso, sobre matéria de sua exclusiva competência (CF, art. 49), como ratificação de tratados e convenções internacionais e de convênios interestaduais, julgamento de contas do Presidente da República etc. 
- As resoluções do Senado, que têm força de lei ordinária, por serem deliberações de uma das Câmaras, do Poder Legislativo ou do próprioCongresso Nacional sobre assuntos do seu peculiar interesse, como questões concernentes à licença ou perda de cargo por deputado ou senador, à fixação de subsídios, à determinação de limites máximos das alíquotas do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação (CF, art. 155, II, e § 2º, IV), por proposta de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos senadores. [footnoteRef:5] [5: DINIZ, Maria Helena. Fontes do direito. Enciclopédia Jurídica da PUCSP. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/157/edicao-1/fontes-do-direito acesso: 09 de set. De 2023.] 
Doutrina: A doutrina não pode ser considerada como fonte de direito, uma vez que por si só náo é dotada de caracteristicas que configurem fonte.
Jurisprudência: A atividade jurisprudencial como uma fonte do direito consuetudinário, pois a uniformização dá azo à positivação do costume judiciário A jurisprudência constitui um costume judiciário que se forma pela prática dos tribunais.[footnoteRef:6] Logo, não pode ser considerada como fonte. [6: REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1986. Apud KEBART, Katherine, apud MOUSSALLEM, Tarék Moyses. Fontes do direito tributário. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.ibet.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Fontes-do-Direito-Tribut%C3%A1rio.pdf acesso 09 de set. De 2023.] 
Costume: Os costumes não podem ser fontes de direito, uma vez que nao possuem poder de alterar as normas jurídicas.
Fato Jurídico: é aquele que advém, sem que haja intervenção da vontade humana e que produz efeito jurídico. Por isso não são considerados fontes de direito.
2. Defina os termos/expressões: (a) Enunciação, (b) enunciação-enunciada, (c) enunciado-enunciado. Como esses termos se relacionam com o tema “fonte do direito” e com o próprio “direito positivo”?
RESPOSTA: Enunciação: A enunciação é um ato ao qual, na maioria das vezes, o interlocutor não tem acesso.
Enunciação-enunciada: são marcas de pessoa, tempo e espaço da enunciação contidas no enunciado. Segundo Katherine Kerbart, “as unidades lingüísticas, qualquer que seja sua natureza, que funcionam como índices da inscrição no seio do enunciado dos protagonistas do discurso e da situação de comunicação, inseridas as coordenadas espaço–temporais”.[footnoteRef:7] [7: KEBART, Katherine, apud MOUSSALLEM, Tarék Moyses. Fontes do direito tributário. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.ibet.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Fontes-do-Direito-Tribut%C3%A1rio.pdf acesso 09 de set. De 2023.] 
Enunciado-enunciado: consiste na parte do texto que não possui marcas de enunciação. É o enunciado veiculado pela enunciação-enunciada.
A linguagem do direito positivo é sempre á linguagem da realidade social, para regularizar uma conduta de forma mais objetiva para produzir normas jurídicas.
Já o fato jurídico é o resultado da incidência da linguagem normativa sobre a liguagem da realidade social. É dessa forma que elas se relacionam com o direito positivo e o fato jurídico.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 14ª edição. São Paulo: Saraiva, 2002. 
DINIZ, Maria Helena. Fontes do direito. Enciclopédia Jurídica da PUCSP. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/157/edicao-1/fontes-do-direito acesso: 09 de set. De 2023.
FARIAS, Mayra Andrade Marinho. Fontes do direito no constructivismo lógico-semântico e na teoria comunicacional do direito: dado ou construído? IBET, 2016.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito.3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001.
KEBART, Katherine, apud MOUSSALLEM, Tarék Moyses. Fontes do direito tributário. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.ibet.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Fontes-do-Direito-Tribut%C3%A1rio.pdf acesso 09 de set. De 2023.
3.	Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito adotado pela doutrina tradicional e da doutrina de Paulo de Barros Carvalho? Relacione o conceito de fontes do Direito firmado pela doutrina deste com a atividade da autoridade administrativa que realiza o lançamento de ofício. Há diferença quando o crédito é constituído pelo contribuinte?
RESPOSTA: Pode-se dizer que a doutrina tradicional contempla as fontes do direito, indicando como serem fontes as leis (em sentido amplo), jurisprudência (acórdãos e sentenças judiciais), atos administrativos (em toda a sua hierarquia) e costume. 
Logo, a diferença que existe entre o conceito de fontes e a doutrina de Paulo Barros de Carvalho está no aspecto de que ela se confunde com a regra jurídica com os veículos introdutores de regras existentes no ordenamento. Ou seja, assim que se entende que a lei é fonte de direito positivo, acaba por postular que normas criam normas, que o direito cria direito, deixando o primeiro termo sem explicação.
A doutrina tradicional divide as fontes em : formais, materiais. Já o doutrinador Paulo Carvalho entende que só as fontes materiais são fones de normas, se tomadas como atos de enunciação.
Segundo o autor, 
As fontes do direito são os órgãos credenciados pelo sistema positivo do direito para produziremnormas, bem como a atividade por eles desenvolvidas para a produção normativa. Com isso,conclui-se que a lei é o produto da fonte, e não ela própria, como entende a doutrina tradicional.[footnoteRef:8] [8: CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de direito tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019.p.83.] 
O art. 142 do CTN diz que o lançamento tributário é o instrumento pelo qual a autoridade administrativa utilizam-se para a constituição de crédito tributário configurando assim como autoridade administrativa capaz de criar uma norma individual e concreta permitindo assim construir e quantificar o crédito e assim identificar o sujeito passivo.
O art. 150 do CTN permite que haja formalização e constituição do crédito tributário e que ambas sejam realizadaspelo contribuinte. Logo, este aplicará noram geral e abstrata produzindo norma individual e concreta surgindo assim o crédito fiscal.[footnoteRef:9] [9: CARVALHO, Paulo de Barros, Direito tributário – Linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses. p. 526.] 
Por fim, tanto o lançamento realizado pela autoridade administrativa como pelo sujeito passivo serão convertidos em fato jurídico.
4. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Existe algum vício quando ocorre de lei complementar dispor sobre matéria de lei ordinária? E o contrário? Para sua revogação é necessária norma veiculada por lei complementar? (Vide anexos I, II, III, IV e V).
RESPOSTA: Quando falamos em hieraquia entre lei complementar e ordinária temos em mente que quando aquela é fundamento de validade desta, ou seja, ao contrário não há o que se falar em hierarquia entre elas, mas sim de campos normativos diferentes.
Portanto, uma lei ordinária que trate de matéria reservada à lei complementar terá vício formal. Embora o mesmo não aconteça com a lei complementar que contemple matéria própria de lei ordinária. Isso ocorre porque a lei complementar é complementar e materialmente ordinária.
Por fim, vale destacar que os enunciados inseridos por lei complementar que disponha sobre a lei ordinária poderao ser revogados por lei ordinária.
5.	Considere o fragmento de direito positivo abaixo e responda, em seguida, as questões:
	LEI N. 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O.30/12/2000
Institui contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação e dá outras providências.
	O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
	Art. 1º Fica instituído o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação, cujoobjetivo principal é estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo.
	Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como, aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior.
	§ 1º Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica.
	§ 1º-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei n.. 11452, de 2007).
	§ 2º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
	§ 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2º deste artigo. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
	§ 4º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da pela Lei 10332, de 19.12.2001).
	(...)
	Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001.
	Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.
	(FERNANDO HENRIQUE CARDOSO)
a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.168/00: (i) enunciados-enunciados, (ii) enunciação-enunciada, (iii) instrumento introdutor de norma, (iv) fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito competente, (viii) preceitos gerais e abstratos e (ix) norma geral e concreta.
RESPOSTA: (i) Enunciados- enunciados: é a parte do texto que contém marcas da enunciação que já foram mencionadas. É a instituição de contribuição de intervenção de domínio economico com a finliade de financiar projetos previstos em lei.
(ii) enunciação-enunciada: corresponde ao espaço e tempo da enunicação que são projetadas no enunciado. São as datas indicatas, os sujeitos competentes pela produçao normativa e o local. 
(iii) instrumento introdutor de norma: é a própria lei 10.168/2000 que deve observar qual o procedimento constitucional para a elaboraão de lei ordinária.
(iv) fonte material: são os fatos sociais, políticos, presentes na lei. O sujeito competente pela a União é o Presidente da República
(v) fonte formal: baseia-se pela introdução da norma como previsto no art. 61 da Constituição Federal.
(vi) procedimento: está previsto pelo art. 61 da Constituição Federal
(vii) sujeito competente: Presidente da República
(viii) preceitos gerais e abstratos: são aqueles previstos no art. 1º da lei em comento
(ix) norma geral e concreta: são aqueles previstos no art. 2º da lei em comento.
b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01 passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte integrante dos veículos que os introduziram no ordenamento? No caso de expressa revogação da Lei n. 10.168/00, como fica a situação dos enunciados veiculados pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01? Pode-se dizer que também são revogados, mesmo sem a revogação expressa dos veículos que os inseriram?
RESPOSTA: A alteração contida no enuciados-enunciados previstos pelas leis 10.168/2000, 11.425/2007 e 10.332/2001 faz com que ocorra a interiorização das leis posteriores pelos enunciados da lei anterior.
Dessa forma, não há que se mencionar mais a lei 10.168/2000 uma vez que esta já foi revogada pela lei 10.332/2001 e pela lei 11.452/2007. Caso isso não ocorra deverá ser alicado mais de um enunciado-enunciado diferente sobre o mesmo fato.
No caso não ocorreu revogação, pois não foi expressa, uma vez que os enunciados-enunciados passaram a regular a matéria, onde a lei 10.332/01 inseriu os enunciados-enunciadsos da lei 10.168/00 da mesma maneira ocorreu com a lei 11.452/07 que inseriu na lei anterior.
E por fim, caso ocorra expressa revogação da lei deve ficar claro que não haveria a revogação da lei 10.168/00 uma vez que a mesma já havia sido revogada pelas anteriores já mencionadas.
Sugestão para pesquisa suplementar
· CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito: o constructivismo lógico-semântico. 6. ed. São Paulo: Noeses, 2019. Capítulo XVI.
· CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. v.1. 2. ed. São Paulo, Noeses, 2014. Tema I (O Preâmbulo e a prescritividade constitutiva dos textos jurídicos).
· LINS, Robson Maia. Curso de Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Noeses, 2019. Capítulo 4 primeira parte.
· Itens 1.3 e 1.4, do Capítulo 1 do livro Decadência e prescrição no direito tributário, de Eurico Marcos Diniz de Santi. São Paulo: Saraiva. 
· Capítulo III – “Fontes da interpretação do direito tributário” do livro Compêndio de legislação tributária, de Rubens Gomes de Sousa. São Paulo: Resenha Tributária.
· Capítulo V – “Tridimensionalidade e fontes do direito tributário” do Curso de direito tributário, de Ruy Barbosa Nogueira. São Paulo: Saraiva. 
· Capítulos XII, XIII e XIV do livro Lições preliminares de direito de Miguel Reale. São Paulo: Saraiva.
· MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Classificação dos tributos: uma visão analítica. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v.4, 2007, São Paulo. Tributação e processo. São Paulo: Noeses, 2007, p. 601-637
Anexo I
AI n.702.533/RJ
DJ 26/04/2013
(...) 2. Revogação pelo art. 56 da Lei 9.430/96 da isenção concedida às sociedades civis de profissão regulamentada pelo art. 6º, II, da Lei Complementar 70/91. Legitimidade. 3. Inexistência de relação hierárquica entre lei ordinária e lei complementar. Questão exclusivamente constitucional, relacionada à distribuição material entre as espécies legais. Precedentes. 4. A LC 70/91 é apenas formalmente complementar, mas materialmente ordinária, com relação aos dispositivos concernentes à contribuição social por ela instituída. ADC 1, Rel. Moreira Alves, RTJ 156/721. 5. Recurso extraordinário conhecido mas negado provimento. 3. O pronunciamento exarado pelo Tribunal de origem não divergiu desse entendimento. 4. Agravo regimental desprovido.
Anexo II
ARE n.669.072/MG
DJ 31/08/2015
1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal, no sentido da inexistência de reserva de lei complementar para dispor sobre isenção pertinente à Cofins, bem como ausente relação hierárquica entre lei complementar e lei ordinária (art. 59 da Constituição) porquanto, em matéria tributária, a reserva de lei complementar é definida em razão da matéria. 2. Obstada a análise da suposta afronta aos incisos II e LV do artigo 5º da Carta Magna, porquanto dependeria de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, procedimento que refoge à competência jurisdicional extraordinária desta Corte Suprema, a teor do art. 102 da Magna Carta. 3. Inexiste violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido dispositivoconstitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional, das razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada argumento suscitado pelas partes. 4. As razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 5. Agravo regimental conhecido e não provido.
Anexo III
REsp n. 371.214/MG
DJ 18/03/2002
TRIBUTÁRIO. COFINS. ISENÇÃO. SOCIEDADES CIVIS PRESTADORAS DE SERVIÇOS. PRECEDENTES.
1. A Lei Complementar n. 70/91, de 30/12/1991, em seu art. 6º, II, isentou, expressamente, da contribuição da COFINS, as sociedades civis de que trata o art. 1º, do Decreto-Lei n. 2.397, de 22/12/1987, sem exigir qualquer outra condição senão as decorrentes da natureza jurídica das mencionadas entidades.
2. Em consequência da mensagem concessiva de isenção contida no art. 6º, II, da LC n. 70/91, fixa-se o entendimento de que a interpretação do referido comando posto em Lei Complementar, consequentemente, com potencialidade hierárquica em patamar superior à legislação ordinária, revela que será abrangida pela isenção da COFINS as sociedades civis que, cumulativamente, apresentem os seguintes requisitos:
–	seja sociedade constituída exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas no Brasil;
–	tenha por objetivo a prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada; e
–	esteja registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
3. Outra condição não foi considerada pela Lei Complementar, no seu art. 6º, II, para o gozo da isenção, especialmente o tipo de regime tributário adotado para fins de incidência ou não de Imposto de Renda.
4. Posto tal panorama, não há suporte jurídico para se acolher a tese da Fazenda Nacional de que há, também, ao lado dos requisitos acima elencados, um último, o do tipo de regime tributário adotado pela sociedade. A Lei Complementar não faz tal exigência, pelo que não cabe ao intérprete criá-la.
5. É irrelevante o fato de a recorrente ter optado pela tributação dos seus resultados com base no lucro presumido, conforme lhe permite o art. 71, da Lei n. 8.383/91 e os arts. 1º e 2º, da Lei 8.541/92. Essa opção terá reflexos para fins de pagamento do Imposto de Renda. Não afeta, porém, a isenção concedida pelo art. 6º, II, da Lei Complementar n. 70/91, haja vista que esta, repita-se, não colocou como pressuposto para o gozo da isenção o tipo de regime tributário seguido pela sociedade civil.
6. A revogação da isenção pela Lei n. 9.430/96 fere, frontalmente, o princípio da hierarquia das leis, visto que tal revogação só poderia ter sido veiculada por outra lei complementar.
7. Recurso provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Garcia Vieira e Humberto Gomes de Barros votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 05 de fevereiro de 2002 (Data do Julgamento).
MINISTRO FRANCISCO FALCÃO
Presidente
MINISTRO JOSÉ DELGADO
Relator
Anexo IV
AC n. 2209 AgRg/MG
DJ 26/03/2010
COOPERATIVA. COFINS. PIS. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO POR MEDIDA PROVISÓRIA. ALEGADA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA HIERARQUIA ENTRE AS LEIS. CONTRARIEDADE AO DEVER DE PROVER ADEQUADO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO AO ATO COOPERADO (ART. 146, III, C DA CONSTITUIÇÃO). ATO COOPERADO. ALEGADA INEXISTÊNCIA DE INTUITO COMERCIAL OU LUCRATIVO. DESCARACTERIZAÇÃO DO INGRESSO DE VALORES COMO FATURAMENTO. LEI 5.764/1971, ART. 79. 1. Em razão da preclusão e da força do trânsito em julgado, somente cabe a propositura e o exame de novos pleitos cautelares se houver substancial modificação do quadro fático-jurídico, que justifique a densa probabilidade de conhecimento e provimento do recurso extraordinário. Situação descaracterizada, dada a reiteração dos argumentos apresentados por ocasião do exame da primeira medida liminar pleiteada, cujo resultado parcialmente favorável ao contribuinte não foi objeto de recurso. 2. Compete ao recorrente atacar de forma específica os fundamentos da decisão recorrida. Menção, na decisão agravada, à primeira medida liminar quanto à inexistência de periculum in mora. Ponto não enfrentado. “O risco ordinário da falta de eficácia suspensiva [do recurso extraordinário] não basta à concessão do efeito pretendido, senão toda interposição de recurso extraordinário por contribuinte reclamaria tal efeito” (AC 1.192-MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 16.05.2006). 3. Ausência de densa plausibilidade das teses arregimentadas. O art. 146, III, c da Constituição não implica imunidade ou tratamento necessariamente privilegiado às cooperativas. Conforme orientação desta Corte, em matéria tributária, não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, nem a observância de simetria entre as formas para revogar isenções. A circunstância de dado tributo estar sujeito às normas gerais em matéria tributária não significa que eles deverão ser instituídos por lei complementar, ou então que qualquer norma que se refira ao respectivo crédito tributário também deva ser criada por lei complementar. A concessão de isenções ou outros benefícios fiscais, bem como a instituição dos critérios das regras-matrizes dos tributos não têm perfil de normas gerais (normas destinadas a coordenar o tratamento tributário em todos os entes federados), embora delas extraiam fundamento de validade. Não é possível, sem profundo exame da questão de fundo, considerar como violada a regra da isonomia e da capacidade contributiva, considerada a tributação das cooperativas, em si consideradas (de trabalho, crédito, consumo etc), e comparadas com as demais pessoas jurídicas. Não está completamente afastada a predominância da interpretação da legislação infraconstitucional e da análise do quadro probatório para descaracterização dos ingressos oriundos da prática de atos por cooperativas como faturamento. Agravo regimental conhecido, mas ao qual se nega provimento.
Anexo V
RE 584.378
DJe 16/10/2017
Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PIS E COFINS INCIDENTES SOBRE A IMPORTAÇÃO. LEGITIMIDADE RECONHECIDA POR ESTA CORTE. INSTITUIÇÃO MEDIANTE LEI COMPLEMENTAR. DESNECESSIDADE. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INOCORRÊNCIA. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 559.937-RG, decidiu pela legitimidade das contribuições denominadas PIS/PASEP-importação e COFINS-importação, declarando a inconstitucionalidade somente em relação à base de cálculo trazida pela Lei nº 10.865/2004, no tocante à inclusão do ICMS e das próprias contribuições. 2. No julgamento do RE 559.937-RG, admitido sob a sistemática da repercussão geral, a Ministra Ellen Gracie assinalou que as contribuições ao PIS/PASEP-importação e COFINS-importação podem ser instituídas validamente por lei ordinária. 3. Inaplicável o art. 85, §11, do CPC/2015, uma vez que não é cabível, na hipótese, condenação em honorários advocatícios (art. 25, Lei nº 12.016/2009 e Súmula 512/STF). 4. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, §4º, do CPC/2015. (RE 584378 AgR, Relator(a):  Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 29/09/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG 13-10-2017 PUBLIC 16-10-2017)
Anexo VI
ADI n. 3510/DF
DJ 27/05/2010
O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana opera por modo binário, o que propicia a base constitucional para um casal de adultos recorrer a técnicas de reprodução assistida que incluam a fertilização artificial ou “in vitro”. De uma parte, para aquinhoar o casal com o direito público subjetivo à “liberdade” (preâmbulo da Constituição e seu art. 5º), aqui entendida como autonomia de vontade. De outra banda, para contemplar os porvindouros componentes da unidade familiar, se por eles optar o casal, com planejadas condições de bem-estar e assistência físico-afetiva (art. 226 da CF).
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