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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO
ISADORA MARTINS DE ARAUJO
TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA
Seminário II – Espécies tributárias
São Paulo
2020
11
Questão 1. Que são fontes do “Direito”? Qual a utilidade do estudo das fontes do direito tributário? Defina o conceito de direito e relacione-o com o conceito de fontes do direito.
Resposta: O direito é o ramo responsável por organizar o convívio social, por disciplinar o comportamento humano. Trata-se do conjunto de normas jurídicas válidas em um dado tempo e espaço. 
As fontes do direito, por sua vez, relacionam-se ao direito na medida em que são os focos ejetores das regras jurídicas a que se submetem os indivíduos, são os acontecimentos do mundo social, juridicizados por regras do sistema e credenciados para produzir normas jurídicas, que introduzem no ordenamento jurídico outras normas[footnoteRef:1]. [1: CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de direito tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. Cap. III, p. 79-80.] 
As fontes podem ser materiais ou “formais” (apesar de que esta, em verdade, não é fonte propriamente dita). As primeiras consistem naqueles fatos jurídicos produtores de normas, enquanto que as “fontes formais” seriam os denominados “veículos introdutores de normas” (expressão adequada), isto é, normas que introduzem no sistema jurídico-prescritivo normas gerais e abstratas, individuais e concretas ou individuais e abstratas. 
O estudo das fontes do direito, incluindo a fonte do direito tributário, é de extrema importância na medida em que revela como o sistema do direito positivo, auto-referente, movimenta-se para a produção de suas unidades. Possível, com isso, a verificação da validade de uma norma jurídica, que está relacionada à legitimidade do órgão que a expediu e ao procedimento empregado em sua produção. Assim, constata-se se a produção normativa se deu em conformidade com o prescrito no ordenamento[footnoteRef:2][footnoteRef:3]. [2: Ibidem, p. 80.] [3: MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do Direito Tributário. IBET, s.d. Disponível em: < https://www.ibet.com.br/fontes-do-direito-tributario-por-tarek-moyses-moussallem/>. Acesso em 13 de maio de 2020.] 
Ademais, e especificamente quanto ao direito tributário, é possível a verificação da ocorrência de vícios material, decorrente da existência de um vício no lançamento, que é feito em desacordo com as disposições que delimitam a matéria tributável, ou vício formal, em que há o descumprimento de uma das etapas do procedimento[footnoteRef:4]. [4: CARVALHO, Paulo de Barros, op. cit., p. 105.] 
Questão 2. Os costumes, a doutrina, os princípios de direito, a jurisprudência e o fato jurídico tributário são fontes do direito? E as indicações jurisprudenciais e doutrinárias, contidas nas decisões judiciais são concebidas como “fontes de direito”? 
Resposta: Os costumes, a doutrina, os princípios de direito, a jurisprudência e o fato jurídico tributário não são fontes do direito.
Considerando-se que as fontes do direito consistem nos órgãos credenciados pelo ordenamento positivo para produzirem normas, bem como a atividade por eles desenvolvidas para a produção normativa, não há como afirmar que os institutos retro mencionados sejam fontes do direito.
A fonte do direito consiste na enunciação, que é, portanto, o fato produtor de normas, as atividades desenvolvidas nesse sentido pelo agente competente. 
Com relação aos costumes, necessário esclarecer que eles somente ingressam no sistema do direito positivo quando este, pelo antecedente de uma norma, o admite. Trata-se de hipótese em que a legislação institui o costume como processo criador de direito positivo, quando faz remissão legal expressa e no caso de anomia. Entretanto, ainda não se trata de uma fonte de direito. A atividade de uso reiterada no tempo de determinada prática apresenta-se como a fonte (costume-enunciação), criando um veículo introdutor de normas consuetudinárias (veículo introdutor de costume). Este não se confunde com o costume propriamente dito.
Quanto à doutrina, diante de seu discurso descritivo, que auxilia a compreensão do direito, sendo incapaz de alterar a natureza prescritiva deste e modificá-lo, não há como entendê-la como fonte de direito.
Os princípios de direito, por sua vez, integram o próprio direito – afastando que sejam entendidos como fontes do direito. Logo, quando expressos no sistema do direito positivo, correspondem ao produto decorrente das fontes, sendo introduzido por um veículo introdutor, constando como enunciado-enunciado. Quando se tratar de princípios implícitos, compreendo que ainda se trata do próprio direito, muito embora não formalizado textualmente em enunciado-enunciado.
A jurisprudência – entendida como conjunto de decisões judiciais uniformes - também não pode ser entendida como fonte do direito, pois tem o escopo de influenciar o magistrado no julgamento de outro caso semelhante, isto é, não há a obrigatoriedade de decisão judicial idêntica para este outro caso.
Ademais, a jurisprudência corresponde ao resultado da atividade jurisdicional. O processo judicial impulsiona o juiz, que é a fonte produtora da sentença (ou acórdão), a qual, por sua vez, na qualidade de veículo introdutor, insere enunciados prescritivos (enunciado-enunciado) no ordenamento. Assim, faz parte do próprio direito positivo, isto é, a jurisprudência, entendida como enunciado, é o produto da atividade de enunciação.
Quanto às indicações jurisprudenciais e doutrinárias, contidas nas decisões judiciais, revela-se pertinente a mesma fundamentação já exposta. Não são concebidas como “fontes de direito”, não criam direito, pois integram a decisão judicial, o produto da atividade jurisdicional entendida como enunciação.
Por fim, o fato jurídico tributário, por sua vez, como enunciado protocolar, que é posto no antecedente de norma individual e concreta, não está apto a criar normas jurídicas por não ser juridicizado por normas de estrutura. Distingue-se do fato jurídico situado na enunciação-enunciada, decorrente da aplicação das normas de produção normativa[footnoteRef:5]. [5: MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do Direito Tributário. IBET, s.d. Disponível em: < https://www.ibet.com.br/fontes-do-direito-tributario-por-tarek-moyses-moussallem/>. Acesso em 13 de maio de 2020.] 
Questão 3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito adotado pela doutrina tradicional e da doutrina de Paulo de Barros Carvalho? Relacione o conceito de fontes do Direito de acordo com a doutrina de Paulo de Barros Carvalho com a atividade da autoridade administrativa que realiza o lançamento de ofício. Há diferença quando o crédito é constituído pelo contribuinte?
Resposta: A doutrina tradicional concebe as fontes do direito como o resultado da atividade dos órgãos legiferantes, razão pela qual indicam serem fontes as leis (em sentido amplo), jurisprudência (acórdãos e sentenças judiciais), atos administrativos (em toda a sua hierarquia) e costume.
Dessa forma, a diferença existente entre o conceito de fontes da doutrina tradicional e a de Paulo de Barros Carvalho reside no aspecto de que aquela confunde a regra jurídica com os veículos introdutores de regras no ordenamento. Na medida em que entende ser a lei fonte do direito positivo, acaba por postular que normas criam normas, que direito cria direito, deixando o primeiro termo sem a devida explicação.
Ademais, a doutrina tradicional divide as fontes em formais, que seriam fórmulas que a ordem jurídica estipularia para a introdução de regras no sistema, e materiais, que se ocupariam dos fatos da realidade social que, descritos hipoteticamente nos supostos normativos, teriam o condão de produzir novas normas.
Paulo de Barros Carvalho, por sua vez, entende que somente as retro mencionadas fontes materiais são fontes de normas, se tomadas como atos de enunciação. Para ele, as fontes do direito são os órgãos credenciados pelo sistema positivo do direito para produzirem normas, bem como a atividade por eles desenvolvidaspara a produção normativa. Com isso, conclui-se que a lei é o produto da fonte, e não ela própria, como entende a doutrina tradicional[footnoteRef:6]. [6: CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de direito tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. Cap. III, p. 83-85.] 
O lançamento tributário, conforme artigo 142 do CTN, é o instrumento utilizado privativamente pela autoridade administrativa para a constituição do crédito tributário. Assim, traduz-se numa atividade de ofício da autoridade administrativa competente, que resulta na veiculação de uma norma individual e concreta em que há a determinação dos elementos que permitem constituir e quantificar o crédito tributário, bem como identificar o sujeito passivo.
Dessa forma, no que diz respeito à atividade da autoridade administrativa que realiza o lançamento de ofício, esta enquadra-se como fonte do direito, uma vez que insere no ordenamento uma norma individual e concreta, cujo antecedente é o fato jurídico tributário e o consequente a formalização do vínculo obrigacional.
Esse cenário sofre alteração ao abordarmos a constituição do crédito tributário pelo contribuinte. Isso, pois, a norma de produção normativa do artigo 142 do CTN prevê expressamente a competência privativa da autoridade administrativa para o procedimento do lançamento.
Entretanto, o art. 150 do Código Tributário Nacional permite que a formalização e constituição o crédito tributário sejam feitas pelo contribuinte, em observância dos deveres instrumentos nele previstos. Assim, o contribuinte aplicará norma geral e abstrata, produzindo norma individual e concreta, como que surgirá o crédito fiscal com a especificação dos elementos do fato da obrigação tributário[footnoteRef:7]. Nesse caso, conclui-se que se trata de uma fonte do direito. [7: CARVALHO, Paulo de Barros, Direito tributário – Linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses. Cap. II, p. 526-527.] 
Assim, tanto o lançamento realizado pela autoridade administrativa, como o exercido pelo sujeito passivo inserem no sistema do direito posto norma individual e concreta que tipificará o evento tributário, com a sua conversão em fato jurídico[footnoteRef:8]. [8: Ibidem, p. 530-531.] 
Questão 4. Quais as diferenças entre ciência do direito e direito positivo? Desenvolva o fundamento descrito por Tárek Moysés Moussallem no sentido de que o “nascedouro do direito altera-se de acordo com a ciência que o investiga”. Sob esse referencial, qual sua opinião sobre as fontes do direito para a ciência do direito?
Resposta: Conforme exposto no seminário I, há enorme diferença entre o direito positivo e a ciência do direito.
O direito positivo, objeto de estudo da Ciência do Direito, consiste em um complexo de normas jurídicas com o fim de regular o comportamento das pessoas em sociedade. Assim, contém proposições, de caráter prescritivo, que prescrevem comportamentos. A lógica do direito positivo é a deôntica, isto é, a lógica das normas, do “dever-ser”, o que faz com que suas normas sejam consideradas válidas ou inválidas.
Já a Ciência do Direito dedica-se ao estudo do direito posto, das normas que regulam as relações de inter-humanidade. Tem a finalidade de transmitir o conhecimento obtido da investigação, estudo e interpretação das normas, de acordo com a metodologia eleita, utilizando-se uma linguagem descritiva. Por fim, a lógica correspondente à Ciência do Direito é a apofântica, que permite a utilização dos valores de verdade e falsidade ao objeto de estudo.
O fundamento descrito por Tárek Moysés Moussallem exposto na questão indica que o objeto direito pode ser estudado por diferentes ramos da ciência, cada qual com o seu método de análise eleito, ao passo em que ciência de direito é tudo aquilo que sirva para a boa compreensão do fenômeno jurídico[footnoteRef:9]. [9: CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de direito tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. Cap. III, p. 85-86.] 
São ciências do direito a Sociologia do Direito, a História do Direito, a Antropologia Cultural do Direito, a Política do Direito, a Psicologia Social do Direito e diversas outras, cada qual com os recursos metodológicos que lhes são próprios.
Não há hierarquia entre as ciências, mas tão somente perspectivas diferentes a partir dos cortes metodológicos feitos conforme a delimitação do campo objetal que uma ciência pressupõe.
Feita essas considerações, considero que as fontes do direito, para a Ciência do Direito, são de extrema importância. Veja, a Ciência do Direito tem o direito posto como seu objeto de estudo, logo, evidente que é de mister relevância análise de suas fontes, a compreensão do sistema auto-referente, dos focos ejetores de regras jurídicas, das circunstâncias de ingresso da norma jurídica no sistema, para aferir se a produção normativa observou o prescrito no ordenamento[footnoteRef:10]. [10: Ibidem, p. 79-85.] 
Questão 5. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Para sua revogação é necessária norma veiculada por lei complementar? (Vide anexos I, II, III IV e V).
Resposta: Primeiramente, convém esclarecer que somente se pode falar em hierarquia entre lei complementar e ordinária quando aquela é fundamento de validade desta. Caso contrário, não há que se falar em hierarquia entre as espécies de lei em comento, mas sim de campos normativos distintos. 
Dessa forma, caso uma lei ordinária trate de matéria reservada à lei complementar, haverá vício formal. Entretanto, o mesmo não ocorre com lei complementar que aborde matéria própria de lei ordinária, uma vez que se tolera a sua constitucionalidade. Isso porque a lei complementar será formalmente complementar e materialmente ordinária.
Assim, os enunciados-enunciados inseridos por lei complementar - que disponha sobre lei ordinária – poderão ser revogados por lei ordinária, pois, além de inexistir hierarquia entre as leis, as próprias normas revogadas estão afetas à lei ordinária.
Cenário distinto ocorreria caso a lei complementar tratasse de matéria reservada à ela, pois, ainda que não exista hierarquia retro mencionada, a lei ordinária não poderia revogar a complementar, pois o procedimento para a expedição do ato de fala revogador da lei complementar deve ser o próprio procedimento de lei complementar[footnoteRef:11]. [11: Gabriel Ivo. A relação entre lei complementar e lei ordinária. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v. 10, 2013, São Paulo. Sistema tributário brasileiro e as relações internacionais. São Paulo: Noeses, 2013, p. 363 a 380.] 
Questão 6. O preâmbulo da Constituição Federal e a exposição de motivos integram o direito positivo? São fontes do direito? (Vide anexos VI e VII). 
Resposta: O preâmbulo da Constituição Federal e a exposição de motivos integram o direito positivo, são normas jurídicas, razão pela qual possível a conclusão de que não são fontes de direito, mas sim o seu produto. Fixam dêiticos de conteúdo que identificam aspectos relevantes da substância discursiva. 
Assumem o papel de enunciação enunciada – repisando que a enunciação consiste no ato de produção de enunciados, enquanto a enunciação-enunciado revela as marcas da pessoa, espaço e tempo da enunciação projetadas no enunciado[footnoteRef:12]. [12: MOUSSALEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2011. Cap. V, itens 5.3 e 5.4.] 
O preâmbulo tende para os valores, sendo, portanto, mais inclinado para o enunciado. Possui enunciados de forte carga axiológica, que funcionam como um texto implícito, um contexto a ser considerado na interpretação das formulações legais. É a prescrição sobre a prescrição, preceito de sobrenível voltado para resumir, imperativamente, os mesmo dispositivos que cumprem sua missão disciplinadora de comportamentos intersubjetivos.
Já a exposição de motivos contém o clima histórico institucional em que o diploma foi produzido, aproximando-se mais do processo de enunciado, do “ato de fala” jurídico.
Assim, e no mesmo sentido das demais respostas,o preâmbulo e a exposição de motivos não são fontes de direito, na medida em que não consistem nas atividades para produzir normas e sequer são os órgãos credenciados a isso[footnoteRef:13]. [13: CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2014. Tema I.] 
Questão 7. A Emenda Constitucional n. 42/03 previu a possibilidade de instituição da PIS/COFINS-importação. O Governo Federal editou a Lei n. 10.865/04 instituindo tal exação. (a) Identificar as fontes materiais e formais da Constituição Federal, da Emenda 42/03 e da Lei 10.865/04. (b) Pedro Bacamarte realiza uma operação de importação em 11/08/05; este fato é fonte material do direito? (c) O ato de ele formalizar o crédito tributário no desembaraço aduaneiro e efetuar o pagamento antecipado é fonte do direito?
Resposta: (a) A Constituição Federal é o veículo introdutor de normas (“fonte formal”) decorrentes do Poder Constituinte Originário, sendo o seu fundamento de validade a norma fundamental. Já as suas fontes materiais são os fatos sociais inseridos em seu texto, que foram juridicizados por suas normas de estrutura.
A Emenda Constitucional nº 42/03, por sua vez, é o veículo introdutor de normas (“fonte formal”) constitucionais decorrentes do Poder Constituinte Derivado. As suas fontes materiais são todos os fatos juridicizados constantes de seu texto.
Por fim, a Lei 10.865/04 é uma lei ordinária introdutora de normas (“fonte formal”). Suas fontes materiais são os fatos sociais inseridos em seu texto.
(b) A operação realizada por Pedro Bacamarte, em 11 de agosto de 2005, não é uma fonte de direito material. A Lei 10.854/05, como veículo introdutor, instituiu o PIS/COFINS-importação, prevendo a regra matriz de incidência do tributo em questão em norma de conduta. A fonte do direito traduz-se na atividade de enunciação, entendida a partir da enunciação-enunciada da Lei 10.854/05. 
Assim, a operação realizada pelo contribuinte está prevista no antecedente dessa norma de conduta decorrente da atividade de produção normativa do foco ejetor que, no caso, era o Governo Federal.
A norma de conduta tem, em seu antecedente, norma abstrata prevendo os critérios de identificação de um fato jurídico (não o fato propriamente dito). Quando essa situação fática prevista no antecedente concretiza-se na realidade empírica, o fato é subsumido ao enunciado conotativo.
Dessa forma, não se trata de uma fonte do direito, pois a conduta do sujeito passivo não foi juridicizada por normas de estrutura, que são voltadas à produção normativa. Trata-se, em verdade, de um fato previsto em norma de conduta. 
(c) O lançamento tributário, nos moldes do art. 142 do CTN, é atividade de ofício da autoridade administrativa competente, que produz uma norma individual e concreta, em que há a formalização do vínculo obrigacional, com a individualização dos sujeitos ativo e passivo, a determinação do objeto da prestação e a fixação dos termos espaço-temporais em que o crédito será exigido.
No que diz respeito ao lançamento por homologação, cabe ao sujeito passivo apurar e recolher o tributo, sem a participação do sujeito ativo que, por sua vez, tem a atribuição de homologar, expressa o tacitamente, a atividade do contribuinte de formalizar o crédito tributário – o que, evidentemente, conflita com o artigo supramencionado.
Assim, o lançamento por homologação com o pagamento antecipado revela-se uma fonte de direito – no mesmo sentido em que exposto na resposta da questão 3 -, pois há a constituição do crédito tributário sem qualquer participação do sujeito ativo. 
Questão 8. Diante do fragmento de direito positivo abaixo, responda:
LEI N. 10.168, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2000, D.O.30/12/2000
Institui contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação, cujo objetivo principal é estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo.
Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como, aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior.
§ 1º Consideram-se, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica.
§ 1º-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei n.. 11452, de 2007).
§ 2º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
§ 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2º deste artigo. (Redação da pela Lei 10.332, de 19.12.2001).
§ 4º A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da pela Lei 10332, de 19.12.2001).
(...)
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2001.
Brasília, 29 de dezembro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.
(FERNANDO HENRIQUE CARDOSO)
a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.168/00: (i) enunciados-enunciados, (ii) enunciação-enunciada, (iii) instrumento introdutor de norma, (iv) fonte material, (v) fonte formal, (vi) procedimento, (vii) sujeito competente, (viii) preceitos gerais e abstratos e (ix) norma geral e concreta.
b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.168/00 pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01 passam a pertencer à Lei n. 10.168/00 ou ainda são parte integrante dos veículos que os introduziram no ordenamento? No caso de expressa revogação da Lei n. 10.168/00, como fica a situação dos enunciados veiculados pelas Leis n. 11.452/07 e n. 10.332/01? Pode-se dizer que também são revogados, mesmo sem a revogação expressa dos veículos que os inseriram?
Resposta: (a) A enunciação-enunciada corresponde às marcas da pessoa, espaço e tempo da enunciação que são projetadas no enunciado. São, portanto, as datas indicadas (29 de dezembro de 2000 - 179º da Independência e 112º da República - e 30 de dezembro de 2000), os sujeitos competentes pela produção normativa (Congresso Nacional e Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso), bem como o local (Brasília/DF).
Já o enunciado-enunciado compreende a parte do texto desprovida das marcas da enunciação retro mencionadas. No caso, é a instituição da contribuição de intervenção de domínio econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação, bem como o tratamento previsto na lei.
O instrumento introdutor (“fonte formal”) é a Lei 10.168/2000, que deve observação ao procedimento constitucionalmente previsto para a produção das lei ordinárias.A fonte material são os fatos sociais, políticos e econômicos juridicizados na lei.
O sujeito competente era o Governo Federal, sendo o ente político competente a União, o órgão legiferante o Congresso Nacional e o executivo sancionador o Presidente da República.
Os preceitos gerais e abstratos, isto é, dirigidos a sujeitos indeterminados e com enunciado conotacional, são os contidos no artigo 2º, caput e parágrafos.
Por fim, os preceitos gerais e concretos são dirigidos a sujeitos indeterminados e com enunciado denotacional. Para que seja considerada uma norma concreta, deve referir-se a um evento concretamente ocorrido. Assim, são os previstos nos artigos 1º e 8º da lei em comento.
(b) A alteração dos enunciados-enunciados da Lei 10.168/00 pelas Leis 11.452/07 e 10.332/01 faz com que ocorra a interiorização destas leis posteriores pelos enunciados-enunciados da lei anterior em comento.
Entretanto, não há mais que se falar na Lei 10.168/00, que foi revogada pela Lei 10.332/01, e esta pela Lei 11.452/07. Caso contrário, aplicar-se-ia mais de um enunciado-enunciado distintos sobre um mesmo fato.
A revogação, neste caso, não foi expressa, tendo ocorrido pois os enunciados-enunciados passaram a regular inteiramente a matéria. A Lei 10.332/01 inseriu os enunciados-enunciados da Lei 10.168/00 e outros que não constavam anteriormente. Do mesmo modo, a Lei 11.452/07 o fez com relação à Lei 10.332/01.
No caso de expressa revogação da Lei 10.168/00, esclarece-se que não haveria propriamente a revogação desta lei em apreço, que já teria sido revogada pelas leis posteriores retro mencionadas. 
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Auror Toamzini de. Curso de teoria geral do direito: o constructivismo lógico-semântico. 5ª ed. São Paulo: Noeses, 2016.
CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de direito tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 2018.
CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2014.
IVO, Gabriel. A relação entre lei complementar e lei ordinária. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v. 10, 2013, São Paulo. Sistema tributário brasileiro e as relações internacionais. São Paulo: Noeses, 2013, p. 363 a 380.
IVO, Gabriel. Norma jurídica, produção e controle. São Paulo: Noeses, 2006.
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2011.
MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Fontes do Direito Tributário. IBET, s.d. Disponível em: < https://www.ibet.com.br/fontes-do-direito-tributario-por-tarek-moyses-moussallem/>. Acesso em 13 de maio de 2020.

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