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AULA 1 INDICADORES DE GESTÃO DE PESSOAS Profª Gislaine Teles Rodrigues Potta 2 INTRODUÇÃO Pensar em desenvolver um Sistema de Medição de Desempenho (SMD) em uma organização é o ponto inicial para o desenvolvimento de um plano de ação. Veja que as organizações precisam de gerenciamento, então, para isso, é preciso encontrar seus problemas, atacar uma causa e realmente saber o que se quer resolver. Por isso, a implantação e manutenção de um sistema de indicadores de desempenho é essencial para poder medir, analisar e gerenciar gerando benefícios maiores para a organização que seus custos. TEMA 1 – CONCEITOS E MEDIDAS A Gestão de Pessoas é uma das áreas da empresa que têm maior impacto sobre os principais objetivos de uma organização – lucratividade, produtividade e qualidade. Dessa forma, para descobrirmos se os processos de uma empresa estão funcionando como deveriam, é preciso ter um controle da empresa. Francischini e Francischini (2017) destacam que os indicadores apontam os problemas, mas não os resolvem. Os indicadores precisam ser analisados e geridos por meio de uma atuação crítica do gestor. No entanto, existem alguns benefícios trazidos por sistema de indicadores para a organização, como: • Controle da empresa – coleta de dados de uma variável escolhida previamente por meio de sensores adequados à seleção desses dados. Deve-se “analisar os dados e detectar desvios em relação a um valor ideal ou planejado” (Francischini; Francischini, 2017, p. 3). É importante estabelecer uma ação corretiva, visando diminuir o desvio em relação ao objetivo, ou valor ideal. Esse controle, por meio de um Sistema de Medição de Desempenho (SMD), é fundamental para que o gestor da empresa possa tomar decisões assertivas. • Comunicação de objetivos – as organizações precisam de um planejamento estratégico com algum nível de detalhamento, informações e estratégias com consistência de conteúdo. Desse modo, é importante compartilhar tais informações com seus envolvidos. Os objetivos precisam estar externalizados, comunicados por meio de um texto que deixe claro prazos, recursos e restrições. Quando utilizados os indicadores para se fazer essa comunicação, tudo fica mais claro e objetivo. Também deve-se lembrar de que indicadores numéricos são mais diretos, objetivos e não 3 geram confusão, pois não necessitam de interpretação, quando comparados aos termos qualitativos, que podem confundir e ser interpretados de diferentes formas. • Motivação dos funcionários – levar os indivíduos a se movimentarem em prol de um objetivo maior, tirar o indivíduo de sua “zona de conforto”, devendo quebrar as barreiras, as fronteiras, as resistências, fazendo com que esses indivíduos visualizem o que ganharão com o novo estado. Um Sistema de Medição de Desempenho adequado e bem elaborado pode levar à implantação de políticas de motivação baseada em um sistema de remuneração, seja ele por participação por metas, participação nos lucros (PLR), bonificação, meritocracia, plano de carreira, desenvolvimento e outras ações que motivem os indivíduos a saírem de sua “zona de conforto”, realizando novas tarefas, além das quais já estão acostumados a realizar. • Direcionamento de melhorias na empresa – fazer correções de processos e de metas já não é o suficiente para se manter competitivo no mercado. As empresas concorrentes melhoram seus processos constantemente, as expectativas e padrões de excelência dos clientes estão cada vez mais altos e para tanto é de extrema importância que as empresas invistam em sistemas de indicadores de desempenho para que se possa estabelecer metas mais altas e proporcionar melhorias em seus processos com mais eficiência. Lembrando que muitas vezes só o sistema de indicadores de desempenho “já motiva os funcionários a aprimorar os processos de produção naquilo em que têm autonomia para colocar ações corretivas que promovam melhorias” (Francischini; Francischini, 2017, p. 5). Cabe ressaltar que o sistema de indicadores de desempenho precisa esclarecer os benefícios que os indivíduos terão em fazer algo a mais do que já fazem no seu dia a dia, mostrando os reais benefícios do aumento de lucratividade, e não ser apenas de ser um gerador de custos. 1.1 Diferenças de conceitos e suas medidas Segundo Assis (2014), os indicadores não vêm prontos e nem perfeitos, e muitas vezes não são compreendidos, o que requer do gestor uma análise crítica, 4 uma percepção ativa e avaliações constantes dos indicadores anteriores para que os novos indicadores sejam apreendidos. Através de indicadores de gestão podemos conhecer e medir o próprio desempenho individual, comparar resultados de diferentes períodos, com metas definidas ou mesmo com expectativas, identificar pontos de melhoria e empreender ações de transformação. (Assis, 2014, p. 20) Os Indicadores de Gestão de Pessoas servem de informação para os mais variados aspectos que incidem sobre o negócio da empresa e que levam a empresa a tomar decisões de correções e melhorias a fim de conseguir a eficácia organizacional. Segundo Francischini e Francischini (2017, p. 6) tem-se alguns conceitos relevantes de Indicadores de Desempenho a saber: Indicadores são medidas qualitativas ou quantitativas que mostram o estado de uma opção, processo ou sistema. Desempenho é a comparação do que foi realizado pela operação em relação a expectativa do cliente ou objetivo do gestor. Portanto: Indicadores de desempenho são medidas que mostram a comparação do que foi realizado pela operação em relação a uma expectativa ou objetivo. O processo de gestão no dia a dia precisa ser ágil. Para isso, quanto maior for o volume de informações relevantes com base em indicadores de desempenho e métricas, melhor será o processo de correção. Para tanto tem -se o conceito de Key Performance Indicator (KPI), traduzido para o português como indicador- chave de desempenho. Porém, segundo Francischini e Francischini (2017, p. 6), “um gestor deve ter poucos indicadores para monitorar”. O melhor é ter um número pequeno de indicadores, pois assim o gestor terá mais foco em suas atividades gerenciais. Segundo Francischini e Francischini (2017, p. 7), é relevante entender sobre a elaboração dos KPIs e ter em mente alguns pontos: • quais são as expectativas do gestor; • quais são as variáveis mais importantes que mostram o objetivo; • elaborar os indicadores de desempenho que medem as variáveis. Lembrando sempre de que os indicadores apontam, mas não resolvem problemas! Cabe um trabalho do gestor de interpretação e análise crítica de comparação com o que foi realizado pela operação em relação a uma expectativa ou objetivo. 5 A figura abaixo identifica esse trabalho do gestor, de modo processual, de como deve acontecer a gestão dos indicadores e métricas no dia a dia, evidenciando a evolução e os processos de melhoria contínua: Figura 1 – O trabalho do gestor Fonte: Assis (2014, p. 21). Com base nesse fluxo de operações, percebe-se o quanto o gestor estará preparado para iniciar as ações de correções e análises para transformar os indicadores e métricas em estratégias para atingir e corrigir seus objetivos. TEMA 2 – MODELO PARA ELABORAÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO: CRITÉRIOS RELEVANTES DE INTERPRETAÇÃO Em um Sistema de Medição de Desempenho, devemos nos atentar para primeiro interpretar quais são os objetivos e depois o indicador. Deve-se perguntar: “Que objetivos a empresa precisa atingir?”. Priorize o que realmente faz a diferença, o que é mais importante, para só depois estabelecer o indicador que mede o efeito desejado. Lembre-se de escolher a interpretação mais importante e só então crie um indicador que seja capaz de mensurar a variável escolhida. Medir o desempenho Comparar resultados Identificar potencial de melhoria Empreender ações de transformação6 Veja a imagem abaixo, com foco no objetivo e depois o indicador. Figura 2 – Foco no objetivo Fonte: Francischini e Francischini, 2017, p. 8. Sobre os critérios relevantes de interpretação, deve-se pensar em poucos indicadores, pois o gestor tem uma capacidade limitada de análise e interpretação de informações, precisando focar nos objetivos e em suas atividades e refletindo mais no que é fundamental para a realização de seus negócios. Segundo Francischini e Francischini (2017), é ideal que gestores em cargos de diretoria tenham no máximo nove indicadores; gestores em cargos gerenciais no máximo sete indicadores; e gestores em cargos operacionais, como supervisores e líderes de equipe, não mais que cinco indicadores. Para tanto os gestores precisam ter bem claro as principais diferenças entre os conceitos: • Métricas – são dados simples, que informam em apenas uma medida um acontecimento. Pouco úteis para a tomada de decisão. Exemplo: número de boletos, quantidade de visitas no site, número de funcionários, número de produtos. • Indicador (KPI) – É uma relação matemática entre duas métricas que permite comparações e mede a real performance do negócio em seus • Objetivo proposto pelo gestor da área (estratégico, tático ou operacional) OObjetivo do Gestortivo • Variáveis ou atributos mais importantes que mostram como o Objetivo do Gestor deve ser mantido Critérios Relevantes de Interpretação • Conjunto de métricas que traduzem e esclarecem os Critérios Relevantes de Interpretação KPI´s 7 níveis estratégico, tático e operacional. Exemplo: faturamento por colaborador; custo de aquisição por cliente, custo de lançamento por produto, custo de treinamento. • Unidade de medida – É o nome que se dá ao resultado do indicador, como ele é representado. Exemplo: metro quadrado, metro cúbico; R$/colaborador; R$/kg; toneladas; %; quantidade; horas. • Índice – Significa o valor do indicador em determinado momento estático. É o valor do indicador de forma geral, única. Exemplo: O índice geral de participação do comércio digital sobre o total de vendas digitais gira em torno de 3%. • Meta – É sempre composta de objetivo, de um valor e de um prazo. Ela é o ponto aonde queremos chegar com base no indicador. Exemplo: aumentar quantidade de horas treinamento durante o ano de 2022; reduzir o custo de aquisição por cliente de R$500,00 para R$ 450,00 até dezembro de 2022. Lembrando que, para a interpretação de um indicador, ele não pode vir isolado: é preciso que o indicador seja comparado com outros para que se possa emitir um julgamento, podendo ser negativo ou positivo. Desse modo, o valor isolado de um KPI não fornece informações para análise de desempenho. 2.1 Indicadores x informações Indicadores são utilizados para interpretar os objetivos da empresa. Caso um indicador de desempenho não tenha atingido sua meta, o gestor deve analisar e tomar ações corretivas em seu processo produtivo. Onde for diagnosticada uma causa principal, aplica-se uma ação corretiva. Vamos pegar como exemplo uma indústria automotiva que tem o seguinte indicador de absenteísmo apurado em maio de 2021: Indicador: n. de dias não trabalhados x 100 = 4,16 Total de funcionários x n. de dias úteis no mês Pergunta: Qual é a avaliação de desempenho dessa empresa no mês de maio? Resposta: Não é possível dizer. O indicador 4,16 de absenteísmo não permite que façamos nenhuma avaliação de valor. 8 Pergunta: Se adicionarmos a informação do histórico dos indicadores de absenteísmo obtido pela empresa nos meses anteriores, como demonstrado abaixo, qual a conclusão podemos obter? Jan Fev Mar Abr Mai Índice abst. 7,58 6,11 5,50 4,64 4,16 Resposta: Em relação aos meses anteriores, o absenteísmo da empresa está melhorando. Pergunta: Se adicionarmos a informação de metas de absenteísmo proposta pela direção da empresa no ano corrente, como demonstrado abaixo, qual conclusão podemos obter? Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Índ. abst 7,58 6,11 5,50 4,64 4,16 4,18 4,14 3,50 4,18 Meta 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 Avaliação ? ? ? ? ok ok ok ok ok Resposta: A empresa teve um início de ano bastante complicado devido a um fator externo, que foi o período de pandemia de COVID-19, o que gerou um aumento no auxílio enfermidade. Então houve muito afastamento por grupo de risco do COVID-19, o que leva a uma tendência de melhora a partir do segundo semestre. Para essa análise baseada em histórico, é importante a aplicação de filtros, agregações e exclusões para entender a validade das informações com o estado real da empresa. TEMA 3 – APLICAÇÕES DO MODELO DOS CRITÉRIOS RELEVANTES DE INTERPRETAÇÃO (CRI) Conforme já foi dito, o número de objetivos deve ser o menor possível para que o gestor concentre seus esforços nas ações gerenciais e com foco nas metas. Os objetivos podem ser tanto estratégicos quanto táticos ou operacionais, dependendo somente do nível hierárquico com que são tratados e planejados. Lembrando: para estabelecer os Critérios Relevantes de Interpretação do significado do objetivo, cabe aqui trocar palavras por números, ou seja, os analistas devem estar atentos para não admitirem “uma grande quantidade de 9 variáveis capazes de medir quantitativamente um objetivo expresso em palavras” (Francischini e Francischini, 2017, p. 88). Nesse momento, trata-se de o gestor e analista entender e traduzir os objetivos em conceitos qualitativos escrevendo-os em variáveis quantitativas que deem o significado daquele conceito qualitativo. Para tanto é preciso que analistas e gestores encontrem palavras que causem impacto quando apresentados em reuniões com os diretores e acionistas, como: • Promover uma administração flexível e integrada. • Valorização dos funcionários comprometidos com a empresa. • Ser referência internacional em pesquisa tecnológica. • Contribuir com projetos socialmente relevantes. • Promover a cidadania entre seus parceiros de negócio. (Francischini; Francischini, 2017, p. 88-89) O importante na elaboração de indicadores de desempenho e na criação de critérios relevantes de desempenho está na redação dos objetivos, uma vez que ao utilizar conceitos qualitativos na escrita dos objetivos, esses objetivos qualitativos poderão sofrer influência na forma de interpretação por parte dos gestores e analistas, pois haverá uma interpretação distinta devido ao nível de percepção individual dos gestores e dos analistas. Podendo ocasionar na empresa ações que não sejam harmoniosas em relação as suas metas. Segundo Francischini e Francischini (2017), para ter claro o significado de um conceito qualitativo, é procurar as variáveis qualitativas ou quantitativas mais representativas para que o objetivo escolhido pelo gestor seja entendido. Sendo assim é preciso esclarecer alguns termos: • Variável é uma característica mensurável que pode assumir diversos valores dentro de um certo intervalo, amplo ou não. As variáveis podem ser classificadas em: • Variável Quantitativa: mensurável por meio de números (comprimento, peso, idade) e pode ser de dois tipos: Contínua: assume qualquer valor dentro de um intervalo, o qual é geralmente limitado pela precisão do instrumento de medida (comprimento, peso, área etc.). Discreta: assume determinados valores que expressam uma entidade completa e acabada. Expressa-se, geralmente, por números inteiros (número de peças fabricadas, número de boletos de cobrança emitidos etc.). • Variável Qualitativa: mensurável pelo grau de presença ou ausência de determinadas características ou propriedades que não podem ser mensuráveis numericamente. Subdivide-se em: 10 Ordinal: relação de intensidade da presença ou ausência de determinadas características ou propriedades quepodem ser expressas em determinada ordem ou hierarquia (avaliação de serviço prestado: Excelente, Muito bom, Bom, Ruim, Péssimo; priorização por Pareto: Classe A, Classe B ou classe C). Nominal: relação de identificação da presença de determinadas característica ou propriedades que não podem ser hierarquizadas ou ordenadas (cores, tipo de efeitos, locais etc.). • Mais importantes: pressupõe algum tipo de priorização, isto é, ordenação dos elementos analisados segundo a importância relativa entre eles. Diversos modelos de hierarquização podem ser utilizados dependendo da complexidade e do impacto da decisão de priorização a ser tomada: Diagrama de Pareto; Matriz de decisão de Hyman (escala de Likert); Matriz de AHP (Analytic Hierarchy Process). (Francischini; Francischini, 2017, p. 89-90) Discorremos sobre o termo da variável e agora vamos explicar o termo interpretado, que está relacionado à interpretação e ao esclarecimento do conceito qualitativo, para que todos saibam seu significado e sentido para o atingimento das metas. Interpretar é dar sentido a algo e não a sua causa, veja o exemplo abaixo: • Objetivo: Melhorar a qualidade dos produtos fabricados Interpretação correta: Produzir produtos dentro das especificações; qualidade é interpretada como produtos conforme especificações. Interpretação errada: Treinar os operadores; essa é uma causa da melhoria da qualidade e não uma interpretação do que se entende por qualidade. • Objetivo: Atender ao cliente rapidamente Interpretação correta: Reduzir tempo médio de fila: atender rapidamente significa reduzir tempo médio de fila para o cliente ser atendido. Interpretação errada: Investir em softwares para Business Process Management, a qual é uma causa para aumentar a rapidez do atendimento. • Objetivo: Melhorar a rentabilidade Interpretação correta: Aumentar o ROI (Return On Investiment); rentabilidade é interpretada como Return On Investiment. Interpretação errada: Negociar melhores taxas de empréstimo do capital empregado, pois esta é uma causa para aumento da rentabilidade do negócio. • Na interpretação do significado do objetivo, evitar o uso de conceitos qualitativos tão ou mais difíceis de compreender do que o significado que pretende explicar. Por exemplo: • Objetivo: Promover uma administração responsiva Interpretação complicada: Incentivar o ajustamento do sistema gestor de acordo com a demanda solicitada. Interpretação mais simples: Atender aos clientes internos antes do prazo acordado para emergências. • Objetivo: Estabelecer a promoção de funcionários comprometidos com a empresa Interpretação complicada: Esmerar-se no fortalecimento do conhecimento pessoal dos funcionários com postura diferenciada em relação ao desempenho das atividades atribuídas. Interpretação simples: Conceder aumentos de salário acima da negociação sindical para funcionários com nota máxima na avaliação 360º. (Francischini; Francischini, 2017, p. 93-94) 11 Como critério de priorização na interpretação, é relevante o uso de termos que possam ser contados e medidos, lembrando que não precisa ser redigido o objetivo em valores numéricos; este deve assegurar que os termos utilizados sejam passíveis de medição, como por exemplo: prazo acordado pode ser em: horas, dias, meses etc. Para aplicarmos o CRI, é importante pensar nas aplicações de algumas soluções que são visivelmente encontradas nas empresas. Para tanto, observe alguns apontamentos: • Um modelo de CRI é uma simplificação de uma realidade, podendo ser expressa em qualquer ambiente empresarial. • Elabore um objeto claro que seja alcançável. O gestor deve ter em mente o que ele espera alcançar, já prevendo uma resposta plausível para esse objetivo. • Lembre-se: no CRI tem a palavra relevante, então é preciso trabalhar com poucos fatores críticos, no máximo três, que deem sentido ao objetivo. • Procure simplificar, para que haja maior entendimento por todos os envolvidos (líderes, facilitadores, analistas) no processo de implantação e elaboração de um Sistema de Medição de Desempenho. Para entendermos a aplicação de um CRI, Francischini e Francischini (2017, p. 99) citam a experiência de uma universidade, num momento de inovação e formulação de seu planejamento estratégico em que define como objetivo: “promover a Universidade XXX como instituição de pesquisa”. Essa instituição passa por um período de reuniões e decisões para interpretar o que seria produção acadêmica e como direcionar os esforços na direção da pesquisa e não do ensino. Foi verificado que o momento da definição dos critérios relevantes de interpretação, aqui nesse exemplo o que se entendia por Pesquisa, como uma das etapas mais importantes e que demandou horas de reuniões e meses para a tomada de decisão pelos gestores pela implantação da gestão por indicadores. Veja o modelo abaixo adotado: 12 Figura 3 – Modelo de definição de critérios Priorização Medição Fonte: Francischini e Francischini, 2017, p. 101. Os dois principais indicadores adotados para a medição da atividade de Pesquisa foram: n. publicações • n. docentes n. patentes • n. pesquisadores Importante mencionar a relevância dos dois recursos de mão de obra utilizados pela instituição: docentes e pesquisadores, pois nem toda instituição de ensino tem como finalidade a pesquisa e aquisição de patentes. Dessa forma, a instituição conseguiu separar seus dois objetivos e os dois tipos de recursos de MO (mão de obra) utilizados. TEMA 4 – GESTÃO DO CAPITAL INTELECTUAL A gestão do capital intelectual ganha cada vez mais espaço nas discussões organizacionais, pois estudar a mente humana, as estruturas organizacionais e a construção de um ambiente favorável possibilita pensar de modo estratégico para a formulação de ações nas empresas em busca da realização dos objetivos organizacionais. Dessa forma, percebe-se uma sinergia no trabalho das pessoas, as quais passam boa parte de suas vidas nas organizações, e de como as Universidade XXX Objetivo do Gestor Critérios Relevantes de Interpretação KPIs Promover a Universidade XXX como Instituto de Pesquisa 1. Publicações 2. Patentes 1. n. publicações/ n. docentes 2. n. patentes/ n. pesquisadores 13 empresas dependem do trabalho criativo e inovativo das pessoas para alcançar sucesso e competitividade. Segundo Lucena (2017), a gestão do conhecimento nas organizações tem a característica de criação de oportunidades para as pessoas utilizarem suas potencialidades mentais, sendo estimuladas a fomentar a geração de conhecimento para que seja aplicado em seus postos de trabalho. 4.1 Índice de conhecimentos As organizações têm intensificado ações para se apropriar do conhecimento humano como patrimônio mental: os atributos mentais, conhecimentos e habilidades para criação, inovação e resolução de problemas, identificando oportunidades para o alcance de objetivos e metas para serem cada vez mais competitivas, visando aprimorar os ativos intelectuais e mantendo os funcionários chave no processo da gestão do conhecimento. Segundo Probist e colegas (2002, p. 182), o desenvolvimento de competências individuais como o CHA das competências (C – conhecimento, H – habilidades, A- atitude), que tornam os indivíduos importantes para a geração de expertises, fixação de conhecimento e experiências consolidadas pela empresa, é tratado como “ativos fixos”, o que requer da empresa estratégias e monitoramento de seus índices de satisfação, clima organizacional, rotatividade, absenteísmo, ambiente de trabalho e comunicação interna em constante análise e gestão do relacionamento entre empresas e seus trabalhadores do conhecimento. “A maneira mais simples de proteger o capital intelectual é criar um ambiente em que aspessoas simplesmente não pensem em mudar de emprego” (Probist et al., 2002, p. 182). Então vamos entender o que é capital intelectual? Para entender melhor, precisamos saber o que é capital e o que é base de recursos da empresa. Para compreender a base de recursos, nós dividimos em recursos tangíveis e intangíveis. • Recursos tangíveis – são mais fáceis de serem reconhecidos e mensurados, como edificações, mobiliários, equipamentos. • Recursos intangíveis – mais difíceis de serem mensurados, como valor da marca, reputação, credibilidade, confiança e motivação dos recursos humanos da empresa. 14 Dessa forma, conhecemos os recursos tangíveis e intangíveis de uma empresa que forma, assim, o capital da empresa, podendo ser capital financeiro; capital social e capital intelectual. E pergunto: quais são os recursos mais importante para as empresas? Sem dúvida, os recursos intangíveis, pois a partir deles formamos vantagens competitivas como o capital intelectual – desenvolve-se a motivação, conhecimento, saberes, aprendizados e pessoas que geram o capital intelectual como fonte de vantagens competitivas. Portanto, a gestão do conhecimento passa pela gestão do capital intelectual e gestão dos recursos intangíveis, por isso é fundamental estar atento aos indicadores de gestão de pessoas: não se pode pensar em uma empresa sem a gestão e desenvolvimento de competências, saberes, habilidades e motivação. E aí está um grande desafio para os gestores, que é a manutenção e ampliação desse capital intelectual, investindo em armazenamento de conhecimento, saberes e cuidando das pessoas que são as responsáveis pelo desenvolvimento do capital intelectual. TEMA 5 – DESEMPENHO E PRODUTIVIDADE Segundo Silveira e Filho (2013), para as organizações tomarem suas decisões estratégicas de gestão de pessoas, elas partem de estratégias implícitas em uma perspectiva macro e necessitam de avaliações e práticas que demonstrem resultados da geração de valor da força de trabalho, ou seja do capital intelectual, colocado à disposição da organização para atingir seus objetivos. Compreende-se que a tarefa de mensurar a agregação de valor do capital humano, ou do impacto da gestão de pessoas sobre o resultado do negócio não é tarefa simples, principalmente pelo limite metodológico de qualquer pesquisa em discriminar, com exatidão, a contribuição específica de cada função organizacional para o seu desempenho. (Silveira; Filho, 2013, p. 84) A área dos Recursos Humanos passa por um planejamento estratégico que visa ampliar ações de produtividade e estratégia em seus processos de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento etc., com o alcance de resultado por meio das pessoas. “As pessoas são a principal forma de colocar a estratégia em ação e a gestão de pessoas é um domínio estratégico em si” (Maximiano, 2014, p. 23). 15 Segundo Tachizawa e colegas (2014), a otimização do trabalho e o melhor desempenho das pessoas acontecem por meio de capacitação, programas de motivação e desenvolvimento, clima organizacional e gestão de benefícios, mostrando que as pessoas estão diretamente envolvidas na produtividade em relação às metas de produção; consequentemente, quanto maior for a produtividade, melhores serão os resultados da organização, otimizando o desempenho individual e organizacional. De modo geral, o conceito de desempenho pode conter diversos indicadores que irão fornecer informações relevantes para a avaliação de determinada situação, com base na comparação entre o que foi realizado por uma operação em relação ao que se era esperado como resultado pelo cliente (gestor) de uma área específica da organização. Sendo assim, Francischini e Francischini (2017, p.23-24) fazem a seguinte avaliação do desempenho: Em relação a expectativa de um cliente: • Se o que foi realizado pela operação for menor do que a expectativa do cliente, dizemos que o cliente está insatisfeito. • Se o que foi realizado pela operação for igual à expectativa do cliente, dizemos que o cliente está satisfeito. • Se o que foi realizado pela operação for maior do que a expectativa do cliente. Dizemos que o cliente está “encantado”. Em relação aos objetivos propostos por um gestor: • Se o que foi realizado pela operação for menor do que o objetivo do gestor, dizemos que o desempenho está insatisfatório. • Se o que foi realizado pela operação for igual ao objetivo do gestor, dizemos que o desempenho está satisfatório. • Se o que foi realizado pela operação for maior do que o objetivo do gestor, dizemos que o desempenho está excelente. A palavra operação pode ser interpretada na avaliação do desempenho por qualquer nível de agregação, seja por um processo, um indivíduo, um setor, uma diretoria e até mesmo uma empresa inteira. Para tanto é importante os gestores saberem que o objetivo de sua área é a satisfação do cliente; esse é o ponto de partida para haver geração de valor na operação. Agora vamos aprender o que é eficiência e produtividade. Para Maximiano (2014), eficiência é a relação entre o uso de recursos e os resultados obtidos. Produtividade é a forma de medir a eficiência. Para nossos 16 estudos, produtividade será sinônimo de eficiência, porém nem sempre eficiência será sinônimo de produtividade para algumas empresas. Para Franchiscini e Franchiscini (2017, p. 29), seguindo padrões da ISO 9000, temos o seguinte conceito para: Eficácia – é definida como a “extensão na qual as atividades planejadas são realizadas e os resultados alcançados”. Como foca em resultados, não considera os recursos (...). Eficiência – é definida como a “relação entre o resultado alcançado e os recursos utilizados” (...). Produtividade – não tem uma definição clara na norma ISO 9000, mas, pelo uso do termo em Guides (guias que explicam os fundamentos e vocabulário utilizados nos requisitos para um sistema de gestão de qualidade), verificamos que é utilizada no mesmo sentido de Eficiência. Ou seja, para a ISO, Eficiência e Produtividade são sinônimos. Utilização – também não tem uma definição explícita na norma, mas, na análise dos textos contidos nos Guides, o significado do termo é relacionado com a Taxa de utilização dos Recursos ou a relação entre a Entrada Real e a entrada Planejada ou Disponibilizada. Dessa forma temos que a eficiência ou produtividade estabelece uma relação entre o resultado alcançado pelo processo produtivo em relação aos recursos utilizados para o alcance desse resultado, ou seja, produzir uma saída compatível com a entrada (recursos utilizados): Eficiência ou Produtividade= Saída Entrada Para entendermos melhor o conceito de entrada e saída de um sistema de produção, tem-se a seguinte relação: • Entradas – recursos que a empresa utiliza. • Saídas – produtos que a empresa fabrica ou comercializa. Veja a figura abaixo para entender a definição de indicadores de eficiência, produtividade e utilização: 17 Entradas - - - - - - - - - - - - - Objetivos - - - - - - - - - - - Saídas Utilização = recurso utilizado Eficácia = produto realizado recurso disponibilizado produto esperado ENTRADAS OPERAÇÃO SAÍDAS eficiência ou produtividade = saída entrada Fonte: Francischini e Francischini, 2017, p. 34. Para melhor compreensão dessa nomenclatura, tem-se a interpretação de eficácia, eficiência, produtividade e utilização: Quadro 1 – Eficácia, eficiência, produtividade e utilização INDICADOR FUNÇÃO EficáciaMede o volume de produção realizada em relação à produção planejada sem considerar o volume de uso de recursos. Utilização Mede o volume utilizado de recursos de produção em relação ao volume teórico sem considerar se o produto fabricado atinge o objetivo planejado. Produtividade Mede o volume de produto fabricado em relação ao uso de recursos utilizados para a fabricação. Eficiência Significa Produtividade Fonte: Francischini e Francischini, 2017, p. 35. 18 Veja a seguir o exemplo da aplicação do Conceito, segundo Franchiscini e Franchiscini (2017, p. 36): Cálculo da eficiência da linha de montagem de uma montadora de veículos A maioria das indústrias utiliza como indicador de Eficiência da linha de montagem uma fórmula que é baseada apenas na unidade horas com referência aos equipamentos da linha de produção: Eficiência da linha de montagem = 1- ..horas paradas..................................______________________. horas decididas + horas extras - horas manutenção preventiva Verifica-se que o uso do termo Eficiência está relacionado com a Utilização dos equipamentos da linha de montagem uma vez que não considera qual foi a produção realizada naquele período. Ou seja, a Eficiência não varia, independentemente da velocidade da linha de montagem ser maior (o que geraria mais carros montados ou menor (o que geraria menos carros montados) e nem problemas com qualidade que afetam o número de veículos montados. Percebemos a relevância do conceito de desempenho na hora de mensurar quais os indicadores irão atender as demandas da organização. Para tanto, é preciso que a área de recursos humanos tenha uma visão ampla do negócio para saber quais indicadores precisará apresentar de forma a contribuir com os resultados organizacionais. 19 REFERÊNCIAS ASSIS, M. T. de. Indicadores de gestão de recursos humanos: usando indicadores demográficos, financeiros e de processos na gestão do capital humano. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2014. FRANCISCHINI, A. S. N.; FRANCISCHINI, P. G. Indicadores de desempenho: dos objetivos à ação – métodos para elaborar KPIs e obter resultados. Rio de Janeiro: Altas Books, 2017. LUCENA, M. D. da S. Planejamento estratégico de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2017. MAXIMIANO, A. C. A. Recursos Humanos: estratégia e gestão de pessoas na sociedade global. Rio de Janeiro: LTC, 2014. PROBIST, G. et al. Gestão do conhecimento: os elementos construtivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002. SILVERIA, V. N. S.; FILHO, A. D. M. Gestão estratégica de pessoas e desempenho organizacional: uma análise teórica. Pretexto, v. 14, n. 1, p. 71-87. Belo Horizonte, 2013. Disponível em: http://www.spell.org.br/documentos/ver/10037/gestao-estrategica-de-pessoas-e- desempenho-orga. Acesso: 21 fev. 2022. TACHIZAWA, T. et al. Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada as estratégias de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2004.