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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Conceituar pedagogia, educação e didática. > Identificar os principais momentos históricos que constituíram os modelos didáticos contemporâneos. > Relacionar os modelos didáticos com a práxis cotidiana e suas aplicações. Introdução Nas sociedades letradas, a escola é a instituição responsável por realizar ações educativas que visam oportunizar aos educandos acesso aos conhecimentos construídos pela humanidade. Porém, a educação escolar não ocorre da mesma maneira em todos os contextos. Para que ela seja efetiva nas diferentes realidades em que as ações educativas são desenvolvidas, é preciso que se tenha clareza quanto às finalidades da educação e ao tipo de indivíduo que se pretende formar. Pois a investigação acerca das finalidades da educação em diferentes contextos cabe à pedagogia. Uma vez identificadas essas finalidades, é papel da escola promover a apren- dizagem de todos os alunos. É à didática, um dos ramos de estudo da pedagogia, a responsável por encontrar as metodologias mais adequadas para que apren- dizagem ocorra. Neste capítulo, você verá as definições de pedagogia, educação e didática, percebendo como esses três conceitos se interrelacionam. Identificará os principais momentos históricos que constituíram os modelos didáticos contemporâneos e acompanhará como eles são implementados nas práticas pedagógicas cotidianas. Didática e aprendizagem Maria Elena Roman de Oliveira Toledo Pedagogia, educação e didática Quando pensamos em educação, é bem provável que a primeira ideia que nos venha à cabeça seja da educação oferecida na escola. Contudo, o conceito de educação é bem mais amplo e abrange outras instâncias que não apenas a escolar. Educação é um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas — físicas, morais, intelectuais, estéticas — tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais (LIBÂNEO, 2006, p. 22). Sendo assim, a educação ocorre em espaços variados, como no interior da família, nas instituições religiosas, nos sindicatos, nas ações de bairro, nas empresas, etc. Nas sociedades letradas (usuárias da leitura e da escrita), cabe à escola o papel de possibilitar aos indivíduos o acesso às experiências já vivenciadas e aos conhecimentos já construídos pela humanidade. O que diferencia a educação escolar dos outros tipos de educação é sua intencionalidade e o fato de adotar práticas sistematizadas e com alto grau de organização. A escola assume diferentes características e arranjos para atender aos inte- resses decorrentes das formas de organização social. As práticas educativas desenvolvidas na escola são determinadas pelos fatores políticos, históricos e econômicos da sociedade na qual são desenvolvidas (LIBÂNEO, 2006). A influência desses fatores nas práticas educativas pode ser percebida ao percorremos diferentes momentos históricos de nosso país. No período que precedeu a industrialização brasileira, a maioria da polução era constituída por analfabetos. Quando a indústria começou a demandar uma mão de obra mais qualificada, a educação passou a ser mais valorizada e as oportunidades educativas ampliadas. Outro exemplo diz respeito à década de 1960. Os primeiros anos da década foram caracterizados pela efervescência das ideias de Paulo Freire e sua pedagogia libertadora, que via a educação como instrumento de conscientização dos indivíduos e, por consequência, de transformação social. Em 1964, ocorreu o golpe que marcou o início da Ditadura Militar. Para um governo ditatorial, não interessava a conscientização dos indiví- duos. Nesse período, o governo passou a controlar as ações educativas no país, impedindo a disseminação de qualquer modelo didático dotado de criticidade (RIBEIRO, 1997). Didática e aprendizagem2 Em diferentes momentos, a efetividade das práticas educativas requer clareza sobre as finalidades e os meios para a realização do processo edu- cativo, de acordo com o tipo de ser humano que se deseja formar e o tipo de sociedade almejadas. Essa orientação cabe à pedagogia, como teoria e prática dos processos educativos. O papel da pedagogia nos processos educativos A pedagogia é a ciência que estuda o fenômeno educativo em toda a sua com- plexidade, visando orientar a realização de práticas educativas coerentes com a formação cidadã e a sociedade desejadas. A palavra “pedagogia” tem sua origem no grego antigo e signica “direção ou educação de crianças” (CORDEIRO, 2007, p. 18). De acordo com Libâneo (2006), a pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação em determinado con- texto social e os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista sua inserção efetiva na vida social. Em outras palavras, é papel da pedagogia assegurar aos indivíduos de determinada sociedade a aquisição dos conhecimentos e das experiências acumuladas pela humanidade, de maneira que se vejam aptos a satisfazer as exigências impostas pelo contexto no qual estão inseridos. Já segundo Franco (2003), mais do que atender às demandas impostas pela sociedade, a pedagogia é uma ciência que deve ter por finalidade a mediação da práxis educacional, visando a humanização e a emancipação dos sujeitos, para que possam apreender e reconstruir a cultura, exercendo efetivamente a cidadania. As investigações realizadas pela pedagogia contam com o auxílio de ramos próprios de estudo (teoria da educação, didática, organização escolar, histó- ria da educação e história da pedagogia, por exemplo) e de outras ciências (filosofia da educação, sociologia da educação, psicologia da educação, entre outras) para a melhor compreensão dos objetos de estudo. Para compreender o papel da didática na formação inicial de profes- sores, consulte o artigo “Didática na formação inicial de professores: concepções e práticas de professores formadores na visão de estudantes” (CRUZ et al., 2017). Os estudos em pedagogia têm um papel fundamental na formação docente, na medida em que oportunizam a compreensão dos fenômenos educativos, sobretudo no ambiente escolar. Essa formação deve ser crítica e reflexiva, Didática e aprendizagem 3 permitindo que os futuros professores compreendam a complexa pluralidade do âmbito educacional e a necessidade de promover a aprendizagem dos alunos para uma leitura crítica do mundo (FRANCO, 2003). A compreensão dos fenômenos educativos em sua totalidade demanda, por parte dos futuros pedagogos, a identificação dos fatores sociais e políticos que influenciam as práticas educativas e a percepção do papel desempenhado pela escola em um contexto social, histórico e cultural determinado. Demanda tam- bém o conhecimento dos processos cognitivos que determinam os percursos de aprendizagem, facilitando a organização de conteúdos, tempos e espaços escolares para que os alunos possam efetivamente construir novos saberes (LIBÂNEO, 2006). Nas sociedades letradas, o papel da escola é promover a aprendizagem de todos os alunos. Para que isso aconteça, os conhecimentos pedagógicos são fundamentais. Ao compreenderem os fatores sociais e políticos que interferem nas práticas educativas e como se dá a aprendizagem humana, os professores podem propor situações educativas adequadas às diferentes realidades e às diferentes demandas dos alunos. A didática como o principal ramo de estudos da pedagogia A didática é o ramo de estudos mais importante da pedagogia, constituindo um campo do conhecimento pedagógico que contempla os conteúdos do ensino e os processos próprios para a construção do conhecimento. De acordo com Cordeiro (2007), a palavra “didática” vem do grego didasko, que signica ensinar ou instruir. Para o autor, a didática constitui um conjunto de preceitos cientícos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la eciente.Ela está intimamente relacionada aos outros ramos de estudo da pedagogia e às ciências que a auxiliam na compreensão do seu objeto de estudo, como a teoria da educação, a teoria da organização escolar, a teoria do conhecimento e a psicologia da educação. Enquanto a pedagogia pode ser conceituada a ciência e a arte da educação, a didática pode ser definida como a ciência e a arte do ensino (HAYDT, 2011). Como pontos em comum, a didática e a pedagogia têm, sob o ponto de vista etimológico, o sentido de transmissão, orientação, condução, guia, direção e transporte (CORDEIRO, 2007). O objeto de estudo da didática é o ensino, ou seja, as atividades educativas caracterizadas por seu objetivo ou propósito de promover a aprendizagem. Os conhecimentos didáticos partem do pressuposto de que, entre diferentes maneiras de ensinar, é possível escolher aquelas capazes de promover uma aprendizagem mais efetiva e significativa. Sendo assim, “[...] tem cabido à Didática e aprendizagem4 didática a função de propor os melhores meios para tornar possíveis, efetivos e eficientes esse ensino e essa aprendizagem” (CORDEIRO, 2007, p. 33). Para o cumprimento do seu papel, cabe à didática três papeis básicos (LIBÂNEO, 2006): � converter os objetivos sociais, políticos e pedagógicos em objetivos de ensino; � selecionar os conteúdos e as metodologias mais adequados para que os objetivos pedagógicos sejam cumpridos; � estabelecer relações entre ensino e aprendizagem visando o desen- volvimento pleno de todos os alunos. A didática trata da teoria geral do ensino, independentemente da área de conhecimento que está sendo trabalhada. As especificidades dos diferentes componentes curriculares são contempladas pelas metodologias específicas, que abordam os conteúdos próprios de cada disciplina curricular. Ainda assim, a didática busca generalizar para todos os componentes curriculares, sem prejuízo das especificidades metodológicas de cada um, o que é comum e fundamental no processo educativo escolar. Evolução histórica da didática A história da didática está intimamente relacionada ao aparecimento do ensino como a atividade intencional e planejada dedicada à instrução. Há indícios de que desde os tempos mais remotos formas elementares de instrução e de aprendizagem estiveram presentes na história da humanidade. Como exemplo, podemos citar os rituais de iniciação dos jovens para ingresso no mundo adulto, praticados em sociedades primitivas, que podem ser consi- derados um tipo de ação pedagógica, embora desprovida de qualquer tipo de preocupação didática (LIBÂNEO, 2006). Na Antiguidade Clássica e no período medieval, também foram desenvolvidas formas de ação pedagógica em diferentes espaços, como escolas, mosteiros, igrejas e universidades. Contudo, até meados do século XVII não se pode falar em didática como teoria do ensino, pela inexistência até então de estudos científicos sobre as formas mais adequadas. O termo “didática” começou a ser delineado quando adultos começaram a intervir nos processos de aprendizagem de crianças e jovens, mediante a proposição de ações planejadas de ensino (LIBÂNEO, 2006). A formação da teoria didática como modo de investigação das relações entre o ensino e a aprendizagem ocorreu no século XVII, quando João Amós Didática e aprendizagem 5 Comênio (1592–1670) escreveu a primeira obra clássica sobre o tema: sua Didactica Magna foi considerada a referência fundacional da reflexão siste- mática sobre as questões da didática (CANDAU; KOFF, 2015). Comênio é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação. Ele foi um pastor protestante checo que dedicou boa parte de sua vida à escrita da Didactica Magna, obra que marcou o início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente. Em sua obra, Comênio buscou realizar uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria à prática da sala de aula. Na perspectiva do autor, as práticas escolares deveriam imitar os processos da natureza e, assim, os interesses das crianças deveriam ser contemplados no estabelecimento de relações entre o professor e os alunos. Suas ideias foram extremamente inova- doras para a época, sobretudo por defenderem a profissionalização docente e a organização do currículo e dos turnos escolares levando em conta os limites do corpo e as necessidades tanto dos professores quanto dos alunos. Figura 1. Baixo-relevo na fachada de uma escola na cidade de Dolany, República Checa, retratando Comênio, à esquerda. Fonte: Relief... (2005, documento on-line). Em sua obra, Comênio demonstrou a pretensão de criar um método uni- versal e invariável, capaz de orientar o professor no seu trabalho. A ideia era criar um método capaz de fazer os professores ensinarem menos e os alunos aprenderem mais. Desse modo, na obra de Comênio o professor é visto: [...] como um profissional especializado que, por meio do seu longo aprendizado e da sua experiência, seria capaz de dominar seu ofício e de realizá-lo com compe- tência. Assim, o professor é visto como alguém que conhece e domina a profissão (CORDEIRO, 2007, p. 17). À profissão docente, na perspectiva adotada, era atribuída uma natureza muito diferente das demais, na medida em que seu exercício envolvia um Didática e aprendizagem6 conjunto de objetivos e de atributos dos seus praticantes que a levariam a se aproximar do status de “missão”. A atribuição do caráter de missão à profissão docente decorre, de um lado, da religiosidade de Comênio e, de outro, da própria origem da escola no mundo ocidental, ligada a estabelecimentos religiosos. Apesar do caráter inovador de sua obra, Comênio não conseguiu romper com algumas ideias sobre o ensino bastante enraizadas em sua época. O caráter transmissor e único das práticas educativas foi mantido, embora ele tenha proposto a observação e as experiências sensoriais como elementos fundamentais para a aprendizagem, bem como o respeito às diferentes etapas do desenvolvimento infantil (LIBÂNEO, 2006). Entre os fatores que contribuíram para a necessidade de revisão das prá- ticas educativas, estavam as mudanças ocorridas nas formas de produção, o desenvolvimento da ciência e da cultura, bem como a diminuição do poder da nobreza e do clero e o consequente aumento do poder da burguesia. Tudo isso levou a um ensino mais adequado às exigências práticas da produção e dos negócios, que ao mesmo tempo pudesse contemplar o livre desenvolvimento das capacidades e interesses individuais. De acordo com Castro (1991), o suíço Jean-Jacques Rousseau (1712–1778) foi responsável por uma grande revolução didática. Embora não tenha sido um sistematizador da educação, sua obra deu origem a um novo conceito de infância. Rousseau colocou em evidência a natureza infantil e propôs um método de ensino natural adequado às especificidades desse período, exercido sem pressa e sem livros. As ideias de Rousseau foram empreendidas por outros pensadores, tal como seu conterrâneo Johann Heinrich Pestalozzi (1746–1827), que atribuiu ao ensino um papel fundamental na promoção do desenvolvimento humano e dedicou-se à educação de crianças pobres em instituições dirigidas por ele próprio (FRANCO, 2003). Na visão de Pestalozzi, o método intuitivo assumia grande importância. Nesse método, os alunos aprendem observando e analisando os fenômenos da natureza e utilizando suas capacidades de linguagem como instrumento para a expressão dos resultados obtidos (LIBÂNEO, 2006). Muitos outros pedagogos foram influenciados pelas ideias de Comênio, Rousseau e Pestalozzi, dentre os quais podemos destacar Johann Friedrich Herbart (1776–1841). Herbart, desejava criar uma pedagogia científica, fortemente influenciada por seus conhecimentos de filosofia e psicologia. Ele defendia a ideia da educação como instrução e destacava a importância dos aspectos metodológicos em sua obra (FRANCO, 2003). Herbart foi e continua sendo fonte de inspiração para as pedagogias conservadoras,que veem a moralidade como fim da educação (LIBÂNEO, 2006). Didática e aprendizagem 7 As ideias de Comênio, Rousseau, Pestalozzi e Herbart, dentre outros teó- ricos da didática, constituíram as bases do pensamento pedagógico europeu, que foi difundido por todo o mundo e que demarcou as concepções pedagó- gicas hoje conhecidas sob os rótulos de pedagogia tradicional e pedagogia renovada (LIBÂNEO, 2006). Na pedagogia tradicional, há a preponderância da ação de agentes externos na formação dos indivíduos. O primado recai sobre o objeto de conhecimento que deve ser transmitido pelo professor aos alunos. O ensino consiste na impressão de imagens na mente dos alunos, ora propiciada pelas palavras do professor, ora pelas experiências sensoriais (HAYDT, 2011). Por sua vez, o movimento de renovação da educação, inspirado, sobretudo, pelas ideias de Rousseau, desenvolveu-se como tendência pedagógica no início do século XX. A pedagogia renovada valoriza a criança como agente da aprendizagem e como sujeito do seu próprio desenvolvimento. Como tal, a liberdade, a iniciativa e os interesses infantis são valorizados. O processo educacional, nessa perspectiva, recebe tratamento científico, para que possa ser adequado às diferentes etapas do desenvolvimento psicológico e biológico dos educandos. O ensino passa a ser pensado de maneira individualizada, para que possa respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem (LIBÂNEO, 2006). Modelos didáticos e práxis cotidiana Estudos dedicados à história da didática no Brasil, a seu campo de conhe- cimentos e às suas relações com as tendências pedagógicas revelaram a existência de dois grupos de tendências pedagógicas no país, sendo um deles de cunho liberal (formado pela pedagogia tradicional, pedagogia renovada- -progressista, renovada não diretiva e tecnicista) e o outro de cunho progres- sista (pedagogia libertadora, pedagogia libertária e pedagogia crítico-social dos conteúdos) (LIBÂNEO, 2006). As pedagogias liberais constituem manifestações da doutrina liberal, tendo como pressuposto básico a predominância da liberdade e dos interesses individuais na sociedade. Já as pedagogias de cunho progressista partem de uma análise crítica das realidades sociais e sustentam de forma implícita as finalidades sociopolíticas da educação (HAYDT, 2011). José Carlos Libâneo (1985), um dos mais importantes estudiosos da didática, analisou e caracterizou as diferentes tendências pedagógicas a partir do enfoque de seis aspectos: papel da escola, conteúdos de ensino, métodos, relacionamento professor–aluno, pressupostos de aprendizagem e manifestações na prática escolar (HAYDT, 2011). O resultado dessa análise está sintetizado no Quadro 1. Didática e aprendizagem8 Te nd ên ci a pe da gó gi ca lib er al Pe da go gi a tr ad ic io na l Pe da go gi a re no va da - pr og re ss is ta Pe da go gi a re no va da nã o di re ti va Pe da go gi a te cn ic is ta Pa pe l d a es co la Pr ep ar ar in te le ct ua l e m or al m en te o s a lu no s pa ra a ss um ir su a po si çã o na s oc ie da de . Ad eq ua r a s ne ce ss id ad es in di vi du ai s ao m ei o so ci al . P ar a is so , a o rg an iz aç ão de ve re tr at ar o m áx im o po ss ív el a v id a. Fo rm ar a tit ud es . Pr eo cu pa çã o re ca i m ai s so br e os p ro bl em as ps ic ol óg ic os d o qu e co m o s p ed ag óg ic os o u so ci ai s. M od el ar o co m po rt am en to h um an o po r m ei o de té cn ic as es pe cí fic as . Co nt eú do s d e en si no Co nh ec im en to s e v al or es so ci ai s a cu m ul ad os pe la s g er aç õe s a du lta s e pa ss ad os c om o ve rd ad es . Es ta be le ci do s e m fu nç ão de e xp er iê nc ia s q ue o su je ito v iv en ci a fr en te a de sa fio s c og ni tiv os e si tu aç õe s p ro bl em át ic as . M ei os p ar a qu e os es tu da nt es b us qu em po r s i p ró pr io s o s co nh ec im en to s. In fo rm aç õe s, p rin cí pi os ci en tíf ic os , l ei s, d en tr e ou tr os , e st ab el ec id os e or ga ni za do s nu m a se qu ên ci a ló gi ca e ps ic ol óg ic a, p or es pe ci al is ta s. M ét od os Ex po si çõ es v er ba is , de m on st ra çõ es . “A pr en de r f az en do ”. Va lo riz aç ão da s t en ta tiv as ex pe rim en ta is , d a pe sq ui sa , d a de sc ob er ta , do e st ud o do m ei o na tu ra l e d a re so lu çã o de p ro bl em as . Di sp en sa d os m ét od os us ua is ; o p ro fe ss or es fo rç a- se p ar a de se nv ol ve r u m e st ilo pr óp rio p ar a fa ci lit ar a ap re nd iz ag em d os al un os (p ro fe ss or fa ci lit ad or ). Pr oc ed im en to s e té cn ic as n ec es sá ria s a o ar ra nj o e co nt ro le d as co nd iç õe s a m bi en te s qu e as se gu re m a tr an sm is sã o/ re ce pç ão de in fo rm aç õe s. Q ua dr o 1. C ar ac te riz aç ão d as te nd ên ci as p ed ag óg ic as n o Br as il (C on tin ua ) Didática e aprendizagem 9 Te nd ên ci a pe da gó gi ca lib er al Pe da go gi a tr ad ic io na l Pe da go gi a re no va da - pr og re ss is ta Pe da go gi a re no va da nã o di re ti va Pe da go gi a te cn ic is ta Re la ci on am en to pr of es so r– al un o Au to rid ad e do p ro fe ss or , qu e ex ig e at itu de re ce pt iv a do s a lu no s. Pr of es so r t ra ns m is so r/ al un o di sc ip lin ad o. Pr of es so r n ão o cu pa lu ga r p riv ile gi ad o; re la ci on am en to p os iti vo pa ut ad o na v iv ên ci a de m oc rá tic a. Ed uc aç ão c en tr ad a no al un o; o p ro fe ss or é u m es pe ci al is ta e m re la çõ es hu m an as q ue g ar an te u m cl im a de re la ci on am en to pe ss oa l a ut ên tic o. Re la çõ es e st ru tu ra da s e ob je tiv as , c om p ap éi s be m d ef in id os : p ro fe ss or co m o ad m in is tr ad or da s c on di çõ es d e tr an sm is sã o do s co nt eú do s — a lu no co m o re ce pt or d as in fo rm aç õe s. Pr es su po st os d e ap re nd iz ag em Ap re nd iz ag em re ce pt iv a e m ec ân ic a. M ot iv aç ão c om o fr ut o da fo rç a de e st im ul aç ão do p ro bl em a e da s di sp os iç õe s i nt er na s e in te re ss es d o al un o. M ot iv aç ão c om o re su lta nt e do d es ej o de ad eq ua çã o pe ss oa l n a bu sc a da a ut or re al iz aç ão . Ap re nd iz ag em c om o m od ifi ca çã o do de se m pe nh o. M an ife st aç õe s n a pr át ic a es co la r Es co la s r el ig io sa s ou le ig as q ue ad ot am o rie nt aç ão cl ás si co -h um an is ta ou u m a or ie nt aç ão hu m an o- ci en tíf ic a. M od el o pr ed om in an te na h is tó ria d a ed uc aç ão br as ile ira . Pr es en te e m e sc ol as q ue va lo riz am a p ar tic ip aç ão do a lu no n os p ro ce ss os de a pr en di za ge m . As id ei as d e Ca rl Ro ge rs , p si có lo go cl ín ic o e pr in ci pa l re pr es en ta nt e de ss a ab or da ge m , i nf lu en ci a as p rá tic as , s ob re tu do de o rie nt ad or es ed uc ac io na is e ps ic ól og os . M ui to p re se nt e na s es co la s n os a no s 1 96 0 (p er ío do d a di ta du ra ), visa nd o a in se rç ão d a es co la n os m od el os de ra ci on al iz aç ão d o si st em a de p ro du çã o ca pi ta lis ta . (C on tin ua çã o) (C on tin ua ) Didática e aprendizagem10 (C on tin ua çã o) (C on tin ua ) Te nd ên ci a pe da gó gi ca pr og re ss is ta Pe da go gi a lib er ta do ra Pe da go gi a lib er tá ri a Pe da go gi a cr ít ic o- so ci al d os c on te úd os Pa pe l d a es co la Nã o é ca ra ct er ís tic a de ss a ve rt en te ab or da r o e ns in o es co la r, um a ve z qu e su a m ar ca d e at ua çã o é nã o fo rm al . Tr an sf or m ar a p er so na lid ad e do s a lu no s e m u m s en tid o lib er tá rio e a ut og es tio ná rio . Di fu nd ir co nt eú do s v iv os , co nc re to s e in di ss oc iá ve is d as re al id ad es s oc ia is . Co nt eú do s de en si no Te m as g er ad or es , e xt ra íd os d a pr ob le m at iz aç ão d a pr át ic a de v id a do s e du ca nd os . Co lo ca do s à d is po si çã o do al un o, m as n ão s ão e xi gi do s. Sã o vi st os c om o in st ru m en to s a m ai s, s en do o m ai s i m po rt an te as e xp er iê nc ia s v iv id as p el o gr up o. Co nt eú do s c ul tu ra is u ni ve rs ai s qu e sã o pe rm an en te m en te re av al ia do s f ac e às re al id ad es so ci ai s. M ét od os Es ta be le ci m en to d e um a re la çã o di al óg ic a. Vi vê nc ia s g ru pa is , n a fo rm a de au to ge st ão . Es ta be le ci m en to d e co rr es po nd ên ci a en tr e os co nt eú do s e o s i nt er es se s do s a lu no s, c om o fo rm a de am pl ia çã o da c om pr ee ns ão d a re al id ad e so ci al . Re la ci on am en to pr of es so r– al un o Re la çã o ho riz on ta l, pa ut ad a no di ál og o, e m q ue e du ca do r e e du ca nd o sã o su je ito s d o at o de c on he ci m en to . Re la çã o nã o di re tiv a; p ro fe ss or co m o um o rie nt ad or e ca ta liz ad or d as a pr en di za ge ns do s a lu no s. Pr of es so r c om o m ed ia do r q ue pr om ov e co nd iç õe s p ar a qu e ha ja tr oc as e nt re o s a lu no s e en tr e el es e o p ro fe ss or , p ar a co ns tr uç ão d e no vo s s ab er es . Didática e aprendizagem 11 (C on tin ua çã o) Te nd ên ci a pe da gó gi ca pr og re ss is ta Pe da go gi a lib er ta do ra Pe da go gi a lib er tá ri a Pe da go gi a cr ít ic o- so ci al d os c on te úd os Pr es su po st os d e ap re nd iz ag em A m ot iv aç ão s e dá p el a pr ob le m at iz aç ão d e qu es tõ es re le va nt es p ar a o ed uc an do . M ot iv aç ão c om o fr ut o do in te re ss e em c re sc er d en tr o da v iv ên ci a gr up al . S om en te o qu e é vi vi do e e xp er im en ta do é in co rp or ad o e ut ili zá ve l e m ou tr as s itu aç õe s. Pa ra q ue a a pr en di za ge m oc or ra , o n ov o co nh ec im en to pr ec is a en co nt ra r a po io e m um a es tr ut ur a co gn iti va já ex is te nt e. C ab e ao p ro fe ss or pr ov er a e st ru tu ra p ar a qu e a ap re nd iz ag em o co rr a. M an ife st aç õe s na p rá tic a es co la r Fo i b as ta nt e ut ili za da n os c ur so s d e al fa be tiz aç ão d e ad ul to s n o in íc io do s a no s 1 96 0, te nd o co m o pr in ci pa l re pr es en ta nt e Pa ul o Fr ei re , c uj as id ei as c on tin ua m in flu en ci an do pr át ic as e du ca tiv as d en tr o e fo ra d o Br as il at é os d ia s a tu ai s. Pr es en te s e m re al id ad es ed uc at iv as n ão a ut or itá ria s e na s p rá tic as d e pr of es so re s pr og re ss is ta s. Pr es en te n as p rá tic as ed uc at iv as q ue g ar an te m a pa rt ic ip aç ão d os a lu no s, po ss ib ili ta nd o o av an ço na d em oc ra tiz aç ão e fe tiv a do e ns in o pa ra a s c la ss e po pu la re s. Fo nt e: A da pt ad o de L ib ân eo (1 98 5) . Didática e aprendizagem12 Para ampliar seus conhecimentos sobre as diferentes tendências pedagógicas na história da educação brasileira, consulte o artigo “Tendências pedagógicas: perspectivas históricas e reflexões para a educação brasileira” (SILVA, 2018). Como é possível perceber, as práticas educativas não se reduzem apenas aos aspectos pedagógicos, estando submetidas também às funções que lhe são dadas pela sociedade em que estão sendo desenvolvidas. Diferen- tes funções atribuídas à escola determinam distintas visões sobre o papel dessa instituição, sobre a própria aprendizagem, a relação professor–aluno, as metodologias de ensino e, consequentemente, a adoção de diferentes configurações nas práticas educativas. Cabe ao professor ter muita clareza quanto ao tipo de ser humano e cidadão que deseja formar e quanto ao desenvolvimento de qual tipo de sociedade quer contribuir, para que possa organizar suas práticas educativas de modo a agir de maneira coerente com o que é pretendido. Assim, um professor que almeja formar um sujeito crítico e participante, capaz de contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, por exemplo, não pode ocupar o papel de transmissor de conhecimentos, nem exigir de seus educandos a passividade na recepção dos conteúdos e a reprodução literal do que foi ensinado nos momentos de avaliação. Referências CANDAU, V. M. F.; KOFF, A. M. N. S. e. A didática hoje: reinventando caminhos. Edu- cação & Realidade, v. 40, n. 2, p. 329–348, abr./jun. 2015. Disponível em: https://doi. org/10.1590/2175-623646058. Acesso em: 23 mar. 2021. CASTRO, A. D. A trajetória histórica da didática. São Paulo: FDE, 1991. (Série Ideias, 11). CORDEIRO, J. Didática. São Paulo: Contexto, 2007. 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Unoesc & Ciência, v. 9, n. 1, p. 97–106, jan./jun. 2018. Disponível em: https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/achs/article/download/14257/pdf. Acesso em: 23 mar. 2021. Leituras recomendadas CANDAU, V. M. (org.). A didática em questão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. QUEIROZ, C. T. A. P. de; MOITA, F. M. G. da S. C. Fundamentos sócio-filosóficos da educação. Campina Grande: UEPB; Natal: UFRN, 2017. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantementemudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Didática e aprendizagem14