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Trabalho de Relações ContratuaisA1

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Curso de Graduação em Direito
A AUTONOMIA DA VONTADE E A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO: OS LIMITES DA VONTADE À LUZ DA SOCIEDADE
Falta o nome da Ana Cláudia 
Ana Eliza de Jesus Teixeira
Kamila Alexandre Gonçalves de Moura
Lauany Martins dos Santos
Luciam Werner Lima
Natasha Bolsoni Sada
 
 Cabo Frio 2023
INTRODUÇÃO
 O objetivo fundamental é abordar os limites da Função Social da Propriedade e sua importância no âmbito das relações sócio jurídicas e até que ponto estas instituições legais afetam as relações pessoais. A propriedade, antes declarada como um direito absoluto, foi sendo amenizada e se adequou à função social da propriedade, ou seja, o proprietário teve que começar a cumprir determinados padrões estipulados em lei com o foco em garantir que as propriedades fossem usadas de acordo com os interesses comuns exigidos e atendendo às expectativas sociais e ambientais. A imposição de limites aos proprietários, a fim de restringir seus comportamentos para não ultrapassarem o limite no âmbito pessoal enquanto desfrutam da sua posse.
 A função social da propriedade remonta aos tempos antigos, Aristóteles já considerava que a propriedade deveria ser privada, mas que a sua utilização deveria ser comum, a evolução dela na ordem jurídica, no decorrer das promulgações Constitucionais, e como o instituto da propriedade se modificou passando de um direito considerado absoluto e importante de usar, gozar e dispor de um bem para um direito digno, condicionado aos discursos sociais que envolvem a funcionalização, pois os movimentos sociais crescem cada vez mais e o Estado exige ações que protejam a função social, desempenhando um papel mais firme e penalize aqueles que não a cumprem, tomando se conhecimento de informações que não eram de conhecimento antes da pesquisa realizada e com ela consegue entender um pouco sobre a evolução legal da propriedade e sua função diante da importância ao ordenamento jurídico. 
 A autonomia vem do grego “auto nomos”, ou seja, aquele que estabelece suas próprias leis ou aquele que se auto governa, e autonomia A condição de uma pessoa ou de uma coletividade cultural, que determina ela mesma a lei à qual se submete, sendo considerado um valor absoluto. Vindo após a influência dos ideais revolucionários dos franceses (século XVIII), que acreditavam que os homens eram totalmente livres e iguais, por isso deveriam reconhecer a liberdade de gerar direitos. A liberdade (buscada por Kant e pelos revolucionários franceses) encontra se limitações. O ser, muitas vezes, não tem autonomia para escolher se quer contratar ou não. Por outro lado, o Estado impõe obrigações sem considerar a escolha dele, no que se encontra no Art. 5º, II da CF de 1988, tendo o direito de fazer tudo aquilo que tem vontade desde que não prejudique o outro, sendo assim o senhor de si mesmo e se responsabilizando por suas escolhas. 
 A proteção da autonomia tem como objetivo conferir ao indivíduo “o direito de autodeterminação, fazendo escolhas que digam respeito a sua vida e ao seu desenvolvimento humano” valendo lembrar que a vontade relaciona se com a liberdade de autodeterminação e a autonomia privada ao poder de auto-regulamentação, mas ambas são livres. A vontade é contratual (contractus), pelo qual a liberdade será exercida nos limites da função social do contrato, exemplificando é o contrato que limita a autonomia, sendo assim o para que ela não afronte o interesse coletivo. Embora esta limitação possa atingir a liberdade de não contratação, esse princípio vem contrapor a noção clássica de que as partes podem fazer qualquer coisa só por estarem exercendo como bem entende.
1. DO CONTRATO
 O contrato é um acordo legal entre duas ou mais partes, que estabelece as obrigações e direitos de cada uma delas em relação a determinado assunto. A validade do contrato depende de alguns requisitos essenciais que devem ser observados para que ele seja considerado legal e vinculativo.
1.1 Quais as validades do contrato? 
 A validade de um contrato depende de vários fatores, como a capacidade legal das partes envolvidas em celebrar o contrato, a existência de um objeto lícito e possível de ser contratado, a observância das formalidades exigidas por lei e a ausência de vícios de consentimento, como erro, dolo, coação ou fraude. Assim, para que um contrato seja válido, é necessário que as partes tenham a capacidade jurídica para contratá-lo, o objeto seja lícito, possível e determinado ou determinável, e que a vontade das partes seja livre e esclarecida. Além disso, é importante que o contrato esteja em conformidade com as formalidades exigidas por lei e que não haja vícios que possam comprometer a validade do acordo.
 Caso algum desses requisitos não seja atendido, o contrato poderá ser considerado inválido ou nulo, podendo ser anulado por decisão judicial.
 O que torna um contrato válido? Temos o art. 104 do CC que determina os requisitos essenciais a validade do contrato: 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
· Agente capaz: é aquele que tem aptidão de exercer por si só seus atos civis. Caso haja incapacidade de algumas das partes o negócio poderá ser anulado. 
· Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
· O objeto lícito: O contrato deve ser algo que possa ser legalmente objeto de negociação, não podendo afetar a lei ou a moralidade 
· Objeto possível: Se refere àquilo que pode ser objeto de uma relação jurídica e que não esteja em desacordo com as leis e normas vigentes. 
· Objeto determinado ou determinável: É aquele que pode ser claramente identificado e descrito de forma específica e precisa. 
· Forma prescrita ou não defesa em lei: É uma forma de formalização do tipo de contrato em questão e das disposições legais e aplicáveis a ele. E a forma que a lei determinada se o contrato será considerado válido ou que irá produzir efeitos jurídicos. 
 E temos também outro requisito que também é exigido para que o contrato se torne válido que é o: 
· Consentimento livre e esclarecido: Onde as partes devem está de acordo com os termos do contrato de forma livre, ou seja, que as partes devem ter tido total entendimento do que se está contratando e as consequências legais do contrato. 
 Caso alguns desses Requisição não seja atendido, o contrato pode ser considerado inválido ou nulo, o que significa que ele não irá produzir efeitos jurídicos. 
 Nesse sentido, Maria Helena Diniz salienta:
“Poder-se-á dizer que contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”.[3]
1.1.1 Os princípios do Direito contratual
 Princípio da autonomia da vontade: Esse princípio dá uma liberdade contratual entre as partes de discutirem livremente sobre o conteúdo de suas avenças. 
 Princípio do consensualismo: O famoso “um não quer, dois não fazem”. Princípio que exige o consenso entre as partes de forma que tenha um esclarecimento para perfeita formação de contrato.
 Nesse sentido, dispõe Carlos Roberto Gonçalves:
 “A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde que as partes acordem no objeto e no preço (CC, art. 482). O contrato já estará perfeito e acabado desde o momento em que o vencedor aceitar o preço oferecido pela coisa, independentemente da entrega desta”.[18
 Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: É aquele que para produzir efeito depende que as partes manifestem a sua vontade de modo que não afete a terceiros no negócio jurídico. 
 Nesse sentido, dispõe Carlos Roberto Gonçalves:
“Não resta dúvida de que o princípio da relatividade dos efeitos docontrato, embora ainda subsista, foi bastante atenuado pelo reconhecimento de que cláusulas gerais, por conterem normas de ordem pública, não se destinam a proteger unicamente os direitos individuais das partes, mas tutelar o interesse da coletividade, que deve prevalecer quando em conflito com aqueles.[19]”
 Princípio da obrigatoriedade dos contratos: Este princípio evidencia que os pactos firmados devem ser obedecidos pelas partes contratantes e proporcionar as partes envolvidas numa relação jurídica. 
 Princípio da boa – fé: Princípio que as partes tem o dever de agir com honestidade e lealdade com a outra parte da relação contratual. 
 Tal princípio foi inserido no artigo 422, do Código Civil, assim transcrito:
 “Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”.[26]
2. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE DAS PARTES
 Em primeiro plano, convém ressaltar que os contratos são negócios jurídicos oriundos de atos de autonomia da vontade. Paralelamente, no que tange as relações contratuais, o princípio da Autonomia das Partes discorre que os sujeitos, desde que munidos de capacidade jurídica, possuem o poder de perpetrar ações e incumbir-se de obrigações consoantes a sua vontade. 
 Sob esse prisma, destaca-se a relevância que emana o princípio da autonomia da vontade, representando a liberdade de contratar, emitindo regras que devem ser observadas entre as partes. Assim, da vontade derivada pelas partes, surge a necessária força vinculante dos contratos traduzida pelo princípio pacta sunt servanda, que significa "pactos devem ser respeitados" ou "acordos devem ser mantidos". Nesse sentido, ressalta-se também o princípio rebus sic stantibus, que significa "estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas estão assim". Ambos os princípios regem o cumprimento dos contratos, sejam eles privados ou públicos.
 Ademais, é lícito inferir a Constituição Federal, ao fixar no artigo 5º, II, estabeleceu não só o princípio da legalidade, como também preconizou, a contrário sensu, que todos são livres para decidirem fazer ou deixar de realizar tudo o que quiserem, desde que não haja lei em contrário. Assim, sendo os indivíduos autossuficientes para praticar o que tiverem vontade.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
 Outrossim, assim como os demais princípios contratuais, a autonomia da vontade não é absoluta, encontrando inúmeras limitações em outros princípios e até mesmo na lei. A teoria contratual clássica possui um caráter isolacionista de abordagem, favorecendo os bens materiais. Entretanto, essa visão veio a sucumbir e levou consigo o individualismo que permeava a interpretação da relação jurídica. 
 Nesse ínterim, houve uma drástica mudança no Código Civil que passou a privilegiar a dignidade da pessoa humana em detrimento dos bens materiais e pecuniários. Destacando assim, a crescente tendência de orientações reguladoras, atentadas ao bem estar social. Pautando, assim, a relação contratual a base de tutela da pessoa e um suporte para o livre desenvolvimento da solidariedade nas relações contratuais. 
 De maneira semelhante a qual se constitucionalizou a proteção aos direitos da pessoa, é certo inferir que o negócio jurídico passou a ser compreendido por padrões de controle sociais regados da boa-fé objetiva.
 Além disso, para que as partes sejam totalmente autônomas, deve haver consentimento genuíno entre os contratantes para que suas vontades sejam realmente livres e conscientes. Portanto, não deve haver pecado de consentimento nos negócios jurídicos – a vontade declarada deve corresponder à vontade real.
3.FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
A função social do contrato é um princípio fundamental do Direito Civil que foi introduzido no novo Código Civil brasileiro de 2002. Ele estabelece que todo contrato deve ter uma finalidade social e não pode ser utilizado apenas para atender aos interesses individuais das partes envolvidas.
A função social do contrato pode ser definida como um princípio que impõe aos contratantes a obrigação de cumprir seus deveres de maneira a contribuir para o bem-estar social e para o desenvolvimento econômico do país. Isso significa que o contrato não deve ser visto apenas como um instrumento de satisfação dos interesses individuais das partes, mas também como uma ferramenta para a realização do bem comum.
Dessa forma, pode-se dizer que a função social do contrato tem como objetivo assegurar a harmonia entre os interesses individuais e os interesses coletivos, evitando abusos e injustiças nas relações contratuais, impondo limites à autonomia privada das partes contratantes, que não podem agir de forma a prejudicar terceiros ou a sociedade como um todo, tendo como objetivo garantir que o contrato cumpra sua função social, promovendo o bem-estar coletivo e não apenas o interesse particular de cada um dos contratantes.
O professor, árbitro, escritor, mestre em Direito Civil pela PUC-SP, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça e São Paulo e membro fundador da Academia Brasileira de Direito Civil, Carlos Roberto Gonçalves (1938), resume a função social do contrato como: 
“A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da teoria contratual. Por identidade dialética guarda intimidade com o princípio da “função social da propriedade” previsto na Constituição Federal. Tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes”
Ou seja, segundo Gonçalves, a função social do contrato exige que as partes, ao celebrarem um contrato, observem não apenas seus interesses particulares, mas também os interesses da coletividade e da ordem social. Isso implica em limitações à autonomia da vontade dos contratantes, que não podem dispor livremente de direitos e interesses que tenham relevância social.
Assim, a função social do contrato é um princípio de ordem pública que deve ser observado em todas as relações contratuais. Ele representa uma mudança de paradigma em relação ao código anterior, o Código de Beviláqua (primeiro código civil brasileiro) que enfatizava a liberdade contratual e a proteção do patrimônio individual em detrimento do bem-estar social.
Trata-se, portanto, de um princípio fundamental do Direito Civil contemporâneo, que busca equilibrar a liberdade contratual com a proteção da dignidade humana e dos valores sociais.
O artigo 421 do Código Civil Brasileiro prevê a função social do contrato, que implica que as partes envolvidas em um contrato devem considerar não apenas seus próprios interesses, mas também os interesses da coletividade e da sociedade como um todo. Essa função social não elimina o princípio da autonomia contratual, que permite às partes definir livremente as condições do acordo.
No entanto, a função social do contrato atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais (ou seja, interesses que afetam um grupo de pessoas) ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. Nesses casos, a autonomia contratual deve ser exercida de forma responsável e em conformidade com os valores e normas da sociedade.
Por exemplo, um contrato que viola os direitos humanos ou que prejudica o meio ambiente pode ser considerado inválido ou ilegal, mesmo que as partes tenham concordado com seus termos. Da mesma forma, um contrato que coloca em risco a saúde ou a segurança das pessoas pode ser anulado ou modificado em benefício do interesse coletivo.
Assim, a função social do contrato tem o objetivo de equilibrar os interesses individuais e coletivos, garantindoque os contratos sejam justos e benéficos para toda a sociedade, não apenas para as partes envolvidas.
CONCLUSÃO
Portanto o contrato é um acordo de vontade entre duas ou mais pessoas, estabelecendo suas obrigações e direitos no contrato. Sendo assim a validade dos contratos depende de alguns requisitos fundamentais que devem ser cumpridos no contrato.
A validade dos contratos depende de alguns fatores expressos no código civil art. 104, se algum desses requisitos não for atendido, o contrato tornar-se-á nulo ou anulável. Sendo assim, se o contrato acompanhar todos os requisitos do art. 104 do CC, logo, será um contrato valido. 
O contrato precisa ter a boa-fé objetiva, segundo o qual as partes possuem o dever de agir com base em valores éticos e morais da sociedade, como lealdade, transparência e colaboração, a serem observados em todas as fases do contrato.
Desta maneira temos alguns princípios importantes, Principio da Autonomia da Vontade, Princípio do Consensualismo, Princípio da relatividade dos efeitos do contrato, Princípio da obrigatoriedade dos contratos e o Princípio da boa – fé.
Autonomia da vontade é um princípio jurídico típico do Direito Civil, a ideia central é que as pessoas podem criar normas e obrigações recíprocas por meio de contratos, que são estabelecidos com base em suas vontades individuais.
Princípio Pacta Sunt Servanda, trata-se de um princípio que fortalece a autonomia da vontade das partes, o Princípio Rebus Sic Stantibus, permanecendo os fatos, assim o contrato pode permanecer como está, os dois princípios possuem o cumprimento dos contratos, sendo privado ou público. 
Por fim, temos a Função Social do Contrato, sendo um princípio fundamental no nosso ordenamento jurídico, ele determina que todos os contratos necessitam ter uma finalidade social, não podendo ser usado para interesses individuais das partes do contrato. Sendo de ordem pública e tem que ser observado nas relações contratuais. 
A Função Social do Contrato prevista no art. 421 do CC, é importante que aqueles que assinam um contrato levem em conta não só seus próprios interesses, mas também os interesses da coletividade e da sociedade como um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KAUCHE, Leandro. A formação do vínculo contratual: Jus. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/55730/a-formacao-do-vinculo-contratual. Acesso em: 21/04/2023
ALBUQUERQUE, Anderson. A função social do contrato. Escola Judicial: Tribunal Regional Do Trabalho Da 4° Região. Disponível em: https://www.trt4.jus.br/portais/escola/modulos/noticias. Acesso em: 21/04/2023
ALBUQUERQUE, Anderson. A função social do contrato. Constitucionalização do Direito Civil: Jusbrasil. Disponível em: https://ayresbello.jusbrasil.com.br/artigos/387772463/a-funcao-social-do-contrato. Acesso Em 18/04/2023
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