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Desafios Econômicos em Moçambique

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Mozambique que Economic Forum
Presidente: 
CEO: Momade Mucanheia 
Director: Egas Daniel
Country Economic Paper (CEP)
Ref. CEP01/05/2024/EMOZ
Data: 1 de Junho de 2024
Contribuintes
Gift Essinalo, BA. Economia, Universidade Eduardo Mondlane
Marcelo Ferreira, BA, Economia, Universidade Pedagógica.
Eribelto Matemate, BA. Economia e Gestão Empresarial, Unilúrio.
O FMI VAI FINANCIAR MOÇAMBIQUE?
O FMI anunciou no dia 29 de Maio de 2024, que o Governo de Moçambique usa 73% dos impostos e taxas para pagar salários aos funcionários do aparelho do Estado. Conforme Alexis Meyer Cirkel, tal situação pode condicionar a continuidade do apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao país. De acordo com a posição do FMI, os 73% não são gastos de investimento, nem de infra-estrutura, ou desenvolvimentos de pessoal, pelo que não melhoram a diversificação da economia, recomendações que o FMI assume como essencial para alavancar o crescimento, e a renda per capita do país. 
Conforme o representante do FMI em Moçambique, Alexis Meyer Cirkel, a recomendação é trazer a massa salarial para aquilo que foi acordado no final do ano passado como a lei do Orçamento do Estado. Se isso não acontecer, o FMI observa grandes riscos para a sustentabilidade da despesa com a massa salarial, e fiscal”.
O Grupo do Conteúdo Local compreende e é cepticista quanto a posição do Fundo Monetário Internacional por razões múltiplas. Primeiro porque não é novidade a pressão da massa salarial, porém o peso advém do interlocutor, isto é, sendo dito pelo FMI tem maior peso, e havendo um pacote de apoio em curso ao Governo de Moçambique, tal peso aumenta.
A massa salarial já pressiona o Governo mesmo antes do anúncio da TSU, e aliás, a reforma visava resolver este problema, contudo, a gestão das expectativas foi difícil a ponto de se ultrapassar significativamente o impacto orçamental inicialmente previsto. 
O Conteúdo Local prevê que os próximos anos serão de contenção, e de um ambiente difícil de dinamizar o desenvolvimento via investimento. Mas há algumas medidas "simples", que combinadas, podem ajudar a minimizar o problema:
1. O topo emitir qualquer sinal de contenção de gastos para ancorar as expectativas dos grupos de pressão por aumentos salariais (profissionais de saúde, professores, juízes e outros grupos possíveis).
2. Diminuir o desvio entre as despesas planificadas e as realizadas (estão quase sempre acima), o que requer uma Assembleia da República actuante, com capacidade técnica, e uso do seu poder para limitar o executivo, incluindo obrigar que desvios significativos entre o Plano e a Execução estejam sujeitos a um Orçamento Rectificado. 
3. Relaxar (flexibilizar) a política monetária (continuando a reduzir as taxas de juros e o 
4. coeficiente de reservas, se necessário) para melhorar o financiamento o sector privado e este ser o motor da recuperação da economia que pode até aumentar as Receitas do próprio Estado logo a seguir.
5. Optimizar a despesa (minimizar desperdícios) e optimizar a receita (minimizar a fuga ao fisco e fluxo ilícito de capitais), aplicando medidas já conhecidas e mencionadas por muitos.
Comentários Especiais
A crítica principal do FMI, representada por Alexis Meyer Cirkel, está na falta de investimentos que possam impulsionar o desenvolvimento econômico. A alta despesa com salários não contribui para a criação de uma base econômica mais diversificada e resiliente. Pelo contrário, pode criar um ciclo de dependência fiscal e limitar a capacidade do governo de responder a crises econômicas ou de investir em setores estratégicos.
Para mitigar esses riscos e assegurar a continuidade do apoio do FMI, o governo de Moçambique deve considerar uma série de reformas. Primeiro, é crucial a implementação rigorosa da lei do Orçamento do Estado, conforme acordado anteriormente. Isso implica uma revisão e possível redução da massa salarial pública, alinhando-a com os limites sustentáveis. 
Além disso, uma reforma administrativa que aumente a eficiência do setor público pode ajudar a reduzir despesas sem comprometer os serviços essenciais. Paralelamente, o governo deve redirecionar os recursos economizados para investimentos em infraestrutura, educação, saúde e outros setores que possam promover um crescimento econômico mais robusto e inclusivo. 
A promoção de políticas que incentivem o setor privado, como a melhoria do ambiente de negócios, também é vital para diversificar a economia e aumentar as receitas fiscais de maneira sustentável.
Essas medidas não só atenderiam às recomendações do FMI, mas também fortaleceriam a base econômica do país, tornando-a menos vulnerável a choques externos e mais capaz de sustentar um crescimento econômico a longo prazo.
Adicionalmente, a questão da insurgência na região norte cria choques económicos internos pelo facto do nosso ambiente de negócios ser volátil e de alto risco.
Um dos argumentos para a difícil gestão das expectativas tem que ver com os ânimos em relação às Receitas do Gás. Os sucessivos governos poderão ter a tendência de maximizar suas despesas nem que seja através do endividamento público. Gerir essas expectativas talvez seja o maior desafio, pois requer um comprometimento muito forte por parte dos fazedores de política econômica, e sobretudo dos políticos. 
Referências
https://opais.co.mz/fmi-revela-que-93-das-receitas-do-estado-pagam-salarios-e-dividas/

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