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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-19, 2024 
 
 jan. 2021 
Finitude e o sentido da vida na experiência da aposentadoria no 
envelhecimento: um olhar logoterapêutico em conexão com a neurociência 
(segunda parte) 
 
Finitude and the meaning of life in the experience of retirement in aging: a 
logotherapeutic perspective in connection with neuroscience (second part) 
 
Finitud y sentido de la vida en la experiencia de la jubilación en el 
envejecimiento: una visión logoterapéutica en conexión con la neurociencia 
(segunda parte) 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-121 
 
Originals received: 05/10/2024 
Acceptance for publication: 05/31/2024 
 
Flávio Luiz Honorato da Silva 
Graduando em Psicologia 
Instituição: Faculdades Três Marias (FTM) 
Endereço: João Pessoa - Paraíba, Brasil 
E-mail: flavioluizh@yahoo.com.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1307-3324 
 
Joyce Kelly Monteiro de Carvalho 
Mestra em Neurociência Cognitiva e Comportamento pela Universidade Federal da Paraíba 
Instituição: Faculdades Três Marias 
Endereço: João Pessoa - Paraíba, Brasil 
E-mail: joycemontcarvalho@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1038-0732 
 
Sarah Xavier Vasconcelos de Fialho Rodrigues 
Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco 
Instituição: Faculdades Três Marias 
Endereço: João Pessoa - Paraíba, Brasil 
E-mail: sarah_xpv20@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3101-5577 
 
RESUMO 
Neste artigo será continuado a discussão do tema central do artigo anterior (parte 1), Silva et al. 
(2024), tendo a finalidade de acrescentar a temática da potencialidade dos idosos com a visão de 
pesquisas atuais da neurociência que possibilite maior complementação do tema mãe, ou seja, a 
finitude da vida e o sentido na vida na experiência da aposentadoria no envelhecimento, com um 
olhar logoterapêutico. É apresentado um estudo de levantamento da literatura acerca do tema 
sentido de vida e finitude, na perspectiva da Logoterapia e Análise Existencial, no 
desenvolvimento da etapa do idoso, aposentadoria e contextualização com as atuais pesquisas 
das neurociências, sendo uma continuação, com acréscimo da visão da neurociência. Neste 
mailto:flavioluizh@yahoo.com.br
mailto:joycemontcarvalho@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-1038-0732
mailto:sarah_xpv20@hotmail.com
 
2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-19, 2024 
 
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presente artigo, que é o tema principal do trabalho de final de curso do primeiro autor, como 
exigência para conclusão da graduação em bacharelado em Psicologia, procura-se discutir as 
perspectivas da Logoterapia frankliana em convergência com os achados atuais das pesquisas 
das neurociências. Utilizou-se da metodologia qualitativa descritiva reflexiva, com base 
fenomenológico-existencial na perspectiva da abordagem da Logoterapia e Análise Existencial 
e pesquisas atuais da neurociência do idoso, por levantamento bibliográfico. Pode-se concluir 
que com a contextualização entre Logoterapia e Análise Existencial e a neurociência do idoso, a 
relevância do diálogo teórico e de perspectivas que venham a contribuir com o olhar ao 
envelhecimento humano e as descobertas atuais da neurociência é pertinente para o psicólogo e 
educador, entre outras profissões, observando-se confirmações da teoria frankliana que se aplica 
desde meados do século XX e bem atual para o nosso século XXI, com os achados das pesquisas 
da neurociência do desenvolvimento psicológico do idoso. 
 
Palavras-chave: logoterapia, análise existencial, autotranscendência, psicologia, 
desenvolvimento da psicologia do idoso, neurociência. 
 
ABSTRACT 
In this article, the discussion of the central theme of the previous article (part 1), Silva et al., 
(2024), with the purpose of adding the theme of the potential of the elderly with the vision of 
current neuroscience research that allows greater complementation of the mother theme, that is, 
the finiteness of life and the meaning of life in the experience of retirement in aging, with a 
logotherapeutic look. A literature survey study is presented on the theme of meaning of life and 
finitude, from the perspective of Logotherapy and Existential Analysis, in the development of 
the elderly stage, retirement and contextualization with current neuroscience research, being a 
continuation, with the addition of the vision of neuroscience. In this present article, which is the 
main theme of the first author's final course work, as a requirement for completing a bachelor's 
degree in Psychology, we seek to discuss the perspectives of Franklian Logotherapy in 
convergence with current findings from neuroscience research. A reflective descriptive 
qualitative methodology was used, with a phenomenological-existential basis from the 
perspective of the Logotherapy and Existential Analysis approach and current research into the 
neuroscience of the elderly, through a bibliographic survey. It can be concluded that with the 
contextualization between Logotherapy and Existential Analysis and the neuroscience of the 
elderly, the relevance of theoretical dialogue and perspectives that will contribute to the look at 
human aging and current discoveries in neuroscience is pertinent for the psychologist and 
educator , among other professions, observing confirmations of the Franklian theory that has 
been applied since the middle of the 20th century and is very current in our 21st century, with 
the findings of neuroscience research into the psychological development of the elderly. 
 
Keywords: logotherapy, existential analysis, self-transcendence, psychology, development of 
elderly psychology, neuroscience. 
 
RESUMEN 
Este artículo continuará la discusión del tema central del artículo anterior (parte 1), Silva et al. 
(2024), con el objetivo de agregar el tema de la potencialidad del anciano con la visión de la 
investigación neurocientífica actual que permite una mayor complementación del tema madre, 
es decir, la finitud de la vida y el sentido de la vida en la experiencia de la jubilación en el 
envejecimiento, con una mirada logoterapéutica. Se presenta un relevamiento de la literatura 
 
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sobre el tema del sentido de la vida y la finitud, desde la perspectiva de la Logoterapia y el 
Análisis Existencial, en el desarrollo de la etapa de la vejez, la jubilación y la contextualización 
con la investigación neurocientífica actual, siendo una continuación, con el agregado de la visión 
de la neurociencia. En este artículo, que es el tema principal del trabajo final de curso de la 
primera autora, como requisito para completar la licenciatura en Psicología, el objetivo es discutir 
las perspectivas de la Logoterapia Frankliniana en convergencia con los hallazgos actuales de la 
investigación en neurociencia. Se utilizó una metodología cualitativa, descriptiva y reflexiva, 
basada en un abordaje existencial-fenomenológico desde la perspectiva de la Logoterapia y del 
Análisis Existencial y de las investigaciones actuales sobre la neurociencia del anciano, a través 
de un relevamiento bibliográfico. Se puede concluir que con la contextualización de la 
Logoterapia y Análisis Existencial y la neurociencia de los ancianos, la relevancia del diálogo 
teórico y las perspectivas que contribuyen a mirar el envejecimiento humano y los 
descubrimientos actuales de la neurociencia es pertinente para los psicólogos y educadores, entre 
otras profesiones, observando confirmaciones de la teoría frankliana que se viene aplicando 
desde mediados del siglo XX y es muy actual para nuestro siglo XXI, con los hallazgos de la 
investigación neurocientífica sobre el desarrollo psicológico de los ancianos. 
 
Palabras clave: logoterapia, análisis existencial, autotrascendencia,psicología, desarrollo 
psicológico de las personas mayores, neurociencia. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho apresenta um estudo de levantamento da literatura acerca do tema sentido 
de vida e finitude, na perspectiva da Logoterapia e Análise Existencial, no desenvolvimento da 
etapa do idoso, aposentadoria e contextualização com as atuais pesquisas das neurociências. Este 
artigo é uma continuação, com acréscimo da visão da neurociência do artigo de Silva et al. (2024) 
que abordou o mesmo tema, mas como pressupostos teóricos da finitude, velhice e aposentadoria 
apenas com o olhar frankliano. Neste presente artigo, que é o tema principal do trabalho de final 
de curso do primeiro autor, como requisito para conclusão da graduação em bacharelado em 
Psicologia, busca-se abordar as perspectivas da Logoterapia frankliana em convergência com os 
achados atuais das pesquisas das neurociências. 
No primeiro artigo (parte I) de Silva et al. (2024), foram discorridas as temáticas: 
Envelhecimento, Logoterapia e análise existencial, Sentido na vida do aposentado idoso e Perdas 
e o processo de finitude na velhice. Neste artigo será continuado com a discussão do tema central 
do artigo anterior, buscando acrescentar a temática da potencialidade dos idosos com a visão de 
pesquisas atuais da neurociência que promovam maior esclarecimento do tema mãe, ou seja, a 
 
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finitude da vida e o sentido na vida na experiência da aposentadoria no envelhecimento, com um 
olhar logoterapêutico. 
Conforme Cezar et al. (2022) os idosos são indivíduos assim designados pelo contexto 
de uma conjuntura sociocultural estabelecida, que são identificadas “de acordo com sua idade 
cronológica, aparência física, funcionalidade, produtividade e exercício de papéis sociais”. Sendo 
o período da vida idosa, considerada a última etapa do ciclo vital da vida de um indivíduo, 
 
em seu processo de desenvolvimento, envelhecimento ou senescência. Essa etapa da 
vida pode sofrer grande alteração, em função dos aspectos “de características 
individuais, biológicas, genéticas, sociais, de desenvolvimento psicológico e utilização 
de tecnologias científicas” (Silva et al., 2024). 
 
A neurociências, entre muitos aspectos do ser humano e suas fisiologias, utiliza-se da 
psicologia evolutiva para estudar as emoções, considerando-a compostas por reações 
psicológicas e fisiológicas, sendo responsáveis por estimular algumas maneiras de 
comportamentos humanos e outras espécies animais, considerando como parte de um único 
fenômeno (Romero e Souza, 2023). Rêgo (2023) acentua que a fisiologia do ser humano 
apresenta aspectos dinâmicos, podendo adaptar-se às mudanças do ambiente interno e externo, 
chamado este fenômeno de neuroplasticidade ou plasticidade cerebral, o que é muito comum 
encontrar nas pessoas idosas, que conseguem o ganho de funcionalidade depois de acidentes no 
cérebro e no desenvolvimento normal nesta fase de vida. 
De acordo com Levitin (2024) o intelecto do idoso apresentar-se de forma mais lenta se 
comparada aos mais jovens no processamento de informações, entretanto pode sintetizar de 
maneira mais intuitiva abarcando as informações adquiridas para tomar decisões mais sábias, em 
função de toda carga apreendida na vida vivenciada. O maior problema detectado nos estudos da 
neurociência é que o declínio biológico afeta a cognição do idoso, dificultando ao idoso continuar 
ativo e engajado em tarefas que o motive a ter sentido na vida. Mas Levitin (2024) afirma que 
com o avanço da tecnologia médica (biotecnologia) e com o acréscimo no estilo de vida mais 
saudável desta população a consequência é uma vida do idoso com mais bem-estar, encontrando 
maior motivação de viver com qualidade e sentir-se útil a sociedade, assim, a depressão e os mal-
estar biopsíquicos apresentam reduções vigorosas, pois encontra uma tarefa na vida com 
significado. 
 
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De acordo com Leite (2021) o envelhecer é um fenômeno natural da vida evidenciado por 
um declínio cognitivo e funcional considerado de leve a moderado, em função da ocorrência de 
degeneração da mielina, tendo como implicação o comprometendo da associação entre diferentes 
áreas cerebrais. De acordo com o autor, “as regiões cerebrais mais afetadas por esse processo são 
as responsáveis pelas funções executivas, velocidade de processamento e memória”. 
Levitin (2024, p. 153) apresenta uma bela definição de inteligência que é: 
 
Qualquer que seja a maneira de medi-la, mais inteligência deveria significar que somos 
mais capazes de resolver novos problemas. Esses problemas podem ser teóricos ou 
acadêmicos, físicos, práticos, estéticos, interpessoais ou mesmo espirituais. 
 
Segundo o mesmo autor, é em função disso que os idosos apresentam inteligências de 
resolverem problemas na vida pelo ganho de sabedoria adquirida na vivência dos anos vividos, 
conseguindo detectar padrões que os capacitam fazerem previsões de soluções de problemas com 
base nesse conjunto acumulado ao longo da vida, associando informações passadas com as 
demandas presentes. 
Na experiência do neurocientista Levitin (2024, p. 9), na época com 40 anos, relata que 
observava seus colegas de trabalho, professores e pesquisadores, quando estavam perto de se 
aposentarem com “o olhar sem brilho, o sorriso sem esperança com um questionamento de como 
seria o futuro do aposentado, com muito tempo livre para fazer o que”. Mas, nos últimos tempos, 
hoje um sessentão, Levines observa que, pessoas acima de 60 anos, considerado o início da idade 
inicial do idoso, apresentam vidas cheias de vitalidade, mostrando os casos de seus pais, na faixa 
de 85 anos, que se envolvem em relações sociais, espirituais, exercícios ficicos como caminhadas 
na natureza e até iniciando novos projetos de vida. Ele afirma: “Aparentam a idade, mas se 
sentem os mesmos que eram cinquenta anos atrás, e se admiram com isso. 
Na abordagem da Logoterapia e Análise Existencial Frankl (2018) afirma que nossas 
escolhas, dentro da liberdade e responsabilidade, nos amoldam ao sentido na vida, ou seja, como 
comprovada pela neurociência “Nossas escolhas ditam grande parte da vida que levamos” 
(Levitin, 2024, p. 22) e levaremos. Na avaliação de Pereira (2024, p. 14) utilizando-se dos 
pensamentos de Viktor Frankl, em qualquer etapa do desenvolvimento humano: 
 
Para Frankl não se trata apenas de ter uma existência para viver, mas de possuir um 
sentido de vida e com sua essência de ser e existir. Em cada pessoa existe um sentido 
 
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de vida a ser descoberto somente poe ela própria. Um sentido que pode ser encontrado 
no amor, no trabalho e até mesmo no sofrimento. 
 
O criador da Logoterapia e Análise Existencial, Frankl (2018), no Best-seller e Long- 
seller do livro “Em busca de sentido” afirma que o ser humano não busca diretamente a 
felicidade, mas sim razão para ser feliz. 
Desta forma o presente artigo teve o objetivo da compreensão do sentido de vida e da 
finitude de idosos, apresentados no trabalho de Silva et al. (2024), buscando, com acréscimos 
das concepções atuais da neurociência, corroborar com a perspectiva da Logoterapia e Análise 
Existencial, nas relações entre sentido de vida e finitude na aposentadoria dos trabalhadores 
idosos e suas implicações psicológicas nas suas vidas até a finitude da vida. 
 
2 METODOLOGIA 
 
O presente artigo foi elaborado por intermádio de uma revisão da literatura baseada na 
metodologia de Koche (2011). Utilizou-se de uma revisão narrativa (discursiva) da literatura 
sobre o tema discutido, que de acordo com Gil (2018) é um método de pesquisa que utiliza 
literatura já disponíveisem artigos em periódicos e livros. 
Esta pesquisa foi de natureza qualitativa, com base na metodologia qualitativa descritiva 
reflexiva fenomenológicoa-existencial na perspectiva da abordagem da Logoterapia e Análise 
Existencial, por levantamento da literatura especializada nas áreas de estudo (utilizou-se de 
fundamentação teórica da Logoterapia e Análise Existencial, pensamento de Viktor Emil Frankl 
e da neurociência do envelhecimento). 
 
3 DISCUSSÃO 
 
3.1 LOGOTERAPIA E NEUROCIÊNCIAS 
 
Nas afirmações de Levitin (2024, p. 9) observam-se nas pesquisas da neurociência que 
detecta que há influências biológicas na cognição dos idosos, em geral, algumas faculdades ficam 
mais lentas, mas além da descoberta da plasticidade que ocorre no cérebro do idoso ao longo do 
transcorrer do desenvolvimento desta fase final da vida, 
 
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Entram em ação mecanismos extraordinários de compensação-mudanças positivas de 
atitude e disposição, acompanhadas pelas vantagens excepcionais da experiência. Sim, 
o intelecto mais idoso pode ser mais lento do que o mais jovem para processar 
informações, mas consegue sintetizar de forma intuitiva toda uma vida de informações 
e tomar decisões mais inteligentes, baseadas em décadas de aprendizado com seus 
próprios erros. 
 
Nos pensamentos de Frankl (2010, p. 147) ele afirma um imperativo categórico 
recomendando a todo ser humano que na experiência na vida, viva como se estivesse vivendo 
pela segunda vez, e como na primeira vez tivesse realizado a opção tão equivacada com está 
prestes a ser realizada neste momento. Isto confirma a assertiva dos achados da neurociência 
apresentado acima pelas afirmações de Levitin. Ou seja, a sabedoria da vida é aprendida com os 
seus erros e acertos. 
No trabalho de Levitin (2024) é apresentado como objetivo do livro, relacionando 
pesquisas recentes da neurociência do desenvolvimento e da psicologia das diferenças 
individuais, uma nova abordagem dos achados e percepções dos estudos neuropsicológicos sobre 
o período final da vida (desenvolvimento dos idosos), onde estas várias áreas de estudos, 
demostram que este período de desenvolvimento do idoso, “não é apenas um período de 
decadência, mas um estágio original de desenvolvimento”, frisando que como o desenvolvimento 
da infância, da adolescência e adulta, o envelhecer apresenta suas exigências e vantagens próprias 
da idade. 
Como afirma Frankl (2019), nos seus pensamentos, o período do envelhecer é uma 
situação da transitoriedade da existência humana, afirmando que essa transitoriedade é a base 
noética do incentivo à responsabilidade nesta fase da vida. Frankl foi uma constatação que 
sempre há um sentido e um valor, em todas as etapas da vida: 
 
Não encontro nada mal em envelhecer, pois na medida que estou envelhecendo, estou 
amadurecendo. O envelhecer é um aspecto do perecível da existência humana, mas no 
fundo, é um grande incentivo para a responsabilidade, para o reconhecimento de que o 
ser responsável é uma característica tão básica como essencial da existência humana. 
 
No trabalho de Zanatta et al. (2021) afirmam que durante a vida, o ser humano perpassa 
por vários processos de transição, ou seja, da infância para adolescência, adolescência para a vida 
adulta e da vida adulta para a velhice. Em geral, conforme os autores, o processo de 
envelhecimento é observado como um período de perdas e diminuição do vigor físico, na 
memória, na agilidade, e na saúde de um modo geral. É nessa fase que o ser idoso se aposenta 
 
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ou pretende se aposentar, encerrando o fim da vida laboral que, no caso do professor 
universitário, é um momento de redução das tarefas, em geral, do ensino, da pesquisa, da 
extenção e da administração realizados em mais de 30 anos de sua docência. 
O maior impacto é na vida social do trabalho, da convivência diária com as pessoas da 
instituição, “há um afastamento natural dos colegas de trabalho e, a partir disso, a necessidade 
de uma readaptação da própria vida e também da relação familiar”. Segundo os autores no 
momento da aposentadoria, a pessoa idosa adquire a possibilidade de conviver mais tempo com 
sua família, o que provavelmente não ocorreu durante toda a vida laboral. Isto possibilita o 
fortalecimento dos vínculos conquistados em todo período anterior da vida. Muitas vezes vem os 
netos, os filhos estão fora de casa, a família está dispersa em termos de distância, ou seja, em 
cidades diferentes e muitas vezes longe da casa dos pais. 
Tempo não será problema, quando era problema antes da aposentadoria. Mas agora o que 
fazer com o tempo livre? No artigo de Zanatta et al. (2021) é afirmado que: 
 
[...] o acontecimento da aposentadoria pode acarretar para o idoso uma crise na sua 
identidade pessoal e quanto ao sentido de sua vida. O que acontece se sua carreira está 
muito ligada a como ele se viu durante a sua existência. Diante desta situação, a 
Logoterapia, terceira escola vienense de Psicologia, pode ser usada como aporte teórico 
para o trabalho como o idoso, já que ela acredita no homem como um ser que busca 
primariamente pelo sentido da vida e que essa tem sentido em todos os momentos 
(FRANKL, 2008). O sentido da vida na Logoterapia, para Frankl (2008) é visto como 
pessoal, intransferível e pode mudar conforme a situação que a vida apresenta a cada 
um, é único de cada momento. Também o sentido da vida deve ser descoberto no mundo 
e não dentro da pessoa, indicando três caminhos possíveis: através dos valores de 
criação, de vivência e de atitude. Sendo cada pessoa responsável pela realização dos 
sentidos que a vida lhe oferece. 
 
O que influencia a qualidade do envelhecimento saudável, segundo os estudos da 
neurociência é a tríade: gene, cultura e oportunidade ao longo da vida, de acordo com Levitin 
(2024). Para Fontaine (2000, p. 154), estudioso do desenvolvimento humano, a manutenção da 
convivência social e as atividades produtivas são condições essenciais de uma velhice bem-
sucedida, claro com uma saúde cognitiva preservada. A neurociência corrobora com a afirmação 
acima da importância da vida social do idoso. Levitin (2024, p. 445) afirma que as últimas 
descobertas da neurociência confirmam o que já se previa, pelas religiões, que a personalidade 
do ser humano é maleável (uma plasticidade) e assim é possível “aprender a interagir com o 
mundo de novas maneiras, mesmo para além dos oitenta anos”. 
 
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Interação com outras pessoas (o ser social do ser humano), de acordo com estudos 
apresentados por Levitin (2024, 447): 
 
É uma das coisas mais complexas que podemos fazer com o cérebro. [...] pessoas com 
amplas redes sociais eram 60% menos propensas a desenvolver demência. O cérebro 
evoluiu para o propósito muito especial de engajamento social. 
 
De acordo com Moreira et al. (2021) nos pensamentos franklinos o sentido da vida, em 
qualquer momento da vida, “não se encontra no sujeito, mas necessita ser sempre buscado na 
relação do sujeito com o mundo” (relação social). Frankl (2018, p. 135), apresenta como basilar 
da essência do ser humano para encontrar um sentido para a sua vida na autotranscendência, ou 
seja, sair de si mesmo (do eu para o tu), pois o sentido se encontra no mundo, assim, a pessoa 
deve buscar a autotranscendência para a sua realização. A autotranscendência é corroborada 
como de vital importância para o ser humano e consequentemente para o ser idoso, pelas 
pesquisas da neurociência nas relações sociais, como afirmado acima por Levitin (2024). 
Ser ativo e socialmente participativo, depois da aposentadoria ajuda bastante em uma 
velhice com mais bem-estar.Frankl foi um exemplo de pessoa idosa com sentido. Com setenta 
anos ele escalava rochas, como a rocha Lutterwando na Áustria. Frankl (2010, 147) apresenta 
uma fala de seu guia de segurança nas escaladas, Naz Gruber um jovem, que liderava expedições 
ao Himalaia: 
 
-Sabe, professor, não me leve a mal, mas quando olho para o senhor escalando, vejo 
que não tem mais força e consegue compensar isso com uma técnica refinada. Devo 
admitir que dá para aprender a escalar com o senhor. 
 
Frankl (2010, p. 147) continua em suas afirmações acerca da fala do guia: 
 
Pois bem, são palavras de alguém que escala o Himalaia, e como não ficar convencido? 
No fim das contas, envelhecer é um aspecto da transitoriedade da existência humana, 
mas a transitoriedade é, na verdade, o único grande incentivo à responsabilidade, ao 
reconhecimento da responsabilidade com traço básico e essencial da existência humana. 
 
Levitin (2024, p. 448) afirma que os esforços da pessoa idosa na realização de tarefas, na 
dedicação perseverante a uma tarefa, seja qual for, a um trabalho voluntário, ou seu trabalho 
profissional em áreas correlatas ou não ao que fazia antes da aposentadoria, ao cuidado com 
animais e a natureza como um todo, “estão ligados a benefícios importantes para a saúde”. “O 
 
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relacionamento de respeito mútuo entre idosos e jovens é um dos mais fortes potencializadores 
da qualidade de vida de qualquer pessoa”. 
Na perspectiva dos pensamentos frankliano, o que está escrito acima afirmado por Levitin 
(2024), com olhar nas pesquisas da neurociência já era sentença cotegórica desde meados do 
século XX por Frankl (2003, 2008, 2010, 2013, 2015, 2018, 2019), na autotranscendência como 
essência do ser humano para o sentido. Mandelli (2021) em seu trabalho de final de curso de 
Psicologia, intitulado: “Autotranscendência e Sentido da Vida na Velhice na Perspectiva da 
Logoterapia” conclui que: 
 
[...] Compreende-se que tal estudo pode abrir campo para novas pesquisas científicas 
no intuito de fornecer conhecimentos que apontem para uma velhice saudável e plena 
de sentido, conhecimentos que interessam tanto aos mais jovens, que ainda chegarão à 
fase, quanto ao idosos para que vivam da melhor maneira possível o tempo que lhes for 
dado. A psicologia pode também auxiliar no entendimento de que a velhice se constitui 
principalmente como uma etapa que é alcançada ou conquistada na vida, ao invés de 
significar perda ou fracasso à vida visto que trata-se de um caminho natural a ser vivido. 
Caminho no qual as dimensões do tempo e da existência se cruzam e a possibilidade de 
atribuir sentido à vida mostra o futuro como algo interessante ao qual se chegar, tal 
dinâmica pode em certa medida servir como um antídoto aos sintomas entendidos como 
negativos da velhice. 
 
Ainda nessa perspectiva, Frankl (2018, p. 135) define a autotranscendência: 
 
Denota o fato de que o ser humano sempre aponta e se dirige para algo ou alguém 
diferente de si mesmo - seja um sentido a realizar ou outro ser humano a encontrar. 
Quanto, mais a pessoa esquecer de si mesma - dedicando-se a servir uma causa ou amar 
outra pessoa - mais humana será e mais se realizará. 
 
Frankl (2015, p. 15) afirma em sua motivação para a vida com sentido, em toda fase do 
ser humano: 
 
O que pretendo descrever com isso [da autotranscendência] é o fato de que o ser humano 
sempre aponta para algo além de si mesmo, para algo que não é ele mesmo - para algo 
ou para alguém: para um sentido que se deve cumprir, ou para um outro ser humano, a 
cujo encontro nos dirigimos com amor. Em serviço a uma causa ou no amor a uma 
pessoa, realiza-se o homem a si mesmo. Quanto mais se absorve em sua tarefa, quanto 
mais se entrega à pessoa que ama, tanto mais ele é homem e tanto mais é si mesmo. Por 
conseguinte, só pode realizar a si mesmo à medida que se esquece de si mesmo, que 
não repara em si mesmo. 
 
De acordo com Leoncio (2021) na perspectiva frankliana o processo de 
autotranscendência insere-se através da dimensão espiritual (noética), possibilitando que o ser 
 
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humano consiga ultrapassar a si mesmo, sair do eu para o tu (tarefa, amor, outro) para realizar 
uma tarefa que busca encontrar sentido na sua vida. “Esquecendo-se de si mesmo, estando livre 
do interesse e da atenção egocêntrica, se alcança um modo autêntico de existência”. 
Na perspectiva da logoterapia Frankl (2010) sentencia que o ser humano é condicionado, 
ou seja, não é livre de, mas livre para, representando que os condicionamentos podem limitar 
várias ações que se fazia normalmente quando jovem e adulto, entretanto as atitudes frente aos 
condicionamentos pode e deve ser livre para atividades de valores criativos (uma tarefa a 
cumprir, uma obra a realizar), vivenciais (uma vivência de amor, uma vivência com a natureza) 
e atitudinais (atitudes positivas diante da tríade trágica do sofrimento, culpa e morte), que 
poderão apresentar sentido no envelhecer da vida. 
Nos pensamentos frankliano na abordagem logoterapêutica o envelhecer “é uma visão 
esperançosa e centrada na dignidade do desenvolvimento humano que passa pelas etapas da 
criança, do adolescente, do adulto jovem, do adulto maduro e da idade tardia” (Silva et al., 2020, 
Silva et al., 2024). De acordo com Frankl (2019, 95) o indivíduo, por uma decisão com liberdade 
e responsabilidade, encontra sentidona vida em toda as fases do desenvolvimento (infância, 
adolescente, adulto, idoso). Segundo o mesmo autor as vivências (experiências) da vida revelam 
o caráter concreto de todo “dever-ser” dado à pessoa, para concretização no agora (“dever fazer”), 
pois todo indivíduo é único e irrepetível, tendo a potencialidade de observar que cada missão na 
vida deve se realizar pela natureza única e irrepetível. 
Frankl (2019) cita o pensamento do sábio filósofo Hillel que apresenta três perguntas e 
aqui se repete para contextualizar a importância da opção do indivíduo na busca de sentido na 
vida: 
 
Se eu não faço, quem o fará? E se eu o não faço agora, quando se fará? E, se só para 
mim faço, o que eu sou afinal? A primeira pergunta enfatiza a responsabilidade do ser 
humano perante sua própria existência. A segunda aponta para a fugacidade das 
circunstâncias, para a finitude da vida. Já a terceira, descreve o caráter 
autotranscendente da existência humana, característica antropológica fundamental, que 
nos permite ir para além de nós mesmos e dos fatores condicionantes, para realizarmos 
os sentidos presentes em todas as situações. Esses são aspectos que perpassam a 
existência humana, desde a terna infância até seu último suspiro. 
 
 
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3.2 ENVELHECIMENTO E APOSENTADORIA 
 
Utilizando-se de dados do IBGE, Guitarrara (2023), são estimados, que a população idosa 
do Brasil passe de 31 milhões de pessoas em 2023 para 60 milhões em 2025. Isto em função da 
redução de natalidade e aumento da maior longevidade da fase da vida dos idosos. E como 
apresentado em Silva et al. (2024): 
 
Assim, um profissional que se aposenta na faixa de 60 anos, pode usufruir com relativa 
saúde biopsíquico, por média de 20 anos. E qual a motivação de viver aposentado 
esperando a vida passar até chegar a morte ou pelo contrário viver a fase de 
aposentadoria com valores criativos, experimentais e de atitude de acordo com a 
Logoterapia. 
 
Desta maneira, a aposentadoria, que faz parte do envelhecer do indivíduo, é, em geral, 
uma mudança radical, mesmo programada e projetada na rotina do dia a dia deste aposentado 
idoso, implicando nas relações sociais, “modificando as percepções estruturadas no decorrer da 
vida,sobretudo no que tange ao desafio de desvincular-se das relações de trabalho” (Silva et al., 
2024). 
Segundo Silva et al. (2024) “Afastar-se do trabalho talvez seja uma das perdas mais 
importantes da vida social das pessoas, por resultar em outras perdas futuras, que podem vir a 
afetar a sua estrutura psicológica”. 
A contextualização da neurociência, que utiliza-se da psicologia evolutiva para estudar 
as emoções (Romero e Souza, 2023) e a perspectiva frankliana da Logoterapia e Análise 
Existencial, Frankl (2019), entrelaçam emoções no desenvolvimento dos idoso, sendo uma etapa 
na vida que mais próxima do sentimento a consciência da finitude da vida, podendo, segundo 
Frankl (2019) ser utilizado pelos idosos para coadjuvar na busca de sentido, atraindo valores de 
criação, vivenciais e atitudinais na escolha de posturas que o sentido do instante vivido seja 
captado e realizado, por ser o indivíduo, na concepção frankliana, consciente da sua liberdade e 
da responsabilidade de fazer “ser assim”. 
Conforme discutido em Silva et al. (2024), na parte I deste tema: 
 
Sendo o limite da vida e as perdas facticidades da vida, se tornam na consciência do ser 
humano momentos de dificuldades emocionais, ditas negativas, por observar que a vida 
apresenta a finitude e o sofrimento, que são inerentes a toda pessoa, mas a Logoterapia 
e Análise Existencial apresenta nos valores de atitude ocasião de superação 
 
13 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-19, 2024 
 
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interiormente do destino (aquilo que não pode ser mudado), tornando o momento factual 
em existencial, como afirma Frankl (2019). 
 
3.3 FATORES DE PROTEÇÃO NA CONTEXTUALIZAÇÃO DA LOGOTERAPIA E 
NEUROCIÊNCIAS 
 
De acordo com Silva et al. (2024) as consequências mais negativas percebidas em função 
da aposentadoria podem ser indicadas pela “diminuição da renda familiar, a ansiedade diante do 
vazio deixado pelo fim do trabalho e o aumento na frequência a consultas médicas”. A junção de 
idoso e aposentado, pode trazer preconceitos (etarismo) que fica difícil “encontrar papéis que os 
gratifiquem e possibilitem a manutenção do pertencimento social que possuíam no período em 
que trabalhavam”. 
Mas observando o lado positivo, pode-se abrir oportunidades na vida do aposentado, em 
vivenciar experiências gratificantes, que na vida laboral anterior era escassa por falta de tempo, 
como “a possibilidade de uma vida religiosa mais atuante, a tentativa de realizar sonhos, como 
viajar com amigos, frequentar grupos de convivência, realizar passeios, participar de jogos 
voltados ao público idoso” (Silva et al., 2024), estar mais perto dos netos e da família, realizar 
tarefas que lhe são prazerosas anteriormente e não tinham tempo. 
Silva et al. (2024) já questionava qual a motivação apresentada pela abordagem da 
Logoterapia e Análise existencial, na perspectiva de frankliana, “para a vida dos aposentados que 
tinham tarefas múltiplas na vida profissional, como os professores universitários (ensino, 
pesquisa, extensão, administração)?” 
 
A resposta da pergunta acima pode estar no pensamento de Viktor Frankl, expresso na 
abordagem da Logoterapia e Análise Existencial, buscar e encontrar o sentido que pode 
se manifestar por três maneiras: valores de criação, valores experienciais e valores 
atitudinais. 
 
Para a Logoterapia e Análise existencial de Viktor Frankl valor é “tudo o que se acredita 
relevante para realizar a existência humana, tudo o que permite dar um significado à existência 
humana” (Velásquez, 2018, p. 47). 
Segundo Velásquez (2018, p. 51-52) os valores de criação realizam-se no mundo como o 
trabalho, uma tarefa voluntária, com ações para o outro: 
 
 
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O efeito deste dar-se, deste doar-se aos outros, é uma existência plena de sentido. Um 
professor, um psicólogo, um engenheiro, um médico ou outro profissional; um 
carpinteiro, uma dona de casa ou qualquer pessoa, pode conseguir descobrir o sentido 
que subjaz nesse labor, a partir da simplicidade de suas atividades, quando as realiza 
com mística, com profundo amor. 
 
Valores vivenciais ou experienciais são os que o indivíduo recebe do mundo com ações 
atos de vivenciar experiências “como a arte, a música, a filosofia, a natureza, a beleza, a relação 
com alguém no amor” (Silva et al., 2024). 
Já os valores de atitudes devem ser assumidos em função do inevitável da vida, afirmado 
por Frankl (2008) como a tríade trágica: sofrimento, culpa e morte. “O indivíduo escolhe e 
decide, conscientemente, com liberdade e responsabilidade, como responder sua finitude e o 
sofrimento inerente a vida, pois nenhuma pessoa está livre do sofrimento e da morte (finitude da 
vida)” (Silva et al., 2024). 
As perspectivas da Logoterapia e Análise existencial são protetoras para um bom 
envelhecimento e consequentemente uma aposentadoria do trabalho, mas não o nada fazer depois 
de se aposentar (direito do trabalhador depois de uma jornada longa laboral). Ou seja, Frankl 
(2008) sentencia que “O único modo de enfrentar a vida é ter sempre uma tarefa a cumprir” e em 
outro pensamento frankliano é afirmado que a motivação de viver é a consciência humana de que 
há uma missão a ser cumprida, até o último suspiro. 
De acordo com o neurocientista Levitin (2024, p. 445) o fator protetor, isolado, mais 
importante para um envelhecimento saudável é o traço de personalidade da conscienciosidade, 
ou seja, é uma característica de personalidade para a psicologia, apresentada no Big Five (John, 
Naumann, & Soto, 2008), que compreende altos níveis de reflexão, comportamentos orientados 
para metas planejadas e um bom controle de impulsos. Segundo o autor, ela está associada a 
quantidades enormes de resultados positivos na vida. A neuropsicologia e psicologia clínica 
trabalham com o conhecimento científico que é possível mudar a personalidade com o decorrer 
da vida, podendo-se treinar e ser determinado para ser mais consciencioso, beneficiando o 
desenvolvimento da etapa da vida do idoso. 
Conforme Levitin (2024, p. 445): 
 
Ninguém disse que é fácil mudar, o que se aplica ainda mais em idade avançada, à 
medida que nossas idiossincrasias se assentam - o que é apenas uma maneira coloquial 
de descrever o tipo de rigidez biológico que ocorre em cérebros mais velhos. Adotar 
novas escolhas de estilo de vida é difícil. Porém, se você se lembrar de por que é 
 
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importante mudar, é provável que persista, mesmo quando a sua motivação esmorecer 
um pouco. 
 
Levitin continua em suas afirmações que há outros fatores de proteção adicionais a 
conscienciosidade que determinam o bem-estar do idoso, que são: 
- Preservação da mentalidade mental na velhice com a prática de atividades físicas, 
principalmente em ambientes naturais (praias, montanhas, bosques, parques com áreas 
verdes, entre outros); 
- Interações sociais. “Interagir com outras pessoas é uma das coisas mais complexas que 
podemos fazer com o cérebro (pode ser tocando música juntos, jogando...)” (Levitin, 
2024, p. 446), estando com pessoas amigas que lhe der prazer. 
- Praticar a gratidão com a vida e as pessoas; 
- Perdoar, não acumular mágoas. “Vemos evidência disso na neurociência. Uma boa 
estratégia para a vida, em qualquer idade, é deixar de lado os ressentimentos pequenos e 
grandes. Não passe a vida cultivando ódios e reveses”; 
-Atividades intelectuais e movimentos físicos em tarefas laborais ou voluntárias; 
- Relacionamentos saudáveis de trocas de aprendizagem e ensino entre idosos e jovens, é 
considerado um dos fatores de proteção para a saúde integral do idoso. 
Levitin (2024, p. 449) conclui seu belo livro afirmando: 
 
[...] Precisamos educar a nós mesmose a nossos familiares sobre as vantagens do 
envelhecimento – a sabedoria, o viés de positividade, a compaixão que os idosos 
demostram. Como indivíduos, como membros da comunidade, como sociedade, é em 
prol de nossos melhores interesses ajudar a construir uma cultura que abrace os dons 
dos idosos, urdindo interações transgeracionais na trama das experiências cotidianas. 
Aprendendo com a ciência do cérebro, podemos promover uma compreensão 
transformadora do processo de envelhecimento, de sua história humana, e no meio-
tempo melhorar a qualidade de vida. Essa é a nova verdade sobre o envelhecimento. 
 
No apêndice do livro de Levitin (2024, p. 451) são colocadas 10 sentenças para o 
Rejuvescer o cérebro na velhice, são elas: 
 
1. Não se aposente. Não deixe de se engajar em um trabalho significativo; 
2. Olhe para frente. Não olhe para trás; 
3. Exercite-se. Acelere o ritmo cardíaco. De preferência na natureza; 
4. Adote um estilo de vida moderado, com práticas saudáveis; 
5. Cultive um círculo social vibrante e cheio de novidades; 
6. Conviva com pessoas mais jovens que você; 
7. Visite o médico com regularidade, mas não de forma obsessiva; 
 
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8. Não se considere velho (a não ser para adotar precauções prudentes); 
9. Aprecie suas forças cognitivas – padrões de reconhecimento, inteligência 
cristalizada, sabedoria, conhecimento acumulado; 
10. Promova a saúde cognitiva através de aprendizado experimental: viajando, 
convivendo com os netos, imergindo em novas atividades e situações. Faça coisas 
novas. 
 
Rogério (2022), na perspectiva logoterapêutica, afirma que a maturidade é entrelaçada 
pela sabedoria adquirida ao longo da vida se realmente o ser humano escutar sua 
consciência: 
 
Uma pessoa madura é aquela que consegue compreender cada fase da vida, e se esforça 
para responder às exigências que a vida está lançando. Porque a todo instante somos 
desafiados a responder; a existir; a decidir o que somos, porque não apenas existimos, 
mas decidimos o nosso existir. 
 
Maturidade existencial que a consciência enxerga para tomada de decisão de se aposentar 
e continuar vivendo lançado ao mundo e não se encastelando em se mesmo, que é a 
autotranscendência, pois a vida é potencialidade de possibilidades, em função do presente está aí 
para ser usufruído e o futuro para ser moldado (Lukas, 2012). 
Para Rogério (2022, p. 89), utilizando-se dos pensamentos frankliano a vivência com 
sentido é a vida como uma missão, tendo a compreensão que a vida tem seu caráter de missão, 
buscando de maneira consciente, racional, sensata, agir de forma para contribuir de alguma 
maneira para o bem-estar da outra pessoa, claro sem deixar de se cuidar e respeitando os seus 
limites. 
 
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
É claramencontinuar vivendo com sentido, ou seja, te observado que no processo da vida 
do desenvolvimento do envelhecer, o biológico apresenta redução de agilidades fisiológicas que 
interfere nos passos da vida do idoso (no processo como um todo), entretanto, em geral, “a 
maturidade do processo de envelhecer é seguida pelo crescimento da maturidade vivencial e é 
uma dádiva que poucos usufruem na idade avançada, mas que pode ser dilatada a visão de que 
idade avançada não é sinônimo de vida limitada (Silva et al., 2020, Silva et al., 2021, Silva et al. 
2024). 
 
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Levintin (2024) com os estudos da neurociência mostra que o isolamento e falta de 
conexões com asou outros e com a natureza são fortes preditores de doenças e mortalidade (mal-
estar na vida). A vivência social faz com que o cérebro evolua para o propósito de engajamento 
social, prevenindo os males do isolamento. A autotranscendência que é, segundo o pensamento 
frankliano a essência do ser humano, já predizia com sua antropologia os achados atuais da 
neurociência. Logoterapia e neurociência em consonância. 
Na visão frankliana (Silva et al., 2024), 
 
o ser humano necessita viver os valores. Na aposentadoria os profissionais professores, 
exemplo, podem continuar a viverem os três valores de acordo com o processo de viver. 
O trabalho é considerado o valor típico de criação, onde o ser humano tem um 
sentimento de motivador da própria vida. Mas, para o pensamento de Frankl, o 
fundamental não é a profissão em si, mas qual a atitude que a pessoa realiza a sua tarefa. 
Entretanto o aposentado pode viver, em todo momento, buscando sentido em sua vida, 
encontrando significados em tarefas de valores criativos, experienciais e de atitude que 
modificam as forças que estão no mundo buscando construir e planejar a bem de todas 
as pessoas que estão em seu entorno. Construir para o mundo e ser desfrutado pelo 
outro. 
 
Então é o basilar da motivação da abordagem frankliana que embasa todo o seu 
pensamento que a vida é repleta de sentido, em quaisquer condições. Viver com propósitos 
(intencionalidades) enche a vida do ser humano de sentido (Frankl, 2015). 
Com a contextualização entre Logoterapia e Análise Existencial, a importância do diálogo 
teórico e de perspectivas que venham a contribuir com o olhar ao envelhecimento humano e as 
descobertas atuais da neurociência, pode-se concluir que o legado de Viktor Emil Frankl (1905-
1997) é atual e pertinente para o psicólogo e educador, entre outras profissões, observando-se 
confirmações da teoria frankliana que se aplica desde meados do século XX e bem atual para o 
nosso século XXI. 
Com a centralidade no sentido, Frankl (2008, p. 133) afirma: 
 
Não se deve procurar um sentido abstrato da vida. Cada qual tem sua própria vocação 
ou missão específica na vida; é preciso executar uma tarefa concreta, que está a exigir 
realização. Nisso a pessoa não pode ser substituída, nem sua vida pode ser repetida. 
Assim, a tarefa de cada um é tão singular como a sua oportunidade específica de levá-
la a cabo. 
 
 
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