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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
 jan. 2021 
O valor social do trabalho rural 
 
The social value of rural labor 
 
El valor social del trabajo rural 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-130 
 
Originals received: 05/10/2024 
Acceptance for publication: 05/31/2024 
 
Eli Alves da Silva 
Mestrando em Direito 
Instituição: Faculdade Autônoma de São Paulo (FADISP) 
Endereço: São Paulo - São Paulo, Brasil 
E-mail: contato@eas-advogados.com 
 
Renan Thamay 
Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC - RS) e 
Universitá Degli Studi di Pavia 
Instituição: Faculdade Autônoma de São Paulo 
Endereço: São Paulo - São Paulo, Brasil 
E-mail: rennan.thamay@hotmail.com 
 
RESUMO 
O presente trabalho visa estabelecer os conceitos chave do valor do trabalho rural a partir de uma 
perspectiva sócio-histórica. Para isso, utiliza-se uma metodologia indutiva fundamentada em 
uma pesquisa bibliográfica abrangente que inclui doutrinas, legislação e jurisprudência. O estudo 
busca demonstrar a importância e o poder do trabalhador rural na estrutura social, destacando 
seu papel crucial no crescimento sustentável e na proteção ao meio ambiente. O artigo enfoca 
especialmente o papel do pequeno produtor rural, que enfrenta desafios econômicos e climáticos 
no contexto brasileiro. A análise revela como o trabalhador rural se posiciona de maneira central 
na sociedade, contribuindo para a resiliência econômica e ambiental do país. Conclui-se que o 
fortalecimento do trabalhador rural é essencial para superar as fragilidades existentes e promover 
um desenvolvimento equilibrado e sustentável, garantindo a preservação dos recursos naturais e 
a justiça social no meio rural. 
 
Palavras-chave: social, função social, trabalhador rural, política agrária, direito do trabalho. 
 
ABSTRACT 
This paper aims to establish the key concepts of the value of rural labor from a socio-historical 
perspective. For this purpose, an inductive methodology is used, based on a comprehensive 
bibliographic research that includes doctrines, legislation, and case law. The study seeks to 
demonstrate the importance and power of the rural worker within the social structure, 
highlighting their crucial role in sustainable growth and environmental protection. The article 
particularly focuses on the role of small rural producers, who face economic and climatic 
challenges in the Brazilian context. The analysis reveals how the rural worker is positioned 
mailto:contato@eas-advogados.com
 
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centrally in society, contributing to the country's economic and environmental resilience. The 
conclusion is that strengthening the rural worker is essential to overcoming existing 
vulnerabilities and promoting balanced and sustainable development, ensuring the preservation 
of natural resources and social justice in rural areas. 
 
Keywords: social, social function, rural worker, agrarian policy, labor law. 
 
RESUMEN 
El presente trabajo pretende establecer los conceptos clave del valor del trabajo rural desde una 
perspectiva socio-histórica. Para ello, utiliza una metodología inductiva basada en un amplio 
estudio bibliográfico que incluye doctrinas, legislación y jurisprudencia. El estudio pretende 
demostrar la importancia y el poder de los trabajadores rurales en la estructura social, destacando 
su papel crucial en el crecimiento sostenible y la protección del medio ambiente. El artículo se 
centra en particular en el papel del pequeño productor rural, que se enfrenta a desafíos 
económicos y climáticos en el contexto brasileño. El análisis revela cómo los trabajadores rurales 
son fundamentales para la sociedad, contribuyendo a la resiliencia económica y medioambiental 
del país. Se concluye que el empoderamiento de los trabajadores rurales es esencial para superar 
las debilidades existentes y promover un desarrollo equilibrado y sostenible, garantizando la 
preservación de los recursos naturales y la justicia social en las zonas rurales. 
 
Palabras clave: social, función social, trabajador rural, política agraria, derecho laboral. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O valor social do trabalho rural não é constatado somente nos dias de hoje. Isso vem desde 
que o mundo é considerado como tal. 
A terra sempre foi uma fonte de recursos para a subsistência da espécie humana e de todos 
os outros seres vivos do planeta. Entretanto, ela não produz sozinha em larga escala, são 
necessários investimentos financeiros, mão de obra e equipamentos com alta tecnologia, para 
que a produção e seus resultados econômicos aflorem na mesma proporção, porém, não se pode 
esquecer de uma variável que eventualmente coloca a atividade desenvolvida na área rural em 
nível extremamente vulnerável que é o clima, propriamente dito. Portanto, para se ter um bom 
resultado econômico é necessário que haja dedicação levando-se em conta um leque de 
preocupações, independentemente do tipo de atividade a ser desenvolvida tendo como base a 
área rural. 
Normalmente as pessoas costumam dizer que a vaca dá “x” litros de leite por dia. Isso é 
uma informação falsa, pois ela não dá o leite; se ninguém se propuser a ordenhá-la não será 
 
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colhido nenhum litro. Assim, dizer que a vaca dá o leite é um equívoco. Guardadas as devidas 
proporções o mesmo acontece com a terra. 
Hoje verifica-se que, independentemente do poderio econômico de determinados 
empreendedores macros ou latifundiários, assim como os pequenos e médios proprietários ou 
possuidores de terra, todos sofrem da dependência de investimentos que, em muitos casos são 
disponibilizados por meio de recursos próprios ou de políticas governamentais para liberação de 
ativos financeiros, cujas operações são monopolizadas pelas instituições financeiras como 
intermediárias. Entretanto a depender do resultado desses investimentos, cujo risco é muito 
expressivo, o produtor rural para ter acesso a esses recursos financeiros de terceiros são obrigados 
a dar em garantia seu próprio patrimônio, correndo o risco de perdê-los caso não consiga cumprir 
as obrigações assumidas. 
Fazendo uma retrospectiva e utilizando-se das palavras de Bernadino C. Horne, onde diz 
que: “Há setecentos anos antes de Cristo, na Grécia, já floresciam os capitalistas, ou melhor, os 
argentários, e então: ‘Os agricultores começaram a ser despojados de suas terras, absorvidos 
pelos capitalistas. O empréstimo, em forma de hipoteca, já era usado desde a Grécia e com ele 
perdiam suas terras, por conta de dívida e eram reduzidos à escravidão.”1 
Malta Cardozo, no ano de 1956, disse que “Quasi (sic) três mil anos depois, em dias de 
hoje, a situação da agricultura parece ter permanecido fundamentalmente a mesma.”. Nesse 
sentido, continua o Autor: 
 
A rudeza ou simplicidade das classes rurais, as incertezas irremovíveis da exploração 
da terra, seu caráter de efetiva produtora da riqueza, qualquer que seja a escala e preço, 
a concupiscência que despertam seus frutos e produtos tanto nos mercados de todos os 
feitios como nos próprios erários públicos – tudo isso concorreu sempre e ainda hoje 
determina a situação de precariedade financeira constante ou quando menos, periódica, 
das atividades agrícolas. E, quem diz precariedade forçada de um empreendimento 
econômico, qual seja a agricultura, lembra imediatamente sua decorrência – as dívidas 
por empréstimo contraídas.2 
 
Agora, passados mais 68 anos após a afirmação acima, podemos confirmar que a situação 
permanece praticamente a mesma, apenas tendo mudando o “modus operandi”, vez que, não 
raro, o agricultor proprietário de sua terra, em determinado momento, para nela poder trabalhar 
se sente obrigadoa buscar recursos financeiros fora e, para isso, necessita dar em garantia a sua 
 
1 HORNER, Bernardino C. Política Agrária, 1ª ed. Buenos Aires: Losada, 1942. 
2 CARDOZO, Malta. Tratado de Direito Rural Brasileiro. 3º v. São Paulo: Saraiva, 1956, p. 19-20. 
 
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própria terra ou até mesmo o fruto a ser colhido, a depender do resultado da produção, a qual, 
em sua maioria depende da “boa vontade” do clima, para obter algum resultado financeiro. Diante 
dessa situação, se o clima não ajudar e o mercado não remunerar adequadamente o produto 
resultante, o produtor poderá ficar inadimplente por não conseguir cumprir suas obrigações 
assumidas com a instituição financeira e, seguramente, correrá o risco de ficar sem suas terras e 
até mesmo sem sua produção. 
Por outro lado, aquele que é remunerado para prestar serviços na área rural, em razão da 
venda de sua mão-de-obra, também sofre as consequências e a voracidade do mercado, pois o 
seu empregador ou tomador dos seus serviços, irá remunerá-lo o mínimo possível para poder 
fazer frente a todos os custos necessários para obter o resultado da produção, que lhe possa trazer 
retorno financeiro positivo e assim continuar a atividade economicamente viável. 
Dessa forma, pode se afirmar que o valor social do trabalho rural é de extrema relevância 
e deve ser atribuído a todos aqueles que têm uma relação ativa com a terra ou dela decorrente, 
pois é desse trabalho que de uma maneira generalizada tudo que a sociedade consome e desfruta, 
são oriundos direta ou indiretamente da atividade rural. 
 
2 DESTINAÇÃO DE ÁREAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES 
RURAIS 
 
Toda e qualquer sociedade somente pode ser desenvolvida economicamente através do 
trabalho de seus integrantes seja de quem detém o capital ou de quem tem a oferecer a sua força 
de trabalho física ou intelectualmente. A mundo está passando por severa transformação em 
relação ao trabalho de uma maneira geral, independentemente de seu sistema de governo, em 
função do avanço da digitalização nas relações sociais. 
Nosso país que tem uma dimensão territorial continental, com muita terra a ser explorada 
economicamente, através do trabalho rural, já tendo passado por várias fases em relação às 
políticas públicas objetivando o desenvolvimento das atividades agrárias, inclusive com 
incentivos governamentais até mesmo para derrubada de florestas com o objetivo de ampliação 
dessas áreas para criação de gado, para o plantio de lavoura e para a exploração mineral. 
Com o passar dos tempos as políticas públicas do Brasil foram se alterando quanto aos 
espaços destinados à área rural, não, necessariamente, só por sua iniciativa, mas principalmente, 
 
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por pressões externas em razão das preocupações com a ecologia global: ou seja, “estudo das 
relações entre os seres vivos e o meio onde vivem”3. 
Como é sabido, durante muito tempo, o mundo não teve essa preocupação com o 
ecossistema, já que a conservação e preservação de florestas eram deixadas em segundo plano, 
tendo em vista que o objetivo principal era a ocupação das terras para que delas pudessem retirar 
o sustento da população de seus respectivos países e abrirem frente para a industrialização, com 
a consequente sustentação econômica. 
De época remota até hoje, a situação mudou e os governantes mundiais passaram a 
perceber que com o avanço da industrialização e a falta de conscientização dos povos relacionada 
ao meio ambiente estava levando o mundo a uma situação que poderia se tornar insustentável, 
principalmente em função da poluição da atmosfera terrestre, das águas dos nossos riachos, rios, 
mares, bem como o descongelamento das geleiras existentes nos polos do planeta. Com isso, 
alguns protocolos climáticos foram assinados levando ao comprometimento mútuo para 
despoluição, porém, percebe-se que diante da prática de um capitalismo selvagem nem todos que 
se comprometeram estão cumprindo, o que tem levado a um descompasso do clima globalizado 
e, consequentemente, uma ecologia abalada. 
 
3 DOS PRINCÍPIOS APLICADOS NAS RELAÇÕES JURÍDICAS AGRÁRIAS 
 
Dentre os princípios que norteiam as relações jurídicas agrárias podem se destacar: (I) o 
condicionamento da propriedade à função social objetivando promover a justiça social, 
incentivando a utilização mais adequada da propriedade com a finalidade do desenvolvimento 
social. Para coibir o aniquilamento e a paralisia da utilização da propriedade com o fim social 
tem-se a desapropriação pelo próprio Estado, impondo que o seu proprietário ou possuidor a 
utilize em proveito social; (II) o interesse público tem predominância sobre o privado, ou seja, a 
função social da propriedade, a justiça social e o interesse público sobre o privado. 
 
 
3 CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010. 
P.234. 
 
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4 ESTATUTO DA TERRA 
 
No Brasil, a principal Lei Federal que veio disciplinar o uso, a ocupação e a relação 
fundiária, foi promulgada em 30 de novembro de 1964, recebendo o nº 4.504/64, denominada de 
Estatuto da Terra, tendo sido regulamentada pelos Decretos nºs. 55.891/65, 56.792/65 e 
59.566/66, que é considerada a certidão de nascimento do Direito Agrário no Brasil, já que até 
então o direito agrário era ausente no nosso País. É importante ressaltar que essa legislação foi 
recepcionada pela nossa Carta Magna de 1.988, mesmo tendo sido criada há mais de 20 anos 
daquela data. Ao ler o disposto no art. 2º da Lei que criou o denominado Estatuto da Terra4 é 
possível constatar a consonância com os incisos XXII a XXVI, do art. 5º da Constituição 
Federal5. 
Através do Estatuto da Terra, que se tornou a principal fonte de Direito Agrário no Brasil, 
cujo diploma legal definiu conceitos e institutos que permanecem vigentes e atuais até hoje. “A 
escolha do legislador em definir na Lei os conceitos de Direito Agrário deu-se em virtude de que 
 
4Artigo 2º da Lei 4.504/64, de 30.11.1964 - “caput”: É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade 
da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1º: A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando simultaneamente: 
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; 
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam. 
§ 2º: É dever do Poder Público: 
a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à propriedade da terra economicamente útil, 
de preferência nas regiões onde habita, ou, quando as circunstâncias regionais, o aconselhem em zonas previamente 
ajustadas na forma do disposto da regulamentação desta Lei; 
b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua função social, estimulando planos para a sua racional 
utilização, promovendo a justiça remuneração e o acesso do trabalhador aos benefícios do aumento da produtividade 
e ao bem-estar coletivo. 
5 Ob. citada – p. 3 e 4. Artigo 5º da Constituição Federal – “caput”: Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXII: é garantidoo direito de propriedade; 
XXIII: a propriedade atenderá sua função social; 
XXIV: a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV: no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
XXVI: a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de 
penhora para pagamento de débito decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar 
o seu desenvolvimento; 
 ... 
 
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a sua introdução no ordenamento jurídico brasileiro era nova. Criava-se, portanto, uma novidade, 
um ramo autônomo do Direito, devendo, a lei, fixar as premissas que seriam aplicadas. 
A Lei 4.504/64, inovou o nosso ordenamento jurídico na medida em que definiu o 
conceito de reforma agrária, política agrícola, imóvel rural, da função social da propriedade, 
módulo rural, minifúndio, latifúndio, propriedade família, empresa rural, colonização, dentre 
outros. 
A Lei que tinha como objetivo impulsionar a reforma agrária e a política agrícola, na 
prática pode se dizer que a segunda teve uma dinâmica muito maior trazendo um 
impulsionamento para o agronegócio e fazendo o Brasil descobrir sua vocação como o celeiro 
mundial para abastecer e suprir a fome de grande parte da população mundial, bem como outras 
atividades oriundas desse segmento para melhoria da balança comercial brasileira. 
 
5 LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA DE PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
 
O Brasil tem sido a “bola da vez”, no sentido de que quase todo o mundo passou a exigir 
a preservação de seus biomas, principalmente da Amazonia. O Brasil na linha de cumprir seu 
papel instituiu uma das legislações mais importante do mundo para tratar dessa matéria, 
denominada de Código Florestal. Inicialmente através da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, 
que foi alterada pela Lei 12.727, de 17 de outubro de 2012, onde determina que: “Esta Lei 
estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as 
áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o 
controle da origem dos produtos florestais e o controle para preservação dos incêndios florestais, 
e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos”. Além de outras 
alterações introduzidas através das Leis: 14.119/2021, 14.595/2023 e a 14.653/2023. E não para 
por aí, pois outros debates ainda se acirram no Congresso Nacional na busca de outras reformas 
e adequações ao Código Florestal. Além disso, ainda pairam perante o Poder Judiciário, várias 
questões que buscam a melhor interpretação ou aplicação da referida legislação. 
 
 
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6 AÇÃO FISCALIZATÓRIA DO MEIO AMBIENTE 
 
Apesar da qualidade legislativa, o que é possível ver e ouvir é que lamentavelmente para 
se fazer cumprir a Lei não existe estrutura fiscalizatória material e humana suficiente para se ter 
uma ação preventiva com o objetivo de que a legislação seja cumprida. O ideal seria que o Brasil 
tivesse uma estrutura fiscalizatória no mesmo nível de qualidade que é a nossa legislação, porém, 
não é isso que ocorre. Assim, podemos concluir que não adianta ter uma legislação de qualidade 
se não há a mesma proporção quando se fala em fiscalização, principalmente porque aqueles que 
as descumprem nem sempre são punidos, preferindo correr o risco de não a cumprir. 
Ademais, os próprios agentes fiscalizadores nem sempre estão munidos de 
conhecimentos técnicos e legais para o desempenho de suas respectivas atuações, o que acaba 
desaguando em uma fiscalização inadequada e ineficiente e, em consequência, levando os 
produtores rurais a uma situação de desconforto e vítima de injustiça, contribuindo para a 
insegurança no desempenho de suas atividades agrárias. Aqui temos o denominado poder de 
polícia, que “é a faculdade de que dispões a Administração Pública para condicionar e restringir 
o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio 
Estado.”6 
Esse poder de polícia efetivamente não cumpre sua função como deveria. Isso ocorre em 
razão da falta de critério de atuação nos autos de infração, pois normalmente ocorrem com base 
em denúncias anônimas e não por critérios fiscalizatórios previamente definidos. 
 
7 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE RURAL NO BRASIL 
 
O Brasil, dentro de suas limitações, atropelos e restrições, tem desenvolvido com sucesso 
suas atividades ligadas ao agronegócio o que tem trazido significativas divisas para sua 
economia, chegando nos últimos anos às cifras de quase 30% (trinta por cento) do seu PIB – 
Produto Interno Bruto, competindo no mesmo nível e até superior às economias de primeiro 
mundo. O que é resultado do trabalho rural. 
Infelizmente, nesse momento, essas cifras têm sido afetadas e as notícias econômicas nos 
dão conta de que o agronegócio brasileiro está em decadência (espera-se que seja 
 
6 MEIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 2000, p. 122. 
 
9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
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momentaneamente), em decorrência da diminuição da sua produção, da redução da sua 
remuneração e alto custo dos insumos, conforme noticiou o jornal Valor Econômico no último 
dia 14.03.2024: “Agronegócio desacelera e afeta a cadeia de fornecedores do setor.”7. Afirma 
ainda, a mesma matéria jornalística que: “Com desestímulo, encomendas de armazéns tem queda 
de 15% a 20%, venda de máquinas agrícolas devem recuar e comercialização de fertilizantes 
atrasa”8 
Isso é uma demonstração de que o resultado da atividade agrícola não depende somente 
do clima, mas de vários fatores comerciais. É possível afirmar que o emocional do investidor e 
principalmente do produtor no agronegócio pode ser comparado com a demonstração de um 
gráfico de eletrocardiograma, diante de tantos altos de baixos que enfrenta no seu cotidiano. 
A mesma situação é enfrentada por aqueles trabalhadores que dependem do 
desenvolvimento da atividade agrícola para se manter ativo juntamente com sua família. Além 
de todos os fatores vulneráveis que levam à insegurança do trabalhador, ou seja, o clima, a 
produção, o preço dos insumos e a remuneração de mercado aos produtos colhidos, também 
sofrem a pressão do avanço tecnológico dos equipamentos utilizados na atividade agrícola ou 
dela originado, os quais vão cada vez mais ocupando espaço da mão de obra do trabalhador rural, 
principalmente daqueles menos qualificados, numa verdadeira disputa desproporcional. 
Por outro lado, apesar de todas as adversidades havidas nessa atividade, ainda pode se 
dizer que o Brasil continua ocupando um espaço de destaque na economia global. O crescimento 
econômico atribuído ao agronegócio se deve principalmente ao fato de que o Brasil passou a se 
preocupar com o grande potencial existente para o desenvolvimento nesse setor. O que se deve 
à grande extensão territorial, avanços em pesquisas e tecnologia. Além do aperfeiçoamento e 
aprimoramento da mão de obra. 
Antigamente, há não muito tempo, era muito comum os pais dizerem para os seus filhos 
que com eles laboravam de “sol a sol”, de manhã até o escurecer e em condições precárias de 
trabalho: 
“- Vai estudar, meu filho! Caso contrário você nunca vai sair dessa vida.” 
 
7BOUÇAS, Cibelle; PRESSINOTTI, Fernanda; SANTOS, Paulo. Jornal Valor Econômico. 14 de março de 2024. 
Disponível em: https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-
fornecedores-do-setor.ghtml. Acesso em: 28 de março de 2024. 
8 BOUÇAS, Cibelle; PRESSINOTTI, Fernanda; SANTOS, Paulo. Jornal Valor Econômico. 14 de março de 2024. 
Disponível em: https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-
fornecedores-do-setor.ghtml. Acesso em: 28 de março de 2024. 
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-fornecedores-do-setor.ghtml
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-fornecedores-do-setor.ghtml
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-fornecedores-do-setor.ghtml
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-fornecedores-do-setor.ghtml
 
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Atualmente, em função do avanço da tecnologia, principalmente das máquinas (tratores, 
plantadeiras, pulverizadoras, colheitadeiras etc.), todas equipadas com os mais modernos níveis 
de computadores, satélites e drones, quem não tiver o mínimo de estudo necessário não 
encontrará espaço para trabalho na área rural, exceto aqueles que ainda tiverem oportunidade 
para o trabalho braçal, que tem diminuído cada vez mais. 
 
8 EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL E A PRESERVAÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE 
 
Não faltam dúvidas e muito menos argumentos para se defender uma ou outra posição, 
ou seja, que a atividade rural traz prejuízo na preservação do meio ambiente e que o meio 
ambiente restringe a ampliação da atividade rural. 
É evidente que não se pode ir tanto ao céu quanto à terra. Nessa equação é importante que 
todos tenhamos consciência de que tanto uma como a outra são necessárias para a preservação e 
subsistência do nosso ecossistema. E no caso do Brasil, sem desprezar a importância do meio 
ambiente, a atividade rural é extremamente necessária e não pode ser desprezada pela sua 
importante participação como atividade econômica dentro da balança comercial, como já vimos 
acima. 
Em relação à preservação como reserva legal, em linhas gerais, a legislação determina 
que em áreas localizadas na região Amazonia Legal, 80% (oitenta por cento) deverá ser mantida 
com cobertura de vegetação nativa e nas demais regiões esse percentual deverá ser de 20% (vinte 
por cento)9. Assim, pode se levar em consideração que, as áreas utilizadas para o 
desenvolvimento da atividade rural deveriam respeitar essa proporcionalidade, o que 
possivelmente trariam um equilíbrio entre as áreas utilizadas e as preservadas. 
Ainda, não se pode esquecer que as áreas preservadas, mesmo não sendo utilizadas para 
o desenvolvimento e exploração das atividades agrícolas, são de responsabilidade do proprietário 
ou possuidor além da sua preservação com a proteção contra incêndio e deterioração e, além 
disso, tem a responsabilidade pelo pagamento dos impostos que recaem sobre essas áreas mesmo 
não utilizando-as para a produção. 
 
9 Lei n. 12651, de 25 de maio de 2012 – art. 12, inciso I e II (com redação determinada pela Lei 12.727/2012). 
 
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Fazendo um exercício e utilizando-se de uma argumentação paralela, pode se lembrar, de 
maneira exemplificada, que se essa exigência fosse também feita, não necessariamente, nessa 
proporção, mas de alguma forma houvesse a exigência de uma contribuição, em percentual a ser 
definido, como participação na preservação do meio ambiente urbano, de todos aqueles que 
exploram atividades econômicas, seguramente não faltariam recursos financeiros ao poder 
público para preservação do meio ambiente e despoluição da atmosfera, dos riachos, rios e mares 
que margeiam ou “cortam” as áreas urbanas, principalmente oferecendo à população melhores 
qualidade de vida. Isso não poderia ter o mesmo destino que teve a CPMF, cujo ideia e proposta 
do então ministro da saúde Dr. Adib Jatene apresentou e foi aprovada com o objetivo de levar 
recursos destinados à melhoria das condições de saúde da população, porém foi totalmente 
distorcida sua aplicação, que, felizmente, foi extinta. 
 
9 VALOR SOCIAL DO TRABALHO RURAL 
 
Partimos do princípio de que todo trabalho lícito em qualquer sociedade tem o seu valor 
social, além de que o trabalho dignifica o ser humano, principalmente em um mundo capitalista 
onde as pessoas, de uma maneira geral, são estimuladas às conquistas materiais e a um 
consumismo desenfreado e, para isso, é necessário que tenha condições financeira para satisfazer 
minimamente seus desejos. O indivíduo quando está inserido no mercado de trabalho se sente 
mais integrado socialmente, independentemente da sua posição hierárquica dentro de qualquer 
organização produtiva. 
No caso do trabalho rural o que se via preponderantemente em tempos passados é que 
essa atividade era desenvolvida, na sua maioria, através de pequenos e médios proprietário ou 
possuidores da terra, que exploravam a atividade de forma precária para sua subsistência e, 
eventualmente, comercializar o excedente. Por óbvio, não se pode esquecer que sempre existiu e 
continuam existindo os latifundiários que explorava a mão de obra daqueles trabalhadores que 
vendiam sua força de trabalho para o desenvolvimento da atividade rural, nem sempre 
remunerados ou reconhecidos à altura do que mereciam. Essa é uma das razões que o empregado, 
normalmente colocado do lado mais fraco da relação capital-trabalho são estimulados e 
motivados a se manterem organizados principalmente através de associações profissionais e 
 
12 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
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sindicatos, cabendo-lhe total liberdade para tal, da forma como está determinado no artigo 8º da 
nossa Constituição Federal.10 
Nesse aspecto, é importante destacar que em muitos casos o pequeno produtor rural se 
confunde até mesmo com o seu empregado, pois não raramente estão lado a lado nas mesmas 
condições laborais, tomando chuva, sol e passando frio ao longo de sua jornada diária, porém 
não retira a condição do primeiro como empregador e do segundo como empregado. 
Essa situação por muito tempo permaneceu até mesmo na representação sindical, visto 
que muitos sindicatos de trabalhadores rurais funcionavam e mantinham suas estruturas 
representativas onde estavam integrados os trabalhadores rurais (diaristas – comumente 
denominados de “boia fria”, avulsos etc.) e os próprios meeiros e pequenos proprietários ou 
pequenos possuidores. Essa situação foi atacada pelo Ministério Público do Trabalho tendo em 
vista a independência dos associados como empregados e, ao mesmo tempo, na mesma condição, 
aqueles que ocupavam a condição de empregadores, o que levou, a título de exemplo, extinção 
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Dracena/SP.11 
A integração entre o produtor e o trabalhador rural para a definição de políticas agrícolas 
é importante e necessária, tanto que está prevista na nossa Carta Magna, caput” do artigo 187,12 
sendo que a Lei n. 8.171, de 17-1-1991, é que dispõe sobre a política agrícola. 
Entretanto, aquele que admite e utiliza a mão de obra de terceiro: pessoa física, através 
de salário, de forma não eventual, com subordinação jurídica, é considerado empregado, nos 
termos do artigo 3º da CLT.13 
Nessas condições, como empregado, passa a ter seus direitos trabalhistas pelas normas 
positivadas que objetivam a proteção daquele que oferece sua força de trabalho dentro da 
atividade rural. Com o adventoda Constituição Federal de 1988, o nosso ordenamento jurídico 
eliminou qualquer distinção entre empregado urbano e rural, conforme determina o “caput” do 
seu artigo 7º:“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social”. 
 
10 Artigo 8º, da Constituição Federal: “É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:” 
11 Processo N. 0044000-49.2007.5.15.0050 – TRT – 15ª Região. 
12 Artigo 187, da Constituição Federal: “A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a 
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores 
de comercialização, armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente:” 
13 Artigo 3º da CLT: “Considera se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual à 
empregador, sob dependência deste e mediante salário.” 
 
13 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
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É importante destacar que o dispositivo constitucional acima transcrito está inserido em 
nossa Carta Magna, dentro do título II, que trata dos direitos e garantias fundamentais, sendo que 
os direitos sociais, estão estampados no mesmo título, especificamente no capítulo ii. A nosso 
ver é importante fazer esse destaque sobre a posição a que foram elevados os direitos sociais 
dentro da nossa constituição, visto que além das emendas constitucionais que integraram a 
redação originária, tudo tem sido no sentido de aperfeiçoar esses direitos e fazer a sociedade 
respeitá-los e dar maior amplitude em sua efetividade na busca de seus respectivos cumprimentos 
para que não se tornem letras mortas. Ao mesmo tempo, é necessário que os nossos Tribunais, 
em todas suas respectivas instâncias tenham a preocupação ao interpretá-los e não cometam 
nenhuma distorção. A sociedade espera que ao intérprete e ao aplicador desses dispositivos 
constitucionais bem como às normas positivadas que tratam da matéria, não coloque em destaque 
ou prevalência seu viés ideológico ou conveniência e faça prevalecer o espírito constitucional 
democrático. Considerando que a própria Constituição por considerar os direitos sociais como 
clausula pétrea, conforme imposição do artigo 60, § 4º, inciso IV, impede qualquer alteração, 
muito menos poderá o intérprete ou o aplicador da norma restringi-la em sua aplicação. O 
saudoso e eminente jurista Arnaldo Sussekind, afirma que: “Os direitos do trabalhador elencados 
no art. 7º da Constituição Federal de 1988 que compõem o seu Título II, “Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais”. E o art. 60 estatui que não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir os direitos e garantias individuais (§4º, inciso IV), com o que conferiu àqueles 
direitos a hierarquia de cláusula pétrea”.14 
Atualmente percebe-se que os trabalhadores estão mais bem amparados em seus direitos, 
entretanto, isso ocorreu depois de muita luta, visto que anteriormente a exploração dos 
assalariados pelo empresariado era desproporcional. “O Direito do Trabalho é um produto da 
reação verificada no século XIX contra a exploração dos assalariados por empresários. Estes se 
tornaram mais poderosos com o aumento da produção fabril, resultante da utilização de teares 
mecânicos e da máquina a vapor, e a conquista de novos mercados, facilitada pela melhoria dos 
meios de transporte (revolução industrial); aqueles se enfraqueceram na razão inversa da 
expansão das empresas, sobretudo porque o Estado não impunha aos empregadores a observância 
 
14 SUSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 2. Ed. (ampl.e atual.) – Rio de Janeiro: Renovar, 
2001. p.85 
 
14 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
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de condições mínimas de trabalho e ainda proibia a associação dos operários para defesa dos seus 
interesses comuns”.15 
Como dito acima pelo mestre Sussekind, após muitas lutas os trabalhadores hoje têm uma 
condição de trabalho melhor e com muito mais amparo reivindicatório de seus direitos, 
entretanto, a fiscalização não pode e não deve baixar a guarda, visto que nem todo empreendedor, 
investidor ou produtor, têm consciência de que o empregado também é um ser humano e necessita 
ter sua força de trabalho remunerada para sobreviver juntamente com sua família de forma digna. 
 
10 CONCLUSÕES FINAIS 
 
Em conclusão, pode se dizer que o valor social do trabalho rural deve ser destacado em 
nossa sociedade pois é resultado da atividade agrícola, onde estão envolvidos diretamente tanto 
o representante do capital quanto do trabalho, cada um na sua posição, porém, sem 
necessariamente haver uma luta de Classe, com cada um sabendo da sua importância e 
necessidade dentro da nossa sociedade. Como vimos através desse trabalho, a nossa legislação 
que regulamenta a utilização da terra para a produção agrícola assim como a preservação do meio 
ambiente é uma das mais avançadas no mundo, cujos legisladores, governos e poder judiciário 
têm consciência da necessidade de buscar e impor e exigência do seu cumprimento para que a 
população tenha condições de ter acesso ao fruto produzido pela terra e, ao mesmo tempo, ter a 
sua qualidade de vida preservada através do equilíbrio do ecossistema. É necessário e urgente 
que o governo possa dedicar maior atenção para melhor estruturação da fiscalização através de 
recursos humanos e materiais com o objetivo de fazer cumprir as regras e normas legais. Além 
disso, cabe ao governo abrir espaço no mercado mundial para exportação da produção excedente, 
também não esquecendo da necessidade de incentivos fiscais e de produção na medida da 
respectiva necessidade. 
Apesar de ainda existirem abusos por parte de alguns empregadores, o que pode e deve 
ser combatido através de denúncias ou fiscalizações o importante é destacar que felizmente o 
trabalhador rural conseguiu conquistar muitos direitos trabalhistas e melhores condições de 
trabalho, inclusive com o fim da distinção entre o trabalhador urbano e o rural. 
 
15 SUSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 2. Ed. (ampl. e atual.) – Rio de Janeiro: Renovar, 
2001. p. 7. 
 
15 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
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Em relação ao produtor rural podemos perceber que apesar de algumas relevantes 
mudanças do manejo da terra, os problemas continuam a ser enfrentados, principalmente diante 
do alto custo do dinheiro para aquele que não tem recursos próprios para produzir em suas terras 
e necessitam buscá-lo através de instituições financeiras. Ao enfrentar a vulnerabilidade do clima 
e do mercado e, muitas vezes, correr o risco de perder o seu patrimônio ou ter que pagar para 
trabalhar, já que em muitos casos o investimento efetivado não tem o retorno esperado. 
Ao produtor rural ainda é atribuído o custo de manutenção, preservação e pagamento de 
impostos de áreas que não são utilizadas ou desfrutadas para a produção agrícola, tendo em vista 
a obrigação de mantença de reserva legal. 
Finalmente, é possível afirmar que o desenvolvimento do agronegócio pode ocorrer em 
sintonia com o meio ambiente, mitigando eventuais perdas para o ecossistema. 
 
 
16 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
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REFERÊNCIAS 
 
BOUÇAS, Cibelle; PRESSINOTTI, Fernanda; SANTOS, Paulo. Jornal Valor Econômico. 14 
de março de 2024. Disponível em: 
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-
de-fornecedores-do-setor.ghtml. Acesso em: 28 de março de 2024. 
 
CARDOZO, Malta. Tratado de DireitoRural Brasileiro. 3º v. São Paulo: Saraiva, 1956. 
 
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Lexikon, 2010. 
 
HORNER, Bernardino C. Política Agrária, 1ª ed. Buenos Aires: Losada, 1942. 
 
MEIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 
2000. 
 
SUSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 2. Ed. (ampl. e atual.) – Rio de 
Janeiro: Renovar, 2001. 
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-fornecedores-do-setor.ghtml
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/03/14/agronegocio-desacelera-e-afeta-a-cadeia-de-fornecedores-do-setor.ghtml

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