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Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� — Obesidad� — // Definiçã� // A obesidade, definida como o índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2 , é uma doença metabólica crônica, de difícil tratamento. A obesidade predispõe o surgimento de uma variedade de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; distúrbios metabólicos, digestivos, respiratórios e gonadais; alguns tipos de cânceres e uma ampla gama de condições osteomusculares. Além disso, também pode levar a uma série de consequências psicológicas e sociais. Adicionalmente, a obesidade está associada à redução expressiva da expectativa de vida (cerca de 5 a 20 anos perdidos) e aumento das taxas de mortalidade, dependendo da gravidade das comorbidades. Ademais, ela acarreta significativos incrementos de gastos com assistência médica e compra de medicamentos. A causa exata da obesidade é desconhecida. No entanto, parece haver uma relação complexa entre fatores biológicos, psicossociais e comportamentais, que incluem composição genética, status socioeconômico e influências culturais. O desenvolvimento da obesidade tem sido associado a microrganismos, epigenética, aumento da idade materna, multiparidade, menor tempo de sono à noite, desreguladores endócrinos, iatrogênese farmacêutica, bem como a efeitos intrauterinos. Condições comórbidas e seus tratamentos também podem ser um fator no desenvolvimento da obesidade. // Complicaçõe� // A obesidade é um dos principais fatores de risco para doenças não transmissíveis, tais como: distúrbios metabólicos, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, distúrbios respiratórios, digestivos, reprodutivos e osteoarticulares; neoplasias malignas etc. Geralmente, quanto maior o IMC, maior o risco dessas complicações. O perfeito entendimento dos mecanismos desencadeantes da obesidade, a prevenção e o tratamento adequados podem minimizar essas comorbidades. SÍNDROMEMETABÓLICA A síndrome metabólica representa um aglomerado de condições que aumentam o risco de doenças cardiovasculares, como hiperglicemia, dislipidemia e HAS. Segundo os critérios da International Diabetes Federation (IDF), o diagnóstico de síndrome metabólica é definido pela presença de, pelo menos, duas das citadas comorbidades em indivíduos com circunferência abdominal aumentada. Já o NCEP – ATP III (National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III) entende ser necessária a presença de, no mínimo, três dos cinco Aloisi� Alencar 1 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� critérios citados acima para estabelecer o diagnóstico de SM. Nesse caso, a presença de obesidade central não é obrigatória e ela é identificada quando o perímetro de cintura > 88 cm para mulheres e > 102 cm para homens. A SM também tem contribuído para o surgimento de outros problemas de saúde, entre eles: síndrome de ovário policístico (em mulheres), baixa testosterona plasmática e disfunção erétil (homens), apneia do sono, doença renal crônica, acantose nigricans (manchas escuras na pele, com textura grossa e aveludada, que surgem principalmente na região do pescoço, axila e virilha), acúmulo de gordura no fígado, ácido úrico elevado, estados pró-trombóticos, pró-inflamatórios e de disfunção endotelial // Diagn�stic� // A avaliação diagnóstica de pacientes com excesso ponderal deve incluir análise antropométrica da adiposidade e avaliação clínica das complicações relacionadas ao excesso de peso. O IMC é uma ferramenta valiosa utilizada em estudos e em registros eletrônicos de saúde; ressalta-se, entretanto, que se trata apenas de uma medida de triagem, sendo isoladamente insuficiente para o diagnóstico amplo dessa condição. Métodos para avaliação da composição corporal podem ser utilizados, caso se julgue necessário e oportuno. ANTROPOMETRIA ➔ Índice de massa corporal O IMC é calculado dividindo-se o peso em quilogramas pela altura em metros quadrados. De acordo com o IMC, os indivíduos adultos podem ser classificados como: - magros ou desnutridos (IMC < 18,5 kg/m2); - normais (IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2 ); - com sobrepeso (IMC de 25 a 29,9 kg/m2 ); - com obesidade grau 1 (IMC de 30 a 34,9 kg/m2); - obesidade grau 2 (IMC de 35 a 39,9 kg/m2 ); e - obesidade grau 3 (IMC ≥ 40 kg/m2 ). As duas principais limitações no uso do IMC isoladamente para diagnosticar a obesidade são a incapacidade em distinguir o peso decorrente de musculatura versus gordura e a impossibilidade de estimar a distribuição de gordura corporal. ➔ Circunferência abdominal A circunferência abdominal é uma medida de suma importância na avaliação do paciente obeso. Tem sido usada por muitas sociedades médicas como marcador de obesidade centrípeta. Essa circunferência deve ser medida ao final da expiração profunda, na linha média horizontal entre a crista ilíaca e o último rebordo costal, com o paciente em pé e de braços estendidos ao lado do corpo. Em sul americanos, valores da circunferência abdominal > 90 cm em homens e > 80 cm em mulheres são considerados anormais. ➔ Relação cintura- quadril A relação cintura -quadril é um bom marcador da distribuição de gordura corporal, já que possibilita estimar tanto a gordura visceral (cintura) como a periférica (quadril). Não é utilizada no acompanhamento do tratamento da obesidade, já que pacientes que perdem grande quantidade de peso mantêm a relação cintura- quadril inalterada. Além disso, são usadas 2 variáveis, o que torna mais trabalhosa a obtenção de um índice. Aloisi� Alencar 2 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� ➔ Relação cintura -estatura Tem sido considerada um bom preditor de doenças cardiovasculares. Valores acima de 0,5 associam- se a aumento do risco metabólico ➔ Dobras cutâneas Estima -se a gordura corporal pela medida da espessura de gordura representativa da camada subcutânea. Trata- se de um método rápido, não invasivo e de baixo custo. Contudo, tem baixa precisão por ser operador- dependente e por subestimar a gordura corporal total. ➔ Bioimpedância Avalia a composição corporal a partir da passagem de corrente elétrica pelo corpo do indivíduo, de modo que a resistência à passagem dessa corrente é mensurada e, assim, consegue-se calcular as quantidades de massa magra, água e gordura corporal. Constitui-se em método rápido e não invasivo, porém, sua precisão pode ser afetada por alimentação, ingestão hídrica, atividade física, ciclo menstrual, consumo de álcool e equipamento utilizado. A vantagem da bioimpedância com oito eletrodos, em comparação com a de quatro eletrodos, é a avaliação compartimentada, que possibilita a análise da gordura visceral. ➔ Absorciometria de raios X de dupla energia (DEXA) Considerada o padrão ouro na análise da composição corporal em pesquisas e na prática clínica. Avalia e quantifica massa livre de gordura, massa gorda e nível mineral ósseo, de forma rápida, precisa e com pouca exposição à radiação. Entretanto, não é indicado para gestantes, lactantes, portadores de implantes metálicos, marca passo, nem tampouco para indivíduos submetidos a procedimentos com iodo, bário ou isótopos por um período de 7 dias antes da avaliação. — Bariátric� — // Definiçã� // A cirurgia bariátrica e metabólica se consolidou como uma das melhores opções terapêuticas para a obesidade grave, especialmente quando há comorbidades, tendo alto grau de eficácia e reduzida taxa de complicações. Ao longo dos anos foram Aloisi� Alencar 3 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� disponibilizados procedimentos cirúrgicos (restritivos, disabsortivos e mistos) para a redução ponderal. Na cirurgia restritiva ocorre uma redução no tamanho do reservatório gástrico resultando em aumento da saciedade, diminuição na velocidade de esvaziamento do estômago e uma perda ponderal média de 30% nos primeiros dois anos, porém observa-se um reganho ponderal de 20% após 10 anos de seguimento. A técnica ascendente neste tipo de cirurgia é a gastroplastia em manga (Sleeve Gastrectomy). O Bypass Jejuno-ileal era a técnica mais usada no mundo e possibilitava,segundo a literatura, até 80% de perda do excesso de peso pré-operatório com manutenção dessa perda por até 18 anos após a cirurgia, entretanto devido à alta incidência de complicações nutricionais e metabólicas estas cirurgias foram proscritas na década de 70. A gastroplastia redutora com derivação intestinal em Y de Roux é a técnica considerada “padrão ouro” devido à obtenção de melhores resultados que as técnicas restritivas e menores complicações em comparação com as técnicas disabsortivas. Sua eficiência na perda de peso se deve, provavelmente, a sensação precoce de saciedade, ocasionada pela restrição gástrica, e pela absorção inadequada de nutrientes provocada pela exclusão de parte do duodeno e parte do jejuno, trânsito rápido do alimento até as porções mais distais do intestino e baixa taxa de mortalidade, em torno de 1%. Aliado a isso, existe o fato dessa técnica ser vista como uma cirurgia metabólica, pois além do efeito restritivo e disabsortivo ocorrem também alterações neurais e hormonais, como a diminuição da grelina (hormônio orexígeno) e aumento do peptídeo-YY (PYY) e peptídeo glucagon-símile 1 (GLP1) (hormônios anorexígenos) que contribuem para a diminuição do apetite conferindo maior eficiência a esse tipo de procedimento se comparadas às técnicas restritivas. O GRDIYR também está associado à melhora nos quadros de hipertensão arterial sistêmica, função cardiopulmonar, clearance da apnéia do sono e controle glicêmico. // Mecanism� d� perd� d� pes� // A perda de peso nos pacientes após cirurgia ocorre por complexos mecanismos que levam ao balanço energético negativo. Estes envolvem múltiplas áreas centrais e tecidos periféricos, que se comunicam através de conexões neurais, hormônios e metabólitos. Sinais provenientes de órgãos sensoriais, como visão, olfato e paladar, e de tecidos periféricos, como trato gastrointestinal e tecido adiposo, além de sinais provenientes de outras áreas centrais, como córtex e sistema de recompensa (que determinarão, por exemplo, o valor atribuído a alimentos específicos e a motivação para buscá-los) convergem para o hipotálamo. Os hormônios intestinais envolvidos no controle do apetite podem ser orexígenos ou anorexígenos. Fisiologicamente, a grelina é o único hormônio verdadeiramente orexígeno encontrado até o momento, enquanto vários hormônios anorexígenos são descobertos. Esses hormônios parecem agir como iniciadores ou finalizadores de uma refeição, dessa forma tendo influência sobre a ingestão energética a curto-prazo. Os hormônios intestinais circulantes influenciam a atividade neuronal no sistema nervoso central ou diretamente pela penetração na barreira hematoencefálica, agindo dessa maneira no hipotálamo e no tronco cerebral, ou via receptores no nervo vago aferente. As incretinas são secretadas pelo trato gastrointestinal durante a ingestão alimentar e ligam-se a receptores específicos acoplados à proteína G, os quais podem ser encontrados no pâncreas, estômago, músculo esquelético, coração, pulmão e cérebro. Aloisi� Alencar 4 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� No hipotálamo, há dois grupos de neuropeptídios envolvidos nos processos orexígenos (que aumentam a sensação de fome) e anorexígenos (que suprimem o apetite), que tem como função controlar as sensações de fome ou saciedade e desencadear respostas endócrinas, autonômicas e comportamentais a fim de manter a homeostase. Os neuropeptídeos orexígenos são o neuropeptídeo Y (NPY) e o peptídeo agouti (AgRP). Já os neuropeptídios anorexígenos são o hormônio alfa-melanócito estimulador (α-MSH), proveniente da clivagem da molécula Pró-Opiomelanocortina (POMC), e o transcrito relacionado à cocaína e à anfetamina (CART). Principais sítios de ação dos hormônios intestinais influenciando a ingestão alimentar: hipotálamo, tronco cerebral e nervo vago. NPY - neuropeptídeo Y, AgRP - proteína relacionada à agouti, POMC - pró-opiomelanocortina, CART - transcrito regulado por anfetamina e cocaína. Após a cirurgia, os nutrientes ingeridos ignoram a maior parte do estômago e do intestino delgado superior, entrando diretamente no jejuno, sem se misturarem com enzimas pancreáticas ou ácidos biliares. As modificações anatômicas também resultam em uma maior secreção de NPY e GLP-1, responsáveis pela menor ingestão alimentar e aumento da saciedade. Outras alterações incluem modificações na microbiota intestinal e sinalização do nervo vagal alterado. // Diet� n� P��-Bariátric� // A dieta no pós operatório precoce passa por uma transição lenta de líquida a pastosa, até a dieta sólida, cerca de 1 mês após o procedimento, período que pode variar de acordo com o protocolo da equipe cirúrgica. A dieta deve ser rica em proteínas e pobre em carboidratos, a fim de evitar a recidiva de obesidade e hipoproteinemia, sempre acompanhada por equipe multidisciplinar. No pós operatório precoce, é recomendada a ingestão mínima de 60 g/dia de proteína, chegando a até 1,5 g/kg de peso ideal. A reposição de micronutrientes deve seguir as necessidades de cada caso. A recomendação mínima diária para DGYR e GV inclui duas cápsulas de complexos multivitamínicos/multiminerais, 1.200 a 1.500 mg de cálcio elementar (de preferência, o citrato de cálcio, pela melhor absorção), 2.000 UI de vitamina D (buscando alcançar níveis de 25 hidroxivitamina D [25OHD] > 30 ng/mℓ), vitamina B12 (de acordo com as necessidades) e 45 a 60 mg de ferro total. É recomendável que os níveis de glicemia sejam determinados nos diabéticos após a alta hospitalar, auxiliando no manejo das doses de medicações antidiabéticas e buscando flagrar possíveis hipoglicemias. Alimentos hipercalóricos ricos em sacarose podem desencadear a síndrome de dumping, caracterizada pela presença da diarreia osmótica, a qual é decorrente das alterações disabsortivas secundárias à DGYR e pode estar associada a náuseas, tontura, mal estar e Aloisi� Alencar 5 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� sudorese, de ocorrência pós prandial. Em geral, manifesta-se dentro de 60 a 90 minutos após a alimentação. Em procedimentos disabsortivos como a derivação biliopancreática é mais comum a presença de deficiência de vitaminas A, D e K, zinco e ácidos graxos essenciais. No bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR), a técnica mais utilizada nos Estados Unidos e no Brasil, há maior prevalência de deficiência de vitamina B12, ferro e ácido fólico PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS Deficiência de vitaminas hidrossolúveis Deficiência de B12 → A deficiência de vitamina B12 é uma das deficiências mais frequentes observadas após o BGYR20 e pode ocorrer em consequência de vários fatores. Com a redução na produção gástrica de ácido clorídrico, não há a conversão de pepsinogênio em pepsina, a qual é necessária para a liberação de vitamina B12 presente em alimentos protéicos. Além disso, o fator intrínseco é produzido pelas células parietais do estômago. Quando não há a produção de fator intrínseco ou esta é insuficiente, como acontece com a redução do compartimento gástrico, não há absorção de vitamina B12 no íleo distal, dando origem a anemia perniciosa. Deficiência de Tiamina (Vitamina B1) → Relatos de casos têm demonstrado a ocorrência de deficiência de tiamina no pós-cirúrgico, especialmente na presença de náuseas e vómitos. A baixa ingestão e a má absorção também contribuem para sua deficiência. Deficiência de Ácido Fólico (Vitamina M) → O armazenamento de ácido fólico pode esgotar em poucos meses de pós-operatório na ausência da suplementação ou ingestão inadequada de alimentos fontes como: hortaliças verde-escuras, frutas, vísceras, fígado e cereais enriquecidos ou na presença de outros fatores. Deficiência de Ferro → A anemia pode afetar dois terços dos Doentes submetidos à cirurgia bariátrica, sendo geralmente provocada pela deficiência de ferro. Os principais fatores responsáveis pela deficiência de ferro no pós-operatorio de cirurgia bariátrica são: hipocloridria gástrica, dificultando a redução de Fe3+ à Fe2+ e desta forma, impossibilita a absorção deferro dos alimentos; mal absorção de ferro devido a exclusão dos principais locais de absorção (duodeno e jejuno proximal), intolerância alimentar a carne vermelha ou ainda perdas sanguíneas peri-operatória, menstruação, úlceras gastrointestinais, etc. Deficiência de vitaminas lipossolúveis A digestão de lipídios após o bypass gástrico ocorre de forma mais lenta devido à ausência de contato das gorduras com o duodeno o que prejudica a atuação da colecistoquinina, hormônio intestinal necessário para a liberação das lipases biliares e pancreáticas. Assim há produção limitada de enzimas lipolíticas e reduzida formação de micelas que pode resultar em esteatorreia e deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) Deficiência de Cálcio e Vitamina D → A vitamina D é necessária tanto para garantir uma boa função esquelética quanto para função imune, prevenção de câncer e saúde cardiovascular. O cálcio é absorvido preferencialmente no duodeno e jejuno proximal, e sua absorção é facilitada pela vitamina D em um ambiente ácido. A vitamina D é absorvida preferencialmente no jejuno e íleo. Deficiência de macronutriente Deficiência de proteínas → A deficiência de proteína é a mais comumente relatada entre os macronutrientes. É principalmente observada após as técnicas cirúrgicas disabsortivas ou mistas (DBP/DS e BGYR). No entanto, tal deficiência não ocorre somente devido ao componente mal-absortivo destas técnicas cirúrgicas. Pode estar associada também à outros componentes que levam a diminuição da ingestão alimentar como a anorexia, vômitos persistentes, diarreia, intolerância alimentar e etilismo ou à reduzida capacidade individual absortiva e adaptativa // Indicaçã� // Há indicação de encaminhamento para tratamento cirúrgico da obesidade as seguintes situações: Aloisi� Alencar 6 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� - Paciente com IMC maior ou igual a 50 kg/m2; - Paciente com IMC entre 40 e 49,99 k/m2, independente de comorbidades, após tratamento clínico longitudinal por dois anos sem sucesso, realizado na atenção primária. - Paciente com IMC entre 35 e 39,99kg/m2, com alguma das seguintes comorbidades: risco cardiovascular maior que 20% em 10 anos, doença cardiovascular, hipertensão arterial de difícil controle, diabetes mellitus de difícil controle, síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (apneia do sono) ou doença articular degenerativa, após tratamento clínico longitudinal por dois anos sem sucesso, realizado na atenção primária. Tratamento clínico longitudinal é definido como orientação e apoio para mudança de hábitos, realização de dieta, atenção psicológica, prescrição de atividade física e, se necessário, farmacoterapia. Paciente com suspeita ou diagnóstico de obesidade secundária a problemas endocrinológicos, como, por exemplo, síndrome de Cushing e obesidade hipotalâmica, devem ser encaminhados ao Endocrinologista. Não há necessidade de encaminhamento ao endocrinologista de pacientes com obesidade secundária a uso de medicamentos como, por exemplo, uso de glicocorticoide, antipsicóticos e estabilizadores do humor. // �-Mult� n� pr� � p�� operatóri� // A equipe de especialistas da obesidade tem o dever de apoiar e ajudar o paciente dia após dia em suas dúvidas, medos, anseios e dificuldades que aparecem com frequência durante esse tipo de tratamento, que é sim, muito difícil. Sintomas de depressão são frequentes em pacientes obesos. A desmotivação durante o tratamento é comum e, muitas vezes, é resultado do próprio excesso de peso que ainda não foi eliminado. Uma autoimagem negativa e a baixa autoestima dificultam os relacionamentos sociais, interferem no comportamento sexual e são fatores importantes que levam à sensação de impotência perante às mudanças que o paciente precisa realizar. Cabe à equipe de multidisciplinar identificar esses problemas e, ao permitir que o paciente expresse seus sentimentos e suas dificuldades, conquistar sua confiança e incentivá-lo a ter uma visão mais otimista do problema. Além de motivar o paciente, oferecer suporte para que as mudanças possam realmente acontecer é de extrema importância para o sucesso do tratamento. A equipe multidisciplinar responsável pelo tratamento pode ajudar no suporte psicológico, inclusive indicando o paciente para uma equipe especialista. O tratamento não acaba quando o paciente emagrece Depois que os pacientes percebem os primeiros resultados, muitos abandonam os consultórios. Muitas vezes, após dietas restritivas ou procedimento cirúrgico, ocorrem mudanças no metabolismo, falta de vitaminas, alterações hormonais etc. Essas alterações devem ser acompanhadas de perto pelo médico e toda a equipe que iniciou o tratamento. O processo deve continuar como acompanhamento para evitar que o paciente não volte ao peso anterior. É papel da equipe informar ao paciente que a predisposição para ganhar peso é um problema crônico e que continuará sempre em acompanhamento quando se trata de novos hábitos alimentares e atividade física. Os mesmos esforços utilizados na fase inicial devem ser seguidos na fase pós-emagrecimento, pois as mudanças no estilo de vida exigem, muitas vezes, um longo período de adaptação. O processo todo chegará ao final quando a busca da saúde e do bem-estar estiverem completas. Quem deve estar na equipe multidisciplinar? Cirurgião Aloisi� Alencar 7 Tutori� (UC18) Problem� 05: By� by� quilinh� O Cirurgião é o responsável por realizar a Cirurgia Bariátrica, mas seu papel não se limita apenas a isso. Ele deve realizar uma avaliação criteriosa do paciente antes da cirurgia, indicando a melhor técnica a ser utilizada e avaliando os riscos e benefícios do procedimento a partir das necessidades de cada paciente. Além disso, ele deve estar presente no acompanhamento pós-operatório, orientando o paciente e acompanhando sua evolução. Nutricionista Depois da cirurgia o indivíduo precisa adotar uma dieta balanceada para garantir a melhor perda de peso. Isso não deve acontecer somente no período pós-operatório, enquanto o corpo se recupera, mas pelo resto da vida. Por isso se fala tanto na reeducação alimentar, que deve começar desde antes da operação. O nutricionista é responsável por orientar e ensinar o paciente a se alimentar corretamente, ajudando-o a encontrar gosto numa alimentação que não é destrutiva para seu corpo e que seria maléfica para os resultados da bariátrica. Além disso, ele ajuda a pessoa a manter seu corpo com todos os nutrientes necessários para recuperar-se bem do procedimento. Psicólogo como parte da equipe multidisciplinar O psicólogo é um membro fundamental de qualquer equipe multidisciplinar de bariátrica, pois a obesidade está muito relacionado a fatores psicológicos. Comer é, muitas vezes, a maneira de lidar com estresse e pressão emocional. Além disso, o problema pode estar relacionado a distúrbios psicológicos, como depressão e crises de ansiedade. O psicólogo, portanto, tem como função avaliar o paciente antes de realizar a bariátrica e identificar esses problemas. No período antes da cirurgia, ele começa a preparar a mente da pessoa para os resultados da mesma, evitando fortes impactos psicológicos. No pós-operatório, o psicólogo volta a entrar em ação, dessa vez com o tratamento propriamente dito para os distúrbios psicológicos identificados. Sua atividade evita que o paciente volte a descontar seus problemas na alimentação e o ajuda a encontrar a autoaceitação, tão importante para uma vida saudável. Endocrinologista O endocrinologista é responsável por identificar e tratar doenças hormonais relacionadas à obesidade, como diabetes, hipertensão, hipotireoidismo e esteatose hepática. Ele também auxilia o paciente no pós-operatório, garantindo que ele está com o corpo em equilíbrio e aderindo corretamente ao plano nutricional. No caso de doenças descobertas somente no período pós-operatório, o endocrinologista também ficará responsável pelo seu tratamento, evitando que interfiram na perda de peso. Cardiologista Para realizar a cirurgia bariátricacom a maior segurança possível o paciente precisa estar em bom estado de saúde. Portanto, é imprescindível ter o acompanhamento de um cardiologista para diagnosticar e tratar doenças cardiológicas, que, muitas vezes, acompanham a obesidade, antes e depois da operação. O cardiologista tem o importante papel de tratar e orientar o paciente para conseguir os melhores resultados da cirurgia em questões de saúde do seu sistema cardiovascular. Fonoaudiólogo O Fonoaudiólogo é responsável por avaliar e tratar as disfunções da deglutição e da fala, que podem ocorrer após a Cirurgia Bariátrica. Essas disfunções podem ser causadas pela alteração da anatomia do trato gastrointestinal, mas com o tratamento adequado é possível minimizá-las. Fisioterapeuta O Fisioterapeuta é responsável por avaliar e orientar o paciente quanto à atividade física antes e depois da Cirurgia. A prática de exercícios físicos é fundamental para garantir uma perda de peso saudável e para melhorar a qualidade de vida do paciente. A fisioterapia também auxilia no tratamento de possíveis complicações pós-operatórias, como trombose e infecções. Aloisi� Alencar 8