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Diabetes Mellitus 1 🧁 Diabetes Mellitus Definição Síndrome metabólica caracterizada por uma deficiência de insulina absoluta ou relativa decorrente de: Secreção deficiente de insulina pelo pâncreas e/ou ação deficiente da insulina nos tecidos (resistência à insulina) Caracteriza-se por glicemia cronicamente elevada com distúrbio do metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. Tipos Tipo 1 Predomínio em idade 20 anos Deficiência absoluta de insulina (destruição das células Beta) Indivíduo magro Sintomas: polidipsia, poliúria, polifagia e emagrecimento Descompensação tipo cetoacidose Herança associada ao sist. HLA Diabetes Mellitus 2 Tipo 2 Predomínio em idade 40 anos Deficiência relativa + resistência à insulina Indivíduo geralmente obeso, sedentário e hipertenso Início insidioso, às vezes assintomático ou por complicações crônicas Descompensação tipo coma hiperosmolar Herança poligênica Terceira categoria: Lesões no pâncreas, endocrinopatias Caracterizadas por excessos de hormônios que antagonizam a ação da insulina, diabetes induzido por medicamentos ou produtos químicos e infecções que destroem as células B GRH, cortisol, epinefrina, glucagon) Avaliação Clínica de Idosos com Diabetes Avaliar fatores de risco para doença aterosclerótica e presença de comorbidades Faça um histórico completo de medicação Avalie o status funcional Triagem para síndromes geriátricas: uso de múltiplos medicamentos, depressão, comprometimento cognitivo, incontinência urinária, quedas , prejudiciais e dor crônica Avaliar a necessidade de educação sobre diabetes e apoio para autogestão, e se deve envolver um cuidador. Monitorar risco macro e microvascular Manter o peso adequado ( + atividade física) Parar de fumar Limitar a ingestão de gordura e carboidratos Tratar a hipertensão Diabetes Mellitus 3 Prevenir IM (ou seja, aspirina) Tratar dislipidemia Avaliação oftalmológica no diagnóstico e 1x/ano Exame dos pés 1x/ano Teste para microalbuminúria no momento do diagnóstico e pelo menos anualmente a partir de então Saúde bucal Esquema de vacinação Critérios diagnóstico de DM A1C / 6,5% O teste deve ser realizado por meio de método rastreável ao método do DCCT e devidamente certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program NGSP Glicemia de jejum >/ 126 mg/dL O período de jejum deve ser definido como ausência de ingestão calórica por pelo menos 8 horas. Na ausência de hiperglicemia comprovada, os resultados devem ser confirmados com a repetição dos testes. Glicemia 2h após sobrecarga com 75g de glicose >/ 200 mg/dL Em teste oral de tolerância à glicose. Esse teste deverá ser conduzido com a ingestão de sobrecarga de 75 g de glicose anidra dissolvida em água em todos os indivíduos com glicemia de jejum entre 100 mg/dL e 125 mg/dL Glicemia ao acaso >/ 200 mg/dL. Em pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, ou em crise hiperglicêmica OBS A positividade de qualquer um dos parâmetros diagnósticos descritos confirma o diagnóstico de diabetes. Na ausência de hiperglicemia comprovada, os resultados devem ser confirmados com a repetição dos testes, exceto no TTG e na hiperglicemia comprovada Diabetes Mellitus 4 Hemoglobina A1c Reação não enzimática da glicose com hemoglobina que ocorre quando os níveis de glicose estão elevados Reflete a glicemia média do indivíduo no período de 2 a 3 meses que antecederam o exame Padrão - ouro no controle metabólico Metas Glicêmicas Metas Adultos Crianças Idosos Idosos com algum comprometido Hemoglobina glicada Abaixo de 7% Abaixo de 7% Abaixo de 7,5% Abaixo de 8,5% Glicemia de jejum 70 a 130 mg/dL 80 a 130 mg/dL 90 a 150 mg/dL 90 a 150 mg/dL Meta glicêmica 70 a 180 mg/dL 70 a 180 mg/dL 70 a 180 mg/dL 70 a 180 mg/dL Pós-prandial Abaixo de 180 mg/dL Abaixo de 180 mg/dL Abaixo de 180 mg/dL Abaixo de 180 mg/dL Tempo no alvo Acima de 70% Acima de 70% Acima de 70% Acima de 70% Hipoglicemias No máximo 4% de glicemias abaixo de 70 mg/dL No máximo 4% de glicemias abaixo de 70 mg/dL No máximo 4% de glicemias abaixo de 70 mg/dL No máximo 1% de glicemias abaixo de 70 mg/dL O que é tempo no alvo? Durante o Congresso Internacional de Tecnologias Avançadas para Tratar o Diabetes ATTD, em inglês), realizado em 2019, na Alemanha, os especialistas discutiram amplamente o Tempo no Alvo e chegaram a um novo conceito que visa avaliar o controle do diabetes. O tempo no alvo é o período que a pessoa fica dentro dos valores de 70 a 180mg/dL de glicemia. O recomendado é a pessoa com diabetes ficar acima de 70% do tempo dentro da faixa alvo (meta glicêmica).Com isso, o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, retinopatia, doença renal, entre outras complicações, diminui. Diabetes Mellitus 5 Controle de Glicemia Glicosímetros Medem o nível da glicemia atual Os digitais possuem memória de testes e arquivam as últimas medições que podem ser acessadas posteriormente Alguns tem recurso que possibilita programar alarmes para lembrar o horário da medição OBS atenção com medições desnecessárias - são desconfortáveis Sensor de glicose: O sensor de glicose não necessita de picadas constantes. No centro do sensor, existe um filamento que atravessa a pele e entra em contato direto com o líquido do tecido subcutâneo, realizando em tempo real as medidas de glicose É possível conectar o sensor ao smartphone Tanto o sensor de glicose quanto o glicosímetro servem para identificar uma hiperglicemia ou hipoglicemia. Abordagem não farmacológica Terapia nutricional: Aspectos quantitativos - quota calórica- e qualitativos - distribuição de macro e micronutrientes, devem ser levados em consideração Avaliar o IMC, a composição corporal, o grau de controle da glicose e a presença de comorbidades Avaliar o estado nutricional do paciente , se eutrófico, baixo peso ou excesso de peso, determinar a quota calórica → dietas normocalóricas, hipercalóricas ou hipocalóricas, respectivamente. Recomenda-se dieta rica em fibras, com carboidratos complexos e de baixo índice glicêmico, com predominância de gorduras poli e monoinsaturadas, além de proteínas de alto valor biológico, na proporção 45% a 50% de carboidratos, de 25% a 30% de gorduras e 15% a 25% de proteínas. Diabetes Mellitus 6 Considerar as preferências alimentares ,os hábitos alimentares e o paladar da pessoa idosa Tratamento Medicamentoso Ideal Simples (única tomada/ injeção) Não aumente o peso Pouca hipoglicemia Poucos efeitos colaterais Ajustável a função renal Ajustável na presença de ICC / DAC Avaliar capacidade funcional sempre Grupos de Antidiabéticos Orais Secretagogos: estimulam o pâncreas a produzir insulina sulfonilureias, representadas pela gliclazida, glimepirida, glibenclamida e clorpropramida(as últimas em desuso ); e as glinidas, compostas pela repaglinida. Sensibilizadores de insulina: melhoram a ação da insulina e têm como principais representantes a metformina e a pioglitazona. Inibidores de SLGT2 ajudam a eliminar o excesso da glicose pelos rins, ao mesmo tempo que os protege. Nesse grupo estão a canaglifozina,a dapaglifozina e a empaglizozina. GLP1 aumenta a produção de insulina e reduz a do glucagon -inibidores de DPP4, a linagliptina, a sitagliptina, a alogliptina e a evogliptina. Temos substâncias que funcionam como GLP1 artificiais, a exemplo da semaglutida, única representante oral Acarbose: retardam a absorção da glicose no intestino Medicamentos híbridos: nos quais se encontram mais de um produto em um mesmo comprimido. Tratamento Farmacológico Diabetes Mellitus 7 Metformina: primeira escolha em pacientes idosos funcionalmente independentes, com peso normal. Na DRC leve a moderada TFGe entre 30 e 60 mL/min/1,73 m2 TFGe igual ou inferior a 45 mL/min/1,73 m2 máximo de 1 g/ dia na forma de liberação lenta TFG inferiores a 30 mL/min/1,73 m2, a droga deve ser suspensa. Pode serprescrita para pacientes com insuficiência cardíaca IC ou hepática leve a moderada. A droga pode causar diminuição dos níveis séricos de vitamina B12, por isso a dosagem de vitamina B12 periódica (pelo menos uma a duas vezes por ano) e imperiosa em uso continuo de metformina. Sulfonilureias: Aumentam o risco de hipoglicemia, como a glibenclamida, principalmente nos pacientes com insuficiência renal e com baixa ingestão de alimentos e não deveriam ser prescritas para essa população. Podem causar ganho de peso e existem questionamentos sobre aumento no risco cardiovascular. Glitazonas (pioglitazona): Podem ser utilizadas em idosos, especialmente naqueles com obesidade central, síndrome metabólica e dislipidemia aterogênica. Parecem diminuir o risco de DACV, especialmente o risco de recorrência de acidente vascular cerebral AVC isquêmico, mas aumentaram o risco de descompensação de IC grave; podem aumentar o risco de fraturas osteoporóticas Inibidores da dipeptidil peptidase-4 DPP4 Baixo risco de hipoglicemia e baixo potencial de interação medicamentosa e não causam ganho de peso. Não aumentam o risco de DACV, embora exista um questionamento em relação ao risco de IC com a saxagliptina. Considera-se uma boa opção terapêutica nessa população, especialmente no subgrupo mais frágil. Vildagliptina ,Sitagliptina) Agonistas do receptor de GLP1 (aGLP1 Diabetes Mellitus 8 Úteis no subgrupo de pacientes com sobrepeso e obesidade Devem ser evitados nos idosos frágeis e com baixo peso. Baixo risco de hipoglicemia e diminuição da mortalidade por DACV geral e de AVC. O custo elevado e eventos adversos (náuseas e vômitos) são fatores limitantes. Apresentações injetáveis podem ser de uso diário ou semanal, favorecendo a aderência. A formulação oral diária está aprovada Inibidores de cotransportador de sódio/glicose 2 SGLT2: Baixo risco de hipoglicemia, uso VO. Ajudam a diminuir o peso corporal, a PA e o acido úrico. Diminuem a progressão da doença renal, do DM, hospitalização por IC e a mortalidade por DACV geral, especialmente a custa da diminuição de morte por IC, o que os torna drogas de primeira escolha em pacientes com esse perfil clinico. Aumento do risco de infecções urogenitais Insulina: Hormônio fundamental para a vida. Produzida pelo pâncreas, a insulina permite que a glicose presente na circulação seja utilizada pelas células do corpo. Ao entrar na célula, a glicose pode ser usada como energia ou armazenada para uso posterior A combinação de resistência à insulina com a menor produção desse hormônio é o principal problema que leva à hiperglicemia A menor produção ou menor efeito dos hormônios intestinais, maior reabsorção de glicose pelos rins e maior produção de glicose pelo fígado contribuem para a condição Insulinoterapia: requer boa acuidade visual, motora e cognitiva, ou que haja disponibilidade de familiares ou cuidadores bem treinados, o que pode ser um fator limitante se não ha disponibilidade. Diabetes Mellitus 9 Aplicação da insulina: Bomba de insulina: Programa a liberação das doses de insulina ao longo do dia, sempre de acordo com as necessidades do paciente A bomba de insulina fica conectada ao corpo do paciente o tempo todo, podendo ser tirada em situações específicas, como um banho de mar (dependendo do modelo) É importante a troca do cateter com regularidade, além de fazer a contagem de carboidratos para programar a quantidade de insulina adequada com base nas refeições Diabetes Mellitus 10 Canetas de aplicação: As canetas permitem administrar doses menores de insulina com mais segurança. Alguns modelos contam com avisos sonoros quando a dose é aplicada. Interessante para quem tem baixa visão. As canetas inteligentes se conectam ao smartphone e armazenam dados. Elas podem se comunicar com os aparelhos que medem a glicose e, assim, gerar mais informações para o usuário e o médico. Insulina em dose semanal: O próximo passo do tratamento diabetes será a insulina em dose semanal. Em estudo clínico, comparada à insulina de gludeca Tresiba®) em dose diária, a icodec mostrou superioridade no controle da hemoglobina glicada sem aumento da frequência de hipoglicemias. Outros benefícios são a redução do número de aplicações de 365 para 52 ao ano e a maior satisfação das pessoas com o tratamento. Pâncreas biônico: NEJM anunciou o Bionic Pâncreas (iLet), um sistema de administração de insulina totalmente automático Tecnologia e saúde dos olhos: O Phelcom Eyer é um retinógrafo portátil, desenvolvido e produzido no e Brasil que, integrado ao smartphone, faz imagens de retina de alta qualidade em poucos minutos, sem necessidade de dilatação da pupila. Simultaneamente, disponibiliza as imagens em um sistema na nuvem, permitindo o diagnóstico remoto e o resultado imediato. Hipoglicemia Alterações metabólicas, fisiológicas e psicossociais relacionadas à idade colocam os idosos em maior risco de hipoglicemia Diabetes Mellitus 11 Os hormônios contrarreguladores, o melhor sistema de defesa do corpo contra a hipoglicemia, diminuem com a idade Os sintomas autonômicos de hipoglicemia (sudorese, fome, taquicardia, etc.) sinais de alerta de perigo iminente também são diminuídos e podem levar ao desconhecimento da hipoglicemia . O declínio cognitivo e psicomotor e a ausência de estímulos psicossociais podem sugerir a presença de demência em vez de hipoglicemia A polifarmácia e a má nutrição também exarcebam o risco de hipoglicemia dos idosos Leve: glicemia entre 55 mg/dL e 70 mg/dL Moderada: glicemia abaixo de 55 mg/dL Grave: (independentemente do valor) caracterizada por alterações mentais ou estado físico que exijam assistência para reverter. Conclusões A maneira mais eficaz de prevenção do DM2 é por meio da mudança do estilo de vida. A dieta adequada, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo, o aumento na atividade física e a perda de peso nos pacientes com obesidade são imprescindíveis No estudo Diabetes Prevention Program DPP, principal estudo de prevenção do DM2, 20% dos pacientes tinham 60 anos de idade ou mais. Nesse subgrupo, a mudança intensiva de estilo de vida, com 30 minutos de exercício físico aeróbico cinco vezes por semana, restrição calórica de 500 kcal por dia e perda de 5% a 7% do peso corporal, foi muito superior ao tratamento com metformina 71% vs. 11%.