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História 
Antiga
E-book 1
Tatiana Boulhosa
Neste E-book:
Introdução ���������������������������������������������������� 3
O processo de hominização �������������������4
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada ����������������5
A Revolução Neolítica �����������������������������������������8
As primeiras civilizações ������������������������12
Mesopotâmia ���������������������������������������������������14
Sumérios e Arcádios �����������������������������������������16
Amoritas �����������������������������������������������������������17
Caldeus ������������������������������������������������������������19
Assírios ������������������������������������������������������������20
Religião na Mesopotâmia Antiga ������� 23
A economia da Mesopotâmia antiga �����������������26
Considerações finais�������������������������������30
Síntese ����������������������������������������������������������31
2
E-book 
1
Da pedra à invenção 
da escrita
E-book 
1
INTRODUÇÃO
A História se inicia com a invenção da escrita, ao 
redor do ano 4 mil a.C. Os primeiro primatas de que 
se têm notícias e que estariam ligados aos seres 
humanos surgiram há cerca de 13 milhões de anos. 
Verificamos, então, que existe um longo período não 
abrangido por aquilo que chamamos de História. 
O que será que aconteceu com os seres humanos 
durante esses 13 milhões de anos? Como eles vi-
viam? Como se organizavam? De que maneira re-
gistravam suas crenças, seu cotidiano e suas aspi-
rações? Como podemos acessar esses povos e o 
que aprendemos com eles? Nessa primeira unidade, 
vamos percorrer esse caminho, desde o surgimento 
da humanidade até o momento em que passamos 
a nos utilizar da escrita, refletindo um pouco sobre 
o tamanho das conquistas de nossos ancestrais, às 
vezes, tão esquecidas.
3
O PROCESSO DE 
HOMINIZAÇÃO
Figura 1: O processo de hominização.
Os primeiro hominídeos (antepassados dos seres 
humanos atuais) tinham a testa fugidia, andavam 
curvados, tinham prognatismo (a parte inferior da ar-
cada dentária era projetada para frente) e, na arcada 
superciliar (onde se localiza a sobrancelha), havia um 
osso desenvolvido, projetado para frente. Desde que 
eles apareceram até mais ou menos 30 mil a.C., di-
versos “tipos” de hominídeos andaram sobre a Terra: 
desde o australopitecus (“macaco do hemisfério sul”), 
passando pelo pithecantropus erectus (“macaco que 
andava ereto”) e chegando ao homo faber (“homem 
que criava as coisas com a mão”).
4
Paleolítico ou Idade da Pedra 
Lascada
Esse período, chamado de paleolítico ou Idade da 
Pedra Lascada, foi marcado pelo enorme desenvol-
vimento físico, mental e cultural dos antepassados 
dos seres humanos. A coluna tornou-se ereta (o que 
contribuiu para o bipedismo se tornar a regra), hou-
ve um “esticamento” da arcada superciliar (dando 
origem à testa), diminuição do prognatismo (apare-
cimento do queixo), aumento da independência das 
mãos e dos dedos, desenvolvimento do aparelho 
fonador e considerável aumento da caixa craniana. 
Os hominídeos passaram a viver mais na terra, aban-
donando sua vida arborícola. Tornaram-se nômades e 
coletores de alimentos; inventara ferramentas como 
o coup de poing, a faca e o raspador e começaram 
a fabricar o fogo.
REFLITA
Você já parou para pensar que a coluna ereta e 
o bipedismo têm ligação direta com a ocupação 
do território? Caminhando sobre duas pernas, os 
seres humanos liberam suas mãos para carre-
garem objetos (e seus filhotes, dependentes dos 
adultos por muito tempo, quando comparamos a 
outras espécies animais) e passam a serem ca-
pazes de percorrer maiores distâncias, inclusive 
em terrenos mais inóspitos.
5
Mudanças provocadas pelo longo 
processo de hominização
Aumento da 
caixa craniana
Desenvolvimento 
das capacidades 
intelectuais
Desenvolvimento 
das habilidades 
de previsão, pro-
jeção e produção
Desenvolvimento 
do aparelho 
fonador
Comunicação 
com o grupo
Bipedismo
Melhor observação 
dos acontecimen-
tos (facilita a caça 
e a localização de 
predadores)
Melhor 
deslocamento
Mãos livres para 
carregar objetos, 
alimentos e 
filhotes
Figura 2: Resumo do processo de hominização. Elaborado pela autora.
Foi também durante o paleolítico que surgiu o homo 
sapiens primitivo. Os primeiros homo sapiens organi-
zavam-se ao redor do nomadismo e, embora fossem 
coletores de alimentos, sua principal atividade era 
a caça. Por causa do frio, passaram a usar peles 
de animais e o fogo, além de aquecer e cozinhar, 
também começou a ser usado como arma. Nessa 
época, foram inventados o furador, a agulha, o botão, 
o dardo, a anzol, e outras ferramentas feitas com 
pedras, ossos, chifres ou marfim.
6
Desenvolveu-se também a arte rupestre: pintura, 
escultura e gravação em alto e baixo relevo, possi-
velmente com finalidade mágica. Eram feitas com 
carvão, terra e até mesmo sangue.
Figura 3: Arte Rupestre nas paredes da Caverna de Magura, na 
Bulgária. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_rupestre
SAIBA MAIS
Descobertas pela primeira vez em Altamira, Es-
panha, por Marcellino Sanz de Santuola, no final 
do século 19, as pinturas de Arte Rupestre cau-
saram grandes discussões na academia. Muitas 
pessoas questionaram sua autenticidade e foi só 
no século 20 que elas foram consideradas como 
vestígios reais da Pré-História. Na verdade, elas 
foram de extrema importância, tanto para conhe-
cermos o período mais remoto de nossos ante-
7
passados quanto para discussão a respeito do 
que é História, já que toda nossa compreensão 
deriva de uma datação que é Europeia. Essas 
discussões vieram porque, com o tempo, pesqui-
sadores passaram a perceber que havia pinturas 
como aquelas das cavernas europeias ao redor 
de todo o mundo, com datações diferentes. In-
clusive no Brasil. Por aqui, encontramos produ-
ções artísticas de várias “tradições” e grupos. 
Algumas delas, inclusive, trazem características 
de mais de uma tradição ou grupo. Nosso maior 
sítio no país é o Parque Nacional da Serra da Ca-
pivara, no Piauí. Se o tema interessa, sugerimos 
a leitura do livro Arte Rupestre no Brasil, de Madu 
Gaspar (Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003).
Podcast 1 
A Revolução Neolítica
A fabricação de instrumentos, o domínio do fogo 
e agricultura provavelmente foram três das maio-
res conquistas da humanidade em seu processo de 
evolução. Dos três, a agricultura foi o mais tardio e 
implicou diretamente na sedentarização, ou seja, 
na fixação dos grupos em determinados espaços 
geográficos.
As primeiras civilizações agrícolas datam de cerca de 
11.000 a.C. O domínio da agricultura, assim como o 
8
https://famonline.instructure.com/files/43023/download?download_frd=1
domínio do fogo, provavelmente veio da observação 
da natureza. Por séculos, os seres humanos obser-
varam as sementes caírem na terra e brotarem até 
que, em algum momento, decidiram-se por coletar 
não os frutos, mas as próprias sementes e delimitar, 
por seus próprios desejos, os lugares em que essas 
sementes deveriam ser enterradas.
Iniciou-se aqui uma das mais significativas revo-
luções da História da Humanidade: a Revolução 
Neolítica. A ela está ligada a saída dos seres huma-
nos das longas caminhadas pelas planícies e sua 
fixação perto dos rios, em palafitas.
Tornamo-nos agricultores, plantando trigo (de que se 
fazia pão), cevada (de que se fazia a cerveja), centeio, 
vinha, linho e algodão. Começamos a pastorear, do-
mesticando o boi, o porco e a cabra e construímos 
as primeiras embarcações. Fizemos armas de pedra 
polida, inventamos a roda e a cerâmica e vimos sur-
gir as primeiras instituições: a família e a proprie-
dade privada, a religião e uma espécie de Estado. 
Começamos a alinhar menires e a construiu dolmens 
(provavelmente monumentos funerários) e cromlets 
(provavelmente observatórios astronômicos).
9
Figura 4: Stonehenge: os mais famosos dolmens da pré-história, sua 
construção, função e significado são discutidos até hoje por arqueólo-
gos e historiadores. Disponível em: https://pt.freeimages.com/photo/stonehenge-1546730. Acesso em: 20 jan.19.
Assistimos, assim, ao surgimento da busca pela pre-
servação da cultura.
FIQUE ATENTO
“Cultura é tudo aquilo produzido pela humanida-
de, seja no plano do concreto ou no plano imate-
rial, desde artefatos e objetos até ideias e cren-
ças. Cultura é todo complexo de conhecimentos 
e toda habilidade humana empregada socialmen-
te. Além disso, é tudo comportamento aprendido, 
de modo independente da questão biológica”.
SILVA, Kalina Venderlei; SILVA, Maciel Henrique. 
Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: 
Contexto, 2005. p. 85
10
https://pt.freeimages.com/photo/stonehenge-1546730
https://pt.freeimages.com/photo/stonehenge-1546730
Pa
le
ol
íti
co Período da Pedra Lascada
Fim do processo de hominização
Nomadismo, coleta e caça
N
eo
lít
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o Período da Pedra Polida
Surgimento da agricultura e da pecuária 
e desenvolvimento da cerâmica
Surgimento das primeiras instituições: 
família, Estado, religião e propriedade 
privada
Figura 5: As principais fases da Pré-História. Elaborado pela autora
Podcast 2 
11
https://famonline.instructure.com/files/43024/download?download_frd=1
AS PRIMEIRAS 
CIVILIZAÇÕES
As primeiras cidades surgiram próximo às margens 
dos rios. A água era um fator essencial para a seden-
tarização. Ela permitia aos agrupamentos sobreviver, 
plantar e criar seus animais. Com o tempo, a agri-
cultura passou a produzir os primeiros excedentes. 
Essa sobra de alimentos precisou ser armazenada 
e a cerâmica (que também tem relação íntima com 
a água e o domínio do fogo) passou a ser uma pro-
dução importante. Os grãos excedentes eram arma-
zenados em grandes potes de cerâmica e, em algum 
momento, esses potes passaram a ser trocados com 
agrupamentos vizinhos, por outros produtos que eles 
porventura pudessem ter em excesso e que fosse 
benéfico ao agrupamento de origem; nasceu, dessa 
forma, o comércio.
Uma sociedade que planta, colhe, pastoreia e produz 
cerâmica encontra-se frente a frente com o processo 
de especialização do trabalho. Se, originalmente, 
todos os membros hábeis estavam envolvidos em 
todas as produções, com o tempo, alguns passa-
ram a se dedicar exclusivamente a plantar, outros a 
pastorear e outros ainda à produção de cerâmicas. 
Além disso, tornou-se paulatinamente necessário 
proteger as cidades de ataques de grupos vizinhos 
– alguns ainda nômades cobiçavam o acesso fácil 
à alimentação; outros, já sedentários, buscavam to-
12
mar as posses para aumentar sua própria produção. 
Com as ameaças, vieram os muros e os soldados, 
um grupo especializado em guerra.
Esses diferentes grupos rapidamente perceberam a 
necessidade de se encontrar uma liderança mais do 
que temporária. Escolheram-se, então, líderes. Essa 
escolha nem sempre foi pacífica e, na grande maioria 
dos casos, o surgimento desse aparato administrati-
vo e especializado conhecido como Estado passou 
pela construção de um discurso que transformava 
o líder em uma figura especial. E a particularidade 
desse líder, no mais das vezes, estava ligada a outra 
instituição que também começou a se especializar: 
a religião.
SAIBA MAIS
A História da Urbanização se torna ainda mais 
interessante quando observada em imagens e 
animação. Se quiser assistir ao crescimento das 
cidades, ao longo dos milênios, uma excelente 
sugestão é o vídeo The History of Urbanization 
(3700 a.C. – 2000 d.C.). Você o encontra em vá-
rios canais do YouTube ou no link: http://metro-
cosm.com/history-of-cities/ 
13
http://metrocosm.com/history-of-cities/
http://metrocosm.com/history-of-cities/
Mesopotâmia
“Mesopotâmia é a palavra de origem grega que sig-
nifica ‘entre rios’. Situada entre o Planalto do Irã e 
o deserto da Arábia, era formada pelos rios Tigre e 
Eufrates, que nasciam nas montanhas da Armênia e 
desaguavam no Golfo Pérsico” (ROSSI, 2009, p.29). 
A civilização mesopotâmica se iniciou por volta de 
4000 a.C. e chegou ao fim em 539 a.C., quando Ciro, 
rei dos Persas, conquistou seu território.
Figura 6: A Mesopotâmia e suas principais cidades-Estado. Disponível 
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesopot%C3%A2mia. Acesso em: 
29 jan.19.
A região está dividida em duas partes distintas: uma 
planície fértil ao sul, a Caldeia, e um planalto ao norte, 
a Assíria. Trata-se de uma área sem grandes prote-
ções naturais, desse modo, ao longo dos séculos, 
14
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesopot%C3%A2mia
constataram-se invasões sucessivas. Dominaram a 
região: ao sul, os sumérios, os arcádios, os amoritas 
(primeiros ou paliobabilônios), os caldeus (neoba-
bilônios); e ao norte, os assírios. Formam, portanto, 
uma civilização heterogênea, ou seja, de origens 
diferentes.
A escrita mesopotâmica
Hoje se acredita ser a mais antiga escrita conhecida. 
Também chamada de cuneiforme, a escrita mesopo-
tâmica, foi adotada por outros povos. Foi decifrada 
na virada do século 19 para o século 20, por três 
estudiosos: Rawlinson, Grotefend e Oppert.região: ao 
sul, os sumérios, os arcádios, os amoritas (primeiros 
ou paliobabilônios), os caldeus (neobabilônios); e ao 
norte, os assírios. Formam, portanto, uma civilização 
heterogênea, ou seja, de origens diferentes.
A escrita mesopotâmica
Hoje se acredita ser a mais antiga escrita conhe-
cida. Também chamada de cuneiforme, a escrita 
mesopotâmica, foi adotada por outros povos. Foi 
decifrada na virada do século 19 para o século 20, 
por três estudiosos: Rawlinson, Grotefend e Oppert.
15
Figura 7: A escrita cuneiforme
FIQUE ATENTO
A escrita mesopotâmica recebeu o nome de 
cuneiforme por conta de seu formato de cunha. 
Ela se desenvolveu devido à necessidade dos 
povos mesopotâmicos em realizar a contabili-
dade de seus templos. Orginalmente uma escri-
ta ideográfica (ou seja, que representava ideias), 
tornou-se fonética (representando os sons) pro-
vavelmente no segundo milênio antes de Cristo, 
quando passou a ser utilizada não apenas em 
registros contáveis, mas também em textos re-
ligiosos e outros registros ligados ao cotidiano 
mesopotâmico.
16
Sumérios e Arcádios
Não sabemos suas origens, mas em 3500 a.C., os 
sumérios já viviam em cidades independentes umas 
das outras, com governos, deuses, leis e costumes 
próprios. Essas cidades eram, por essa razão, chama-
das de cidades-Estado. Dentre elas, destacaram-se: 
Sumer, Ur, Lagashi, Mipur e Una. Seus chefes eram 
chamados de patesi e dentre, outras, suas principais 
funções abrangiam o papel de chefe local, adminis-
trador, legislador, juiz, sumo sacerdote/representante 
dos deuses na terra e chefe militar.
Essas cidades-Estado brigavam entre si pela hege-
monia política, situação que permitiu que um povo 
vindo dos desertos vizinhos, os arcádios, se estabele-
cesse pacificamente e fundasse suas cidades: Arcad, 
Babilônia e Kish. Os arcádios adotaram a cultura 
sumeriana e acabaram conquistando toda a planície, 
por volta de 2300 a.C.
Duzentos anos depois, um patesi chamado Dungi, 
chefe da cidade de Ur, unificou as cidades sumeria-
nas e libertou os sumérios do domínio dos arcádios. 
Dungi foi também o autor do primeiro código de leis 
escritas da humanidade que, por essa razão, ficou 
conhecido como Código de Dungi. O Código delegava 
à vítima ou à sua família a responsabilidade de levar 
o agressor à justiça e estabelecia penas de acordo 
com o grupo social a que o agressor pertencia. A 
condenação estava baseada no princípio da retalia-
ção das espécies, segundo a qual a agressão deveria 
17
ser devolvida da mesma forma que fosse aplicada 
– a também chamada Pena de Talião.
Figura 8: Entalhe em pedra. Suméria, c. 2000 a.C.
Amoritas
Os amoritas se estabeleceram na região sul da 
Mesopotâmia, por volta de 2100 a.C. A cidade da 
Babilônia, fundada pelos arcádios, se tornou sua 
capital, dando início ao que chamamos de segun-
do estágio da civilização mesopotâmica. Adotaram 
as realizações culturais dos povos anteriores, tor-
naram a língua arcádia oficial e Marduk, deus da 
Babilônia, passou a ser considerado deus nacional.Desenvolveram um intenso comércio entre o Oriente e 
o Ocidente, aproveitando-se de sua posição geográfi-
ca como passagem obrigatória entre as duas regiões.
18
Seu principal rei foi Hamurabi, autor de um código 
de leis que leva seu nome (o “Código de Hamurabi”), 
elaborado sob a influência do Código de Dungi e que 
apresentava leis mais claras. Quase todas as ativida-
des do então Império Babilônico foram regulamen-
tadas. Entre elas estava a manutenção da Pena de 
Talião, a garantia por lei da autoridade absoluta do 
rei e a oficialização do intervencionismo do Estado, 
a partir de leis que regulamentavam o cultivo do solo, 
puniam severamente o abandono do campo e o des-
cuido dos canais de irrigação. Estabeleceu-se tam-
bém o serviço militar obrigatório e a obrigatoriedade 
da devolução de mulheres e crianças entregues como 
pagamento de dívidas, após quatro anos de serviço.
Figura 9: O Código de Lei na Estela do Rei Hamurabi.
19
Comparando-se os dois códigos, observamos que 
as leis dos amoritas eram mais severas. Para citar 
um exemplo: se alguém ajudasse um escravo a fugir, 
deveria, pela lei sumeriana, pagar uma indenização 
ao dono, e pelo código de Hamurabi, seria punido 
com a morte. Se um escravo ou servo discutisse 
com seu amo, segundo Dungi, deveria ser vendido, 
mas, segundo as leis de Hamurabi, deveria ter suas 
orelhas cortadas.
Após a morte de Hamurabi, seus sucessores não 
foram capazes de manter seu Império, que caiu nas 
mãos dos cassitas, outro povo oriundo das regiões 
vizinhas, considerados culturalmente mais atrasado e 
que não se interessou pelas realizações culturais da 
Mesopotâmia. Contudo, como tudo na História, nem 
tudo foram retrocessões. Os cassitas introduziram 
os cavalos na Mesopotâmia, o que alterou conside-
ravelmente a configuração das guerras locais.
Caldeus
Os caldeus se estabeleceram na planície e toma-
ram Babilônia como capital. Consideravam-se des-
cendentes dos primeiros babilônios e reviveram os 
costumes, leis e cultura dos amoritas, pretendendo 
retomar as glórias dos tempos de Hamurabi. Foi o rei 
Nabopolassar que, aliando-se ao Rei dos Medas (per-
sas) destruiu o Império Assírio em 612 a.C. O princi-
pal rei dos caldeus, no entanto, foi Nabucodonossor, 
que formou o chamado Império Caldeu ao conquis-
20
tar a Mesopotâmia, a Fenícia e a Palestina. Trouxe, 
nessa ocasião, os hebreus como escravos para a 
Mesopotâmia, onde ficaram no chamado Cativeiro 
da Babilônia, durante 60 anos, até serem liberta-
dos por Ciro, rei dos Persas. Foi Nabucodonossor 
quem embelezou a Babilônia com seus famosos 
Jardins Suspensos, considerados uma das Sete 
Maravilhas do Mundo Antigo. Depois do governo de 
Nabucodonossor, a civilização dos caldeus perdeu 
força política e, em 639 a.C., foram conquistados 
pelos Persas, comandados por Ciro.
Assírios
Os Assírios chegaram à região da Mesopotâmia 
por volta de 3000 a.C. Como a planície já era uma 
região ocupada, se estabeleceram na região de pla-
nalto. Nesta região, a qualidade do solo é péssima, 
o que desfavorece a agricultura. No entanto, ainda 
é possível encontrar pequenas partes favoráveis ao 
pastoreio, que se torna o ponto forte do comércio 
assírio. Um de seus reis, Assurbanipal, construiu a 
nova capital, Nínive, e mandou recolher todas as pla-
cas de barro (em que eram registradas as histórias 
e as contabilidades dos povos) da região.
O exército assírio
O exército assírio era muito fraco no início de sua 
história, o que explica sua derrota para Hamurabi, 
quando no século 13 a.C. tentaram invadir a planície. 
21
No entanto, foi a partir dessa derrota, e até o século 
8 a.C. que começaram a se estruturar militarmen-
te, com o objetivo de, mais uma vez, invadir a fértil 
planície.
Dessa maneira, reformaram seu exército, lhe dan-
do uma infantaria, uma cavalaria e sapadores. Seus 
componentes passaram a usar capacetes, couraças, 
escudos e armas de ferro bem como de outros me-
tais. Seu desenvolvimento chegou a tal ponto que, 
para atravessarem um rio, não usavam pontes, mas 
sim flutuadores – feitos com sacos de couro e es-
tômagos de animais –, o que lhes poupava muito 
tempo.
As muralhas que protegiam as cidades não podiam 
resistir ao exército assírio, uma vez que este, quan-
do atacava, incendiava as plantações e, usando a 
catapulta, lançava bolas feitas com galhos, besun-
tadas de petróleo, em chamas, incendiando também 
as cidades e fazendo com que os homens fossem 
obrigados a largar seus postos de guerra para tentar 
apagar o fogo. Era nesse momento que eles se apro-
ximavam, com aríetes, para arrombarem os portões 
e, assim, tomar a cidade como sua.
22
Figura 10: O exército assírio em ação.
Em 621 a.C., os assírios foram derrotados pelos cal-
deus, sob o comando de Nabopolassar, que se aliou 
ao rei dos Persas e desapareceram.
FIQUE ATENTO
Várias foram as consequências do militarismo 
assírio. O território se expandiu e as técnicas e 
armas de guerra se aperfeiçoaram. Dentre as ino-
vações do exército assírio está o surgimento dos 
sapadores (homens especializados em reconhe-
cer o exército inimigo, à frente do exército assí-
rio). Além disso, surgiu uma nova ordem social, 
que deu destaque a generais e homens fortes do 
exército – alguns chegaram a organizar golpes 
de Estados e tomar o poder. Por fim, não pode-
mos esquecer o aumento da mão de obra escra-
va, oriundo das conquistas.
RELIGIÃO NA 
MESOPOTÂMIA 
ANTIGA
Vimos que a Mesopotâmia era uma civilização he-
terogênea. Contudo, havia características comuns, 
normalmente adotadas quando da conquista de um 
povo sobre o outro. A escrita cuneiforme foi um dos 
traços de unificação cultural mesopotâmica. Outro 
traço foi a religião que, apesar de apresentar mani-
festações específicas, ganhou contornos gerais em 
toda a região.
A religião mesopotâmica era politeísta, sendo que 
cada cidade tinha um deus principal. Dentre eles 
tempos Shamsh, o sol; Ishtar, a lua; Enlil, deus das 
tempestades e Marduk, deus da Babilônia, também 
conhecido como o touro alado dos assírios. Todos 
esses deuses eram superiores aos homens, o que 
faz desta uma religião transcendental.
24
Figura 11: Shedu, um dos deuses antropozoomórficos da 
Mesopotâmia.
FIQUE ATENTO 
Os termos antropomórfico, zoomórfico e antro-
pozoomórfico aparecem com frequência quando 
falamos sobre religiões. “Morfos” indica forma; 
“antropo”, ser humana e “zoo”, animal. Assim, 
deuses antropomórficos são aqueles que têm a 
forma de seres humanos; zoomórfico, os que têm 
forma de animal, e antropozoomórficos aqueles 
que têm forma de seres humanos e animais ao 
mesmo tempo (como é o caso de Shedu e de 
Marduk, na Mesopotâmia).
25
A religião mesopotâmica era uma religião terrena, 
isto é, não acreditavam na imortalidade da alma ou 
na vida após a morte e, por isso, não tinha a ques-
tão ética como base de seus dogmas e discussões; 
afinal, não havia a compreensão de que bondade, 
justiça e virtude não eram recompensadas em outro 
plano. Dessa forma, quando rezavam, pediam por 
uma vida longa, bens materiais, prazeres e muitos 
filhos. Era, portanto, uma religião voltada para esta 
vida. Por tudo isso, faz sentido o fato de que não 
tinham qualquer tipo de preocupação especial para 
com os mortos; não os mumificavam e os enterravam 
sob o chão da própria casa.
Com os caldeus, houve uma identificação dos deuses 
com os astros, o que fez da sua uma religião astral. 
Para eles os deuses eram seres tão superiores aos 
homens que estes eram insignificantes e seus des-
tinos eram determinados, não havendo nada que se 
pudesse fazer para mudá-lo. Não há concepção de 
pecado, mas, se houvesse, não poderia ser evitado. 
Não havendo livre arbítrio, trata-se de uma religião 
fatalista.
Os sumérios são os primeiros a construírem os zi-
gurates, mas outros povos da Mesopotâmia tam-
bém o fazem. Trata-se de uma construção maciça, 
de base quadrangular, formando plataformas em 
tamanhos decrescentes, terminando em um cubo. 
Eram templos dedicados aos deuses e, entreos cal-
deus, eram também utilizados como observatórios 
astronômicos.
26
Figura 12: Os degraus do Zigurate de Ur, construído pelos neosumé-
rios no reinado de Nabonidus (556 - 539 a.C.) sobre os escombros de 
um zigurate mais antigo, provavelmente construído pelo rei sumeriano 
Ur-Nammu, c. 2100 a.C.
A economia da Mesopotâmia 
antiga
A base da economia na Mesopotâmia foi a agricul-
tura, desenvolvida graças às enchentes fertilizantes 
dos rios Tigres e Eufrates. Os povos da região, de 
forma geral, cultivaram cereais e árvores frutífera. 
Dentre eles, foram os sumérios que drenaram pânta-
nos, tornando-os terras cultiváveis e abriram também 
canais de irrigação, para melhor aproveitamento das 
águas dos rios. O excedente da produção agrícola 
era comercializado pelos Mesopotâmicos. Foram 
também os sumérios os primeiros a usarem as no-
27
tas fiscais, recibos, contratos de compra e venda, 
bem como a venda em consignação. Quase todos 
os povos que viveram na Mesopotâmia se dedica-
ram a um intenso comércio, devido a sua posição de 
passagem obrigatória entre o Oriente e o Ocidente. 
Usaram como padrão monetário para essas trocas 
o lingote de ouro e de prata. A exceção à regra fo-
ram os assírios, que com o desenvolvimento de seu 
militarismo deixaram de se dedicar ao comércio, 
por considerarem esta uma atividade indigna de um 
guerreiro, que poderia exercer apenas a agricultura 
sem se desonrar.
Realizações intelectuais e artísticas/legados culturais 
da Mesopotâmia antiga
• Agricultura  É de origem mesopotâmica a su-
perstição de semear conforme a fase da lua.
• Matemática  Foram os sumérios que inventaram 
os processos de multiplicação, divisão, a extração 
da raiz quadrada e da raiz cúbica e a potenciação. 
Inventaram um sistema de pesos e medidas duo 
decimal, tendo o número 60 como unidade (sistema 
sexagesimal). Os assírios calcularam a circunferência 
em 360º.
• Astronomia  Desenvolveram a astronomia a 
partir da astrologia. Os caldeus foram os maiores 
astrônomos da Antiguidade e nomearam constela-
ções, formando os 12 signos do zodíaco. Calcularam 
a duração exata do ano, dividindo-o em 365 dias, 
agrupados em 12 meses. O dia foi dividido em doze 
horas duplas, a hora em 60 minutos e o minuto em 
28
60 segundos. Calcularam a inclinação anual do eixo 
da Terra. Fizeram previsões de eclipses por 300 anos.
• Medicina  Dentre os povos da Mesopotâmia, 
os assírios foram aqueles que mais se dedicaram à 
medicina para tratar dos ferimentos de seus soldados 
e catalogaram cerca de 500 drogas, tanto vegetais 
quanto minerais.
• Literatura  Destacam-se os sumérios como au-
tores das maiores histórias da Mesopotâmia, mas 
foram os amoritas que, baseados nessas lendas, 
aprimoram o estilo e a trama, tornando conhecida em 
toda a Antiguidade a história de Gilgamesh, que recebe 
um aviso de um dos deuses sobre o dilúvio, e que foi, 
provavelmente, relido pelos hebreus como Noé.
• Artes Plásticas  Os povos que viveram na planície 
não se destacaram nas realizações artísticas como 
os Egípcios, uma vez que não dispunham, no geral, de 
materiais adequados. Os assírios, vivendo no planalto 
foram os melhores artistas da Mesopotâmia, princi-
palmente enquanto escultores. Seus baixos relevos 
chamam atenção pelo dinamismo. Representaram, 
sobretudo, cenas de guerra e caça.
• Arquitetura  A Mesopotâmia tinha no tijolo seu 
principal material de construção. Por isso, pouca 
coisa nos foi legada, uma vez que o barro se deteriora 
com o passar dos anos. No entanto, sabemos que 
os sumérios foram os primeiros a usarem o arco, a 
abobada e a cúpula.
29
REFLITA
Você já parou para pensar na íntima relação entre 
militarismo e o desenvolvimento da Medicina? 
Vimos que, entre os povos da Mesopotâmia, os 
assírios foram os que mais se dedicaram à medi-
cina e que isso se deveu ao seu traço militarista. 
Em diversos outros momentos da história, quan-
do encontramos grandes conflitos bélicos, en-
contramos também grandes saltos nas ciências 
médicas. Você consegue explicar por que essa 
relação se estabelece?
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CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
A escrita marca o início do período a que conven-
cionamos chamar de “História”. Contudo, muito 
antes dela, os seres humanos já se agrupavam e 
já produziam cultura. Procuramos, neste módulo, 
discutir como a cultura foi se desenvolvendo junto 
com o processo de hominização dos seres humanos. 
Discutimos a importância da Revolução Neolítica 
para a história da humanidade: a sedentarização 
levou ao surgimento das primeiras cidades, à espe-
cialização do trabalho e à hierarquização social. Por 
fim, refletimos brevemente sobre a Mesopotâmia, 
região do atual Iraque, onde surgiu a primeira for-
ma e escrita de toda a humanidade – e, portanto, a 
História – : a escrita cuneiforme.
31
História Antiga
E-book 1
• Escrita marca o início da História
 • Longo período de hominização
• Revolução Neolítica
• Desenvolvimento do homem na 
natureza garante a sua sobrevivência
• Civilizações sedentárias vivem perto 
das margens dos rios
• Mesopotâmia foi uma dessas primeiras 
civilizações
• Surgimento de cidades-Estados na 
Mesopotâmia
• Surgimento da escrita Cuneiforme
• Surgimento do primeiro código de leis: 
Código de Hamurabi
Síntese
Referências
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rats: uma comparação das religiões antigas do Egito 
e da Mesopotâmia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.
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Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
GODSEN, Chris. A Pré-História� Porto Alegre: L&PM, 
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Américas, é localizado em escombros do Museu 
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	Introdução
	O processo de hominização
	Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada
	A Revolução Neolítica
	As primeiras civilizações
	Mesopotâmia
	Sumérios e Arcádios
	Amoritas
	Caldeus
	Assírios
	Religião na Mesopotâmia Antiga
	A economia da Mesopotâmia antiga
	Considerações finais
	Síntese
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