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História Antiga Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo AUTOR Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo ● Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí. ● Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. ● Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí. ● Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP - Faculda- des Integradas do Vale do Ivaí. ● Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades Inte- gradas do Vale do Ivaí. ● Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR. ● Docente do ensino superior na UniFatecie. ● Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie Pre- mium. ● Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie. Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio), Pro- fessor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação a distância. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 http://lattes.cnpq.br/7716876167354361 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) acadêmico(a), que bom que está iniciando seu estudo na História Antiga. Preste muita atenção, pois, se em você ocorreu um fascínio sobre assunto desta disciplina, é o início de uma grande viagem histórica que vamos realizar juntos. Proponho uma construção conjunta sobre a formação da história e a ideia de história antiga. Gostaria de desenvolver esse estudo junto com você, construindo nosso conheci- mento sobre os conceitos fundamentais que norteiam a história na antiguidade, começando pela evolução do homem e seu convívio inicial em sociedade, passando pelas primeiras so- ciedades antigas, as sociedades ribeirinhas, e entendendo toda sua importância na história. Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela introdução histórica e os conceitos que norteiam esse período histórico. Assim, entenderemos também a formação da história antiga, que nós chamamos de Pré-História. Vale ressaltar que essa noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade, em que introduziremos as primeiras sociedades antigas, as chamadas sociedades ribeirinhas. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as sociedades anti- gas, fazendo uma viagem sobre a Mesopotâmia, passando pela importância dos rios Tigre e Eufrates, pela religião, economia, cultura e tudo que cerca seu legado, como a invenção da escrita cuneiforme e pelo primeiro código de leis escrito no mundo. Vale ressaltar ainda que nessa unidade conheceremos também o Egito antigo e todo o seu fascínio com o legado histórico, cultural, entre outros. As Unidades III e IV serão compostas pela Grécia e Roma antiga, com todos seus feitos históricos e políticos e, assim, entenderemos o porquê de o chamarmos de berço da nossa civilização. Ao fim dessa apostila espero que seu horizonte histórico seja modificado e am- pliado, entendo que muita coisa existente em nossa sociedade atual é herança do legado desses povos antigos. Aproveito também para reforçar o pedido a você, para percorrer essa jornada de construção do conhecimento observando, estudando e avaliando todos os assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 5 História Antiga UNIDADE II ................................................................................................... 26 O Estudo da Antigas Civilizações UNIDADE III .................................................................................................. 49 O Mundo Grego UNIDADE IV .................................................................................................. 73 Roma Antiga 5 Plano de Estudo: ● INTRODUÇÃO E CONCEITOS: HISTÓRIA ANTIGA ● A PRÉ-HISTÓRIA Objetivos de Aprendizagem: • Conhecer a introdução e os conceitos que envolvem o estudo de história. • Entender os calendários através dos tempos. • Contextualizar todo o processo histórico que envolve a história antiga. • Compreender as transformações ao longo da pré-história. UNIDADE I História Antiga Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo 6UNIDADE I História Antiga INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo (a)! Prezado(a) educando(a), sinta-se abraçado(a) e cheio(a) de entusiasmo para iniciar a nossa disciplina de História Antiga. Agora preste muita atenção, pois acredito que estamos iniciando um caminho repleto de conhecimento que você precisa compreender para o desenrolar da unidade a seguir. A partir de agora, partimos para uma jornada no tempo em busca das nossas experiências históricas, viajando para as mais remotas civilizações da antiguidade. Para que isso ocorra, iremos iniciar nossa viagem através de uma leve introdução histórica e partiremos ao ponto de conhecer alguns conceitos que norteiam o estudo da história. Nesta unidade vamos fazer uma viagem no tempo em todos os sentidos, pois iremos conhecer o tempo e a história, passando pelo tempo cronológico e, por fim, conhecendo alguns calendários criados pelos homens durante seu processo de desenvolvimento. Vale destacar que, durante essa viagem, vamos conhecer também da divisão eurocêntrica da história, partindo da pré-história e passando por idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. No entanto o foco principal de estudo entre esses períodos histó- ricos abordados será a pré-história. Dentro da pré-história abordaremos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passando pelos períodos do Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais. Por fim, desejamos que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento pessoal através do conhecimento sobre os conceitos de história e, principalmente, da pré-história. Muito obrigado e bom estudo! 7UNIDADE I História Antiga 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS: HISTÓRIA ANTIGA Em pleno século XXI, ainda nos perguntamos o porquê de estudar história. Por que falar de civilizações tão antigas? O que isso soma na nossa vida? Talvez você já tenha se deparado com essas perguntas por várias vezes durante sua vida, pois elas têm tomado conta de nosso cotidiano e nos conduzem ao senso comum. Vale ressaltar que uma simples frase, como: “Papai, me explica para que serve a história”, pode trazer um grande feito no estudo e no entendimento da história em si. Vale ressaltar que essa frase foi realizada pelo filho do historiador Marc Bloch, que fez com que ele escrevesse o livro Apologia da História ou O Ofício de Historiador, com mais de 200 páginas em 5 capítulos, sendo que o último não foi concluído, pois o autor foi fuzilado por nazistas, deixando sua obra incompleta. Talvez esse pequeno relato sobre a história de Marc Bloch possa demonstrar a importância de se estudar e compreender a história como um todo. A história não é simplesmente o estudo do passado, como muitos acreditam. A história é o estudo do passado para compreender o presente e, quem sabe, mudar o futuro. Com essa afirmação podemos começar a entender a importância da chamada história antiga e toda sua interpretação e construção da história. Assim, começamos a falar do chamado “pai da história”, ou seja, começamos a falar do grego Heródoto, que viveu no século V a.C. e batizou de história o estudo que realizou 8UNIDADE I História Antiga das civilizações com a qual seu povo mantinha contato comercial. Por que a batizou de história? Qual o significado dessa palavra? Vale ressaltar que “história” é uma palavra grega, que significa investigação, e que, por sua vez, deve ser imparcial, deixando seu preconceito de lado, abordando basicamente o fato, sem ideologias,sem interesses individuais ou de um grupo. O historiador deve ter um grande cuidado para não cometer anacronismo. Vale destacar que essa neutralidade temporal do historiador é quase impossível de ser atingida. Com isso, devemos analisar do- cumentos, relatos, objetos arqueológicos, pinturas, utensílios, monumentos arquitetônicos e escritos literários. Assim, podemos afirmar que a história se constrói através das fontes e do posi- cionamento do historiador em relação a seu tempo, pois temos que construi-la como se estivéssemos montando um grande quebra-cabeça, como afirma Redfield (1994, p. 147). [...] a história não são as fontes. A história é uma interpretação das realidades de que as fontes são “sinais indicativos ou fragmentos”. É certo que partimos de um exame das fontes, mas através delas tentamos observar a realidade que apresentam ou que, por vezes, não conseguem representar, deturpam e até dissimulam. Após analisarmos as fontes históricas, devemos iniciar sua interpretação com pesquisas e cautela. Temos que analisar também a cultura do povo, pois cada um tem uma determinação cultural em um determinado fato histórico. Como exemplo podemos destacar a chegada dos portugueses no Brasil, em que temos a visão eurocêntrica, ou seja, da cultura europeia que despreza o nativo americano. Observe o trecho da carta de Pero Vaz de Caminha a seguir: Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma (BERUTTI; FARIA; MARQUES, 2001, p. 27). Ainda em sua carta, que é uma das principais fontes históricas da descoberta do Brasil, Caminha diz: Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente (BERUTTI; FARIA; MARQUES, 2001, p. 27-28). 9UNIDADE I História Antiga Quando analisamos trechos dessa fonte histórica, percebemos o choque do encon- tro e o etnocentrismo escancarado, pois, para os portugueses, sua chegada é para trazer o desenvolvimento para os pobres coitados que andam com suas vergonhas de fora, quando, na verdade, foi uma imposição da cultura portuguesa, desprezando a dos nativos. Podemos, então, afirmar que a influência de cada povo em sua história está em todos os lugares, como vemos a cultura Greco-Romana em nosso dia a dia ou, até mesmo, na contagem do tempo de cada povo. Você sabe como se chama o nosso calendário? Por que tem o nome de calendário gregoriano cristão? Cada civilização aponta um marco cultural para apontar o início de sua contagem de tempo. Normalmente utiliza-se a sua origem, a origem do mundo e até mesmo marcos religiosos. No nosso caso, dividimos o tempo cronológico em anos, décadas, séculos, mi- lênios e assim por diante. Vale ressaltar que, no final do século XVIII, quando se inventou o relógio mecânico, houve a contagem do tempo também em segundos, minutos e horas. Que tal se perguntar, por exemplo, quantas horas tem o dia? A resposta mais comum seria de 24 horas, mas, na verdade, ele tem o total de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. É por isso que de quatro em quatro anos ocorre, em nosso calendário, o ano bissexto, quando se aumenta um dia no mês de fevereiro. Nossa! Mas por que o ano tem 365 dias? Por que na contagem do tempo existem os calendários lunares, que observam o ciclo da lua, e os calendários solares, que observam o tempo que a terra demora para realizar a circunferência do sol? A palavra calendário vem do latim calendarium, que significa “livro das calendas”, utilizado para contar os dias das festas religiosas marcadas no início de cada mês lunar, na Roma Antiga. Agora vamos conhecer alguns calendários, com a questão cultural associada ao tempo. Observe com atenção. ● Calendário Gregoriano Cristão: é o calendário mais adotado nas sociedades atuais, pois é um calendário solar e tem como marco inicial o nascimento de Cristo. Vale ressaltar que a partir desse marco contamos o que ocorreu antes e depois, ou seja, todos os fatos históricos ocorridos antes do nascimento de Cristo ficaram conhecido como a.C e, como d.c os acontecimentos históricos depois de Cristo. ● Calendário Judeu: esse é um calendário solar que tem como marco inicial a criação do mundo, ou seja, outro calendário com marco cultural religioso, baseado no calendário egípcio. 10UNIDADE I História Antiga ● Calendário Islâmico: é um calendário lunar que tem como marco inicial e cultural a chamada Hégira, ou seja, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca para cidade de Medina. ● Calendário Chinês: esse calendário é considerado um dos mais antigos do mundo, tem como marco cultural o nascimento do patriarca Huang-ti. Vale des- tacar que é uma mistura de calendário solar e lunar, ou seja, é um calendário “lunisolar”. Como seria a contagem em outras civilizações da antiguidade? Que tal falarmos do berço de nossa civilização? Por exemplo, a contagem do tempo na Grécia antiga, pois eram utilizados os termos “kronos” e “kairós” para se referir ao tempo. Utilizavam o kronos para medir o tempo dos homens, tempo cronológico, medido em unidades. Já o kairós era o tempo dos deuses, podendo ser alterado de acordo com o humor dos deuses, desde o infinito ao rápido. Na contagem do tempo em Roma podemos destacar o calendário Juliano e o con- cílio de Niceia, que é a base para o calendário gregoriano, cristão. Outros historiadores assumem a questão do tempo de maneira variada, por exemplo o historiador Fernand Braudel (1969) afirmou que a pesquisa histórica deveria ser adaptada ao tempo histórico. Deve-se classificar como tempo de curta, média e longa duração, ou seja, curta duração são eventos históricos que duram anos, média duração, em torno de um século, enquanto longa duração, tempo maior que um século. Por fim, alguns historiadores fazem a divisão do tempo através de rupturas históricas e classificam a história em Pré-história, Idade antiga, Idade média, Idade moderna e Idade contemporânea, cada um com um marco de ruptura. Vale ressaltar que nossa disciplina vai abordar a Pré-história e a Idade antiga. Você pode estar se perguntando quais são as rupturas de cada período histórico, por isso vamos apresentar cada ponto com sua ruptura na tabela a seguir. Tabela 1 - Divisão do tempo e história Início Término PRÉ- HISTÓRIA Surgimento do homem moderno. Invenção da escrita. IDADE ANTIGA Invenção da escrita. Queda do império romano. IDADE MÉDIA Queda do império romano. Queda de Constantinopla. IDADE MODERNA Queda de Constantinopla. Revolução francesa. IDADE COMTEMPORÂNEA Revolução francesa. Atualidade. Fonte: o autor. 11UNIDADE I História Antiga Com o apoio demonstrativo da Tabela 1, podemos afirmar que a Pré-história começa a ser contada a partir da evolução do homem segundo Darwin. Tem início com o surgimento do homem moderno ou das cavernas e vai até o aparecimento da escrita, iniciando a história antiga. Assim, podemos entrar, de fato, no nosso conteúdo de história antiga, pois até agora estávamos estudando conceitos e definições de história. Que tal começarmos com a ideia de história antiga? Agora você vai conhecer o conceito da “criação do antigo” que surgiu no século XII. Vale destacar que não havia uma disciplina a ser estudadae sim o que podemos chamar de noção de herança. Essa ideia de antigo passa a se desenvolver organizando e reconstruindo a história, reconstruindo o que chamamos de memória. Nos séculos XV e XVI, já se falava no estudo da história antiga, assim como Gua- rinello (2003, p. 51) nos afirma: A idéia da existência de uma História antiga foi desenvolvida por pensadores do Renascimento [...]. Pressupunha, ao mesmo tempo, uma ruptura e uma recuperação, religiosa e cultural, entre dois mundos. Uma ruptura que dava um certo sentido à História, como recuperação de algo perdido, como a restauração de um laço que tinha sido rompido durante a assim chamada História do Meio, a História Medieval. Deste modo, associava seu mundo contemporâneo, a Europa dos séculos XV-XVI, com um certo passado. Para eles, era a História Antiga do seu mundo. Já nos séculos XVII e XVIII temos a criação da disciplina de história antiga e o desenvolvimento proposto pelo iluminismo. Somente no século XIX temos um olhar mais apurado a História Antiga, pois esta recebe influências das ciências sociais em si e da própria arqueologia. Com isso, temos uma absorção maior pela sociedade, pela família e pelo indivíduo, tornando-a mais acessível a diferentes culturas que passaram e entender e compreender melhor a influência do “antigo” em sua vida e seu desenvolvimento social. A história antiga se torna uma espécie de memória social, essencial para as sociedades modernas. Assim, vamos dar partida na viagem pela história antiga. Preparado(a)? 12UNIDADE I História Antiga 2 A PRÉ-HISTÓRIA Para que você comece a se interessar pela pré-história, temos que retornar às pá- ginas anteriores e à tabela, entendendo que utilizamos esse termo para designar o período que se estende desde o aparecimento do homem moderno na Terra até a invenção da escrita. Assim, começamos a identificar alguns equívocos da história, pois quando falamos em escrita parece que estamos falando de uma coisa uniforme, perfeita e, na realidade, isso não ocorreu. A escrita não apareceu de forma igual em diferentes locais, em diferentes civilizações. Para que você entenda melhor, é só comparar a pré-história europeia e a americana. Você perceberá enormes diferenças! No entanto faremos a uma abordagem tradicional, ou seja, começaremos através da abordagem do surgimento do homem, até a escrita. Vale ressaltar que iniciamos desde sua interpretação de mundo, descobertas e soluções, até a agricultura e a sedentarização humana, o surgimento de estratificação social, entre outros. Vamos começar nosso estudo sobre a pré-história delimitando nossa área de abordagem, pois precisamos compreender o tempo cronológico das páginas anteriores e parágrafo anterior. Como assim, tempo cronológico? Do surgimento do homem ao apare- cimento da escrita. Mas que tal começarmos com uma pergunta simples: o que se entende por homem? O que é o homem? Sabemos que o homem ou a espécie humana é uma evolução de longo 13UNIDADE I História Antiga período, que nos remete aos mamíferos e, posteriormente, aos primatas. Vale ressaltar que utilizaremos a questão evolutiva de Charles Darwin e peço, por gentileza, que, em nossos estudos, seja abandonado qualquer conceito de teor religioso, pois abordaremos somente o científico. Vale apontar ainda que para que não ocorra um conflito interpessoal, partiremos da espécie humana conhecida como homo sapiens/sapiens, pois aqui temos o desenvolvimento humano e pré-histórico. Você já parou pra pensar que, nesse período, o homem convivia com animais muito maiores que ele, mais rápidos, mais agressivos e mais fortes? E que nesse tempo o homem utilizava de sua habilidade de adaptação para produzir uma força que vai além do corpo humano, ou seja, tudo que pudesse produzir para superar seus inimigos mais fortes, como armas, ferramentas, utensílios e tudo que pudesse ajudá-lo nesse processo? Para que isso ocorresse, o homem necessitou de capacidade mental, que, de acordo com estudiosos, ainda temos de sobra, e, principalmente, mãos e a postura ereta. O homem sapiens/sapiens passou a se destacar, aperfeiçoando suas habilidades mentais, físicas, motoras e se sobressaindo aos animais existentes no período; mas sem desprezar os antigos hominídeos, que também possuíam algumas capacidades semelhan- tes ao homo sapiens/sapiens. Agora vamos refletir um pouco se o homem vai conquistando essa destreza auto- maticamente ou se vai evoluindo e transformando seu meio ambiente. A pré-história é algo fascinante, pois através desse estudo conseguimos compreen- der a evolução humana ou a evolução histórica do homem em si e em sociedade. Vale ressaltar que a pré-história ocupa um espaço extremamente longo na história em relação ao tempo cronológico. Trabalhamos toda a pré-história em um único período, mas dividido em fases, para que possamos nos situar nos diferentes níveis da evolução cultural humana. Nesse momento iremos atuar observando essa divisão e nos colocando no processo de ab- sorção dos termos Paleolítico e Neolítico. Tomaremos como base determinante de estudo o grau de elaboração dos objetos, instrumentos, utilizados pelo hominídeo e sua evolução. 2.1. O Paleolítico Caro(a) aluno(a), nosso estudo dará continuidade ao conhecimento do pri- meiro período da pré-história, o chamado Paleolítico ou também conhecido como Idade da Pedra Lascada. Esse período da história é o momento em que homem dá seus primeiros passos ao desenvolvimento, pois se encontra no estágio mais primitivo de organização social, mas já aparece com o homem Neandertal. 14UNIDADE I História Antiga Esse período vai até a descoberta da agricultura, ou seja, o Paleolítico é o período anterior ao aparecimento da agricultura, quando o homem vivia basicamente do que a na- tureza podia lhe oferecer. Assim, o homem é simplesmente o coletor e não um produtor de alimentos. Vale ressaltar que as comunidades humanas se alimentavam além da coleta de alimentos, da caça e da pesca, que fornecia a proteína necessária para o desenvolvimento humano. O homem passou a desenvolver objetos para caça e pesca, pois o hominídeo era muito frágil em relação a tudo que o cercava e isso fez com que os homens se agrupassem com outros de sua espécie para uma melhor proteção e fortalecimento da caça. Mas você pode se perguntar: quais são os elementos para o vínculo humano? Como eles se uniam? Para responder essas perguntas, os historiadores colocam a forma mais primitiva e ele- mentar de vínculos, ou seja, os laços sanguíneos. Assim, podemos entender a formação da maior parte das comunidades paleolíticas, que, por sua vez, se apresentava no formato familiar, gerando o que iremos chamar de clãs, gens ou tribos. Depois de conhecermos algumas características comuns no paleolítico, damos se- guimento a uma particularidade muito importante para o desenvolvimento do período, que é a questão da aquisição de recursos gerados pela natureza. Vale destacar que o homem era incapaz de repor esse alimento coletado e caçado em seu ambiente, promovendo, assim, o que chamamos de nomadismo, que nada mais é que a mudança constante de lugar. Os homens não tinham uma habitação fixa e ficavam procurando sempre o melhor ambiente para seu grupo. Será que existia a divisão sexual do trabalho nesse período? Com certeza não, tanto homens quanto mulheres eram responsáveis por adquirir alimentos. No entanto os homens se distanciavam mais do acampamento em busca da caça, enquanto as mulheres geralmente permaneciam nas proximidades, coletando frutas, raízes, grãos e defendendo o acampamento de ataques de animais. Podemos perceber isso na afirmação de Leakey (1995, p. 120): Na maioria das sociedades de caçadores-coletores que os antropólogos estudaram, há uma clara divisão de trabalho, com os machos responsáveis pela caça e as fêmeas pela coletade alimentos de origem vegetal. O acam- pamento é um lugar de intensa interação social, e o lugar onde a comida é partilhada; quando há carne vermelha disponível, esta partilha muitas vezes envolve um ritual elaborado, governado por regras sociais estritas (LEAKEY, 1995, p. 120). Ainda sobre a divisão do trabalho, Leakey (1995, p. 146) afirma que, Mais cedo, antes do nascer do Sol, quatro machos adultos do grupo haviam partido em busca de carne. O papel das fêmeas é coletar alimentos vegetais, 15UNIDADE I História Antiga que todos percebem ser o principal produto econômico em suas vidas. Os machos caçam, as fêmeas coletam; é um sistema que funciona espetacu- larmente bem para o nosso grupo e por tanto tempo quanto qualquer um é capaz de lembrar-se. Com as constantes mudanças para a obtenção de alimentos, os homens passa- ram a se preocupar cada vez mais com seu grupo. A temperatura baixa os obrigava a se recolher em cavernas e, assim, temos a chamada domesticação do fogo. Este permitiu ao homem uma maior habilidade de defesa, aquecimento, alimentação e iluminação. Vale ressaltar que existem alguns estudos recentes, como o dos pesquisadores Wil Roebroeks, da Universidade de Leiden na Holanda, e Paola Villa, curadora do museu da Universidade do Colorado, apontam o domínio, de fato, do fogo somente no período Neolítico. Entretanto não desmentem estudos históricos do primeiro grupo de historiadores que apontam, atra- vés da arqueologia, o domínio do fogo com o atrito das pedras. Vale destacar ainda que o fogo trouxe um bem-estar biológico, pois, com ele, os alimentos eram cozidos e, com isso, ficavam mais brandos para mastigação e de melhor digestão. Mesmo com a vida difícil no período, o homem precisava de um território gerador de sustento para sua sobrevivência. Isso fez com que os grupos humanos utilizassem as terras na coletividade, sem estabelecer o vínculo de posse da terra, ou seja, proprietários e não proprietários. Vale ressaltar que isso demonstra outra característica do paleolítico: a ausência de classes sociais, em que os indivíduos viviam de forma igualitária em relação à apropriação das riquezas. Outra característica importante do paleolítico é o início do desenvolvimento de uma linguagem oral, pois o homem necessitava de diálogo para a articulação e execução da caça. Vale ressaltar que essa comunicação não foi como conhecemos hoje, e não foi em um único lugar. Ela se desenvolveu por muito tempo, talvez por milhares de anos. Destacando ainda que a comunicação foi um importante instrumento para transmissão de experiências e conhecimento entre as gerações humanas. Com isso temos outras características da cultura humana, como as alianças entre homens para sua sobrevivência, até mesmo o início de rituais mágicos, que demonstraram o aparecimento de uma espiritualidade, uma religiosidade. As mulheres também apreciam nas pinturas rupestres, muitas vezes ocupando lugar de destaque, como as apontadas pela Fundação Museu do Homem Americano (FUM- DHAM), no sítio arqueológico em São Raimundo Nonato no Piauí. Além da religiosidade, apresenta a presença do feminino no período. 16UNIDADE I História Antiga Nas pinturas rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara, existem cenas rupestres de “mulheres” aparentando gravidez, em posições de parto, pare- cendo amamentar ou em relações de sexo. Existem também as cenas de danças que podem ser remetidas a coparticipação das mulheres juntamente aos homens, visto que as cenas de dança, em sua maioria, não apresentam as genitálias dos partícipes. Há ainda indícios etnológicos de que algumas cenas de humanos dançando são representações das mulheres indígenas em um ritual e ou cerimonial, como se faz ainda hoje (BASTOS, 2010, p. 64-65). As pinturas nas cavernas, realizadas nesse período, foram conhecidas como pin- turas rupestres, que são, na verdade, representações do cotidiano, da religiosidade na pré-história. Eram aplicadas nas paredes, nos tetos das cavernas ou abrigos humanos desse período. A pesquisadora Matilde Muzquiz Pérez-Seoane, em sua tese de doutorado, publi- cada em 1988, na Universidade de Complutense de Madri, apresentou estudos sobre as pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Altamira na Espanha, que remontam o cotidiano pré-histórico, como caçadas e danças; também apresenta na tese os pigmentos utilizados nas paredes das cavernas. Outro exemplo a ser apresentado é a imagem da Vênus de Willendorf, relaciona a religiosidade. Através dessa imagem, que traz a fertilidade da mulher associada à fertilidade da terra. Vale ressaltar que, essa imagem foi produzida, com detalhamento, uma mulher e a fertilidade da gravidez humana, para celebrar a fertilidade, o alimento, a terra. Com isso, podemos afirmar a postura mística do homem nesse período. Sabemos que nosso planeta já passou por enormes transformações e degelos de eras glaciais, obrigando o homem a fazer intensas migrações em busca de alimentos. Vale ressaltar que, mesmo com essas mudanças, o homem pré-histórico passou a desenvolver cada vez mais instrumentos para regrar e melhorar sua vida. O homem buscou intenso melhoramento dos instrumentos que utilizava para adquirir alimentos. Com toda a evolução dos instrumentos de trabalho na pré-história, temos o cres- cimento de grandes agrupamentos humanos nessa região, que passaram a ser aldeias e comunidades em si, com o início de estruturas sociais e promovendo o próximo período, que chamamos de Neolítico. 2.2 O Neolítico O marco inicial para o Neolítico é a criação, pelo homem, da agricultura e da domes- ticação de animais, pois o homem passa a produzir seu próprio alimento, transformando a natureza. 17UNIDADE I História Antiga Para começar nossos estudos desse período, vamos tentar trazer à mente a im- portância da criação da agricultura, pois o homem deixa de ser nômade, mudando cons- tantemente de lugar, passando à sedentarização, principalmente em regiões ribeirinhas, ou seja, às margens de rios e obtendo, assim, um controle maior da produção e do bem estar humano. Outro ponto a ser discutido é a sedentarização ribeirinha. No período neolítico essa é a preocupação humana que passa a dominar o ambiente, controlando os benefícios e os problemas dos rios, ou seja, as cheias que poderiam destruir as plantações, até os canais de irrigação que poderiam levar água até as plantações. Assim, os homens passaram a desenvolver obras hidráulicas, e a observar e estudar a natureza, entendendo que existiam períodos de cheias e de secas, escolhendo, assim, a melhor época para o plantio. Assim, o homem começou a desenvolver calendários através de suas observações aos astros, e a criação de técnicas de cálculos, desenvolvendo cada vez mais a agricultura. As inovações foram surgindo, o homem foi se aprimorando, a população aumen- tando e todo aquele antigo sistema de aldeias, comunidades sem estratificação social, foi sendo superado. Surgiu, então, a necessidade de criar algo que suportasse as grandes aglomerações humanas. Dessa forma, temos o que chamamos de revolução urbana, ou seja, as primeiras civilizações. Uma característica importante da revolução urbana é o surgimento de algumas ne- cessidades, como instrumentos de trabalho com maior desenvolvimento, exigindo dos ho- mens uma certa especialização para a criação e manuseio desses objetos. Nasce também a necessidade de proteção do que foi criado, pois temos uma disputa entre os homens pela posse das terras férteis, promovendo a criação de uma defesa armada – grupos armados e prontos a cederem a vida pelo seu território. Vale ressaltar que, com esse desenvolvimento forçado, tivemos o início de divisão de classes sociais dentro desses aglomerados humanos. No entanto, o mais importante desse desenvolvimento técnico e forçado foi o aumento na produção de alimentos, gerando um excedentealimentício que não servia mais só para sua subsistência e sim para contatos com outros aglomerados humanos. A produção desse excedente alimentar fez com que nascesse a necessidade de uma nova liderança, que pudesse administrar a vida em comunidade e soubesse gerir esse alimento. Quem pode governar? O que precisaria ter ou ser para governar? A resposta 18UNIDADE I História Antiga está ligada à religiosidade pré-histórica, pois o homem utilizou-se de explicações físicas e naturais para aliar-se ao sobrenatural e dominar-se entre si. As lideranças das comunidades neolíticas estiveram ligadas diretamente à religio- sidade e ao poder divino. Vale destacar que muitos historiadores apontaram que o mesmo lugar que seria um templo religioso também era usado para armazenar alimentos nesse período. Só como caráter de imaginação, podemos até visualizar os indivíduos do neolítico gritando: “Viva os Sacerdotes! Viva a ligação que eles têm com os deuses! Viva sua lide- rança!”. Assim, a camada superior no neolítico seria a dos sacerdotes, que iniciaram a ideia de nobreza, de privilégio, de riqueza, de tudo que era superior aos homens. Assim, pode- mos destacar, com toda veemência, que não se trata de uma simples divisão do trabalho humano e sim de uma grande estratificação social, com níveis superiores e níveis inferiores. Já o final do período neolítico (palavra derivada do grego, em que néos significa novo e lithicos significa pedra), a agricultura foi a base da revolução urbana. Temos o que chamamos de idade dos metais, período marcado pela intensificação do uso dos metais, como cobre, bronze e ferro. As técnicas de fundição de metais, em que se derretia e mis- turava uns com os outros, fizeram com que os produtos ficassem cada vez mais fortes, pois temos produção de instrumentos de trabalho e principalmente de armas potentes que fortaleceram o poder da elite, que tinha acesso aos metais e o controle de distribuição de alimentos. Temos, então, o domínio baseado na força militar, com metais em suas armas, so- mada com o poder religioso, tudo ligado à uma pequena parte da sociedade. Vale ressaltar que alguns historiadores colocam aqui a ideia de criação de estado e sociedade, nascendo, até mesmo, com alguns impérios. Com tanto desenvolvimento, seja alimentício, militar ou social, surge a necessidade de se controlar cada vez mais o que era produzido com o que era consumido, sobrando o que chamamos de excedente. Parece matemática e é matemática pura! Mas como controlar isso com tanta gente envolvida? Como se comunicar com os outros? Para que houvesse harmonia nessa conta matemática e administrativa, foram cria- das, entre 4.000 e 3.000 a.C., marcas, sinais como fruta, grão, para sinalizar ou referir-se a diversos produtos comercializados. Esse foi o primeiro passo para criação da escrita, que, além da utilização dos metais, fez com que mudasse muito a relação entre todos os homens, ou seja, a invenção da escrita mudou as relações humanas. 19UNIDADE I História Antiga Enfim, para melhor fixação do conteúdo, gostaria que observasse a tabela da cro- nologia geral, apresentada a seguir. Tabela 2 - Cronologia geral da Pré-história PERÍODOS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADES Paleolítico Coup de poing (Machado manual sem cabo). Coup de poing (aperfeiçoamento). Ossos utilizados para confecção de objetos. Nascimento da arte: Arte rupestre. Início de uma religiosidade. Pequenas esculturas (Vênus de Willendorf). Sociedade Comunitária. Nascimento da família. Domínio do fogo. Rituais funerários. Famílias, Clãs. Redução do nomadismo. Aparecimento e linguagem. Neolítico Agricultura. Domesticação de animais. Teares Simples. Cerâmicas. Formação de consciência em gru- pos. Vida humana organizada em al- deias. Sedentarismo. Idade do Metais Utilização do cobre, bronze e ferro. Desenvolvimento da agricultura. Escrita. Vida urbana. Sociedade estratificada. Surgimento de estado e religião. Fonte: o autor. 20UNIDADE I História Antiga SAIBA MAIS Que tal conhecer um pouco mais sobre o sagrado na pré-história? Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular: A “síndrome das placas loucas” As placas de xisto gravadas do III milénio, no Centro e Sul de Portugal, são componen- tes votivos de deposições em antas, tholoi, grutas naturais e artificiais ou mesmo em deposições funerárias não estruturadas. Apresentam, por vezes, uma perturbação na composição, normalmente muito regular e normalizada, dos seus motivos principais. O autor designa essa particularidade, extremamente rara, por “síndrome das placas loucas” e procura explicar a razão desta ruptura do conceito de simetria. Essa ruptura regista-se em duas categorias diversas, ainda que partilhando a mesma designação: a Variante 1 agrupa as placas em que apenas a Cabeça regista a assimetria de com- ponentes específica de esta situação; a Variante 2 agrupa as placas cujo Corpo, resul- tante de segmentação da placa ou construído com um mesmo tratamento geral dado à superfície do suporte, é “decorado” assimetricamente. Esta primeira aproximação parte do Grupo megalítico de Reguengos de Monsaraz, para um enquadramento mais geral da questão, alargada a outros grupos megalíticos e a outras manifestações simbólicas das antigas sociedades camponesas. Fonte: Gonçalves (2003). Online. 21UNIDADE I História Antiga REFLITA Você já pensou como era a vida sem uma linguagem? Qual a diferença entre homens e os animais? Leia o texto a seguir e reflita sobre o tema. “Ao tecer comentários sobre aqueles que defendem a singularidade da linguagem hu- mana, a psicóloga da Universidade do Texas Kathleen Gibson escreveu recentemente: “Embora científica em seus postulados e discussão [esta perspectiva] encaixa-se firme- mente na longa tradição filosófica ocidental, que remonta pelo menos aos autores do Gênesis e aos escritos de Platão e Aristóteles, que sustentam que a mentalidade e o comportamento humanos [são] qualitativamente diferentes daqueles dos animais”. Fonte: Leakey (1995, p.127 ). 22UNIDADE I História Antiga CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final dessa unidade. No decorrer dela contem- plamos diversas temáticas sobre as mais remotas civilizações da antiguidade; isso ocorreu através de uma introdução histórica, abordando alguns conceitos que norteiam o estudo da história. Você consegue se lembrar? Espero que nesse momento do processo de ensino/ aprendizagem você esteja encantado(a) ou fascinado(a), sabendo um pouco sobre o tempo e a história, o tempo cronológico e sobre os calendários lunares e solares. Se lembra qual é o nosso calendário? Espero que sim. Que bom foi conhecer a divisão eurocêntrica da história, partimos da pré-história e passamos por idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. Vale ressaltar que nosso foco principal de estudo foi a pré-história. Na pré-história abordamos o surgimento do homem moderno, seu conceito e produções durante o tempo, passamos pelos períodos Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais. Por fim, quero agradecer você por esse tempo de estudos que passamos juntos, com a certeza de que o conhecimento adquirido sobre alguns conceitos históricos e da pré-história vão promover em você uma corrente de expansão desse conhecimento, pois durante o processo foi descortinada toda beleza e riqueza desse processo de formação do homem. Enfim, sucesso e nos vemos na próxima unidade. Obrigado! 23UNIDADE I História Antiga MATERIAL COMPLEMENTAR WEB OKUMURA, M. Dardo ou flecha? Testes e reflexões sobre a tec- nologia de uso de pontas de projétil no Sudeste e Sul do Brasil durante a pré-história. Cadernos do LEPAARQ, v. XII, n. 24, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/ lepaarq/article/view/5623/4487 LIVRO • Título: A Pré-história - Coleção Desafios • Autor: Rosicler Martins Rodrigues • Editora: Moderna• Edição: 3 • Sinopse: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Essas são perguntas que os seres humanos se fazem há muito tempo, procurando respostas na Religião, na Arte, na Filosofia e na Ciência. Os caminhos da Ciência são recentes. Foi somente no século XX que a interpretação dos fósseis se aliou ao estudo dos povos primitivos e do comportamento dos chimpanzés, formando uma história fascinante sobre as origens da espécie humana. Este livro percorre um caminho de milhões de anos para contar essa história. A narrativa e as ilustrações se unem para recriar a vida na Pré-história e nos levam a reflexões que ajudam a compreender o presente. LIVRO Título: Pré-história: uma breve introdução • Autor: Rosicler Martins Rodrigues • Editora: L&PM • Sinopse: As pessoas se definiam socialmente por meio dos objetos que confeccionavam e usavam, descobrindo novas dimen- sões de humanidade. A pré-história é o período em que muitas dimensões foram exploradas e expandidas. O imenso escopo de tempo em que a pré-história está inserida e, especialmente, a falta de registros devido à ausência da escrita neste período nos leva a formular grandes perguntas acerca do que nos torna humanos. Mas o que há de fascinante em um tempo que remonta a 6 milhões de anos? Escrever a pré-história é uma questão de aliar a análise arqueológica das tecnologias e ferramentas utilizadas por nossos antepassados à reconstrução majoritariamente imaginária de como viviam e de que maneira evoluíram. É esse delicado equilí- brio entre fatos e inferências que encontramos nas esclarecedoras páginas deste volume. 24UNIDADE I História Antiga LIVRO • Título: As Religiões da Pré-história • Autor: André Leroi-Gourhan • Editora: Edições 70 • Edição: 1 • Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1964, numa prestigiada coleção dirigida por Georges Dumézil, este pequeno grande livro, do autor de O Gesto e a Palavra, continua a ser uma obra de consulta indispensável para todos os estudiosos da Pré-história e da Antropologia. FILME/VÍDEO • Título: 10.000 a.C. • Ano: 2008 • Diretor: Roland Emmerich • Roteirista: Roland Emmerich e Harold Kloser. • Sinopse: Num período em que homens e feras pré-históricas lutavam pela sobrevivência na Terra, D’Leh é um jovem caçador que lidera um exército ao longo de um vasto e perigoso deserto. Enfrentando mamutes e tigres dente-de-sabre, ele segue caminho rumo a uma civilização perdida para salvar sua amada Evolet das mãos de um maligno e poderoso guerreiro determinado a possuí- -la. FILME • Título: A Guerra do Fogo • Ano: 1981 • Diretor: Jean-Jacques Annaud • Roteirista: Gerard Brach • Sinopse: Na pré-história, a pouco desenvolvida tribo Ulam é composta por membros que se comunicam por gestos e grunhidos e acreditam que o fogo é sobrenatural. Quando a fonte única de calor se apaga após um ataque, três guerreiros saem numa jor- nada em busca de outra chama e acabam conhecendo os Ivaka, grupo com hábitos avançados e comunicação complexa, além de domínio da produção do mítico fogo. 25UNIDADE I História Antiga FILME • Título: O Elo Perdido • Ano: 2005 • Diretor: Régis Wargnier • Roteirista: Régis Wargnier • Sinopse: África central, 1870. Acompanhado por um grupo de caçadores indígenas, o antropólogo escocês Jamie Dodd (Joseph Fiennes) atravessa a floresta tropical à procura de uma nova espé- cie. Ao encontrar uma tribo de pigmeus, Jamie acredita ter achado o “elo perdido” que faria a ponte evolucionária entre o homem e o primata. Ele captura dois pigmeus chamados Toko (Lomama Bo- seki) e Likola (Cécile Bayiha) para apresentá-los na Academia de Ciência de Edimburgo. A amizade que surge entre os três termina colocando em risco a carreira do cientista. 26 Plano de Estudo: ● ESTUDO DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES ● A MESOPOTÂMIA ● O EGITO ANTIGO Objetivos de Aprendizagem: • Conhecer as antigas civilizações e sua ligação com a Mesopotâmia e o Egito. • Conhecer a formação da Mesopotâmia. • Conhecer os principais pontos do Egito antigo. UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações Professor Cleber Henrique Sanitá Kojo 27UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações INTRODUÇÃO Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) educando(a), que bom que estamos nos encontrando em mais uma etapa de nosso estudo. Espero que esteja cheio(a) de entusiasmo para continuar nossa disciplina de História Antiga. Vamos partir para uma nova viagem histórica, começando os estudos das civiliza- ções antigas. Nesse caminho repleto de conhecimento, espero que você compreenda o desenrolar dessas civilizações e seu desenvolvimento ribeirinho. A partir de agora, iniciamos uma jornada pela civilização mesopotâmica e seu le- gado histórico. Nesta unidade vamos conhecer seu desenvolvimento e a experiência que transformou nossa história, pois iremos entender desde a primeira escrita conhecida na história, a escrita “cuneiforme”, suas características que puderam iniciar o primeiro código de leis escrita na história, conhecido como código de Hamurabi, baseado na lei do talião (olho por olho e dente por dente). Nesta unidade vamos visualizar a importância dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, pois várias civilizações cresceram às margens deles. Tais civilizações foram conhecidas como civilizações hidráulicas, ou seja, dependentes dos rios e dessas águas. Vamos entender que temos a criação de estados despóticos e burocratizados e principalmente teocráticos que praticavam a corveia real. Então, vamos abordar o Egito antigo com todas suas maravilhas históricas e sua organização, conheceremos sua divisão histórica, começando pelo antigo império, médio e novo império. Por fim, desejo que esta unidade possa fortalecer seu desenvolvimento educacio- nal e de compreensão dessas civilizações através do conhecimento sobre os conceitos deixados ao longo da história. Muito obrigado e bom estudo! 28UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações 1. ESTUDO DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES Quando entramos no estudo da antiguidade, da história antiga, ouvimos, através do senso comum, que é um período histórico em que conhecemos as primeiras civilizações. Vale ressaltar que é isso mesmo, mas não podemos colocar uma civilização superior à outra, pois temos diferenças culturais entre esses povos e, ao mesmo tempo, caraterísticas comuns. Geralmente, afirmamos que uma civilização ou um povo é melhor que outro e nem nos preocupamos com essa afirmação. Vale ressaltar que desde as competências e habilidades propostas pelo MEC, no Enem e na BNCC, deixam claro que não existe cul- tura melhor que a outra, mas simplesmente diferenças culturais. Partindo desse princípio, iremos demonstrar as primeiras civilizações antigas e suas características específicas de maneira cuidadosa, como um historiador deve agir e trabalhar. Não podemos apontar que uma civilização se desenvolveu primeiro que a outra, pois, na maioria das primeiras civilizações, o processo de fixação no território foi simultâneo em várias regiões, isso falando do pós pré-história. A característica básica das primeiras civilizações foi a dependência dos rios, pois a água foi fator determinante para renovação do solo, criando nessas sociedades a necessidade da criação de grandes obras hidráulicas de irrigação e drenagem. Com isso, poderiam produzir um excedente e estruturar seus meca- nismos de poder, tendo como base a religião, o poder no divino, assim como estudamos na 29UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações unidade anterior. Para confirmar isso, destacamos o estudioso e historiador Karl Wittfogel que pode ser considerado um dos criadores da expressão “civilizações hidráulicas: O escritor e pensador teuto-americano Karl Wittfogel cunhou a expressão “civilizações hidráulicas” para se referir às sociedades em que a necessidade de controlar a água requeria uma ação coletiva, estimulando, com isso, o desenvolvimento de uma burocraciaorganizadora, o que, a seu ver, levou inevitavelmente ao típico domínio despótico oriental (KRIWACZEC, 2018, p. 26). Então podemos afirmar que as primeiras civilizações surgiram às margens de gran- des rios da região chamada de médio oriente, ou seja, as margens do rio Tigre, Eufrates e Nilo. Assim, vamos abordar, nesse momento, alguns pontos da civilização do antigo Egito, da Mesopotâmia, que cresceu às margens dos rios Tigre e Eufrates, e também civilizações como a persa, hebraica e fenícia. Vale ressaltar que essa grande região onde essas civili- zações surgiram ficou conhecida como crescente fértil. De forma geral, essas sociedades se estruturaram através da produção asiática, com escravidão, estruturas econômicas rigidamente fixas, prática de escrita, facilitando o controle da produção, cobrança de impostos, entre outros. Embora essas características fiquem expressas claramente na Mesopotâmia e no Egito, outras civilizações próximas também se estruturaram nesse contexto com carac- terísticas parecidas. Assim, todas as vezes que estudarmos a primeiras civilizações na história, iremos apresentar e compreender a forma mais primitiva de organização, além dos conceitos de cidades-estados, teocracia e modo de produção (nesse caso, o asiático). Ao citarmos o mundo oriental, podemos apontar civilizações como a chinesa, a indiana, os persas, os hebreus, além dos greco-romanos, ou seja, de forma rápida iremos destacar algumas das civilizações para depois adentrarmos na Mesopotâmia e Egito antigo. Que tal começarmos pelos Hebreus? Vamos lá. Se você já ouviu falar no cris- tianismo, com certeza conhece algo dos hebreus, ou seja, se você ouviu falar em “bíblia sagrada”, você já conhece algo sobre os hebreus. Pois quando utilizamos a Torá como fonte histórica, podemos entender que os judeus surgiram, aproximadamente, nos anos 2 mil a.C. Podemos perceber também a questão da confirmação da data na afirmação de Pinsk (2011, p. 138): A questão da historicidade dos patriarcas tem a ver com a própria questão de quem teria sido o primeiro hebreu, isto é, de quando poderíamos datar a existência dos hebreus como povo. As opiniões são muitas. Ouve-se, com frequência, a data de 2000 para Abrahão, seguido de seus descendentes. Isso em uma região em que hoje se encontra a Síria, tiveram contato também com os Fenícios, que são considerados os maiores comerciantes da antiguidade. Quanto 30UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações aos hebreus, podemos afirmar que eram um povo de pastores nômades, que surgiram na Caldeia e, por não conseguirem combater os povos mesopotâmicos, iniciaram sua peregri- nação. Antes da chegada dos hebreus, ali moravam os Filisteus, Cananeus (que deram o nome de Canaã), arameus, moabitas, edomitas entre outros. Vale ressaltar que o próprio nome hebreu provém da língua aramaica e significa “o povo do outro lado do rio”, assim, afirmamos que são de origem mesopotâmica e migrante. Podemos apresentar um breve resumo sobre sua divisão histórica, começando através do período dos patriarcas, quando Abraão recebe de Iavé a promessa da terra prometida que jorrará “leite e mel”, também conhecida como Maná. Com isso passaram a ser monoteístas, marco diferencial dos povos existentes. Assim se desenvolveram e, quando Abraão morreu, ocorreu uma sucessão até Jacó, também conhecido como Israel, e esse teve 12 descendentes, originando-se as 12 tribos de Israel. Acredita-se, através de estudos históricos na Torá judaica e na Bíblia cristã, que vários motivos levaram esse povo a fuga da região, entre eles podemos citar invasões estrangeiras, escassez de terras férteis, além da influência egípcia na antiguidade que provavelmente os atraiu até lá, onde permaneceram por um longo período, como trabalha- dores, servindo através da corveia real até o conhecido êxodo em torno de 1250 a.C. Podemos destacar que, com o êxodo, temos fatores marcantes para essa civili- zação, como o Decálogo (dez mandamentos), que norteou a vida dos hebreus, além de confirmar que eram o povo escolhido por Deus e iriam receber a terra prometida. Assim que termina o período dos patriarcas, temos a era dos juízes que vai de 1200 a.C. a 1010 a.C. Esse foi o período de guerra com os cananeus, que já possuíam carros de guerra e armas de ferro; com essas necessidades bélicas, temos uma liderança entre os hebreus, que foram conhecidos como juízes, entre eles podemos citar Josué, Gideão, Sansão entre outros. Em seguida temos o período conhecido como a era dos Reis, em que temos um líder que assume esse papel guerreiro. O primeiro foi Saul, que não conseguiu dominar os filisteus e nem unificar as tribos de Israel e de Judá, como podemos perceber na citação: Com Saul, instaura-se a monarquia entre os hebreus. Mas já nessa ocasião havia uma divisão entre as tribos do norte (Israel) e as do sul (Judá) e Saul fracassa na tentativa de atrair Judá ao seu reino. Morre nessa tentativa fra- cassada (PINSKI, 2011, p. 141). Em seguida temos o rei Davi, que derrota os inimigos e amplia seu território e unifica as tribos. 31UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações Davi tem mais sucesso. Começa organizando o pequeno reino de Judá, constituído de hebreus da tribo de Judá e de cineus, iemareus e outros povos não hebreus, sediados na cidade de Hebron. Bom soldado e líder carismático, Davi estende seu poderio derrotando os arqui-inimigos filisteus e conquistando a cidade de Jerusalém, a qual transforma em capital do reino. Manda construir um palácio e verifica que falta algo muito importante ao seu reino e a Jerusalém: o prestígio religioso. Descobre, ou manda fazer, em algum local o que afirma ser a arca da aliança e a traz, com muita pompa. Com isso, legitima o seu poder “pela graça de deus”, fortalecendo-o mais e mais (PINSK, 2011, p. 142). Por fim, Salomão que se beneficiou de um período de paz e enriqueceu-se explo- rando seu território, passagem de rotas comerciais que ligavam o Egito à Mesopotâmia, além de construir o famoso templo de Jerusalém. Salomão foi um soldado inferior a seu pai, Davi, mas compensou essa defi- ciência com uma grande habilidade política. Logo que subiu ao poder, perdeu algumas terras. Compensou-as com acordos e casamentos em que recebia como dote cidades inteiras. Foi amigo de faraós e reis fenícios, possuiu um enorme harém, construiu palácios e fortalezas (PINSK, 2001, p. 143). Vale ressaltar que estamos passando brevemente por esses povos como os he- breus, para compreender melhor a grande influência da Mesopotâmia e do Egito. Assim, iremos parar por aqui o estudo dos hebreus, uma grande civilização que todo cristão conhece através da maior fonte histórica do seu povo – a Bíblia sagrada –, pois o antigo testamento do livro sagrado cristão é a Torá, ou seja, o pentateuco hebraico, sua história em si. Vamos falar agora de um povo que era vizinho dos hebreus, os chamados fenícios. Vale ressaltar que esse povo tinha um solo pobre e montanhoso, então os fenícios passa- ram a buscar rotas comerciais pelo mar. Utilizando-se de seu artesanato e até mesmo com o comércio da “púrpura”, que era extraída de um molusco comum em suas terras, o múrex. O corante púrpura era utilizado para tingir tecidos com tons rosa e roxo, tornando-se uma das mercadorias mais caras da antiguidade. Assim, podemos afirmar que os fenícios foram os grandes navegadores e comerciantes da antiguidade, passando a realizar comércio com a Mesopotâmia e com o Egito antigo. Para concluir a citação dessa civilização em nossos estudos, vamos afirmar que desenvolveram a matemática e a astronomia, que os ajudou muito na arte da navegação pelas estrelas, além de criarem um alfabeto fonético com 22 letras. Outro povo ligado a essa região foi o Persa, quese situava ao leste da Mesopotâ- mia, um território que necessitou de complexas obras de irrigação. Foi composto pelo reino dos “Medos” e reino do Persas. Foi sob o dominio de Ciro I que os persas se unificaram politicamente, mas seu auge foi no reinado de Dario I com evolução das cidades de Susa, Persópolis e Passárgada, terras onde possuía os fiéis considerados os “olhos e ouvidos” 32UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações do rei, pois eram extremamente fiéis. Povo esse também importante nas relações mesopo- tâmicas. Agora vamos entrar na civilização que se destacou nesse período, a grande Meso- potâmia. Pronto(a) para nossa viagem? 33UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações 2. A MESOPOTÂMIA Para falar da Mesopotâmia, temos que argumentar que ela foi composta por várias civilizações que se sucedem na região e ficaram conhecidas como civilizações mesopotâ- micas; situavam-se onde, hoje, é o atual Iraque. Recebeu esse nome justamente por ficar entre os rios Tigre e Eufrates, ou seja, Mesopotâmia significa terra entre rios. Vale ressaltar que essa civilização foi basicamente o berço das primeiras civilizações do antigo oriente, abrangendo uma extensa região que passa pelo Irã, Síria e pelo golfo pérsico. A Mesopotâmia se difere do Egito pela relação com os rios, pois se o Nilo tem cheias altamente regulares, a Mesopotâmia é extremamente desuniforme, obrigando uma ação bem mais intensa e complexa em relação ao domínio dos rios através da irrigação. Assim, partimos de uma divisão geográfica da Mesopotâmia, classificando-a como Alta Mesopotâmia e Baixa Mesopotâmia. A Alta Mesopotâmia era formada por terras com muitas montanhas e menos férteis. Já a Baixa Mesopotâmia era formada por terras com- postas por planícies, possuía solos em que ocorria transporte de minerais, extremamente férteis, com uma grande quantidade de água, promovendo em seus habitantes a obriga- toriedade da criação de canais de irrigação e drenagem. Vale ressaltar que esse domínio do território foi um dos fatores para seu desenvolvimento precoce e de grande densidade demográfica. Destacamos ainda que a Baixa Mesopotâmia não tinha uma questão bem definida em relação à precipitação das chuvas, e isso provocava inundações; as cheias de seus rios 34UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações eram irregulares, necessitando de grandes obras hidráulicas, esse desarranjo climático levou os primeiros povos mesopotâmicos, como os sumérios, a deixarem escritos com versões sobre o “dilúvio”, chamado de “Epopeia de Gilgamesh”. A seguir encontra-se um pequeno pedaço desse legado: Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face do mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha e a luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em vão por um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu uma montanha, e ali o barco encalhou (SIN-LEQI-UNNINNI, 2017, p. 82). Assim que conhecemos a Epopeia de Gilgamesh, somos levados a comparar com o dilúvio descrito pelo judaísmo em sua torá e pelos cristãos em sua bíblia, ou seja, podemos afirmar que a fertilidade do solo mesopotâmico e suas chuvas são coisas que deixaram marcas em todos os povos que ali passaram. A Mesopotâmia é a civilização pioneira da antiguidade e tem grandes diferenças en- tre o Egito antigo. Uma dessas diferenças citamos anteriormente, pois se aqui no crescente Fértil as chuvas são irregulares, no Egito antigo era bem definida em épocas de seca e de cheia. Já um dos fatores marcantes da Mesopotâmia que diferencia do Egito foi o papel do deserto, pois se era uma barreira natural para as invasões no território egípcio, na Mesopo- tâmia era uma passagem aos povos invasores, fazendo com que os povos mesopotâmicos desenvolvessem um aparato militar para proteção, formando, assim, grandes exércitos. Podemos afirmar, então, que essa sociedade militarizada promoveu uma sucessão de povos que formou a identidade mesopotâmica. Vamos conhecê-las? 2.1 Sumérios e Acádios Os Sumérios deram o pontapé inicial na história dessa região, pois foram os pio- neiros em desenvolver uma organização nesse território, eram oriundos da região do Irã e se fixaram na Baixa Mesopotâmia, fundando cidades importantes como Ur, Uruk, Lagash, Nipur entre outras. Buscaram desenvolver uma sociedade em que as terras eram consideradas dos deuses, para prover o sustento dos homens e, em troca, eles deveriam servir aos deuses. Essa é a explicação das grandes construções conhecidas como “Zigurates”, que eram grandes templos religiosos, onde os deuses ficavam sempre que desciam à Terra. Claro que o acesso era restrito aos homens capazes de ter contato direto com os deuses. Assim, 35UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações esses homens passaram a ter um domínio total da população, estruturando um governo ligado à religião, tal como vimos na transição da pré-história para antiguidade, no final da primeira unidade. Podemos afirmar uma outra diferença entre os egípcios, pois, se o faraó no Egito era visto como um deus vivo, os sumérios apresentavam o chamado Patesi ou Ensi, que era o representante, o interlocutor dos deuses com os homens. Com o domínio religioso ficou fácil o desenvolvimento da agricultura e do comércio pelos sumérios, os forçando a tentar controlar todo o processo, enfim desenvolvendo a primeira escrita conhecida no mundo, a chamada escrita cuneiforme. Esse nome foi dado por cunhar a escrita em tabuletas de argila, facilitando os registos, os cálculos e as transa- ções comerciais. Ainda sobre a importância da escrita cuneiforme, Jaime Pinsky (2011, p. 55) afirma: A complexidade e a objetividade das relações econômicas que se estabe- lecem, decorrentes de sua amplitude em termos de espaço e tempo, vão exigir cálculos precisos e anotações claras, enfim, registros inteligíveis não apenas para quem os fazia como para outros participantes ou coordenadores do projeto comum. Ainda sobre a escrita cuneiforme: [...] os primeiros símbolos são praticamente auto-explicativos, são pictogra- mas. A escrita pictográfica não se constitui, contudo, numa exaustiva repro- dução naturalista do objeto a ser representado; para falar de boi, não havia necessidade de mostrar seus pelos ou seus cascos ou o comprimento exato da cauda. bastava traçar sua figura de forma esquemática para se saber a que se queria referir. De início, essa simplificação encontrava vários caminhos: para um bastava representar a cabeça de boi para saber do que se tratava; para outro seria melhor rascunhar o conjunto do seu corpo e assim por diante. Aos poucos, convencionalmente, decidia-se por uma das versões ou pela síntese de algumas delas, de acordo com o interesse e o consenso do grupo (PINSK, 2011, p. 56). Vale ressaltar que, com o desenvolvimento da escrita e de suas cidades, houve uma disputa entre elas, que favoreceu um povo de origem semita, conhecido como Acádios. Os Acádios têm como grande nome o rei Sargão I, que unificou a Mesopotâmia no período e proclamou-se “O Rei dos quatro cantos da Terra”, apesar de ser uma frase exagerada. Sargão I criou um império na região, adotando a absorção da cultura suméria e utilizando-se da escrita cuneiforme. Vale ressaltar que ele enfrentou várias revoltas inter- nas, não conseguindo uma estabilidade governamental e, com isso, abriu espaço para o domínio Babilônico. 36UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações 2.2 Amoritasou Império Babilônico I A invasão mais importante da região mesopotâmica, que destruiu os assírios, foi a do povo amorita, de origem semita, que implantaram sua capital na cidade de Babel, também chamada de Babilônia. Vale ressaltar que os amoritas eram um povo guerreiro e lutaram em toda a Mesopotâmia para que ocorresse um domínio total. Foi o famoso rei Hamurabi que conseguiu esse domínio que se estendia da Caldeia até a Assíria. Por que será que Hamurabi se tornou famoso? Você já ouviu esse nome? O rei Hamurabi instituiu algo muito inovador para o período e para a história, pois criou o primeiro código de leis escritas do mundo. Uma vez que a escrita cuneiforme foi absorvida, o rei Hamurabi utilizou-se dela para desenvolver e espalhar suas regras. Vale ressaltar que esse código foi escrito em colunas, 3600 linhas e trazia 282 cláusulas ba- seadas na lei do Talião, ou seja, “olho por olho e dente por dente”. Assim, chegamos à conclusão de que a punição seria equivalente ao ato cometido pela pessoa, respeitando a posição social na sociedade babilônica. Artigo 200: Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual a ele, arrancarão o seu dente. Artigo 201: Se ele arrancou o dente de um homem vulgar pagará um terço de uma mina de prata. Artigo 202: Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe é supe- rior, será golpeado sessenta vezes diante da assembleia com um chicote de couro de boi (VICENTINO, 2001, p. 47). Mas qual foi a inovação de tal código? Será que não existiam essas regras/leis antes de Hamurabi? Para responder essas perguntas, Pinsk (2011, p. 62) afirma: De início, imaginou-se estar diante de um grande legislador, autor de uma série de leis básicas para o mundo civilizado, novas e até revolucionárias. Seu código, a partir do momento de sua divulgação, há 37 séculos, vem merecendo sucessivas reedições em todas as línguas civilizadas. Depois, verificou-se que Hamurábi não criará novas leis e que seu código não era propriamente inovador, já que revelava apenas práticas sociais comuns, encontradas em documentos de outros povos da região. E passou-se a mini- mizar sua importância. Um ponto muito importante sobre esse código é que, apesar de decifrado, preci- samos estudá-lo cada vez mais, pois seu achado é relativamente novo. O código só foi descoberto em 1901, pela expedição de Jacques de Morgan na região que corresponde ao Irã. Hoje, se encontra exposto no museu do Louvre na França. O rei Hamurabi trouxe desenvolvimento para a região mesopotâmica, pois, com seu código e com a capital definida, temos uma Babilônia exemplar, que se tornou um grande centro comercial e cultural do povo ali existente. A concentração humana era muito 37UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações grande para o período, havia adorações ao deus Marduk e visitações ao gigantesco zigura- te, conhecido como torre de Babel – a tentativa do homem chegar ao céu. A morte de Hamurabi trouxe a desestruturação política e grandes revoltas internas, que abriram espaço para novas invasões e domínio dos assírios. 2.3 Os Assírios Os Assírios transformaram a cidade de Assur na nova capital, absorvendo uma grande quantidade de madeira, ferro, cobre e retomaram a caça e a agricultura, mantendo uma estrutura militar e tornando a Mesopotâmia um estado militarista de dominação. Foi o povo que tornou ou criou o primeiro exército organizado da Mesopotâmia, pois trazia para si agrupamentos dentro do exército, como o grupo dos carros de guerra, cavalaria, infantaria, divisões de armas de arremesso entre outros. Assim, os Assírios dominavam pelo medo e pelo terror, não tinham piedade dos povos conquistados, sendo considerados ferozes. O apogeu dos Assírios ocorreu no governo de Senaqueribe, que transferiu a capital para a cidade de Nínive e, posteriormente, o rei Assurbanipal, que conquistou o Egito e criou a famosa biblioteca de Nínive, com muitas obras, acervos de toda a cultura mesopotâ- mica. Vale ressaltar que com a morte de Assurbanipal, houve disputas internas que abriram espaço para dominação dos Caldeus. 2.4 Os Caldeus ou Império Babilônico II Temos a ascensão dos Caldeus, povo de origem semita, que, percebendo o colapso dos Assírios, se organizou e trouxe novamente o império babilônico sob a liderança do rei Nabucodonosor, que aparece algumas vezes na bíblia cristã. Esse rei dominou o reino de Judá e levou muitos escravos para a Babilônia, o famoso “cativeiro da Babilônia”. O grande Nabucodonosor fez obras gigantescas, como os chamados jardins suspensos da Babilônia, além da criação de terraços para praticar a agricultura. Vale ressaltar que os jardins suspensos possuíam uma grande diversidade de plantas em toda sua extensão. Não é possível afirmar com exatidão sua existência, pois os únicos vestígios encontrados sobre ele são de origem escrita, deixando dúvidas arqueoló- gicas até os dias atuais. O fim do segundo império babilônico ocorreu quando tivemos a morte de Nabuco- donosor e seu filho, que herdou seu lugar, fez um governo fracassado, entrando em declínio e abrindo espaço para invasão do Persas, liderados pelo rei Ciro. 38UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações 3. O EGITO ANTIGO Com a revolução Neolítica percebemos que o processo de sedentarização dos homens começou principalmente às margens dos rios. O Rio Nilo absorveu uma grande concentração humana em suas margens, tornando sua população dependente. Vale res- saltar que o “pai da história”, como é conhecido o historiador grego Heródoto, afirmava que “o Egito é uma dádiva do Nilo”, ou seja, o Egito só existe devido à abundância das águas do Nilo, pois suas cheias proporcionaram áreas férteis para a agricultura, além do rio ser gigantesco, com mais de 1200 quilômetros, facilitando o transporte de excedente para comercialização. Vale ressaltar que as cheias geraram uma área de aproximadamente 20 quilômetros de largura, em que, em período de seca, com os húmus ali depositados, se praticava a agricultura. Podemos destacar ainda que a regularidade das cheias do Nilo favoreceu seu domínio pelo homem, pois ali foram criados canais de irrigação, facilitando a agricultura e o povoamento da região. O povoamento do Egito antigo começou antes mesmo do fim da revolução neolítica, pois povos de origem hamita já habitavam a região, criando as primeiras aldeias neolíticas que foram crescendo e se tornando o que, na história, chamamos de nomos, que eram nada mais que a primeira forma de organização centralizada, pois ocorre a união de várias aldeias na região que era governada pelo nomarca. Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tivemos o sur- gimento dos primeiros grandes grupos humanos, dando origem às primeiras cidades que 39UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações já possuíam uma espécie de divisão de trabalho e controle do excedente da produção agrícola, exigindo, então, um maior controle sobre o Nilo e sobre suas margens, ocorrendo, assim, a centralização do poder. Vale ressaltar que tivemos os primeiros reinos, conhecidos como o Alto Egito, ao sul, e o Baixo Egito, ao norte. A divisão entre os reinos do Alto e Baixo Egito terminam quando o rei do Alto Egito, chamado Menés, conquistou o Baixo e unificou a região, se tornando o primeiro Faraó do Egito. Com isso, ele passou a ter todo o poder administrativo e divino, pois o faraó passou a ser considerado uma divindade na terra. O faraó exercia um poder considerado despótico, acumulando todo o poder em suas mãos. Em torno do faraó temos uma grande burocracia, repleta de escribas, funcionários e sacerdotes, aumentando ainda mais a divindade citada, pois o faraó passou a ser consi- derado um deus vivo, que dominava cada vez mais a população através das gigantescas obras. Vale ressaltar que o faraó tinha um papel importantíssimo naorganização do estado, ele controlava praticamente tudo. Segundo Kemp (2003, p. 73), Em última instância, os dogmas serviam para reforçar o processo histórico através do qual uma autoridade central apareceu para exercer seu controle sobre uma rede há muito estabelecida de política de comunidades, e era continuamente reforçada nas províncias pelo ritual e iconografia do ritual que fizeram, por exemplo, do rei o responsável pelas cerimônias nos templos provinciais. Os egípcios acreditavam que o faraó era uma divindade encarnada, que era des- cendente direto do deus Amon-Rá e, ao mesmo tempo, encarnação de Hórus, ou seja, era a junção do deus-sol e do deus falcão. Percebemos esse poder na citação a seguir: Levantai vossas faces, ó deuses que estão no outro mundo, porque o rei veio para vós possais vê-lo, ele se tornou o grande deus. O Rei é anunciado] com temor, o rei é vestido. Guardai-vos, todos, porque o rei governa os homens, o Rei julga os vivos no domínio de Rá, o Rei fala a sua região pura à qual fez sua morada com aquele que julgou entre os dois deuses. O rei tem poder em sua cabeça, o rei porta o seu cetro e Thot mostra respeito pelo rei. O Rei senta com aqueles que remam a barca de Rá, o rei ordena o que é bom e Rá o faz, porque o Rei é o grande deus (FAULKNER, 1969, p. 252). Ainda sobre o poder do faraó, podemos afirmar que sua divindade ajudava a domi- nar todo o povo, assim como explana Gralha (2002, p. 173): Como a religião permeava toda a sociedade egípcia, a legitimidade garantida através da esfera divina deveria ser o primeiro passo para a consecução do projeto político-religioso do rei. Tal legitimidade seria alcançada pelo de- senvolvimento da parte divina da natureza dual do monarca, entendendo os egípcios tal natureza ao mesmo tempo divina e humana, e pelo estreitamento da relação do faraó com o deus (neste caso, uma divindade dinástica com atributos de deus primordial), e que tal abrangência estivesse presente em todo o reino. 40UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações Para exemplificar melhor o desenvolvimento do Egito antigo, dividimos sua história em impérios, começando pelo antigo, passando pelo médio e novo império. Vamos conhe- cê-los? 3.1 O Antigo Império O antigo império ocorre entre 3200 a 2300 a.C., para ser mais exato, com a uni- ficação proporcionada por Menés, pois ele criou uma burocracia e a ideia de divindade faraônica, assumindo todo o papel de liderança. Logo após, ele mudou a capital para Tinis, por isso alguns historiadores classificam esse período como Tinita, mas depois temos outra cidade chamada de Mênfis, também chamado de período Menfita. Vale ressaltar que foi nesse período que ocorreu a construção das três pirâmides de Gizé, chamadas de Quéfren, Queóps e Miquerinos, que simbolizavam o grande poder faraônico e sua ligação com os deuses. Foi nesse período que os egípcios começaram a comercializar com outras regiões e graças à burocracia formada passou-se a ter uma arrecadação de impostos, que susten- tava o Estado, conseguindo renda para construção de projetos de irrigação e, até mesmo, das pirâmides citadas. Essas construções conhecidas como pirâmides eram monumentos que tinham a função de túmulo dos faraós e seus subalternos próximos. Resumidamente, podemos afirmar sobre o Antigo Império que Durante o Reino Antigo, o Egito experimentou um longo e ininterrupto período de prosperidade econômica e estabilidade política, como continuação do Pe- ríodo Pré-Dinástico. O país rapidamente cresceu em um Estado centralizado governado por um rei que se acreditava estar dotado com poderes sobre- naturais. Era administrado por uma elite letrada selecionada, ao menos em parte, por mérito. O Egito atingiu quase que uma completa autossuficiência e segurança em suas fronteiras naturais; nenhum rival externo ameaçou seu domínio no nordeste da África e nas áreas imediatamente adjacentes da Ásia Ocidental. Avanços nas ideias religiosas foram refletidos nas estupendas conquistas na arte e arquitetura (MÁLEK, 2003, p. 84). 3.2 Médio Império O médio império foi um período em que os poderes do faraó não foram debatidos e a unidade política foi fortalecida. Houve uma nova capital chamada de Tebas, em que os faraós da XII dinastia ordenaram a construção de novas obras de irrigação, aumentando a área agricultável no Egito, desenvolvendo e trazendo prosperidade para o império. O professor Arnoldo Walter Doberstein (2010), da PUC do Rio Grande do Sul, aponta que o Médio Império foi um período de evolução artística, um período em que se desenvolveram muitas tumbas do Vale dos Reis. Ocorreu também a construção de grandes templos, além de contatos com povos como os hebreus, fenícios entre outros. 41UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações Foi nesse período que ocorreu a invasão dos hicsos, oriundos da Ásia menor, fa- zendo com que os egípcios fossem dominados, pela primeira vez, por povos estrangeiros. Isso se deu principalmente pelo desenvolvimento militar dos hicsos, que utilizavam cavalos, carros de guerra e armas de ferro, instrumentos inovadores para toda região do Nilo. Assim, o Médio Império chega ao fim por sua instabilidade e a invasão dos guerreiros hicsos. 3.3 O Novo Império Logo após a invasão dos hicsos, os egípcios começaram e se organizar e a criar uma espécie de sentimento nacionalista e principalmente militarista, isso sob a liderança de faraó Amósis I, que organizou o exército e recuperou o território, fazendo o Egito ser ainda mais respeitado. Vale ressaltar que a confirmação dessa liderança vem logo a seguir, com a escravização dos hebreus, que conseguiram sua liberdade muitos anos depois através do episódio, conhecido hoje em dia como êxodo. O Novo Império nada mais é que o período em que ocorreu o auge do Egito antigo, pois o faraó Tutmés III conseguiu a maior expansão territorial dos egípcios, chegando até a Mesopotâmia, bem às margens do rio Eufrates. Vale ressaltar que a expansão é aumentada por Ramsés II, com a conquista do território palestino. Com tanta força militar, os egípcios acumularam cada vez mais riquezas, podendo construir os extraordinários templos de Luxor e Karnac. Infelizmente o império começa a decair com a morte de Ramsés II, pois os conflitos internos aumentaram, enfraquecendo cada vez mais a centralização do poder egípcio, abrindo espaço para seu término. 42UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações SAIBA MAIS Religião no Egito antigo Você sabia que a religião no Egito Antigo era politeísta, ou seja, cultuavam vários deu- ses com funções diferentes na sociedade? Os deuses egípcios tinham muita coisa em comum com os humanos, pois, além de nomes, eles tinham sentimentos, desejos e vontades. Apesar dessas coisas comuns a todos os deuses, eles tinham características próprias, desde corpo humano e, na maio- ria das vezes, cabeças de animais, mas poderiam ser também totalmente humanos ou inteiramente animais. Tinham poderes extremamente fortes, como exemplo: as lágrimas derramadas por eles poderiam gerar homens, minerais entre outros. Conheça os principais deuses egípcios e seus significados acessando o link: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quais-sa%CC%83o-os-principais-deuses-egipcios/ 43UNIDADE II O Estudo da Antigas Civilizações REFLITA “As águas do Nilo provêm do Nilo azul, que nasce nas terras altas da etiópia, e do Nilo branco, que se divide num emaranhado de regatos no Sudão meridional e se origina no lago vitória, no centro da África […] no Egito a água do Nilo alcançava o nível mais bai- xo de abril a junho. já em julho o nível subia e a inundação começava normalmente em agosto, cobrindo a maior parte do vale desde aproximadamente meados de agosto até o final de setembro, lavando os sais do chão e depositando um estrato de sedimentos que crescia a um ritmo de vários centímetros por século. depois