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PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM Unidade 3 Desenvolvimento do psiquismo humano CEO DAVID LIRA STEPHEN BARROS DIRETORA EDITORIAL ALESSANDRA FERREIRA GERENTE EDITORIAL LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS PROJETO GRÁFICO TIAGO DA ROCHA AUTORIA RAQUEL ELISABETH DUMASZAK 4 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 A U TO RI A Raquel Elisabeth Dumaszak Olá. Sou formada em Psicologia, nas modalidades bacharelado e licenciatura, e, desde então, atuo com Psicologia, Educação e Aprendizagem. Tenho interesse por assuntos que envolvem neurociências, comportamento e cognição, temáticas que segui na pós-graduação. Fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes e espero contribuir bastante com seu aprendizado teórico e profissional! 5PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 ÍC O N ESEsses ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem nos seguintes casos: OBJETIVO No início do desenvolvimento de uma nova competência. DEFINIÇÃO Caso haja a necessidade de apresentar um novo conceito. NOTA Quando são necessárias observações ou complementações. IMPORTANTE Se as observações escritas tiverem que ser priorizadas. EXPLICANDO MELHOR Se algo precisar ser melhor explicado ou detalhado. VOCÊ SABIA? Se existirem curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo. SAIBA MAIS Existência de textos, referências bibliográficas e links para aprofundar seu conhecimento. ACESSE Se for preciso acessar sites para fazer downloads, assistir vídeos, ler textos ou ouvir podcasts. REFLITA Se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido. RESUMINDO Quando for preciso fazer um resumo cumulativo das últimas abordagens. ATIVIDADES Quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada. TESTANDO Quando uma competência é concluída e questões são explicadas. 6 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 O que é psiquismo humano? .................................................... 9 Fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo .. 19 Aspectos biológicos ...........................................................................................19 Aspectos individuais, sociais e histórico-culturais .......................................27 Processos e constituição do psiquismo humano ................. 33 Atividade ..............................................................................................................33 Identidade ...........................................................................................................36 Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano .... 41 Consciência .........................................................................................................41 Emoções ..............................................................................................................44 Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano ...........................47 SU M Á RI O 7PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 A PR ES EN TA ÇÃ O No âmbito das Ciências Humanas, diversas linhas teóri- cas buscam compreender fenômenos humanos, explicando-os de diferentes formas, que podem ser complementares ou con- traditórias. Dessa forma, a compreensão do psiquismo humano pode ser obtida a partir da relevância que se dá aos seus diversos aspectos – biológicos, individuais, sociais e histórico-culturais. A depender da abordagem, alguns deles serão privilegiados. Além disso, para um melhor domínio do assunto, é preciso entender os processos envolvidos em sua constituição. Primeiramente, para nos familiarizarmos com o tema, precisamos compreender que as ideias de psiquismo e sua for- mação são muito discutidas em ambientes que trabalham o cole- tivo e o individual em uma relação dialética, ou seja, a influência de um sobre o outro ininterruptamente. Em segundo lugar, de- vemos saber que esse tema foi muito discutido por Lev Semio- novich Vygotsky, por isso, aproxima-se também do ambiente escolar. Por fim, é imprescindível saber que essa teoria foi in- fluenciada por teorias e metodologias marxistas soviéticas. Com base nessas informações, será mais fácil pensar com o autor, pois seu ambiente social influencia seu pensamento. As- sim, faz-se necessário mencionar dois importantes seguidores de Vygotsky: Alexis Leontiev (1903-1979), psicólogo soviético marxista e autor do clássico “O desenvolvimento do psiquismo” (1978); e Alexander Romanovich Luria (1902-1977). Leontiev e Alexander Romanovich Luria juntaram-se a Vygotsky e come- çaram a pesquisar a influência da cultura no desenvolvimento humano. Por isso, sua linha de pesquisa recebeu o nome de Psi- cologia histórico-cultural, ou sócio-histórica (POLON; PADILHA, 2017). 8 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 O BJ ET IV O S Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender o que é o psiquismo humano, definindo seus principais conceitos e associando suas definições à vida prática do ser humano. 2. Identificar os fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo. 3. Compreender os processos e a constituição do psiquismo humano. 4. Entender o pensamento e a linguagem do desenvolvimento humano. Então, preparado para uma viagem rumo ao conhecimento? Vamos lá! 9PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 O que é psiquismo humano? OBJETIVO Ao término deste capítulo, você vai entender o que é o psiquismo humano, definir seus principais conceitos e associar suas definições à vida prática do ser humano. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Bom estudo! Figura 1 – Multidão de pessoas diferentes entre si Fonte: Wikimedia Commons A Psicologia é marcada por uma diversidade de abordagens, pois não há um objeto e método único, o que a torna singular na compreensão dos fenômenos estudados. Durante a história humana, muitas propostas sobre o psiquismo foram elaboradas. Assim, para compreendermos o conceito de psiquismo humano, é importante ressaltar que este é um conceito complexo, também influenciado por diversos paradigmas. 10 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Existem várias definições para essa expressão, que variam em suas explicações sobre a concepção de psiquismo, seu processo e os aspectos que influenciam a sua formação, de acordo com a valoração dada a elementos: • Biológicos. • Individuais. • Sociais. • Histórico-culturais. Algumas definições enfatizam os aspectos biológicos como principais na explicação de manifestações humanas, como comportamentos, consciência e aprendizagem. Quando falamos em abordagens focadas nos aspectos biológicos, dizemos que as hipóteses dela sobre os fenômenos são, por exemplo, em termos de maturação biológica, de características físicas, de predisposições ou tendências a comportamentos inatos (não aprendidos). Outras podem apoiar-se em explicações de cunho social, fazendo referência à função da interação social no processo de desenvolvimento humano, na formação do indivíduo com suas características peculiares, e assim por diante. Vamos, agora, conhecer alguns exemplos dessas definições. Em relação aos pressupostos do ponto de vista biológico, psiquismo é um “conjunto de fenômenos ou traços psíquicos característicos de um indivíduo” (INFOPÉDIA, c2003, on-line). 11PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 IMPORTANTE Ao falar de psiquismo e, principalmente, de seu estudo sob o ponto de vista biológico, devemos estar atentos, pois ele é o resultado da apropriação da realidade, que é possível por meio de funções psicológicas elementares e superiores. As funções elementares advêm dos órgãos dos sentidos e, como independem de organização cognitiva, estão presentes também nos outros animais. Já as funções psicológicas superiores – objetode estudo de Vygotsky – são propriedade exclusiva do homem. É a partir delas que o sujeito humano decodifica e se apropria da linguagem intelectualizada, contribuindo, assim, para a formação de seu psiquismo. O objetivo deste capítulo não é discutir o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, mas como cada componente do psiquismo compõe uma relação dialética na construção do indivíduo. Já autores que defendem o ponto de vista histórico- cultural compreendem o psiquismo como a totalidade dos processos psíquicos superiores e do comportamento social que possibilitam ao homem constituir a unidade que é sua psique (SOUZA; ANDRADA, 2013). Estudiosos como Silvia Lane e Ana Bock enxergam o indivíduo por meio da perspectiva social e consideram que essa unidade se expressa no modo peculiar de cada indivíduo ser no mundo – a subjetividade (SILVA, 2009). Sobre subjetividade e psiquismo, a autora aponta: Geralmente, subjetividade é entendida como aquilo que diz respeito ao indivíduo, ao psiquismo ou a sua formação, ou seja, algo que é interno, numa relação dialética com a objetividade, que se refere ao que é https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_social 12 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 externo. É compreendida como processo e resultado, algo que é amplo e que constitui a singularidade de cada pessoa. A ideia de que a subjetividade é algo, mas sem definir claramente o que vem a ser esse algo, é muito recorrente. (SILVA, 2009, p. 170) Dessa forma, a subjetividade tem papel fundamental na constituição da identidade do indivíduo, conforme afirma Bock (2004): O fenômeno psicológico deve ser entendido como construção no nível individual do mundo simbólico que é social. O fenômeno deve ser visto como subjetividade, concebida como algo que se constituiu na relação com o mundo material e social, mundo este que só existe pela atividade humana. Subjetividade e objetividade se constituem uma à outra sem se confundirem. (BOCK, 2004, p. 6 apud SILVA, 2009, p. 170) Nessa perspectiva, o psiquismo tem origem no social e desenvolve-se ao longo do percurso da história da sociedade humana de acordo as relações sociais, históricas e culturais nela vigentes (SILVA, 2009; SOUZA; ANDRADA, 2013). IMPORTANTE Cabe ressaltar a importância de não se debruçar sobre um único ponto de vista, pois isso dificultaria uma compreensão mais ampla e ponderada dos fatos. Ao estudarmos a constituição da psique humana, temos diversas denominações, por exemplo, identidade ou personalidade. A subjetividade constitui em uma categoria-chave para que fosse compreendido o psiquismo motor, sendo afirmado por Rey (2001) que: 13PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 A subjetividade representa um macroconceito orientado à compreensão da psique como sistema complexo, que de forma simultânea se apresenta como processo e como organização. O macroconceito representa realidades que aparecem de múltiplas formas, que em suas próprias dinâmicas modificam sua autorganização, o que conduz de forma permanente a uma tensão entre os processos gerados pelo sistema e suas formas de autorganização, as quais estão comprometidas de forma permanente com todos os processos do sistema. A subjetividade coloca a definição da psique num nível histórico-cultural, no qual as funções psíquicas são entendidas como processos permanentes de significação e sentidos. O tema da subjetividade nos conduz a colocar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade individual. (REY, 2001, p. 1) SAIBA MAIS Para saber mais sobre identidade, personalidade, subjetividade e individualidade, leia o artigo “Subjetividade, individualidade, personalidade e identidade: concepções a partir da Psicologia Histórico-cultural”, de Flávia Gonçalves da Silva. Para acessá-lo, clique no QR-Code disponível aqui. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752009000100010&lng=pt&nrm=iso 14 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Além das vertentes supracitadas, outros processos participam da constituição do psiquismo. A vertente histórico- cultural, por exemplo, estuda a origem e o desenvolvimento do psiquismo, a fim de entender os processos envolvidos. Assim sendo, aponta os processos intelectuais como elementos participantes desse cenário, sendo esses processos: • Emoções. • Consciência. • Atividade. • Linguagem. • Desenvolvimento humano. • Aprendizagem. REFLITA Cada um desses processos intelectuais é estudado de maneira que sua função seja compreendida como fundamental para a sobrevivência do indivíduo. Para isso, diversas perspectivas se propõem a essa tarefa. Por exemplo, você já se perguntou o que é uma emoção? Qual é a utilidade do sentimento de raiva? É uma emoção ou sensação? Indagações como essas são respondidas à luz de diferentes vertentes de pesquisa. Figura 2 – Emoções Fonte: Pixabay 15PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 ACESSE Para saber mais sobre as emoções, assista ao vídeo “O que são emoções?”, do canal Minutos Psíquicos. Para acessá-lo, clique no QR-Code disponível aqui. A partir dessa breve apresentação sobre as diferenças entre as principais concepções de psiquismo, podemos prosseguir para um conhecimento mais aprofundado sobre os fatores centrais que impactam a sua constituição e os processos envolvidos em sua formação. Observe a figura a seguir e reflita: para você, qual imagem define esse conceito? Figura 3 – Como podemos representar o psiquismo? Fonte: Pixabay O desenvolvimento do psiquismo decorre de elementos e determinações da cultura histórica e social desenvolvida na essência da atividade vital do indivíduo, isto é, na categoria trabalho, atuando na transformação consciente, intencional e criativa da natureza em proveito de suas necessidades. https://youtu.be/GyFQj64amhY 16 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 O psiquismo humano é traduzido pela imagem subjetiva do real contidas pelas riquezas tanto materiais quanto não materiais que foram sendo acumuladas no decorrer da história. A tese de que o reflexo psíquico da realidade é sua imagem subjetiva indica que a imagem pertence ao sujeito real da vida. Mas o conceito de subjetividade da imagem no sentido de seu pertencimento ao sujeito da vida, implica a indicação de sua atividade. Por isso, o conceito de subjetividade da imagem inclui o conceito de parcialidade do sujeito. [...] Aliás, é muito importante destacar que essa parcialidade está objetivamente determinada e que se expressa não na inadequação da imagem (ainda que também possa expressar-se nela), mas em que esta permite penetrar ativamente na realidade. Dito de outro modo, a subjetividade no nível do reflexo sensorial não deve ser compreendida como um subjetivismo, mas como sua “subjetualidade”, isto é, seu pertencimento ao sujeito ativo. A função de situar o homem na realidade objetiva e transformá-la é uma forma de subjetividade. Posto que se partirmos do pressuposto que as influências externas provocam diretamente em nós, em nosso cérebro, a imagem subjetiva, imediatamente surge a questão de como essa imagem parece existir fora de nós, fora de nossa subjetividade, ou seja, nas coordenadas do mundo exterior. (LEONTIEV, 1978, p. 46) Analisando a citação, podemos, então, compreender que a subjetividade não é uma categoria-chave para que se compreenda o psiquismo, mas consiste em um processo que deve ser considerado para que o psiquismo seja constituído, 17PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 tendo em vista que ela não é o psiquismo em si. Desse modo, cada sociedade é responsável por desenvolver condições específicas para que os indivíduos possam desenvolver as suas condições de forma particular. Ora, dado que a relação do homem com a espécie humana é, desde o início, formada e mediatizada por categorias sociais (comotrabalho, linguagem, intercâmbio, etc.); dado que, por princípio, não pode ser “muda”, mas se realiza apenas em relações e vínculos que operam em nível da consciência; dado isso, tem lugar no interior do gênero humano, que a princípio é também um ente que existe apenas em-si, realizações parciais concretas que, no desenvolvimento da consciência genérica, assumem o lugar desse em-si precisamente através de sua parcialidade e particularidade concreta. Ou seja: a genericidade universal biológico-natural do homem, que existe em- si e que deve continuar ineliminavelmente a persistir como em-si, só se pode realizar como gênero humano na medida em que os complexos sociais existentes, precisamente em sua parcialidade e particularidade concreta, façam sempre com que o “mutismo” da essência genérica seja superado pelos membros de tal sociedade, uma superação que os torne conscientes, no quadro desse complexo, da sua genericidade enquanto membros desse complexo. (LUKÁCS, 1979, p. 145) Assim, diante desse contexto, podemos observar que o psiquismo humano foi se desenvolvendo influenciado pela cultura, ou seja, pelas objetivações que se realiza pelo indivíduo em determinado momento da história. 18 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que, em relação aos pressupostos do ponto de vista biológico, psiquismo é o conjunto de características psicológicas de um indivíduo, ou o conjunto de fenômenos psíquicos e processos da evolução mental de um indivíduo. Ainda, entendeu que alguns autores defendem o ponto de vista histórico-cultural, compreendendo o psiquismo como a totalidade dos processos psíquicos superiores e do comportamento social que possibilitam ao homem constituir a unidade que é sua psique. Por fim, você compreendeu que alguns estudiosos enxergam o indivíduo por meio da perspectiva social e consideram, ainda, que essa unidade se expressa no modo peculiar de cada indivíduo ser no mundo – a subjetividade. 19PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo OBJETIVO Ao término deste capítulo, você vai identificar os fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Bom estudo! Aspectos biológicos Os aspectos biológicos são considerados, por algumas abordagens da Psicologia, como fatores preponderantes para a explicação do desenvolvimento psíquico. A partir da evolução histórica da Psicologia, podemos notar que, à medida que ela se aproxima das diretrizes da Ciência Experimental, afasta-se da Filosofia antiga, ou seja, quanto mais adota métodos científicos, com base na objetividade, na observação e na precisão, mais distante fica das teorias filosóficas e do estudo da mente. Assim, é possível identificar que o surgimento da Psicologia está atrelado às ciências naturais e ao experimentalismo, e, por conseguinte, atribuiu ao psiquismo bases biológicas. Esse referencial propõe que os fenômenos biológicos têm mais concretude que os demais. Sendo assim, as Ciências Humanas têm um vínculo irrenunciável com as Ciências Biológicas, uma vez que manifestações humanas, como a consciência, o conhecimento, o pensamento, a linguagem, entre outras, estão ligadas a funções cerebrais, por isso, para essa abordagem, o psiquismo é considerado um “conjunto de fenômenos ou traços psíquicos característicos de um indivíduo” (INFOPÉDIA, c2003, on-line). 20 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 IMPORTANTE A definição de psiquismo, isto é, como ele é constituído no ser humano, muda de acordo com a abordagem teórica. Nesse momento, estamos falando sobre a teoria que se aproxima das ciências biológicas. Com isso, podemos destacar algumas linhas teóricas que foram fundamentais para o estabelecimento da concepção biológica do psiquismo humano, como o Behaviorismo, que teve seu surgimento favorecido pela mudança no objeto de estudo da Psicologia Científica. Como exemplo da relevância dada aos termos biológicos e da influência da mudança de objeto de estudo da Psicologia Científica, podemos salientar o fato de que o Behaviorismo rejeitava a concepção de mente e priorizava o estudo de aspectos puramente físicos e observáveis. IMPORTANTE Outra importante abordagem que contribuiu para a difusão das concepções biológicas foi a Psicanálise. Freud foi um médico neurologista, por isso, a herança fisiológica estaria em suas obras e teorias. Sua teoria é metafisica, na qual interpreta-se o comportamento do indivíduo utilizando como base três estruturas formadoras da psique humana: id, ego e superego. Elas seriam incentivadas pelos processos vividos conscientes, pré-conscientes e inconscientes, responsáveis pelas ações e pulsões libidinais do indivíduo. Freud traz as fases do desenvolvimento psicossexuais. A Teoria Psicanalítica é muito atual e empregada em diversas áreas do conhecimento científico, desde a clínica tradicional até ambientes organizacionais, educacionais e pesquisas embasadas na área cognitiva e neurocientífica. 21PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 ACESSE Caso você tenha interesse em se aprofundar em alguns desses temas, leia o artigo “A atualidade do projeto freudiano de 1895”, de Sidarta da Silva Rodrigues. Para acessá-lo, disponível no QR-Code. Outros conceitos freudianos apresentam correlação com os pressupostos biológicos, como o de pulsão de vida e o de pulsão de morte, à medida que atuam com base no princípio homeostático, mantendo o equilíbrio entre o interno e o externo, entre o indivíduo e o meio. SAIBA MAIS Para saber mais sobre o conceito de pulsão, assista ao vídeo “A pulsão – Glossário Freud”, de Christian Dunker. Para acessá-lo, clique no QR- Code disponível aqui. A epistemologia genética também se constituiu nas bases biológicas. A área central dos estudos piagetianos seria o terreno das formações cognitivas (CRUXEN, 2002). Para Piaget (1971): As estruturas do conhecimento tornam- se necessárias ao cabo de um processo http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-106X2009000200006&lng=pt&nrm=iso https://www.youtube.com/watch?v=VzLIk5Myfq8 22 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 de desenvolvimento, sem o serem desde o início e não comportam programação prévia. Nas formações cognitivas a hereditariedade e a maturação se limitam a determinar as zonas de impossibilidade ou de possibilidade de aquisições. É esse o relevo das bases biológicas do psíquico. (PIAGET, 1971, .. p. 58) EXPLICANDO MELHOR A Teoria Piagetiana segue um raciocínio amparado na Biologia para explicar o desenvolvimento humano. Para ela, cada indivíduo evolui cognitivamente de acordo com uma previsão maturacional biológica para cada idade. Por exemplo, é esperado que uma criança de três anos já saiba falar e andar, mas ela ainda não tem estrutura cognitiva para responder a questões mais complexas, como perguntas de divisão e multiplicação ou, ainda, a profissão dos pais. A resposta de um organismo ao meio, para Piaget (1971), depende de sua estruturação cognitiva e de competências alcançadas pela evolução de estágios de desenvolvimento cognitivo. No entanto, apesar do amparo da abordagem biológica, Piaget não a considera a única explicação para os fenômenos psicológicos, tampouco privilegia as influências ambientais. Todavia, ele acreditava no impacto desses fatores sobre os estágios cognitivos. É contundente destacar que, assim como a epistemologia genética, o Behaviorismo e a Psicanálise não mantiveram uma postura rígida na adoção da vertente biológica do psiquismo. Eles consideraram esse ponto de vista relevante para o esclarecimento dos conceitos e explanações de suas teorias, contudo apreciaramoutros aspectos insidiosos. 23PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Figura 4 – Os níveis do desenvolvimento humano Fonte: Pixabay Piaget (1971) definiu quatro períodos no processo evolutivo humano, que são reconhecidos pelo nível máximo de desenvolvimento em cada faixa etária ao longo do seu processo de crescimento. São eles: Período sensório-motor (0 a 2 anos) – esse período vai desde o nascimento até os dois anos de idade, o que o caracteriza como um momento de muitas mudanças, pois a criança aprende a se equilibrar, se sentar, andar e se alimentar – desde a amamentação até outros alimentos – e, ainda, se prepara para o desenvolvimento da linguagem. Neste período, a atividade cognitiva do sujeito é de natureza sensorial e motora, tendo como característica a ausência da função semiótica (inicialmente não representa mentalmente os objetos). A ação ocorre diretamente sobre os objetos, o que irá possibilitar a atividade cognitiva futura. O período que finaliza este momento inicial já inicia a capacidade de representação. (DIAS, 2010, p. 6) 24 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Nessa fase, a criança age principalmente por meio de ações reflexas e utiliza basicamente percepções sensoriais e esquemas motores para a resolução de seus problemas. A criança não possui capacidade de representar situações, nem tem noção de tempo passado e futuro. A noção de tempo e causalidade é adquirida no decorrer do processo de desenvolvimento, por meio do contato com outras pessoas. IMPORTANTE À medida que a criança vai crescendo, experienciando os objetos e desenvolvendo sua capacidade de memória, ela desenvolve representações mentais do mundo, o que Piaget chamou de esquemas. Os esquemas acontecem ao final desse estágio. Até os quatro meses de vida, o bebê não tem entendimento de que as coisas continuam a existir mesmo que não estejam em seu campo de visão. É importante saber que até os 4 meses de idade a criança não assimilou a “permanência do objeto”, ou seja, algo só existe se estiver em seu campo de visão. Figura 5 – Período sensório-motor (0 a 2 anos) Fonte: Freepik 25PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 • Período pré-operatório (2 a 7 anos) – nessa fase, aparece a linguagem oral. A criança vai se tornando capaz de utilizar esquemas que auxiliam na substituição de ações, situações, pessoas e objetos por símbolos (palavras). O pensamento predominante é o egocêntrico, no qual a própria criança é tida como referência. Outras características dessa fase são o animismo (atribuição de intenções e sentimentos a coisas e animais) e a irreversibilidade (a criança identifica a possibilidade de retornar mentalmente ao ponto de partida). Figura 6 – Período pré-operatório (2 a 7 anos) Fonte: Freepik • Período operatório concreto (7 a 11 anos) – nesse período, o egocentrismo é abandonado, e a criança começa a estabelecer correlações, coordenar pontos de vista diferentes e integrá-los de modo lógico. A criança também passa a ser capaz de interiorizar as ações, realizando mentalmente operações, e não somente operações físicas, sem precisar medir fisicamente objetos para saber qual é o maior. 26 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Figura 7 – Período pré-operatório (7 a 11, 12 anos) Fonte: Freepik • Período das operações formais (12 anos em diante) – nesse período, há a ampliação das capacidades adquiridas no período anterior. Assim, ocorre o raciocínio sobre hipóteses, possibilidade de compreensão de conceitos abstratos e realização de operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Esse período se diferencia da infância, porque aos 12 anos a criança já estabeleceu um padrão de equilíbrio, isto é, o raciocínio cognitivo que ela levará durante sua vida. Figura 8 – Período das operações formais (12 anos em diante) Fonte: Freepik 27PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Aspectos individuais, sociais e histórico-culturais Apesar da importância dos pressupostos biológicos para o estudo do psiquismo, outros fatores precisam de atenção, como os aspectos individuais, sociais e histórico-culturais, por serem ativos em sua formação e permitirem uma compreensão mais ampla e ponderada dos fatores envolvidos. Os aspectos individuais referem-se às características pessoais, peculiares, únicas e singulares que os indivíduos possuem e que formatam seu modo de existir e de se relacionar com o mundo. Assim, tais aspectos dizem respeito ao indivíduo e à formação do psiquismo e são, portanto, um fenômeno interno, que se relaciona dialeticamente com a objetividade (com o externo). As características biológicas do indivíduo (disposição física, emoções, funcionamento do sistema nervoso, emoções e necessidades biológicas), segundo Leontiev (1978), vão se tornando singulares e permitindo a diferenciação entre eles. Isso ocorre por meio da apropriação da realidade e dos processos de objetivação e da apropriação. REFLITA Apesar das invariáveis controvérsias sobre a gênese dos elementos individuais, há um entendimento preponderante entre autores, como Vygotsky (1995 apud SOUZA; ANDRADA, 2013), que, ao se referir a aspectos peculiares do indivíduo, considera a parcialidade das origens dos seus elementos constitutivos, ou seja, o desenvolvimento do individual ocorre à medida que ocorre a dialética entre o interno e o externo. Nesse intercâmbio com o meio, o indivíduo se apropria das experiências, subjetivando-as e transformando-as em uma maneira única e singular de existir. 28 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Podemos entender, conforme Bock (2004 apud SILVA, 2009), que os aspectos individuais são construções do mundo social individual. Assim, Vygotsky foi um importante autor nessa área, pois, ao atribuir complexidade à formação do psiquismo humano, ampliou os estudos, sugerindo novos caminhos. Assim, trouxe o elemento histórico-social do desenvolvimento psicológico e introduziu a noção de historicidade no psiquismo humano (fundamentada no materialismo histórico-dialético, proposto por Marx e Engels). Vygotsky, então, indicou que, para se desenvolver e formar suas características individuais, primeiramente, deve ocorrer a atividade externa (o contato dialético do indivíduo com o ambiente), para a posterior apropriação cultural e internalização pela atividade individual. Sendo assim, para que haja apropriação, é necessária a interação com outros sujeitos possuidores do conhecimento a ser internalizado. VOCÊ SABIA? O conceito de internalização diz respeito à imposição que a criança faz a si para assimilar a mesma forma de comportamento e condutas sociais em princípio impostas a ela por outras pessoas? Pois é, dessa forma, a internalização de condutas culturais ocorre inicialmente no âmbito externo e, ao ser reconstruído, ocorre internamente. Com isso, Vygotsky (2008) também aponta a interação dialética com o meio social como fonte responsável pelo desenvolvimento de importantes funções psíquicas, próprias dos seres humanos, como a linguagem, a escrita, o cálculo, o desenho, a atenção voluntária, a memória lógica e a formação de conceitos, as ações conscientes, o pensamento abstrato, entre outras (chamadas de funções mentais superiores). 29PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 EXPLICANDO MELHOR Observa-se que, apesar de não desconsiderar os aspectos biológicos, em sua teoria, Vygotsky enfatiza a interação contínua dos aspectos sociais no desenvolvimento psicológico. Por isso, não se pode falar em mudanças isoladas da personalidade, pois, sob o efeito das multiplicidades de fatores, a mudança interna que ocorre altera sua estrutura como um todo. Assim, para o autor, tendo como base a correlação entre desenvolvimento e aprendizagem, não se pode reduzir a compreensão dos fenômenos a determinações de estágios de desenvolvimento. Nesse caso, é imprescindível conhecer as relações que permeiam seus processos.Para isso, Vygotsky dividiu em três zonas de desenvolvimento os espaços de desenvolvimento e execução de atividades, diferenciadas pelos níveis de necessidade de interferências e mediação. São elas: 1. Zona de desenvolvimento real – são as capacidades mentais de solucionar problemas já alcançados pela criança. Nela, as atividades são executadas sem o auxílio do outro. 2. Zona de desenvolvimento potencial – capacidade de solucionar problemas com a ajuda do outro. O que faz hoje com colaboração, poderá realizar sem ajuda amanhã. 3. Zona de desenvolvimento proximal – está entre a zona de desenvolvimento real e a potencial. Refere-se às funções em desenvolvimento. Quando a criança não consegue resolver um problema sozinha, mas, após a ajuda de um adulto, consegue, dizemos que essa é a sua ZPD. 30 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Exemplo: Vygotsky (1998 apud SOUZA; ANDRADA, 2013), para exemplificar os conceitos delimitados, apresenta uma situação com duas crianças com idade mental de oito anos, considerando-se que elas estão no mesmo nível real de desenvolvimento em relação ao que conseguem fazer sozinhas, sem ajuda. Entretanto, há diferenças entre elas: uma conseguia, sem ajuda, resolver problemas correspondentes à idade mental de nove anos, enquanto a outra realizava, sozinha, atividades características da idade mental de 12 anos. Essa divergência entre a idade mental (exemplo de desenvolvimento real) e o nível que a criança alcança ao resolver tarefas com colaboração (exemplo de desenvolvimento potencial) é o que o autor denomina zona de desenvolvimento proximal. Figura 9 – Mapa mental sobre as zonas de desenvolvimento Vygotskyanas Zona de desenvolvimento proximal Resolve-se o problema individualmente Resolve-se o problema com ajuda Distância entre Zona de desenvolvimento real Zona de desenvolvimento potencial Fonte: Educando o Amanhã (2016, on-line). Assim, podemos perceber que Vygotsky rejeita explicações deterministas e naturalizantes sobre o desenvolvimento humano. Seu legado privilegia a apropriação da cultura como fator potencializador do desenvolvimento psicológicos dos indivíduos (PASQUALINI, 2006 apud CAMPOS, 2015). 31PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 EXPLICANDO MELHOR Para Vygotsky, os pensamentos superiores são assim considerados por se distinguirem das ações reflexas (processos psicológicos elementares), por exemplo, a sucção do seio da mãe pelo bebê; das associações simples, como evitar o contato da mão com o fogo; e das reações automatizadas, como virar a cabeça em direção a um ruído repentino. Figura 10 – Aprendizagem em diferentes culturas: visão histórico-cultural Vygotskyana Fonte: Wikimedia Commons 32 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os aspectos biológicos são considerados, por algumas abordagens da Psicologia, fatores preponderantes para a explicação do desenvolvimento psíquico. Também entendeu que, apesar da importância dos pressupostos biológicos para o estudo do psiquismo, outros fatores, como os aspectos individuais, sociais e histórico-culturais, precisam de atenção por serem ativos em sua formação e permitirem uma compreensão mais ampla e ponderada dos fatores envolvidos. Por fim, você compreendeu que as características biológicas do indivíduo (disposição física, emoções, funcionamento do sistema nervoso, emoções e necessidades biológicas) vão se tornando singulares e permitindo a diferenciação entre eles. Isso ocorre por meio da apropriação da realidade e dos processos de objetivação e da apropriação. 33PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Processos e constituição do psiquismo humano OBJETIVO Ao término deste capítulo, você vai entender os processos e a constituição do psiquismo humano. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Bom estudo! Entre os anos de 1924 e 1934, Vygotsky iniciou uma pesquisa com a colaboração de psicólogos e pedagogos, entre eles, A. N. Leontiev e A. R. Luria. O estudo embasou teoricamente a Psicologia histórico-cultural quanto às formulações sobre origem e desenvolvimento do psiquismo, processos intelectuais, emoções, consciência, atividade, linguagem, desenvolvimento humano e aprendizagem. A seguir, serão abordados individualmente alguns desses elementos. Atividade VOCÊ SABIA? O conceito de atividade para a concepção histórico- cultural é elementar, pois é fundamental para que se possa explicar o processo de mediação. Assim, é a atividade que promove a relação entre o homem e a realidade objetiva. Dessa forma, o homem não apenas responde automaticamente aos estímulos, mas reage ativamente, atuando e transformando tanto o meio quanto a si. Leontiev (1903-1979), a partir das ideias da Teoria Histórico-cultural da Atividade, também a investigou buscando demonstrar que a atividade psíquica humana, como forma singular de atividade humana, expressa elementos do desenvolvimento psíquico. 34 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 As concepções marxistas também contribuíram para o entendimento da atividade, ao sugerir duas premissas: 1º A natureza humana da atividade, ao afirmar que a atividade representa a ação humana, promove a relação entre o homem (ativo) e o meio. 2º O desenvolvimento das atividades psíquicas, como processos psicológicos superiores, acontece a partir das relações sociais e do contexto cultural. Nesse sentido, entre 1930 e 1940, Leontiev estudou a relação entre a atividade humana e os processos internos da mente. Ele entendeu que as atividades só se concretizam por meio de ações, operações e tarefas se instigadas por necessidades e motivações. Assim, a atividade humana se materializa por meio de ações correspondentes: • As atividades didáticas, por meio das ações de aprendizagem. • As atividades físicas, por meio de exercícios físicos, entre outros exemplos. NOTA Em suma, a atividade humana acontece e se materializa com uma ação humana, ativa e devidamente motivada por uma necessidade, bem como transforma reciprocamente o homem e o social, à medida que eles interagem. Esses eventos, além de permitirem a visualização de elementos do desenvolvimento psíquico, podem promover o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Em suma, a atividade humana acontece e se materializa com uma ação humana, ativa e devidamente motivada por uma necessidade, bem como transforma reciprocamente o homem e o social, à medida que eles interagem. Esses eventos, além de 35PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 permitirem a visualização de elementos do desenvolvimento psíquico, podem promover o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Figura 11 – Atividade psíquica e aprendizado Fonte: Pixabay Figura 12 – Desenvolvimento humano na perspectiva sócio-histórica Fonte: Freepik 36 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Identidade Os termos “subjetividade”, “individualidade”, “personalidade” e “identidade” são, na Psicologia, utilizados com frequência para fazer menção ao seu objeto de estudo, referindo-se a seus processos ou resultados, ou atuando sobre o entendimento desse objeto. Autores brasileiros vinculados ao pressuposto histórico- cultural utilizam, por vezes, os referidos termos como sinônimos ou dão prioridade a algum em detrimento de outro, por considerarem que um deles retrataria melhor as peculiaridades do assunto (SILVA, 2009). Na Psicologia Histórico-cultural (para alguns, Psicologia Sócio-histórica), que tem em seus fundamentos teórico-metodológicos as produções de Vygotsky, Leontiev, Luria e outros autores soviéticos, o objeto de estudo é a consciência, mas, para compreendê- la, é necessário considerar osprocessos que a constituem e fazem com que seja constituída. Entre estes estão a subjetividade, a individualidade, a personalidade e a identidade. (SILVA, 2009, p. 170) Com isso, alguns conceitos que diferenciam esses termos são apresentados no estudo da autora. No entanto, mesmo sabendo que todos são termos que participam da constituição e compreensão da consciente e, apesar da sua proximidade, nos restringiremos ao conceito de identidade. Identidade é identidade de pensar e ser [...]. O conteúdo que surgirá dessa metamorfose deve subordinar-se ao interesse da razão e 37PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 decorrer da interpretação que façamos do que merece ser vivido. Isso é busca de significado, é invenção de sentido. É autoprodução do homem. É vida. (SILVA, 2009, p. 242) O indivíduo inteiro é um produto da evolução biológica, cujo transcurso opera-se não somente no processo de diferenciação dos órgãos e funções, mas também de sua integração, de seu “ajuste” recíproco. O indivíduo é antes de tudo uma formação genotípica. Mas o indivíduo não é apenas isso, sua formação é contínua - como é sabido - na ontogênese, durante o curso da vida. Por isso, na caracterização das mesmas que se formam ontogeneticamente. (LEONTIEV, 1978, p. 136) “Identidade” é um termo complexo estudado em diversas abordagens das Ciências Humanas, como a Psicologia, a Sociologia e a Antropologia. Para Stuart Hall (2011), existem três tipos de identidades categorizadas de acordo com o período histórico: 1. Identidade do sujeito iluminista (identidade como um núcleo interno do homem, sendo esse imutável ao longo da vida). 2. Identidade do sujeito sociológico da idade moderna (existe um núcleo, mas ele é modificado no contato social). 3. Identidade do sujeito pós-moderno da atualidade (para esse período, a identidade é vista como fragmentada, havendo várias identidades). O autor também menciona as identidades culturais como sendo “aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de 38 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 nosso ‘pertencimento’ a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais” (HALL, 2011, p. 8). Dessa forma, não há um consenso sobre o tema. Entretanto, seguiremos com o objetivo de abordar a identidade e suas influências sobre o psiquismo humano a partir de um olhar mais amplo. IMPORTANTE Nesse sentido, podemos, então, destacar Silvia Lane e Antonio da Costa Ciampa, que, na década de 1980, realizaram pesquisas em Psicologia Social, amparados teoricamente nos estudos de Vygotsky e Leontiev. Esses autores desenvolveram seus trabalhos posicionando-se criticamente em relação à psicologia burguesa, que entendia a identidade (referida pelo termo “personalidade”) como algo individual, que, mesmo com interferências externas, originava-se do indivíduo. Assim, abandonaram o termo “personalidade”, optando o termo “identidade”, por entenderem que este trata a constituição do eu de forma crítica, multifatorial e dinâmica (SILVA, 2009). Para Ciampa (1987 apud FARIA; SOUZA, 2011), identidade é como metamorfose. Ela está sujeita a transformações constantes e pode, assim, ser entendida como uma consequência temporária da relação entre fatores como a história de vida do indivíduo, seus projetos e seu contexto histórico e social. Ou seja, sugere que a identidade é dada a cada diferente momento (possuímos várias identidades visíveis nos diferentes papéis que exercemos), não sendo algo pronto, atemporal e imutável, pois está em um contínuo processo. Ainda segundo o autor, “identidade é o reconhecimento de que é o próprio de quem se trata; é aquilo que prova ser uma pessoa determinada, e não outra”. (CIAMPA, 2007, p. 137 apud 39PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 WONSOSKI; DOMINGUES, 2015, p. 3). Para ele, ela se estabelece na relação entre diferença e igualdade, posto que alguns elementos nos aproximam e nos diferenciam uns dos outros (como o nome, que nos diferencia, e o sobrenome, que nos traz uma relação de parentesco). EXPLICANDO MELHOR Para entender a dinâmica e o processo de formação da identidade, Ciampa (2007) utilizou o método da narrativa e empregou as categorias atividade (entendida como ação, trabalho) e consciência para alcançar o conhecimento sobre os conteúdos que participam da formação da identidade. Assim, o indivíduo narrava os fatos sobre si, sobre sua história e, com base nesse relato permeado pela consciência, era possível observar e conhecer o processo de individualização do sujeito na atividade humana atuando sobre a formação da identidade. Figura 13 – O que é identidade? Fonte: Freepik Diante de todo esse cenário e contexto, deve-se saber que o processo de desenvolvimento da personalidade consiste: • Nas especificidades dos vínculos do ser humano com o mundo. 40 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 • No grau e na organização em que é organizada a hierarquia de atividades referentes aos motivos. • No grau de subordinação da organização à consciência sobre si e autoconsciência. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o conceito de atividade para a concepção histórico-cultural é elementar, pois é fundamental para que se possa explicar o processo de mediação. Também entendeu que existem três tipos de identidades categorizadas de acordo com o período histórico: identidade do sujeito iluminista (identidade como um núcleo interno do homem, sendo esse imutável ao longo da vida); identidade do sujeito sociológico da idade moderna (existe um núcleo, mas ele é modificado no contato social); e identidade do sujeito pós- moderno da atualidade (para esse período, a identidade é vista como fragmentada, havendo várias identidades). Por fim, você compreendeu que a identidade está sujeita a transformações constantes e pode, assim, ser entendida como uma consequência temporária da relação entre fatores, como a história de vida do indivíduo, seus projetos e seu contexto histórico e social. 41PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano OBJETIVO Ao término deste capítulo, você vai entender o pensamento e a linguagem do desenvolvimento humano. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Bom estudo! Consciência Para compreender o conceito de consciência como componente formador do psiquismo, é preciso, primeiramente, saber que, para os teóricos sócio-históricos, a composição dela se deve à dinâmica dialética entre o meio social e a criança (LORDELO, 2007 apud CASTRO; ALVES, 2012). A consciência trabalha com signos formadores da linguagem, conforme afirma Saviani (2013 apud POLON; PADILHA, 2017): A consciência é resultante do desenvolvimento da linguagem e, portanto, do emprego dos signos, ou seja, um lastro social e simbólico que, desvinculado do processo evolutivo biológico, demarcou o desenvolvimento socialmente histórico do ser humano. (SAVIANI, 2013 apud POLON; PADILHA, 2017, p. 86) 42 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 SAIBA MAIS Signo é a linguagem propriamente dita, que pode ser expressa por palavras, sinais, sons etc. Esse signo produz um significante, que é o elemento perceptível na linguagem, e o produto dela, enquanto o conceito da linguagem é chamado de significado. Vejamos um exemplo: alguém fala, escreve, interpreta em Libras a palavra “cachorro” – o que foi visto e decodificado por você é o significante, e o que você tem como conceito de cachorro é o significado. Figura 14 – Signos Fonte: Freepik REFLITA Agora, convido você a fazer uma breve reflexão. Você acredita que todos têm o mesmo conceito de “cachorro”? Como é essa relação entre o individual e biológico, no sentido de consciência,linguagem, sensação, percepção e meio social? Os cachorros com que uma pessoa interage estão sempre soltos, enquanto outros só saem à noite. Isso exerce alguma influência? Agora, vamos além: leve essa reflexão para a sala de aula. Como você enxerga a relação dialética entre os indivíduos e a escola? 43PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Para fortalecermos a discussão a respeito de consciência, vejamos a interpretação de Aita e Tuleski (2017): A consciência possui uma natureza social, e se desenvolve pela maneira como o indivíduo se apropria da objetividade da realidade. Ao apreender os significados sociais, o indivíduo pode dar a eles um significado pessoal relacionado com suas experiências particulares, com as suas necessidades, seus motivos e sentimentos, ou seja, com a sua própria vida. (AITA; TULESKI, 2017, p. 101) A linguagem compartilhada provoca um efeito em quem ouve, mas também em que fala. Esse efeito não é só ouvir e decodificar, mas coordenar comportamentos, sensações e a consciência do outro e de si mesmo. Por isso, segundo Castro e Alves (2012), é essencial o estudo de: • Classes sociais. • Relação social. • Entre outras variáveis culturais. Para os autores histórico-culturais, o processo de construção da linguagem deve ser estudado em meio ao social, pois ele, com seu meio de produção e seu produto material, influencia diretamente a relação do indivíduo com o material, refletindo a concepção do psiquismo. Essa relação, por sua vez, não é imutável, tendendo a se modificar à medida que o indivíduo atribui novos sentidos ao que foi apropriado por ele da realidade (AITA; TULESKI, 2017). 44 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Emoções Podemos dizer que o indivíduo tem acesso às emoções pelos neurônios sensoriais, presentes nos órgãos dos sentidos, e pelos neurônios presentes na região cerebral que decodifica os sinais. A sensação do estímulo é biológica, mas a interpretação (percepção) dela é subjetiva. Esse é um exemplo básico de como os mecanismos biológicos influenciam os processos cognitivos e, como vimos anteriormente, influenciam também a consciência, a linguagem e a subjetividade (MAGIOLINO, 2014). IMPORTANTE Ao estudar o conceito de psiquismo humano em Vygotsky, unimos a sensação e a subjetividade humana e concluímos que o contexto social pode influenciar a maneira como elaboramos as sensações, ou seja, a sensação de quebrar um dedo é assimilada mundialmente da mesma maneira, pelos neurônios nociceptivos, mas a percepção dessa dor pode, sim, se modificar de acordo com a cultura do povo, para alguns a dor pode ser algo mais significativo. Essas interpretações são parte da constituição da subjetividade humana. Para compreender o modo como às emoções significam nas relações sociais e no processo dramático de constituição do sujeito, é necessário compreender essa intrincada relação da emoção com as demais funções psicológicas na consciência que, emerge na/ pelas relações sociais. Isso nos leva a indagar sobre as posições sociais ocupadas pelos sujeitos e pelos sujeitos que se emocionam na dinâmica das interações. (MAGIOLINO, 2014, p. 51) 45PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Podemos dizer que as emoções fazem parte das funções psicológicas superiores, não somente para garantir a sobrevivência da espécie, mas também para organizar a vida de cada indivíduo em seu meio. Um exemplo disso é o indivíduo preocupado com uma iminente chuva. A preocupação (ansiedade) só é possível se ele tiver memória, pois se lembrará de algum evento traumático vivenciado anteriormente. O homem se diferencia dos demais animais por essa capacidade de planejar as ações futuras, o que resultou em nossa evolução. As emoções, por sua vez, diferem o indivíduo entre si, pois cada ser interpreta diferentemente um evento, o que proporciona a individualidade/subjetividade e, ao mesmo tempo, modifica o ambiente. DEFINIÇÃO As funções psicológicas superiores são a atenção, a memória, a imaginação, o pensamento e a linguagem. Figura 15 – Emoções e catarse no teatro Fonte: Freepik 46 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 IMPORTANTE A emoção é diferente do sentimento, pois ela se deve a um processo inconsciente e involuntário. Como nos traz Garcia (2005): As emoções são caracterizadas pelas vivências afetivas mais simples, que estão relacionadas à satisfação e à insatisfação das necessidades orgânicas, tais como as sexuais, de alimento, de saciar a sede, de defender-se dos perigos diários e tantas outras. Também pertencem ao grupo das emoções as reações afetivas relacionadas às sensações, as quais exercem grande influência na vida do indivíduo, uma vez que são provocadas pelos objetos e fenômenos da realidade. (GARCIA, 2005, p. 147) Ainda, para a autora, os sentimentos, dotados de processo cognitivo, são parte construtiva do psiquismo humano. Ela ressalta: Os sentimentos são diferentes das emoções, pois estão relacionados às necessidades que vão sendo criadas no processo de desenvolvimento da sociedade; dependem das condições de vida, especialmente das necessidades dos homens de se relacionarem entre si. São inseparáveis das necessidades culturais. Fundamentadas na Teoria Histórico- Cultural, sabe-se que não existe atividade cognitiva desprovida de sentimentos ou reações emocionais. (GARCIA, 2005, p. 147) 47PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano Para Vygotsky, o pensamento e a linguagem estão diretamente relacionados ao desenvolvimento humano, pois ele é o produto das atividades mentais superiores, que estão envolvidas no processo de aquisição, retenção e uso do conhecimento, por meio do pensamento e da linguagem, assim, juntos, eles compõem a cognição. DEFINIÇÃO Cognição é a capacidade de processar informações e transformá-las em conhecimento. Figura 16 – Pensamento/cognição Fonte: Freepik Enquanto para Vygotsky a linguagem e o pensamento são fruto da interação sociocultural do indivíduo, para Piaget (1987), a inteligência é: A solução de um problema novo, é a coordenação dos meios para atingir um certo fim, que não é acessível de maneira imediata; enquanto o pensamento é a inteligência interiorizada e se apoiando não mais sobre a 48 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 ação direta, mas sobre um simbolismo, sobre a evocação simbólica pela linguagem, pelas imagens mentais etc. (PIAGET, 1987, p. 15-16) A Teoria Genética de Piaget defende um sistema de operações interiorizadas e simbólicas que, posteriormente, serão convertidas em pensamento. As ações desenvolvidas pela criança, até então, serão atividades de autoconhecimento e de exploração do ambiente, que as fará superar as fases iniciais do desenvolvimento. REFLITA Acerca do que foi discutido até o momento, trazemos as seguintes indagações: você consegue explicar o que é pensar? O que é pensamento? Quando adquirimos a capacidade de pensar? O que é linguagem? Como a linguagem influencia o pensamento? Qual é a relação entre memória, pensamento e linguagem? Para responder a algumas dessas perguntas, poderíamos recorrer às fases do desenvolvimento infantil, quando a criança começa a desenvolver seu pensamento abstrato e, assim, pode solucionar problemas. Então, se pensar é a capacidade de solucionar um problema por meio de um pensamento abstrato, como seria esse processo cognitivo? Podemos, então, dizer que, para resolver um novo problema, é necessário o uso das capacidades cognitivas. A cognição se refere às atividades mentais envolvidas na aquisição, retenção e no uso do conhecimento, que, segundo Pinto (2001), são: • Percepção. • Aprendizagem. • Memória. 49PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 Ainda, pensar inclui duas representações mentais conscientes a fim de produzir inferências e conclusões: • Imagens mentais. • Conceitos. As imagens mentais são a representação mentalde objetos ou eventos passados, e os conceitos são os agrupamentos de ideias a respeito de um objeto (HOCKENBURY; HOCKENBURY, 2001). Nessa categoria, é possível compreendermos a relação entre o meio e o indivíduo, pois, para os autores sócio-históricos, ela interfere na formação de conceitos. Figura 17 – Pensamento e linguagem Fonte: Freepik REFLITA Para finalizar, gostaríamos de chamar atenção a temas atuais e que, por estarem presentes no meio social, moldam a nossa psique, são eles: gênero, tecnologias e bullying. Você consegue identificar algum? Agora, imagine uma pessoa que tenha vivido fora do ambiente social. Como você acha que seria o desenvolvimento de sua linguagem e de seu pensamento? Reflita sobre a questão da estimulação e, depois, assista a “A maçã” (1999), 50 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 dirigido por Samira Makhmalbaf. O filme, vencedor do Prêmio Troféu Sutherland, conta a história de duas crianças privadas do convívio social. Compare o que você assistiu com as fases de desenvolvimento Piagetianas e com a questão Vygotskiana acerca da relação entre meio social e desenvolvimento. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a composição da consciência se deve à dinâmica dialética entre o meio social e a criança, e que ela é resultante do desenvolvimento da linguagem e, portanto, do emprego dos signos. Você, ainda, entendeu que as emoções fazem parte das funções psicológicas superiores, não somente para garantir a sobrevivência da espécie, mas também para organizar a vida de cada indivíduo em seu meio. Por fim, você compreendeu que o pensamento e a linguagem estão diretamente relacionados ao desenvolvimento humano, pois ele é o produto das atividades mentais superiores, que estão envolvidas no processo de aquisição, retenção e uso do conhecimento, por meio do pensamento e da linguagem, assim, juntos, eles compõem a cognição. https://www.google.com/search?q=a+ma%C3%A7%C3%A3+samira+makhmalbaf&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LSz9U3MCorTM8xUeIEs03LKrK0xLKTrfTTMnNywYRVSmZRanJJftEiVqlEhdzEw8sPL1YoTszNLALxsjNyE3OSEtMAkFl3qk4AAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiEk-WGk-nhAhXDB9QKHchDAzsQmxMoATAeegQICxAK https://www.google.com/search?q=a+ma%C3%A7%C3%A3+trof%C3%A9u+sutherland&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LSz9U3MCorTM8xUQKzjSuTisqTtWSzk630E8sTi1IgZHx5Zl5eapEVmFO8iFU6USE38fDyw4sVSory0w6vLFUoLi3JSC3KScxLAQD7dPCRVwAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiEk-WGk-nhAhXDB9QKHchDAzsQmxMoATAlegQICxAg 51PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM U ni da de 3 AITA, E. B.; TULESKI, S. C. 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