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PSICOLOGIA DA 
APRENDIZAGEM
Unidade 3
Desenvolvimento do 
psiquismo humano
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
RAQUEL ELISABETH DUMASZAK
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Raquel Elisabeth Dumaszak
Olá. Sou formada em Psicologia, nas modalidades 
bacharelado e licenciatura, e, desde então, atuo com Psicologia, 
Educação e Aprendizagem. Tenho interesse por assuntos que 
envolvem neurociências, comportamento e cognição, temáticas 
que segui na pós-graduação. Fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes 
e espero contribuir bastante com seu aprendizado teórico e 
profissional!
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ÍC
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ESEsses ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem nos seguintes casos:
OBJETIVO
No início do 
desenvolvimento 
de uma nova 
competência. DEFINIÇÃO
Caso haja a 
necessidade de 
apresentar um novo 
conceito.
NOTA
Quando são 
necessárias 
observações ou 
complementações. IMPORTANTE
Se as observações 
escritas tiverem que 
ser priorizadas.
EXPLICANDO 
MELHOR
Se algo precisar ser 
melhor explicado ou 
detalhado. VOCÊ SABIA?
Se existirem 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo.
SAIBA MAIS
Existência de 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundar seu 
conhecimento.
ACESSE
Se for preciso acessar 
sites para fazer 
downloads, assistir 
vídeos, ler textos ou 
ouvir podcasts. 
REFLITA
Se houver a 
necessidade de 
chamar a atenção 
sobre algo a 
ser refletido ou 
discutido.
RESUMINDO
Quando for preciso 
fazer um resumo 
cumulativo das últimas 
abordagens.
ATIVIDADES
Quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem 
for aplicada. TESTANDO
Quando uma 
competência é 
concluída e questões 
são explicadas.
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O que é psiquismo humano? .................................................... 9
Fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo .. 19
Aspectos biológicos ...........................................................................................19
Aspectos individuais, sociais e histórico-culturais .......................................27
Processos e constituição do psiquismo humano ................. 33
Atividade ..............................................................................................................33
Identidade ...........................................................................................................36
Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano .... 41
Consciência .........................................................................................................41
Emoções ..............................................................................................................44
Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano ...........................47
SU
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No âmbito das Ciências Humanas, diversas linhas teóri-
cas buscam compreender fenômenos humanos, explicando-os 
de diferentes formas, que podem ser complementares ou con-
traditórias. Dessa forma, a compreensão do psiquismo humano 
pode ser obtida a partir da relevância que se dá aos seus diversos 
aspectos – biológicos, individuais, sociais e histórico-culturais. A 
depender da abordagem, alguns deles serão privilegiados. Além 
disso, para um melhor domínio do assunto, é preciso entender 
os processos envolvidos em sua constituição. 
Primeiramente, para nos familiarizarmos com o tema, 
precisamos compreender que as ideias de psiquismo e sua for-
mação são muito discutidas em ambientes que trabalham o cole-
tivo e o individual em uma relação dialética, ou seja, a influência 
de um sobre o outro ininterruptamente. Em segundo lugar, de-
vemos saber que esse tema foi muito discutido por Lev Semio-
novich Vygotsky, por isso, aproxima-se também do ambiente 
escolar. Por fim, é imprescindível saber que essa teoria foi in-
fluenciada por teorias e metodologias marxistas soviéticas. 
Com base nessas informações, será mais fácil pensar com 
o autor, pois seu ambiente social influencia seu pensamento. As-
sim, faz-se necessário mencionar dois importantes seguidores 
de Vygotsky: Alexis Leontiev (1903-1979), psicólogo soviético 
marxista e autor do clássico “O desenvolvimento do psiquismo” 
(1978); e Alexander Romanovich Luria (1902-1977). Leontiev e 
Alexander Romanovich Luria juntaram-se a Vygotsky e come-
çaram a pesquisar a influência da cultura no desenvolvimento 
humano. Por isso, sua linha de pesquisa recebeu o nome de Psi-
cologia histórico-cultural, ou sócio-histórica (POLON; PADILHA, 
2017).
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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Entender o que é o psiquismo humano, definindo seus 
principais conceitos e associando suas definições à vida 
prática do ser humano. 
2. Identificar os fatores que impactam o desenvolvimento 
do psiquismo. 
3. Compreender os processos e a constituição do 
psiquismo humano. 
4. Entender o pensamento e a linguagem do 
desenvolvimento humano. 
Então, preparado para uma viagem rumo ao 
conhecimento? Vamos lá!
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O que é psiquismo humano?
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você vai entender o 
que é o psiquismo humano, definir seus principais 
conceitos e associar suas definições à vida 
prática do ser humano. E então? Motivado para 
desenvolver essa competência? Então, vamos lá. 
Bom estudo!
Figura 1 – Multidão de pessoas diferentes entre si
 
Fonte: Wikimedia Commons 
A Psicologia é marcada por uma diversidade de 
abordagens, pois não há um objeto e método único, o que a 
torna singular na compreensão dos fenômenos estudados. 
Durante a história humana, muitas propostas sobre o psiquismo 
foram elaboradas. Assim, para compreendermos o conceito de 
psiquismo humano, é importante ressaltar que este é um conceito 
complexo, também influenciado por diversos paradigmas. 
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Existem várias definições para essa expressão, que 
variam em suas explicações sobre a concepção de psiquismo, 
seu processo e os aspectos que influenciam a sua formação, de 
acordo com a valoração dada a elementos:
 • Biológicos.
 • Individuais.
 • Sociais.
 • Histórico-culturais.
Algumas definições enfatizam os aspectos biológicos 
como principais na explicação de manifestações humanas, como 
comportamentos, consciência e aprendizagem. Quando falamos 
em abordagens focadas nos aspectos biológicos, dizemos que 
as hipóteses dela sobre os fenômenos são, por exemplo, em 
termos de maturação biológica, de características físicas, de 
predisposições ou tendências a comportamentos inatos (não 
aprendidos). 
Outras podem apoiar-se em explicações de cunho social, 
fazendo referência à função da interação social no processo de 
desenvolvimento humano, na formação do indivíduo com suas 
características peculiares, e assim por diante. Vamos, agora, 
conhecer alguns exemplos dessas definições.
Em relação aos pressupostos do ponto de vista biológico, 
psiquismo é um “conjunto de fenômenos ou traços psíquicos 
característicos de um indivíduo” (INFOPÉDIA, c2003, on-line). 
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IMPORTANTE
Ao falar de psiquismo e, principalmente, de 
seu estudo sob o ponto de vista biológico, 
devemos estar atentos, pois ele é o resultado da 
apropriação da realidade, que é possível por meio 
de funções psicológicas elementares e superiores. 
As funções elementares advêm dos órgãos dos 
sentidos e, como independem de organização 
cognitiva, estão presentes também nos outros 
animais. Já as funções psicológicas superiores – 
objetode estudo de Vygotsky – são propriedade 
exclusiva do homem. É a partir delas que o sujeito 
humano decodifica e se apropria da linguagem 
intelectualizada, contribuindo, assim, para a 
formação de seu psiquismo. O objetivo deste 
capítulo não é discutir o desenvolvimento das 
funções psicológicas superiores, mas como cada 
componente do psiquismo compõe uma relação 
dialética na construção do indivíduo.
Já autores que defendem o ponto de vista histórico-
cultural compreendem o psiquismo como a totalidade dos 
processos psíquicos superiores e do comportamento social que 
possibilitam ao homem constituir a unidade que é sua psique 
(SOUZA; ANDRADA, 2013).
Estudiosos como Silvia Lane e Ana Bock enxergam o 
indivíduo por meio da perspectiva social e consideram que essa 
unidade se expressa no modo peculiar de cada indivíduo ser no 
mundo – a subjetividade (SILVA, 2009).
Sobre subjetividade e psiquismo, a autora aponta:
Geralmente, subjetividade é entendida 
como aquilo que diz respeito ao indivíduo, 
ao psiquismo ou a sua formação, ou seja, 
algo que é interno, numa relação dialética 
com a objetividade, que se refere ao que é 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_social
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externo. É compreendida como processo e 
resultado, algo que é amplo e que constitui 
a singularidade de cada pessoa. A ideia de 
que a subjetividade é algo, mas sem definir 
claramente o que vem a ser esse algo, é muito 
recorrente. (SILVA, 2009, p. 170)
Dessa forma, a subjetividade tem papel fundamental na 
constituição da identidade do indivíduo, conforme afirma Bock 
(2004):
O fenômeno psicológico deve ser entendido 
como construção no nível individual do 
mundo simbólico que é social. O fenômeno 
deve ser visto como subjetividade, concebida 
como algo que se constituiu na relação com o 
mundo material e social, mundo este que só 
existe pela atividade humana. Subjetividade e 
objetividade se constituem uma à outra sem 
se confundirem. (BOCK, 2004, p. 6 apud SILVA, 
2009, p. 170)
Nessa perspectiva, o psiquismo tem origem no social e 
desenvolve-se ao longo do percurso da história da sociedade 
humana de acordo as relações sociais, históricas e culturais nela 
vigentes (SILVA, 2009; SOUZA; ANDRADA, 2013). 
IMPORTANTE
Cabe ressaltar a importância de não se debruçar 
sobre um único ponto de vista, pois isso dificultaria 
uma compreensão mais ampla e ponderada dos 
fatos. Ao estudarmos a constituição da psique 
humana, temos diversas denominações, por 
exemplo, identidade ou personalidade.
A subjetividade constitui em uma categoria-chave para 
que fosse compreendido o psiquismo motor, sendo afirmado 
por Rey (2001) que:
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A subjetividade representa um macroconceito 
orientado à compreensão da psique como 
sistema complexo, que de forma simultânea 
se apresenta como processo e como 
organização. O macroconceito representa 
realidades que aparecem de múltiplas formas, 
que em suas próprias dinâmicas modificam 
sua autorganização, o que conduz de forma 
permanente a uma tensão entre os processos 
gerados pelo sistema e suas formas de 
autorganização, as quais estão comprometidas 
de forma permanente com todos os processos 
do sistema. A subjetividade coloca a definição 
da psique num nível histórico-cultural, no qual 
as funções psíquicas são entendidas como 
processos permanentes de significação e 
sentidos. O tema da subjetividade nos conduz 
a colocar o indivíduo e a sociedade numa 
relação indivisível, em que ambos aparecem 
como momentos da subjetividade social e da 
subjetividade individual. (REY, 2001, p. 1)
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre identidade, personalidade, 
subjetividade e individualidade, leia o artigo 
“Subjetividade, individualidade, personalidade 
e identidade: concepções a partir da Psicologia 
Histórico-cultural”, de Flávia Gonçalves da Silva. 
Para acessá-lo, clique no QR-Code disponível aqui. 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752009000100010&lng=pt&nrm=iso
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Além das vertentes supracitadas, outros processos 
participam da constituição do psiquismo. A vertente histórico-
cultural, por exemplo, estuda a origem e o desenvolvimento 
do psiquismo, a fim de entender os processos envolvidos. 
Assim sendo, aponta os processos intelectuais como elementos 
participantes desse cenário, sendo esses processos:
 • Emoções.
 • Consciência.
 • Atividade.
 • Linguagem.
 • Desenvolvimento humano.
 • Aprendizagem.
REFLITA
Cada um desses processos intelectuais é estudado 
de maneira que sua função seja compreendida 
como fundamental para a sobrevivência do 
indivíduo. Para isso, diversas perspectivas se 
propõem a essa tarefa. Por exemplo, você já se 
perguntou o que é uma emoção? Qual é a utilidade 
do sentimento de raiva? É uma emoção ou 
sensação? Indagações como essas são respondidas 
à luz de diferentes vertentes de pesquisa.
Figura 2 – Emoções
 
Fonte: Pixabay
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ACESSE
Para saber mais sobre as emoções, assista ao vídeo 
“O que são emoções?”, do canal Minutos Psíquicos. 
Para acessá-lo, clique no QR-Code disponível aqui. 
A partir dessa breve apresentação sobre as diferenças 
entre as principais concepções de psiquismo, podemos 
prosseguir para um conhecimento mais aprofundado sobre os 
fatores centrais que impactam a sua constituição e os processos 
envolvidos em sua formação. 
Observe a figura a seguir e reflita: para você, qual imagem 
define esse conceito?
Figura 3 – Como podemos representar o psiquismo?
 
Fonte: Pixabay
O desenvolvimento do psiquismo decorre de elementos 
e determinações da cultura histórica e social desenvolvida na 
essência da atividade vital do indivíduo, isto é, na categoria 
trabalho, atuando na transformação consciente, intencional e 
criativa da natureza em proveito de suas necessidades.
https://youtu.be/GyFQj64amhY
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O psiquismo humano é traduzido pela imagem subjetiva 
do real contidas pelas riquezas tanto materiais quanto não 
materiais que foram sendo acumuladas no decorrer da história. 
A tese de que o reflexo psíquico da realidade 
é sua imagem subjetiva indica que a imagem 
pertence ao sujeito real da vida. Mas o conceito 
de subjetividade da imagem no sentido de seu 
pertencimento ao sujeito da vida, implica a 
indicação de sua atividade. Por isso, o conceito 
de subjetividade da imagem inclui o conceito 
de parcialidade do sujeito. [...] Aliás, é muito 
importante destacar que essa parcialidade está 
objetivamente determinada e que se expressa 
não na inadequação da imagem (ainda que 
também possa expressar-se nela), mas em que 
esta permite penetrar ativamente na realidade. 
Dito de outro modo, a subjetividade no nível do 
reflexo sensorial não deve ser compreendida 
como um subjetivismo, mas como sua 
“subjetualidade”, isto é, seu pertencimento ao 
sujeito ativo. A função de situar o homem na 
realidade objetiva e transformá-la é uma forma 
de subjetividade. Posto que se partirmos do 
pressuposto que as influências externas 
provocam diretamente em nós, em nosso 
cérebro, a imagem subjetiva, imediatamente 
surge a questão de como essa imagem parece 
existir fora de nós, fora de nossa subjetividade, 
ou seja, nas coordenadas do mundo exterior. 
(LEONTIEV, 1978, p. 46) 
Analisando a citação, podemos, então, compreender 
que a subjetividade não é uma categoria-chave para que se 
compreenda o psiquismo, mas consiste em um processo que 
deve ser considerado para que o psiquismo seja constituído, 
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tendo em vista que ela não é o psiquismo em si. Desse modo, cada 
sociedade é responsável por desenvolver condições específicas 
para que os indivíduos possam desenvolver as suas condições 
de forma particular.
Ora, dado que a relação do homem com a 
espécie humana é, desde o início, formada 
e mediatizada por categorias sociais (comotrabalho, linguagem, intercâmbio, etc.); dado 
que, por princípio, não pode ser “muda”, mas 
se realiza apenas em relações e vínculos que 
operam em nível da consciência; dado isso, 
tem lugar no interior do gênero humano, que a 
princípio é também um ente que existe apenas 
em-si, realizações parciais concretas que, no 
desenvolvimento da consciência genérica, 
assumem o lugar desse em-si precisamente 
através de sua parcialidade e particularidade 
concreta. Ou seja: a genericidade universal 
biológico-natural do homem, que existe em-
si e que deve continuar ineliminavelmente 
a persistir como em-si, só se pode realizar 
como gênero humano na medida em que os 
complexos sociais existentes, precisamente 
em sua parcialidade e particularidade concreta, 
façam sempre com que o “mutismo” da essência 
genérica seja superado pelos membros de 
tal sociedade, uma superação que os torne 
conscientes, no quadro desse complexo, da 
sua genericidade enquanto membros desse 
complexo. (LUKÁCS, 1979, p. 145)
Assim, diante desse contexto, podemos observar que 
o psiquismo humano foi se desenvolvendo influenciado pela 
cultura, ou seja, pelas objetivações que se realiza pelo indivíduo 
em determinado momento da história.
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que, em relação aos 
pressupostos do ponto de vista biológico, psiquismo 
é o conjunto de características psicológicas de um 
indivíduo, ou o conjunto de fenômenos psíquicos 
e processos da evolução mental de um indivíduo. 
Ainda, entendeu que alguns autores defendem o 
ponto de vista histórico-cultural, compreendendo 
o psiquismo como a totalidade dos processos 
psíquicos superiores e do comportamento social 
que possibilitam ao homem constituir a unidade 
que é sua psique. Por fim, você compreendeu que 
alguns estudiosos enxergam o indivíduo por meio 
da perspectiva social e consideram, ainda, que 
essa unidade se expressa no modo peculiar de 
cada indivíduo ser no mundo – a subjetividade.
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Fatores que impactam 
o desenvolvimento do 
psiquismo
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você vai identificar 
os fatores que impactam o desenvolvimento do 
psiquismo. E então? Motivado para desenvolver 
essa competência? Então, vamos lá. Bom estudo!
Aspectos biológicos
Os aspectos biológicos são considerados, por algumas 
abordagens da Psicologia, como fatores preponderantes para a 
explicação do desenvolvimento psíquico. 
A partir da evolução histórica da Psicologia, podemos 
notar que, à medida que ela se aproxima das diretrizes da 
Ciência Experimental, afasta-se da Filosofia antiga, ou seja, 
quanto mais adota métodos científicos, com base na objetividade, 
na observação e na precisão, mais distante fica das teorias 
filosóficas e do estudo da mente. Assim, é possível identificar que 
o surgimento da Psicologia está atrelado às ciências naturais e 
ao experimentalismo, e, por conseguinte, atribuiu ao psiquismo 
bases biológicas. 
Esse referencial propõe que os fenômenos biológicos 
têm mais concretude que os demais. Sendo assim, as Ciências 
Humanas têm um vínculo irrenunciável com as Ciências 
Biológicas, uma vez que manifestações humanas, como a 
consciência, o conhecimento, o pensamento, a linguagem, 
entre outras, estão ligadas a funções cerebrais, por isso, para 
essa abordagem, o psiquismo é considerado um “conjunto de 
fenômenos ou traços psíquicos característicos de um indivíduo” 
(INFOPÉDIA, c2003, on-line).
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IMPORTANTE
A definição de psiquismo, isto é, como ele é 
constituído no ser humano, muda de acordo com 
a abordagem teórica. Nesse momento, estamos 
falando sobre a teoria que se aproxima das 
ciências biológicas.
Com isso, podemos destacar algumas linhas teóricas 
que foram fundamentais para o estabelecimento da concepção 
biológica do psiquismo humano, como o Behaviorismo, que 
teve seu surgimento favorecido pela mudança no objeto de 
estudo da Psicologia Científica. Como exemplo da relevância 
dada aos termos biológicos e da influência da mudança de objeto 
de estudo da Psicologia Científica, podemos salientar o fato de 
que o Behaviorismo rejeitava a concepção de mente e priorizava 
o estudo de aspectos puramente físicos e observáveis. 
IMPORTANTE
Outra importante abordagem que contribuiu 
para a difusão das concepções biológicas foi a 
Psicanálise. Freud foi um médico neurologista, 
por isso, a herança fisiológica estaria em suas 
obras e teorias. Sua teoria é metafisica, na qual 
interpreta-se o comportamento do indivíduo 
utilizando como base três estruturas formadoras 
da psique humana: id, ego e superego. Elas seriam 
incentivadas pelos processos vividos conscientes, 
pré-conscientes e inconscientes, responsáveis 
pelas ações e pulsões libidinais do indivíduo. Freud 
traz as fases do desenvolvimento psicossexuais.
A Teoria Psicanalítica é muito atual e empregada em 
diversas áreas do conhecimento científico, desde a clínica 
tradicional até ambientes organizacionais, educacionais e 
pesquisas embasadas na área cognitiva e neurocientífica. 
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ACESSE
Caso você tenha interesse em se aprofundar em 
alguns desses temas, leia o artigo “A atualidade 
do projeto freudiano de 1895”, de Sidarta da Silva 
Rodrigues. Para acessá-lo, disponível no QR-Code.
Outros conceitos freudianos apresentam correlação com 
os pressupostos biológicos, como o de pulsão de vida e o de 
pulsão de morte, à medida que atuam com base no princípio 
homeostático, mantendo o equilíbrio entre o interno e o externo, 
entre o indivíduo e o meio. 
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o conceito de pulsão, 
assista ao vídeo “A pulsão – Glossário Freud”, de 
Christian Dunker. Para acessá-lo, clique no QR-
Code disponível aqui. 
A epistemologia genética também se constituiu nas 
bases biológicas. A área central dos estudos piagetianos seria o 
terreno das formações cognitivas (CRUXEN, 2002). Para Piaget 
(1971): 
As estruturas do conhecimento tornam-
se necessárias ao cabo de um processo 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-106X2009000200006&lng=pt&nrm=iso
https://www.youtube.com/watch?v=VzLIk5Myfq8
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de desenvolvimento, sem o serem desde o 
início e não comportam programação prévia. 
Nas formações cognitivas a hereditariedade 
e a maturação se limitam a determinar as 
zonas de impossibilidade ou de possibilidade 
de aquisições. É esse o relevo das bases 
biológicas do psíquico. (PIAGET, 1971, .. p. 58)
EXPLICANDO 
MELHOR
A Teoria Piagetiana segue um raciocínio amparado 
na Biologia para explicar o desenvolvimento 
humano. Para ela, cada indivíduo evolui 
cognitivamente de acordo com uma previsão 
maturacional biológica para cada idade. Por 
exemplo, é esperado que uma criança de três 
anos já saiba falar e andar, mas ela ainda não tem 
estrutura cognitiva para responder a questões 
mais complexas, como perguntas de divisão e 
multiplicação ou, ainda, a profissão dos pais.
A resposta de um organismo ao meio, para Piaget (1971), 
depende de sua estruturação cognitiva e de competências 
alcançadas pela evolução de estágios de desenvolvimento 
cognitivo. No entanto, apesar do amparo da abordagem 
biológica, Piaget não a considera a única explicação para os 
fenômenos psicológicos, tampouco privilegia as influências 
ambientais. Todavia, ele acreditava no impacto desses fatores 
sobre os estágios cognitivos. 
É contundente destacar que, assim como a epistemologia 
genética, o Behaviorismo e a Psicanálise não mantiveram uma 
postura rígida na adoção da vertente biológica do psiquismo. Eles 
consideraram esse ponto de vista relevante para o esclarecimento 
dos conceitos e explanações de suas teorias, contudo apreciaramoutros aspectos insidiosos.
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Figura 4 – Os níveis do desenvolvimento humano
 
Fonte: Pixabay
Piaget (1971) definiu quatro períodos no processo 
evolutivo humano, que são reconhecidos pelo nível máximo de 
desenvolvimento em cada faixa etária ao longo do seu processo 
de crescimento. São eles:
Período sensório-motor (0 a 2 anos) – esse período vai 
desde o nascimento até os dois anos de idade, o que o caracteriza 
como um momento de muitas mudanças, pois a criança aprende 
a se equilibrar, se sentar, andar e se alimentar – desde a 
amamentação até outros alimentos – e, ainda, se prepara para o 
desenvolvimento da linguagem.
Neste período, a atividade cognitiva do sujeito 
é de natureza sensorial e motora, tendo como 
característica a ausência da função semiótica 
(inicialmente não representa mentalmente 
os objetos). A ação ocorre diretamente sobre 
os objetos, o que irá possibilitar a atividade 
cognitiva futura. O período que finaliza este 
momento inicial já inicia a capacidade de 
representação. (DIAS, 2010, p. 6)
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Nessa fase, a criança age principalmente por meio de 
ações reflexas e utiliza basicamente percepções sensoriais e 
esquemas motores para a resolução de seus problemas. A criança 
não possui capacidade de representar situações, nem tem noção 
de tempo passado e futuro. A noção de tempo e causalidade 
é adquirida no decorrer do processo de desenvolvimento, por 
meio do contato com outras pessoas. 
IMPORTANTE
À medida que a criança vai crescendo, 
experienciando os objetos e desenvolvendo 
sua capacidade de memória, ela desenvolve 
representações mentais do mundo, o que Piaget 
chamou de esquemas. Os esquemas acontecem 
ao final desse estágio. Até os quatro meses de vida, 
o bebê não tem entendimento de que as coisas 
continuam a existir mesmo que não estejam em 
seu campo de visão.
É importante saber que até os 4 meses de idade a criança 
não assimilou a “permanência do objeto”, ou seja, algo só existe 
se estiver em seu campo de visão.
Figura 5 – Período sensório-motor (0 a 2 anos)
 
Fonte: Freepik
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 • Período pré-operatório (2 a 7 anos) – nessa fase, 
aparece a linguagem oral. A criança vai se tornando 
capaz de utilizar esquemas que auxiliam na substituição 
de ações, situações, pessoas e objetos por símbolos 
(palavras). O pensamento predominante é o egocêntrico, 
no qual a própria criança é tida como referência. Outras 
características dessa fase são o animismo (atribuição 
de intenções e sentimentos a coisas e animais) e a 
irreversibilidade (a criança identifica a possibilidade de 
retornar mentalmente ao ponto de partida).
Figura 6 – Período pré-operatório (2 a 7 anos)
 
Fonte: Freepik
 • Período operatório concreto (7 a 11 anos) – nesse 
período, o egocentrismo é abandonado, e a criança 
começa a estabelecer correlações, coordenar pontos de 
vista diferentes e integrá-los de modo lógico. A criança 
também passa a ser capaz de interiorizar as ações, 
realizando mentalmente operações, e não somente 
operações físicas, sem precisar medir fisicamente 
objetos para saber qual é o maior.
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Figura 7 – Período pré-operatório (7 a 11, 12 anos)
 
Fonte: Freepik
 • Período das operações formais (12 anos em diante) – 
nesse período, há a ampliação das capacidades 
adquiridas no período anterior. Assim, ocorre o raciocínio 
sobre hipóteses, possibilidade de compreensão de 
conceitos abstratos e realização de operações mentais 
dentro de princípios da lógica formal. Esse período se 
diferencia da infância, porque aos 12 anos a criança já 
estabeleceu um padrão de equilíbrio, isto é, o raciocínio 
cognitivo que ela levará durante sua vida. 
Figura 8 – Período das operações formais (12 anos em diante)
 
Fonte: Freepik
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Aspectos individuais, sociais e 
histórico-culturais
Apesar da importância dos pressupostos biológicos para 
o estudo do psiquismo, outros fatores precisam de atenção, 
como os aspectos individuais, sociais e histórico-culturais, por 
serem ativos em sua formação e permitirem uma compreensão 
mais ampla e ponderada dos fatores envolvidos. 
Os aspectos individuais referem-se às características 
pessoais, peculiares, únicas e singulares que os indivíduos 
possuem e que formatam seu modo de existir e de se relacionar 
com o mundo. Assim, tais aspectos dizem respeito ao indivíduo e 
à formação do psiquismo e são, portanto, um fenômeno interno, 
que se relaciona dialeticamente com a objetividade (com o 
externo). 
As características biológicas do indivíduo (disposição 
física, emoções, funcionamento do sistema nervoso, emoções 
e necessidades biológicas), segundo Leontiev (1978), vão se 
tornando singulares e permitindo a diferenciação entre eles. Isso 
ocorre por meio da apropriação da realidade e dos processos de 
objetivação e da apropriação. 
REFLITA
Apesar das invariáveis controvérsias sobre a gênese 
dos elementos individuais, há um entendimento 
preponderante entre autores, como Vygotsky (1995 
apud SOUZA; ANDRADA, 2013), que, ao se referir 
a aspectos peculiares do indivíduo, considera 
a parcialidade das origens dos seus elementos 
constitutivos, ou seja, o desenvolvimento do 
individual ocorre à medida que ocorre a dialética 
entre o interno e o externo. Nesse intercâmbio com 
o meio, o indivíduo se apropria das experiências, 
subjetivando-as e transformando-as em uma 
maneira única e singular de existir.
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Podemos entender, conforme Bock (2004 apud SILVA, 
2009), que os aspectos individuais são construções do mundo 
social individual. Assim, Vygotsky foi um importante autor nessa 
área, pois, ao atribuir complexidade à formação do psiquismo 
humano, ampliou os estudos, sugerindo novos caminhos. 
Assim, trouxe o elemento histórico-social do desenvolvimento 
psicológico e introduziu a noção de historicidade no psiquismo 
humano (fundamentada no materialismo histórico-dialético, 
proposto por Marx e Engels). 
Vygotsky, então, indicou que, para se desenvolver e 
formar suas características individuais, primeiramente, deve 
ocorrer a atividade externa (o contato dialético do indivíduo 
com o ambiente), para a posterior apropriação cultural e 
internalização pela atividade individual. Sendo assim, para que 
haja apropriação, é necessária a interação com outros sujeitos 
possuidores do conhecimento a ser internalizado.
VOCÊ SABIA?
O conceito de internalização diz respeito à 
imposição que a criança faz a si para assimilar a 
mesma forma de comportamento e condutas 
sociais em princípio impostas a ela por outras 
pessoas? Pois é, dessa forma, a internalização 
de condutas culturais ocorre inicialmente no 
âmbito externo e, ao ser reconstruído, ocorre 
internamente.
Com isso, Vygotsky (2008) também aponta a interação 
dialética com o meio social como fonte responsável pelo 
desenvolvimento de importantes funções psíquicas, próprias 
dos seres humanos, como a linguagem, a escrita, o cálculo, o 
desenho, a atenção voluntária, a memória lógica e a formação de 
conceitos, as ações conscientes, o pensamento abstrato, entre 
outras (chamadas de funções mentais superiores). 
29PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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EXPLICANDO 
MELHOR
Observa-se que, apesar de não desconsiderar 
os aspectos biológicos, em sua teoria, Vygotsky 
enfatiza a interação contínua dos aspectos sociais 
no desenvolvimento psicológico. Por isso, não se 
pode falar em mudanças isoladas da personalidade, 
pois, sob o efeito das multiplicidades de fatores, a 
mudança interna que ocorre altera sua estrutura 
como um todo.
Assim, para o autor, tendo como base a correlação 
entre desenvolvimento e aprendizagem, não se pode reduzir 
a compreensão dos fenômenos a determinações de estágios 
de desenvolvimento. Nesse caso, é imprescindível conhecer 
as relações que permeiam seus processos.Para isso, Vygotsky 
dividiu em três zonas de desenvolvimento os espaços de 
desenvolvimento e execução de atividades, diferenciadas pelos 
níveis de necessidade de interferências e mediação. São elas:
1. Zona de desenvolvimento real – são as capacidades 
mentais de solucionar problemas já alcançados pela 
criança. Nela, as atividades são executadas sem o 
auxílio do outro. 
2. Zona de desenvolvimento potencial – capacidade 
de solucionar problemas com a ajuda do outro. O que 
faz hoje com colaboração, poderá realizar sem ajuda 
amanhã.
3. Zona de desenvolvimento proximal – está entre a 
zona de desenvolvimento real e a potencial. Refere-se 
às funções em desenvolvimento. Quando a criança não 
consegue resolver um problema sozinha, mas, após a 
ajuda de um adulto, consegue, dizemos que essa é a 
sua ZPD.
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Exemplo: Vygotsky (1998 apud SOUZA; ANDRADA, 2013), 
para exemplificar os conceitos delimitados, apresenta 
uma situação com duas crianças com idade mental de 
oito anos, considerando-se que elas estão no mesmo nível 
real de desenvolvimento em relação ao que conseguem 
fazer sozinhas, sem ajuda. Entretanto, há diferenças 
entre elas: uma conseguia, sem ajuda, resolver problemas 
correspondentes à idade mental de nove anos, enquanto a 
outra realizava, sozinha, atividades características da idade 
mental de 12 anos. Essa divergência entre a idade mental 
(exemplo de desenvolvimento real) e o nível que a criança 
alcança ao resolver tarefas com colaboração (exemplo de 
desenvolvimento potencial) é o que o autor denomina 
zona de desenvolvimento proximal. 
Figura 9 – Mapa mental sobre as zonas de desenvolvimento Vygotskyanas
Zona de desenvolvimento 
proximal
Resolve-se 
o problema 
individualmente
Resolve-se o 
problema com 
ajuda
Distância entre
Zona de 
desenvolvimento 
real
Zona de 
desenvolvimento 
potencial
Fonte: Educando o Amanhã (2016, on-line).
Assim, podemos perceber que Vygotsky rejeita explicações 
deterministas e naturalizantes sobre o desenvolvimento humano. 
Seu legado privilegia a apropriação da cultura como fator 
potencializador do desenvolvimento psicológicos dos indivíduos 
(PASQUALINI, 2006 apud CAMPOS, 2015).
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EXPLICANDO 
MELHOR
Para Vygotsky, os pensamentos superiores são 
assim considerados por se distinguirem das ações 
reflexas (processos psicológicos elementares), por 
exemplo, a sucção do seio da mãe pelo bebê; das 
associações simples, como evitar o contato da mão 
com o fogo; e das reações automatizadas, como 
virar a cabeça em direção a um ruído repentino.
Figura 10 – Aprendizagem em diferentes culturas: visão histórico-cultural Vygotskyana
 
Fonte: Wikimedia Commons 
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza 
de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que 
vimos. Você deve ter aprendido que os aspectos 
biológicos são considerados, por algumas 
abordagens da Psicologia, fatores preponderantes 
para a explicação do desenvolvimento psíquico. 
Também entendeu que, apesar da importância 
dos pressupostos biológicos para o estudo do 
psiquismo, outros fatores, como os aspectos 
individuais, sociais e histórico-culturais, precisam 
de atenção por serem ativos em sua formação 
e permitirem uma compreensão mais ampla e 
ponderada dos fatores envolvidos. Por fim, você 
compreendeu que as características biológicas 
do indivíduo (disposição física, emoções, 
funcionamento do sistema nervoso, emoções 
e necessidades biológicas) vão se tornando 
singulares e permitindo a diferenciação entre eles. 
Isso ocorre por meio da apropriação da realidade 
e dos processos de objetivação e da apropriação.
33PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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Processos e constituição do 
psiquismo humano
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você vai entender 
os processos e a constituição do psiquismo 
humano. E então? Motivado para desenvolver essa 
competência? Então, vamos lá. Bom estudo!
Entre os anos de 1924 e 1934, Vygotsky iniciou uma 
pesquisa com a colaboração de psicólogos e pedagogos, entre 
eles, A. N. Leontiev e A. R. Luria. O estudo embasou teoricamente 
a Psicologia histórico-cultural quanto às formulações sobre 
origem e desenvolvimento do psiquismo, processos intelectuais, 
emoções, consciência, atividade, linguagem, desenvolvimento 
humano e aprendizagem. A seguir, serão abordados 
individualmente alguns desses elementos.
Atividade
VOCÊ SABIA?
O conceito de atividade para a concepção histórico-
cultural é elementar, pois é fundamental para que 
se possa explicar o processo de mediação. Assim, é 
a atividade que promove a relação entre o homem 
e a realidade objetiva. Dessa forma, o homem não 
apenas responde automaticamente aos estímulos, 
mas reage ativamente, atuando e transformando 
tanto o meio quanto a si.
Leontiev (1903-1979), a partir das ideias da Teoria 
Histórico-cultural da Atividade, também a investigou buscando 
demonstrar que a atividade psíquica humana, como forma 
singular de atividade humana, expressa elementos do 
desenvolvimento psíquico.
34 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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As concepções marxistas também contribuíram para o 
entendimento da atividade, ao sugerir duas premissas: 
1º A natureza humana da atividade, ao afirmar que a 
atividade representa a ação humana, promove a relação 
entre o homem (ativo) e o meio.
2º O desenvolvimento das atividades psíquicas, como 
processos psicológicos superiores, acontece a partir 
das relações sociais e do contexto cultural.
Nesse sentido, entre 1930 e 1940, Leontiev estudou a 
relação entre a atividade humana e os processos internos da 
mente. Ele entendeu que as atividades só se concretizam por meio 
de ações, operações e tarefas se instigadas por necessidades e 
motivações. Assim, a atividade humana se materializa por meio 
de ações correspondentes: 
 • As atividades didáticas, por meio das ações de 
aprendizagem. 
 • As atividades físicas, por meio de exercícios físicos, 
entre outros exemplos. 
NOTA
Em suma, a atividade humana acontece e se 
materializa com uma ação humana, ativa e 
devidamente motivada por uma necessidade, bem 
como transforma reciprocamente o homem e o 
social, à medida que eles interagem. Esses eventos, 
além de permitirem a visualização de elementos 
do desenvolvimento psíquico, podem promover 
o desenvolvimento dos processos psicológicos 
superiores.
Em suma, a atividade humana acontece e se materializa 
com uma ação humana, ativa e devidamente motivada por uma 
necessidade, bem como transforma reciprocamente o homem 
e o social, à medida que eles interagem. Esses eventos, além de 
35PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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permitirem a visualização de elementos do desenvolvimento 
psíquico, podem promover o desenvolvimento dos processos 
psicológicos superiores. 
Figura 11 – Atividade psíquica e aprendizado
 
Fonte: Pixabay
Figura 12 – Desenvolvimento humano na perspectiva sócio-histórica
 
Fonte: Freepik
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Identidade
Os termos “subjetividade”, “individualidade”, 
“personalidade” e “identidade” são, na Psicologia, utilizados 
com frequência para fazer menção ao seu objeto de estudo, 
referindo-se a seus processos ou resultados, ou atuando sobre o 
entendimento desse objeto. 
Autores brasileiros vinculados ao pressuposto histórico-
cultural utilizam, por vezes, os referidos termos como sinônimos 
ou dão prioridade a algum em detrimento de outro, por 
considerarem que um deles retrataria melhor as peculiaridades 
do assunto (SILVA, 2009). 
Na Psicologia Histórico-cultural (para alguns, 
Psicologia Sócio-histórica), que tem em 
seus fundamentos teórico-metodológicos 
as produções de Vygotsky, Leontiev, Luria e 
outros autores soviéticos, o objeto de estudo 
é a consciência, mas, para compreendê-
la, é necessário considerar osprocessos 
que a constituem e fazem com que seja 
constituída. Entre estes estão a subjetividade, 
a individualidade, a personalidade e a 
identidade. (SILVA, 2009, p. 170)
Com isso, alguns conceitos que diferenciam esses termos 
são apresentados no estudo da autora. No entanto, mesmo 
sabendo que todos são termos que participam da constituição 
e compreensão da consciente e, apesar da sua proximidade, nos 
restringiremos ao conceito de identidade.
Identidade é identidade de pensar e ser [...]. 
O conteúdo que surgirá dessa metamorfose 
deve subordinar-se ao interesse da razão e 
37PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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decorrer da interpretação que façamos do que 
merece ser vivido. Isso é busca de significado, 
é invenção de sentido. É autoprodução do 
homem. É vida. (SILVA, 2009, p. 242)
O indivíduo inteiro é um produto da evolução 
biológica, cujo transcurso opera-se não somente no processo 
de diferenciação dos órgãos e funções, mas também de sua 
integração, de seu “ajuste” recíproco. 
O indivíduo é antes de tudo uma formação 
genotípica. Mas o indivíduo não é apenas isso, 
sua formação é contínua - como é sabido - na 
ontogênese, durante o curso da vida. Por isso, 
na caracterização das mesmas que se formam 
ontogeneticamente. (LEONTIEV, 1978, p. 136)
“Identidade” é um termo complexo estudado em 
diversas abordagens das Ciências Humanas, como a Psicologia, 
a Sociologia e a Antropologia. Para Stuart Hall (2011), existem 
três tipos de identidades categorizadas de acordo com o período 
histórico: 
1. Identidade do sujeito iluminista (identidade como um 
núcleo interno do homem, sendo esse imutável ao 
longo da vida). 
2. Identidade do sujeito sociológico da idade moderna 
(existe um núcleo, mas ele é modificado no contato 
social). 
3. Identidade do sujeito pós-moderno da atualidade (para 
esse período, a identidade é vista como fragmentada, 
havendo várias identidades).
O autor também menciona as identidades culturais como 
sendo “aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de 
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nosso ‘pertencimento’ a culturas étnicas, raciais, linguísticas, 
religiosas e, acima de tudo, nacionais” (HALL, 2011, p. 8).
Dessa forma, não há um consenso sobre o tema. 
Entretanto, seguiremos com o objetivo de abordar a identidade e 
suas influências sobre o psiquismo humano a partir de um olhar 
mais amplo. 
IMPORTANTE
Nesse sentido, podemos, então, destacar Silvia 
Lane e Antonio da Costa Ciampa, que, na década 
de 1980, realizaram pesquisas em Psicologia Social, 
amparados teoricamente nos estudos de Vygotsky 
e Leontiev. Esses autores desenvolveram seus 
trabalhos posicionando-se criticamente em relação 
à psicologia burguesa, que entendia a identidade 
(referida pelo termo “personalidade”) como 
algo individual, que, mesmo com interferências 
externas, originava-se do indivíduo. Assim, 
abandonaram o termo “personalidade”, optando o 
termo “identidade”, por entenderem que este trata 
a constituição do eu de forma crítica, multifatorial 
e dinâmica (SILVA, 2009).
Para Ciampa (1987 apud FARIA; SOUZA, 2011), identidade 
é como metamorfose. Ela está sujeita a transformações 
constantes e pode, assim, ser entendida como uma consequência 
temporária da relação entre fatores como a história de vida do 
indivíduo, seus projetos e seu contexto histórico e social. Ou 
seja, sugere que a identidade é dada a cada diferente momento 
(possuímos várias identidades visíveis nos diferentes papéis que 
exercemos), não sendo algo pronto, atemporal e imutável, pois 
está em um contínuo processo. 
Ainda segundo o autor, “identidade é o reconhecimento 
de que é o próprio de quem se trata; é aquilo que prova ser uma 
pessoa determinada, e não outra”. (CIAMPA, 2007, p. 137 apud 
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WONSOSKI; DOMINGUES, 2015, p. 3). Para ele, ela se estabelece 
na relação entre diferença e igualdade, posto que alguns 
elementos nos aproximam e nos diferenciam uns dos outros 
(como o nome, que nos diferencia, e o sobrenome, que nos traz 
uma relação de parentesco). 
EXPLICANDO 
MELHOR
Para entender a dinâmica e o processo de formação 
da identidade, Ciampa (2007) utilizou o método 
da narrativa e empregou as categorias atividade 
(entendida como ação, trabalho) e consciência 
para alcançar o conhecimento sobre os conteúdos 
que participam da formação da identidade. Assim, 
o indivíduo narrava os fatos sobre si, sobre sua 
história e, com base nesse relato permeado pela 
consciência, era possível observar e conhecer 
o processo de individualização do sujeito na 
atividade humana atuando sobre a formação da 
identidade.
Figura 13 – O que é identidade?
 
Fonte: Freepik
Diante de todo esse cenário e contexto, deve-se saber 
que o processo de desenvolvimento da personalidade consiste:
 • Nas especificidades dos vínculos do ser humano com o 
mundo.
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 • No grau e na organização em que é organizada a 
hierarquia de atividades referentes aos motivos.
 • No grau de subordinação da organização à consciência 
sobre si e autoconsciência.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que o conceito de atividade 
para a concepção histórico-cultural é elementar, 
pois é fundamental para que se possa explicar o 
processo de mediação. Também entendeu que 
existem três tipos de identidades categorizadas 
de acordo com o período histórico: identidade 
do sujeito iluminista (identidade como um núcleo 
interno do homem, sendo esse imutável ao longo 
da vida); identidade do sujeito sociológico da idade 
moderna (existe um núcleo, mas ele é modificado 
no contato social); e identidade do sujeito pós-
moderno da atualidade (para esse período, a 
identidade é vista como fragmentada, havendo 
várias identidades). Por fim, você compreendeu 
que a identidade está sujeita a transformações 
constantes e pode, assim, ser entendida como 
uma consequência temporária da relação entre 
fatores, como a história de vida do indivíduo, seus 
projetos e seu contexto histórico e social.
41PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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Pensamento e linguagem do 
desenvolvimento humano
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você vai entender o 
pensamento e a linguagem do desenvolvimento 
humano. E então? Motivado para desenvolver essa 
competência? Então, vamos lá. Bom estudo!
Consciência
Para compreender o conceito de consciência como 
componente formador do psiquismo, é preciso, primeiramente, 
saber que, para os teóricos sócio-históricos, a composição dela 
se deve à dinâmica dialética entre o meio social e a criança 
(LORDELO, 2007 apud CASTRO; ALVES, 2012). 
A consciência trabalha com signos formadores da 
linguagem, conforme afirma Saviani (2013 apud POLON; PADILHA, 
2017):
A consciência é resultante do desenvolvimento 
da linguagem e, portanto, do emprego dos 
signos, ou seja, um lastro social e simbólico que, 
desvinculado do processo evolutivo biológico, 
demarcou o desenvolvimento socialmente 
histórico do ser humano. (SAVIANI, 2013 apud 
POLON; PADILHA, 2017, p. 86)
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SAIBA MAIS
Signo é a linguagem propriamente dita, que pode 
ser expressa por palavras, sinais, sons etc. Esse 
signo produz um significante, que é o elemento 
perceptível na linguagem, e o produto dela, 
enquanto o conceito da linguagem é chamado de 
significado. Vejamos um exemplo: alguém fala, 
escreve, interpreta em Libras a palavra “cachorro” 
– o que foi visto e decodificado por você é o 
significante, e o que você tem como conceito de 
cachorro é o significado.
Figura 14 – Signos
 
Fonte: Freepik
REFLITA
Agora, convido você a fazer uma breve reflexão. 
Você acredita que todos têm o mesmo conceito de 
“cachorro”? Como é essa relação entre o individual 
e biológico, no sentido de consciência,linguagem, 
sensação, percepção e meio social? Os cachorros 
com que uma pessoa interage estão sempre soltos, 
enquanto outros só saem à noite. Isso exerce 
alguma influência? Agora, vamos além: leve essa 
reflexão para a sala de aula. Como você enxerga 
a relação dialética entre os indivíduos e a escola?
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Para fortalecermos a discussão a respeito de consciência, 
vejamos a interpretação de Aita e Tuleski (2017):
A consciência possui uma natureza social, e 
se desenvolve pela maneira como o indivíduo 
se apropria da objetividade da realidade. 
Ao apreender os significados sociais, o 
indivíduo pode dar a eles um significado 
pessoal relacionado com suas experiências 
particulares, com as suas necessidades, seus 
motivos e sentimentos, ou seja, com a sua 
própria vida. (AITA; TULESKI, 2017, p. 101)
A linguagem compartilhada provoca um efeito em quem 
ouve, mas também em que fala. Esse efeito não é só ouvir e 
decodificar, mas coordenar comportamentos, sensações e a 
consciência do outro e de si mesmo. Por isso, segundo Castro e 
Alves (2012), é essencial o estudo de:
 • Classes sociais.
 • Relação social.
 • Entre outras variáveis culturais. 
Para os autores histórico-culturais, o processo de 
construção da linguagem deve ser estudado em meio ao social, 
pois ele, com seu meio de produção e seu produto material, 
influencia diretamente a relação do indivíduo com o material, 
refletindo a concepção do psiquismo. Essa relação, por sua vez, 
não é imutável, tendendo a se modificar à medida que o indivíduo 
atribui novos sentidos ao que foi apropriado por ele da realidade 
(AITA; TULESKI, 2017).
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Emoções
Podemos dizer que o indivíduo tem acesso às emoções 
pelos neurônios sensoriais, presentes nos órgãos dos sentidos, e 
pelos neurônios presentes na região cerebral que decodifica os 
sinais. A sensação do estímulo é biológica, mas a interpretação 
(percepção) dela é subjetiva. Esse é um exemplo básico de como 
os mecanismos biológicos influenciam os processos cognitivos e, 
como vimos anteriormente, influenciam também a consciência, a 
linguagem e a subjetividade (MAGIOLINO, 2014). 
IMPORTANTE
Ao estudar o conceito de psiquismo humano em 
Vygotsky, unimos a sensação e a subjetividade 
humana e concluímos que o contexto social 
pode influenciar a maneira como elaboramos as 
sensações, ou seja, a sensação de quebrar um dedo 
é assimilada mundialmente da mesma maneira, 
pelos neurônios nociceptivos, mas a percepção 
dessa dor pode, sim, se modificar de acordo com 
a cultura do povo, para alguns a dor pode ser algo 
mais significativo. Essas interpretações são parte 
da constituição da subjetividade humana. 
Para compreender o modo como às emoções 
significam nas relações sociais e no processo 
dramático de constituição do sujeito, é 
necessário compreender essa intrincada 
relação da emoção com as demais funções 
psicológicas na consciência que, emerge na/
pelas relações sociais. Isso nos leva a indagar 
sobre as posições sociais ocupadas pelos 
sujeitos e pelos sujeitos que se emocionam na 
dinâmica das interações. (MAGIOLINO, 2014, 
p. 51)
45PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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Podemos dizer que as emoções fazem parte das 
funções psicológicas superiores, não somente para garantir a 
sobrevivência da espécie, mas também para organizar a vida de 
cada indivíduo em seu meio. Um exemplo disso é o indivíduo 
preocupado com uma iminente chuva. 
A preocupação (ansiedade) só é possível se ele tiver 
memória, pois se lembrará de algum evento traumático 
vivenciado anteriormente. O homem se diferencia dos demais 
animais por essa capacidade de planejar as ações futuras, o que 
resultou em nossa evolução. As emoções, por sua vez, diferem 
o indivíduo entre si, pois cada ser interpreta diferentemente um 
evento, o que proporciona a individualidade/subjetividade e, ao 
mesmo tempo, modifica o ambiente.
DEFINIÇÃO
As funções psicológicas superiores são a atenção, 
a memória, a imaginação, o pensamento e a 
linguagem.
Figura 15 – Emoções e catarse no teatro
 
Fonte: Freepik
46 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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IMPORTANTE
A emoção é diferente do sentimento, pois ela se 
deve a um processo inconsciente e involuntário. 
Como nos traz Garcia (2005):
As emoções são caracterizadas pelas vivências 
afetivas mais simples, que estão relacionadas 
à satisfação e à insatisfação das necessidades 
orgânicas, tais como as sexuais, de alimento, 
de saciar a sede, de defender-se dos perigos 
diários e tantas outras. Também pertencem 
ao grupo das emoções as reações afetivas 
relacionadas às sensações, as quais exercem 
grande influência na vida do indivíduo, uma 
vez que são provocadas pelos objetos e 
fenômenos da realidade. (GARCIA, 2005, p. 
147)
Ainda, para a autora, os sentimentos, dotados de 
processo cognitivo, são parte construtiva do psiquismo humano. 
Ela ressalta:
Os sentimentos são diferentes das emoções, 
pois estão relacionados às necessidades 
que vão sendo criadas no processo de 
desenvolvimento da sociedade; dependem 
das condições de vida, especialmente das 
necessidades dos homens de se relacionarem 
entre si. São inseparáveis das necessidades 
culturais. Fundamentadas na Teoria Histórico-
Cultural, sabe-se que não existe atividade 
cognitiva desprovida de sentimentos ou 
reações emocionais. (GARCIA, 2005, p. 147)
47PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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Pensamento e linguagem do 
desenvolvimento humano
Para Vygotsky, o pensamento e a linguagem estão 
diretamente relacionados ao desenvolvimento humano, 
pois ele é o produto das atividades mentais superiores, que 
estão envolvidas no processo de aquisição, retenção e uso do 
conhecimento, por meio do pensamento e da linguagem, assim, 
juntos, eles compõem a cognição.
DEFINIÇÃO
Cognição é a capacidade de processar informações 
e transformá-las em conhecimento.
Figura 16 – Pensamento/cognição
 
Fonte: Freepik
Enquanto para Vygotsky a linguagem e o pensamento são 
fruto da interação sociocultural do indivíduo, para Piaget (1987), 
a inteligência é:
A solução de um problema novo, é a 
coordenação dos meios para atingir um certo 
fim, que não é acessível de maneira imediata; 
enquanto o pensamento é a inteligência 
interiorizada e se apoiando não mais sobre a 
48 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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ação direta, mas sobre um simbolismo, sobre 
a evocação simbólica pela linguagem, pelas 
imagens mentais etc. (PIAGET, 1987, p. 15-16)
A Teoria Genética de Piaget defende um sistema de 
operações interiorizadas e simbólicas que, posteriormente, 
serão convertidas em pensamento. As ações desenvolvidas pela 
criança, até então, serão atividades de autoconhecimento e de 
exploração do ambiente, que as fará superar as fases iniciais do 
desenvolvimento.
REFLITA
Acerca do que foi discutido até o momento, 
trazemos as seguintes indagações: você consegue 
explicar o que é pensar? O que é pensamento? 
Quando adquirimos a capacidade de pensar? O 
que é linguagem? Como a linguagem influencia 
o pensamento? Qual é a relação entre memória, 
pensamento e linguagem?
Para responder a algumas dessas perguntas, poderíamos 
recorrer às fases do desenvolvimento infantil, quando a criança 
começa a desenvolver seu pensamento abstrato e, assim, pode 
solucionar problemas. Então, se pensar é a capacidade de 
solucionar um problema por meio de um pensamento abstrato, 
como seria esse processo cognitivo?
Podemos, então, dizer que, para resolver um novo 
problema, é necessário o uso das capacidades cognitivas. A 
cognição se refere às atividades mentais envolvidas na aquisição, 
retenção e no uso do conhecimento, que, segundo Pinto (2001), 
são:
 • Percepção.
 • Aprendizagem.
 • Memória. 
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Ainda, pensar inclui duas representações mentais 
conscientes a fim de produzir inferências e conclusões: 
 • Imagens mentais.
 • Conceitos. 
As imagens mentais são a representação mentalde 
objetos ou eventos passados, e os conceitos são os agrupamentos 
de ideias a respeito de um objeto (HOCKENBURY; HOCKENBURY, 
2001). Nessa categoria, é possível compreendermos a relação 
entre o meio e o indivíduo, pois, para os autores sócio-históricos, 
ela interfere na formação de conceitos. 
Figura 17 – Pensamento e linguagem
 
Fonte: Freepik
REFLITA
Para finalizar, gostaríamos de chamar atenção a 
temas atuais e que, por estarem presentes no meio 
social, moldam a nossa psique, são eles: gênero, 
tecnologias e bullying. Você consegue identificar 
algum?
Agora, imagine uma pessoa que tenha vivido fora do 
ambiente social. Como você acha que seria o desenvolvimento 
de sua linguagem e de seu pensamento? Reflita sobre a 
questão da estimulação e, depois, assista a “A maçã” (1999), 
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dirigido por Samira Makhmalbaf. O filme, vencedor do Prêmio 
Troféu Sutherland, conta a história de duas crianças privadas 
do convívio social. Compare o que você assistiu com as fases 
de desenvolvimento Piagetianas e com a questão Vygotskiana 
acerca da relação entre meio social e desenvolvimento. 
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que a composição da 
consciência se deve à dinâmica dialética entre o 
meio social e a criança, e que ela é resultante do 
desenvolvimento da linguagem e, portanto, do 
emprego dos signos. Você, ainda, entendeu que 
as emoções fazem parte das funções psicológicas 
superiores, não somente para garantir a 
sobrevivência da espécie, mas também para 
organizar a vida de cada indivíduo em seu meio. 
Por fim, você compreendeu que o pensamento e 
a linguagem estão diretamente relacionados ao 
desenvolvimento humano, pois ele é o produto 
das atividades mentais superiores, que estão 
envolvidas no processo de aquisição, retenção e 
uso do conhecimento, por meio do pensamento 
e da linguagem, assim, juntos, eles compõem a 
cognição.
https://www.google.com/search?q=a+ma%C3%A7%C3%A3+samira+makhmalbaf&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LSz9U3MCorTM8xUeIEs03LKrK0xLKTrfTTMnNywYRVSmZRanJJftEiVqlEhdzEw8sPL1YoTszNLALxsjNyE3OSEtMAkFl3qk4AAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiEk-WGk-nhAhXDB9QKHchDAzsQmxMoATAeegQICxAK
https://www.google.com/search?q=a+ma%C3%A7%C3%A3+trof%C3%A9u+sutherland&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LSz9U3MCorTM8xUQKzjSuTisqTtWSzk630E8sTi1IgZHx5Zl5eapEVmFO8iFU6USE38fDyw4sVSory0w6vLFUoLi3JSC3KScxLAQD7dPCRVwAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwiEk-WGk-nhAhXDB9QKHchDAzsQmxMoATAlegQICxAg
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	O que é psiquismo humano?
	Fatores que impactam o desenvolvimento do psiquismo
	Aspectos biológicos
	Aspectos individuais, sociais e histórico-culturais
	Processos e constituição do psiquismo humano
	Atividade
	Identidade
	Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano
	Consciência
	Emoções
	Pensamento e linguagem do desenvolvimento humano

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