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DESCRIÇÃO A utilização dos requerimentos energéticos em indivíduos saudáveis com idade, sexo, peso, altura e nível de atividade física de acordo com um bom estado de saúde. PROPÓSITO O cálculo do gasto energético é uma etapa importante no dia a dia do nutricionista, considerando a importância de se obter valores mais precisos para individualizar a estratégia nutricional do seu paciente. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar como o organismo obtém energia MÓDULO 2 Aplicar os diferentes métodos de estimativa das necessidades energéticas INTRODUÇÃO Os seres vivos utilizam energia para manter suas funções orgânicas básicas, para formar e depositar novos tecidos e para sua atividade física. O aporte de energia é definido como o teor calórico do alimento fornecido pelas principais fontes de energia da dieta: carboidratos, proteínas, lipídeos e álcool. A determinação do gasto energético de um ser vivo permite estabelecer o estado de balanço energético, seus requerimentos e as condições metabólicas gerais de uma pessoa. Sabendo disso, de quanta energia nós precisamos para manter a vida e os nossos depósitos corporais de energia? Por que algumas pessoas precisam de mais energia e outras de menos? Em outras palavras, quais são as demandas energéticas dos diferentes tipos de indivíduos? Com base na definição de balanço energético, as demandas ou as necessidades energéticas do corpo para manter o balanço energético precisam ser iguais ao gasto energético diário total. O gasto energético diário total é a soma dos componentes individuais do gasto energético e representa as necessidades totais de energia de um indivíduo requeridas para manter o balanço de energia. AVISO: orientações sobre unidades de medida. UNIDADES DE MEDIDA javascript:void(0) Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. MÓDULO 1 Identificar como o organismo obtém energia Os seres vivos, sem exceção, necessitam de energia para sobreviver. É por meio dos alimentos que conseguimos essa energia, necessária para a realização das funções vitais do nosso organismo, como: promover manutenção, crescimento, reparo, locomoção, reprodução, entre outras. Portanto, a energia que vem da nossa alimentação é responsável pelo funcionamento do cérebro, pela atividade muscular, pelos batimentos cardíacos e até mesmo pelo crescimento dos cabelos e das unhas. Nos seres humanos, a energia fornecida pelos alimentos consumidos origina-se dos principais macronutrientes, também chamados de nutrientes energéticos: carboidratos, proteínas e lipídeos, assim como do álcool. Quando o alimento é queimado com a participação do oxigênio, libera essa energia química. No corpo, o alimento consumido é oxidado ou sofre combustão, na presença de oxigênio, para liberar dióxido de carbono, água e calor. Entretanto, quando o alimento ingerido é utilizado para obter energia, a liberação e a transferência de energia ocorrem através de uma série de vias metabólicas rigorosamente controladas, nas quais a energia potencial do alimento é liberada de maneira lenta e gradual. Esse processo assegura que o corpo tenha um depósito gradual e constante de energia, em vez de se basear na liberação súbita proveniente da combustão imediata do alimento ingerido. Para exemplificar, considere a combustão de uma única molécula de glicose pelo corpo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O organismo é extremamente econômico no que diz respeito ao uso do substrato energético disponível. No período pós-absortivo, o organismo utiliza para oxidação apenas a quantidade de nutrientes necessária para suprir suas necessidades energéticas fisiológicas. Logo, independentemente do substrato energético ingerido, tudo o que não for prontamente utilizado não é excretado, mas, sim, armazenado para que possa ser usado no período de jejum. A manutenção do peso corpóreo dentro da faixa de eutrofia tem-se constituído por uma busca constante. Assim, é possível entender o peso corpóreo como o resultado da relação entre ingestão de energia e o gasto energético, que caracteriza o balanço energético. O balanço energético neutro ocorre quando o conteúdo de energia do alimento iguala-se à quantidade total de energia gasta pelo corpo, o que implicará na manutenção do peso corporal. Quando o aporte energético excede o gasto energético diário, ocorre um estado de balanço energético positivo e um aumento do peso corporal. Logo, o balanço energético é positivo nos casos de alimentação excessiva em relação às necessidades energéticas, e o corpo aumenta [MATH PROCESSING ERROR] seus depósitos de energia. Crianças ou adultos que se recuperam de doenças e de emagrecimento necessitam de mais energia para a formação de tecidos novos, enquanto as gestantes e as nutrizes requerem energia adicional para manter o crescimento dos seus filhos. Quando o aporte energético é menor que o gasto energético, o balanço energético é negativo, com perda de peso corporal, como, por exemplo, durante os períodos de inanição. ATENÇÃO A regulação do balanço energético é obtida a longo prazo, apesar das grandes flutuações no aporte e no gasto de energia em um mesmo dia e em dias diferentes. Se o aporte energético exceder cronicamente o gasto energético, com o passar do tempo, a pessoa aumentará substancialmente o seu peso corporal. DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO ENERGÉTICO DISPONÍVEL NO ALIMENTO Como o calor é um dos resultantes da energia liberada pelo corpo, a caloria e o joule são unidades de medidas utilizadas para quantificar a energia produzida. A unidade apropriada para expressar energia é o joule (energia gasta para deslocar 1kg à distância de 1 metro pela força de 1 newton). No entanto, tipicamente, utiliza-se a caloria (quantidade de calor necessária para elevar em 1oC, de 14,5 a 15,5oC, a temperatura de 1g de água). A quilocaloria equivale a mil calorias ou à quantidade de calor necessária para elevar em 1oC, de 14,5 a 15,5oC, a temperatura de 1kg de água. Na prática, o termo quilocaloria é utilizado tanto para caloria quanto para quilocaloria. Para fazer a conversão de uma unidade para outra, são usados os seguintes fatores: 1kcal = 4,184kJ (cerca de 4,2kJ) ou 1kJ = 0,239kcal. Logo, para converter kcal em kJ, deve-se multiplicar as quilocalorias por 4,2. A determinação do conteúdo de energia dos alimentos pode ser feita por meio da bomba calorimétrica, que envolve a combustão completa de uma amostra de alimento com peso conhecido dentro de uma câmara selada, onde o calor liberado pela combustão dessa pequena amostra de alimento é registrado com precisão. Essa energia total do alimento é conhecida como energia de combustão ou energia bruta. No entanto, a energia de combustão, determinada pela bomba calorimétrica, não é exatamente a mesma quando comparada ao valor energético do alimento obtido pelo organismo humano. Não somos capazes de aproveitar 100% do conteúdo energético dos alimentos. Por diversos motivos, parte da energia de combustão não está disponível ao metabolismo humano, pois é perdida durante os processos de utilização dos alimentos e dos nutrientes, como digestão, absorção e metabolização. EXEMPLO Componentes das fibras alimentares não sofrem digestão e absorção pelo trato digestório, e esse conteúdo energético é excretado pelas fezes. A porcentagem da energia de combustão absorvida pelo trato digestório é conhecida como energia digerível. Porém, nem mesmo a energia digerível está totalmente disponível ao organismo. Os aminoácidos, por exemplo, são oxidados apenas até a ureia ou a amônia. E esses compostos ainda apresentam energia, a qual é eliminada na urina. Logo, entende-secomo energia metabolizável aquela contida nos alimentos e nos nutrientes disponíveis para utilização pelo organismo humano. Conforme observado na imagem a seguir, a energia metabolizável para os carboidratos e as proteínas é 4kcal/g, para o álcool 7kcal/g, e para os lipídeos 9kcal/g. A maior quantidade de energia fornecida por lipídeos deve-se à maior proporção de hidrogênio: oxigênio dos ácidos graxos em relação aos outros nutrientes. Logo, há maior quantidade de hidrogênio para as reações de oxidação na geração de energia. Portanto, se forem conhecidas as quantidades em grama de nutrientes em qualquer tipo de alimento, o teor de energia pode ser facilmente calculado. Por exemplo, se uma barrinha de cereais rica em proteínas contém 21g de carboidratos, 6g de lipídeos e 14g de proteínas, então o teor total de energia é de (21 × 4) + (6 × 9) + (14 × 4) = 194kcal. Energia disponível nos nutrientes após processos de utilização. COM BASE CIENTÍFICA, É POSSÍVEL AFIRMAR QUE EXISTEM ALIMENTOS TERMOGÊNICOS? A especialista Aline Monteiro abordará os alimentos que podem contribuir para elevação do gasto energético. COMPONENTES DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO E OS FATORES QUE OS AFETAM A energia necessária para manter as atividades diárias de um indivíduo, chamado gasto energético diário (GED) , corresponde àquela gasta em um período de 24 horas. Compreende a taxa metabólica basal, necessária para a realização das funções vitais do organismo; o gasto energético da atividade física, que engloba as atividades físicas do cotidiano e o exercício físico; o efeito térmico dos alimentos, relacionado com a digestão, a absorção e o metabolismo dos alimentos; e, eventualmente, a termogênese facultativa decorrente de mudanças na temperatura, estresse emocional e outros fatores. TAXA METABÓLICA BASAL E DE REPOUSO A taxa metabólica basal (TMB) é a quantidade mínima de energia gasta pelo corpo para manter as suas funções fisiológicas básicas, como batimento cardíaco, contração e função muscular, respiração, circulação, renovação e reparação celular, bombeamento iônico e manutenção da temperatura corporal. Ela é considerada o principal componente do gasto energético diário e representa cerca de 60 a 75% do total. A TMB é um termo específico, usado para descrever o consumo de energia em condições cuidadosamente controladas: deve ser medida logo após acordar pela manhã, com o indivíduo deitado, em jejum de 12 a 14 horas, sem ter realizado qualquer atividade física desgastante no dia anterior, e em um ambiente com temperatura agradável. Esses cuidados devem ser tomados para que os efeitos da atividade física, do alimento e da temperatura ambiente tenham mínima influência sobre o metabolismo. Se quaisquer das condições para a taxa metabólica basal não forem atingidas, o gasto energético deve ser indicado como a taxa metabólica de repouso. SAIBA MAIS Hoje, por razões práticas, a TMB é raramente medida. Em seu lugar, as medidas de TMR, devido às suas condições menos restritas, são utilizadas. A principal diferença entre elas é que a medida da TMR pode ser realizada após o indivíduo se deslocar até o local do exame e não requer um período de jejum de 12 a 14 horas. O indivíduo deve permanecer em repouso por 30 minutos antes de realizar o teste. Devido a essas diferenças, a TMR tende a ser de 10 a 20% maior que a TMB em razão do efeito térmico do alimento e da influência da atividade física. Fatores que afetam a taxa metabólica basal: COMPOSIÇÃO CORPORAL O principal determinante da TMB é a quantidade de tecido magro ou massa livre de gordura (predominantemente órgãos e músculos), que é metabolicamente mais ativa que o tecido adiposo. Os músculos são os principais componentes do tecido magro e o seu estado basal, em repouso, acarreta consumo energético moderadamente alto. Contribui com aproximadamente 80% na variação da TMB. TAMANHO CORPORAL Pessoas maiores têm uma superfície corporal maior e taxas metabólicas mais altas que pessoas pequenas. Já pessoas altas e magras têm taxas metabólicas mais altas que pessoas baixas e robustas. GÊNERO As mulheres apresentam TMB mais baixa que os homens porque possuem estatura menor. Ainda que tenham peso semelhante, elas têm menor volume de tecido corporal magra. A TMB é em média 5 a 10% menor nas mulheres do que nos homens. IDADE Como a TMB é muito afetada por tecidos magros, ela é maior durante os períodos de crescimento rápido, como nos primeiro e segundo anos de vida. Depois do início da idade adulta, há uma diminuição da TMB. A diminuição da TMB com o aumento da idade pode estar associada à modificação da composição corporal com substituição gradativa de tecido corporal magro por gordura. CLIMA E TEMPERATURA CORPORAL A TMB é afetada por temperaturas extremas. Pessoas que vivem em climas tropicais têm TMB 5 a 20% maior do que aquelas que vivem em regiões temperadas. O teor de gordura corporal e o tipo de vestimenta determinam a magnitude do aumento do metabolismo energético em ambientes frios. A febre aumenta a TMB em cerca de 13% por grau de elevação na temperatura corporal acima de 37oC. ESTADO HORMONAL O estado hormonal pode afetar a taxa metabólica, em especial naquelas pessoas com distúrbios endócrinos, como hiper e hipotireoidismo, os quais aumentam ou diminuem o gasto energético, respectivamente. A estimulação do sistema nervoso simpático causa liberação de epinefrina, que estimula diretamente a glicogenólise e aumenta a atividade celular. A taxa metabólica das mulheres flutua durante o clico menstrual. OUTROS FATORES O uso de cafeína, nicotina e álcool estimula a taxa metabólica. A ingestão de 200 a 350mg de cafeína para homens e aproximadamente 240mg para mulheres aumenta a TMB em média de 7 a 11% e 8 a 15%, respectivamente. O uso de nicotina aumenta a TMB em média de 3 a 4% entre os homens e em 6% entre as mulheres. O consumo de álcool entre as mulheres aumenta a TMB em média 9%. Dietas de restrição calórica diminuem TMB, provavelmente devido à diminuição na produção de hormônio tireoidiano e à perda de massa muscular pela restrição calórica. Efeito térmico dos alimentos (ETA) Além da TMB, ocorre um aumento no gasto de energia em resposta ao consumo de alimentos. O efeito térmico dos alimentos e das bebidas, também conhecido como termogênese induzida pela dieta, representa o gasto energético obrigatório necessário para absorver, digerir, transportar, oxidar, sintetizar e armazenar os nutrientes energéticos fornecidos por uma refeição. Ele representa cerca de 5 a 15% do gasto energético diário. Fatores que afetam o efeito térmico dos alimentos: O ETA é afetado pela quantidade e pela composição de macronutrientes dos alimentos consumidos, com o gasto energético aumentando diretamente após a ingestão de alimentos. Foto: Shutterstock.com A proteína é considerada a que possui maior poder termogênico (20 a 30%). Foto: Shutterstock.com Seguida pelos carboidratos (5 a 10%). Imagem: Shutterstock.com Posteriormente, pelos lipídios (0 a 3%). DICA Esse efeito termogênico das proteínas pode ser devido ao aumento da síntese proteica e ao gasto energético na síntese de ligações peptídicas. Além disso, o organismo humano não é capaz de armazenar proteínas e aminoácidos, como ocorre com carboidratos e lipídeos, o que determina que sejam metabolizados imediatamente após sua ingestão. Isso gera uma demanda energética ainda maior para que ocorram reações de desaminação, produção de ureia e metabolização dos esqueletos carbonados caso não sejam oxidados a CO2 e H2O. Se esses esqueletos carbonados forem convertidos a glicogênio, à glicose ou à gordura, mais energia será necessária para que ocorra essa transformação. Os carboidratos requerem energia adicional para conversão em glicogênio, enquanto os lipídios são, em sua maioria, armazenados de forma eficiente logo após a sua ingestão, exercendo menor influência sobre o consumo de O2 e produção de CO2. Em uma dieta mista,habitual, o ETA corresponde aproximadamente a 10% do seu conteúdo energético. Embora o grau do ETA dependa da quantidade e composição de macronutrientes da refeição, ele diminui após a ingestão ao longo de 30 a 90 minutos. Refeições com alimentos picantes, como pimenta e mostarda, podem aumentar a taxa metabólica em 33% a mais do que em refeições não apimentadas. Esse efeito pode ser prolongado por mais de 3 horas. A cafeína, a capsaicina e os diferentes tipos de chás, como chá-verde, branco e oolong, também podem aumentar o gasto energético. ATIVIDADE FÍSICA O gasto energético da atividade física (ou efeito térmico do exercício, ETE) é o termo frequentemente utilizado para descrever o aumento na taxa metabólica causado pelo uso da musculatura esquelética para qualquer tipo de movimento físico. O ETE é o segundo maior componente do gasto energético, comprometendo em torno de 15 a 30% das necessidades diárias de energia. O ETE pode alcançar 50% nos indivíduos muito ativos fisicamente. O ETE é o componente mais variável do gasto energético diário. As diferenças entre as atividades físicas são responsáveis pela maior parte da variação das necessidades energéticas entre os indivíduos. Com exceção do dormir e comer, o gasto de energia com a atividade física abrange as atividades cotidianas e do trabalho, o lazer, o exercício físico e a prática de esportes. Fatores que afetam o efeito térmico do exercício: Devido à natureza voluntária e variável dos tipos de atividade física, o ETE varia consideravelmente dependendo da composição corporal e do nível de treinamento de cada indivíduo, além da intensidade com que a atividade física é realizada. TERMOGÊNESE FACULTATIVA Refere-se ao aumento do gasto energético decorrente de processos adaptativos de origem metabólica diante de alterações extremas nas condições ambientais, sobretudo a temperatura e o estresse emocional. Outra forma de termogênese facultativa tem lugar quando se alteram radicalmente os níveis de ingestão calórica. A termogênese facultativa representa menos de 10% do gasto energético. CRESCIMENTO O gasto energético com o crescimento tem dois componentes: a energia necessária para sintetizar tecidos em crescimento e a energia depositada nesses tecidos. Corresponde a 35% da necessidade energética diária nos três primeiros meses de idade. Porém, cai rapidamente para 5% em 12 meses, 3% no segundo ano, permanece em 1 a 2% até meados da adolescência, chegando a ser insignificante ao final dessa fase. GESTAÇÃO Durante a gravidez, é necessário energia extra para o crescimento do feto, a placenta e os vários tecidos maternos, como útero, seios e depósitos de gordura, além de acréscimo de energia devido as alterações no metabolismo materno e o aumento do esforço em repouso e durante a atividade física. LACTAÇÃO O gasto energético com a lactação apresenta dois componentes: o conteúdo energético do leite secretado e a energia necessária para a produção do leite. Parte dessa energia adicional pode ser mobilizada dos estoques corporais de gordura acumulados durante a gravidez. VEM QUE EU TE EXPLICO Determinação do conteúdo energético disponível no alimento Determinação do conteúdo energético disponível no alimento Fatores que afetam a taxa metabólica basal Fatores que afetam a taxa metabólica basal Fatores que afetam o efeito térmico dos alimentos Fatores que afetam o efeito térmico dos alimentos VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (IFPI – 2019) A ENERGIA DISPONIBILIZADA PELOS ALIMENTOS NA FORMA DE NUTRIENTES ENERGÉTICOS (PROTEÍNA, LIPÍDIOS E CARBOIDRATOS) PERMITE A REALIZAÇÃO DE TODAS AS ATIVIDADES FÍSICAS DIÁRIAS, ALÉM DE SER INDISPENSÁVEL, NO PONTO DE VISTA METABÓLICO, PARA A REALIZAÇÃO DE TODAS AS REAÇÕES QUÍMICAS QUE OCORREM NAS CÉLULAS. PARTINDO DESSE PRINCÍPIO, A QUANTIDADE TOTAL DE ENERGIA DE UM ALIMENTO QUE POSSUI, EM SUA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, 18G DE CARBOIDRATO, 7G DE PROTEÍNAS E 2G DE LIPÍDIO É: A) 27kcal. B) 108kcal. C) 118kcal. D) 143kcal. E) 198kcal. 2. (INSTITUTO AOCP – PREFEITURA DE ANGRA DOS REIS – RJ, 2015) A TAXA DE METABOLISMO BASAL (TMB), O EFEITO TÉRMICO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO ALIMENTO E A TERMOGÊNESE FACULTATIVA SÃO CONSIDERADOS OS COMPONENTES DO GASTO ENERGÉTICO DE 24 HORAS. REFERENTE AO ASSUNTO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) O efeito térmico dos alimentos contribui com cerca de 50% do gasto energético diário. B) A taxa de metabolismo de repouso tende a ser de 10 a 20% menor do que a TMB. C) A TMB corresponde a cerca de 60 a 75% do gasto energético diário. D) O efeito térmico da atividade física é o segundo maior componente do gasto energético, comprometendo cerca de 50% das necessidades diárias de energia. E) A termogênese facultativa refere-se ao gasto de energia decorrente do processo de absorção dos alimentos. GABARITO 1. (IFPI – 2019) A energia disponibilizada pelos alimentos na forma de nutrientes energéticos (proteína, lipídios e carboidratos) permite a realização de todas as atividades físicas diárias, além de ser indispensável, no ponto de vista metabólico, para a realização de todas as reações químicas que ocorrem nas células. Partindo desse princípio, a quantidade total de energia de um alimento que possui, em sua composição nutricional, 18g de carboidrato, 7g de proteínas e 2g de lipídio é: A alternativa "C " está correta. A) Carboidrato: 18 × 4 = 72kcal B) Proteína: 7 × 4 = 28kcal C) Lipídeo: 2 × 9 = 18kcal D) Soma = 72 + 28 + 18 = 118kcal 2. (INSTITUTO AOCP – Prefeitura de Angra dos Reis – RJ, 2015) A taxa de metabolismo basal (TMB), o efeito térmico da atividade física e do alimento e a termogênese facultativa são considerados os componentes do gasto energético de 24 horas. Referente ao assunto, assinale a alternativa correta. A alternativa "C " está correta. Com uma dieta mista, o efeito térmico dos alimentos corresponde à aproximadamente 10% do valor energético diário. A TMR tende a ser de 10 a 20% maior que a TMB. O efeito térmico da atividade física corresponde de 15 a 30% do gasto energético. A termogênese facultativa corresponde ao aumento do gasto energético decorrente de processos adaptativos de origem metabólica. MÓDULO 2 Aplicar os diferentes métodos de estimativa das necessidades energéticas O gasto energético diário (GED) deve fazer parte das avaliações por ser de extrema importância para determinar a oferta energética necessária, tanto para perda quanto para manutenção ou ganho de peso corporal. O equilíbrio entre o gasto e o consumo energético promove o equilíbrio do peso corporal. O gasto energético pode ser medido/estimado por: Método direto (Calorimetria direta.) Método indireto (Calorimetria indireta e água duplamente marcada.) Equações de predição CALORIMETRIA DIRETA A calorimetria direta é um método que mede diretamente a perda de calor por um indivíduo dentro de uma câmara calorimétrica com dimensões pequenas e médias, equipada com complexos sensores térmicos e permutadores de calor. Porém, a sua aplicabilidade é tecnicamente complexa, com custo muito elevado para construção e manutenção do equipamento. Além disso, restringe os indivíduos a um ambiente artificial, alterando suas atividades de vida. Não é utilizada com frequência e, sim, apenas para estudos clínicos. CALORIMETRIA INDIRETA A calorimetria indireta é um método que mede a produção de calor por meio da mensuração do consumo de oxigênio (O2) e da produção de dióxido de carbono (CO2) que ocorrem durante a oxidação de carboidratos, lipídeos, proteínas e álcool. A quantidade de energia gasta é estimada indiretamente, por meio da conversão do O2 consumido, daí o nome de calorimetria indireta. Os diferentes substratos energéticos consomem diferentes quantidades de O2 e produzem diferentes quantidades de CO2 no seu metabolismo. Para se obter maior precisão, é necessário medir também as perdas urinárias de nitrogênio (UN) para estimar a oxidação proteica. Esses valores são incluídos na equação de Weir (GE = (3,9 × VO²)+ (1,1 × VCO²) - (2,17 × NU)) , que fornece o gasto energético do indivíduo. A análise dos gases respiratórios pode ser facilmente realizada nos indivíduos, através de curtos períodos de medida em repouso ou durante a prática de atividade física, utilizando uma máscara facial, bocal (com clipes nasais) ou sistema para coleta de gases (capuz ventilado) conectados a um calorímetro, onde será feita a medição dos volumes inspirados e expirados. A TMR é medida em condições de jejum de, no mínimo, 5 horas. Cafeína deve ser evitada por, no mínimo, 4 horas, e bebidas alcoólicas e cigarros por, no mínimo, 2 horas. O teste deve ser feito, no mínimo, 2 horas após exercícios moderados. DICA Em casos de exercícios intensos de resistência, aconselha-se fazer o teste após 14 horas. Deve haver um período de repouso de 10 a 20 minutos antes de se realizar a medição. A calorimetria indireta tem uma vantagem adicional porque a relação entre a produção de CO2 e o consumo de O2, chamado quociente respiratório (QR), indica o tipo de combustível energético oxidado no momento em que o exame está sendo realizado. O QR na oxidação de gordura é de 0,70; na oxidação de carboidrato, de 1,0; e na oxidação de proteína, de aproximadamente 0,8. Valores de QR entre 0,7 a 1,0 indicam oxidação de uma mistura de combustíveis energéticos (carboidratos, lipídeos e proteínas). Sendo a TMB ou TMR a maior fração do gasto energético diário, sua estimativa precisa é necessária para a prescrição de um plano alimentar adequado aos requerimentos energéticos reais. O método calorimetria indireta é considerado preciso para a avaliação da TMB e TMR, mais fácil e menos dispendioso quando comparado à calorimetria direta. Porém, não é frequentemente utilizado na prática clínica devido ao seu alto custo operacional, não sendo acessível para a maioria dos profissionais. Já em unidades de terapia intensiva, a calorimetria indireta tem sido empregada na avaliação de pacientes com dificuldades de serem retirados da assistência ventilatória mecânica e em pacientes com instabilidade hemodinâmica. Ela é usada nesses casos porque permite uma prescrição energética mais adequada e previne o desenvolvimento de desnutrição nesses pacientes que apresentam dispêndio energético normalmente elevado. Também é utilizada em estudos clínicos. ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA (ADM) Esse método é uma forma de calorimetria indireta. É considerado padrão-ouro para a avaliação do gasto energético total, uma vez que permite medir o gasto energético de indivíduos fora do confinamento, sem causar nenhuma modificação das suas atividades cotidianas. O método da ADM consiste na ingestão de água marcada com os isótopos deutério (2H2) e oxigênio (18O), o que permite avaliar o GED pela diferença entre o ritmo de desaparecimento do oxigênio marcado e do deutério na urina. O seu princípio baseia-se na premissa de que a produção de CO2 pode ser estimada a partir das diferenças de eliminação de deutério (como H2O) e oxigênio (como H2O e CO2) do corpo, e esta pode ser convertida em consumo de energia por meio dos métodos clássicos de calorimetria indireta. ATENÇÃO O alto custo do isótopo de oxigênio e do equipamento de espectrometria de massa usado para medir os isótopos dificulta o uso corrente desse método. É utilizado em estudos clínicos. Esse método é o ideal para estudos epidemiológicos quando se deseja saber o GED. EQUAÇÕES PREDITIVAS PARA ESTIMATIVA DE GASTO ENERGÉTICO Devido à impossibilidade de se obter rotineiramente a TMB por meio de métodos mais precisos, como a calorimetria, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs, em 1985, o emprego de equações preditivas para a obtenção dessas medidas, devido à importância desse parâmetro para o cálculo das necessidades diárias de energia da população em geral. Ao longo dos anos, diversas equações preditivas foram desenvolvidas para se medir o gasto energético (basal ou diário, dependendo da fórmula), a fim de que possamos estimá-lo na prática clínica. As equações disponíveis para determinação da TMB foram validadas a partir de um método considerado padrão-ouro (calorimetria ou água duplamente marcada) e desenvolvidas para alguma população específica. Como não existem equações para todas as populações e em diferentes condições de saúde, elas acabam sendo utilizadas em diferentes situações, o que pode tornar a estimativa bastante imprecisa. A estimativa do gasto energético diário começa com equações para medir a TMB. Os fatores adicionais para o efeito térmico dos alimentos (ETA) e para o efeito térmico do exercício (ETE) devem ser acrescentados. É importante lembrar que as equações para cálculo da TMB são estimativas, e algumas podem ser mais precisas do que outras, o que pode superestimar o gasto energético basal. Assim, adicionar uma porcentagem respectiva ao ETA pode aumentar ainda mais essa superestimação. Por isso, na prática clínica, esse componente do GED é omitido. Utiliza-se então um fator atividade física que é multiplicado pela TMB calculada. Dessa forma, é possível estimar a necessidade energética diária de um indivíduo dependendo do seu nível de atividade física. GED = Gasto energético diário TMB = Taxa metabólica basal FA = Fator atividade física Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ATENÇÃO Gênero, idade e peso corporal são importantes determinantes do gasto energético diário. Por isso, os requisitos energéticos são apresentados separadamente para cada gênero e várias faixas etárias, sendo expressos como unidades de energia por dia. HARRIS E BENEDICT (1919) As equações de Harris e Benedict são as mais antigas e utilizadas para indivíduos saudáveis e enfermos. Essas equações ajustam o valor obtido da TMB por gênero, peso corpóreo, estatura e idade, variáveis utilizadas nas fórmulas. Essas fórmulas podem superestimar em cerca de 7 a 27% a TMB de pessoas eutróficas e obesas. Por essa razão, têm sido utilizadas para determinar requerimentos energéticos de indivíduos com diversas doenças, os quais apresentam aumento nas suas necessidades energéticas. Apesar de serem utilizadas em pessoas enfermas, foram desenvolvidas para o uso em indivíduos saudáveis, e sua aplicação para qualquer outro tipo de população é questionável. Homem 66,5 + (13,8 × P) + (5,0 × A) - (6,8 × I) [MATH PROCESSING ERROR] Mulher 655,1 + (9,5 × P) + (1,8 × A) - (4,7 × I) Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Para a determinação do GED utilizando-se as equações de Harris e Benedict, considera-se o fator atividade (tabela a seguir) que acrescenta à TMB a energia necessária para as atividades diárias de um indivíduo, multiplicando-se o tempo gasto em cada atividade pelo seu respectivo índice. O fator obtido pela média das 24h é então multiplicado pela TMB. ATIVIDADE Valor representativo para o fator atividade, por unidade de tempo de atividade Repouso: dormir, descansar. 1,0 Muito leve: sentar e estar parado em pé, motorista, trabalho em laboratório, cozinheiro, tocador de instrumento musical, pintor, datilógrafo e passadeira. 1,5 Leve: caminhar de 4,0 a 4,8km/h em superfície plana, manobrista, eletricista, carpinteiro, faxineira, babá, golfista, navegador, tenista de mesa, trabalhar em restaurante. 2,5 Moderada: caminhar de 5,6 a 6,4km/h devagar, carregando peso, ciclista, esquiador, dançarino, tenista de quadra. 5,0 Intensa: caminhar (subir) carregando peso, lavrador, jogador de basquete, jogador de futebol e alpinista. 7,0 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal EXEMPLO Indivíduo do sexo feminino, com 35 anos de idade, altura de 165cm e peso de 63kg. Sabe-se que ele dorme durante 9 horas, fica em repouso durante 5 horas, faz atividade leve durante 5 horas, atividade moderada durante 1 hora e atividades socialmente desejáveis durante 4 horas. TMB = 655,1 + (9,5 × P) + (1,8 × A) - (4,7 × I) TMB = 655,1 + (9,5 × 63) + (1,8× 165) - (4,7 × 35) TMB = 655,1 + 598,5 + 297 - 164,5 = 1.386kcal Atividade física: Dormir e repouso: 14 × 1 = 14 Atividades muito leve: 4 × 1,5 = 6 Atividades leve: 5 × 2,5 = 12,5 Atividades moderada: 1 × 5 = 5 FA = (14 + 6 + 12,5 + 5) ÷ 24 = 1,56 GED = TMB × FA = 1.386 × 1,56 = 2.162kcal/dia SCHOFIELD (1985) Schofield (1985) realizou uma compilação de dados para o desenvolvimento de equações preditivas para TMB. Durante anos, suas equações foram recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, estudos demonstraram que essas equações também fornecem estimativas elevadas de taxa metabólica basal (TMB) quando utilizadas em diferentes grupos populacionais. A TMB deve ser posteriormente multiplicada pelo fator atividade para que tenhamos o gasto energético total. Idade (anos) Gênero feminino kcal/dia Gênero masculino kcal/dia 3 a 10 anos (0,085 × P + 2,033) × 239 (0,095 × P + 2,110) × 239 10 a 18 anos (0,056 × P + 2,898) × 239 (0,074 × P + 2,754) × 239 18 a 30 anos (0,062 × P + 2,036) × 239 (0,063 × P + 2,896) × 239 30 a 60 anos (0,034 × P + 3,538) × 239 (0,048 × P + 3,653) × 239 A partir de 60 anos (0,049 × P + 2,459) × 239 (0,038 × P + 2,755) × 239 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal SEXO LEVE MODERADA INTENSA Masculino 1,55 1,78 2,10 Feminino 1,56 1,64 1,82 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal HENRY E REES (1991) Henry e Rees (1991) analisaram um banco de dados com 2.822 avaliações de TMB realizadas em indivíduos que residem em regiões de clima tropical. Eles desenvolveram equações específicas para essas populações na expectativa de minimizar as diferenças na estimativa da TMB. A TMB deve ser posteriormente multiplicada pelo fator atividade para que tenhamos o gasto energético total. Apesar de essas equações levarem em consideração, gênero, idade e peso, parecem, ainda, superestimar a TMB. Idade (anos) Gênero masculino TMB (kcal/dia) Gênero feminino TMB (kcal/dia) 3 – 10 (0,113 × P + 1,689) × 239 (0,063 × P + 2,466) × 239 10 – 18 (0,084 × P + 2,122) × 239 (0,047 × P + 2,951) × 239 18 – 30 (0,056 × P + 2,800) × 239 (0,048 × P + 2,562) × 239 30 – 60 (0,046 × P + 3,160) × 239 (0,048 × P + 2,448) × 239 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal FAO/WHO/UNU (2004) O cálculo do GED é feito por meio da equação da TMB definida por FAO/WHO/UNU, de 2004, (tabela a seguir), considerando a atividade física, conforme coeficientes mostrados na tabela. Idade (anos) Homens TMB (kcal/dia) Mulheres TMB (kcal/dia) < 3 59,512 × P - 30,4 58,317 × P - 31,1 3 – 9,9 22,706 × P + 504,3 20,315 × P + 485,9 10 – 17,9 17,686 × P + 658,2 13,384 × P + 692,6 18 – 29,9 15,057 × P + 692,2 14,818 × P + 486,6 30 – 59,9 11,472 × P + 873,1 8,126 × P + 845,6 60 11,711 × P + 587,7 9,082 × P + 658,5 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal [Math Processing Error] Categoria Fator atividade física Sedentário ou atividade leve 1,40 – 1,69 Ativo ou moderadamente ativo 1,70 – 1,99 Muito ativo ou vigoroso 2,0 – 2,40* Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal EXEMPLO Indivíduo do sexo feminino, com 29 anos de idade, altura de 1,70m, peso de 60kg e nível de atividade física moderadamente ativo. TMB = 14,818 × P + 486,6 = 14,818 × 60 + 486,6 TMB = 889,08 + 486,6 = 1.375,68kcal FA (ponto médio do nível de atividade física moderadamente ativo) = 1,85 GED = TMB × FA = 1.375,68 × 1,85 = 2.545kcal/dia NECESSIDADE ESTIMADA DE ENERGIA (EER) Média de ingestão energética dietética que mantém o balanço energético em indivíduos saudáveis com idade, sexo, peso, altura e nível de atividade física de acordo com um bom estado de saúde. Para o cálculo da EER, são utilizadas equações de predição a partir de um banco de dados de gasto energético de 24 horas. Foi proposta pelo comitê de energia da Ingestão Diária de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIs) no ano de 2002. O Instituto de Medicina (IOM) desenvolveu novas equações para indivíduos eutróficos, avaliando o método da água duplamente marcada. Posteriormente, foram divulgadas novas equações para sobrepeso e obesidade, as quais parecem superestimar menos o GED do que as equações propostas pela OMS. Diferentemente das outras equações, nas da DRI, não se calcula a TMB, pois já estão inclusos os múltiplos para cada grau de atividade física. Nas equações da DRI, deve ser utilizado o peso corporal atual. Todas as equações foram feitas para manutenção do peso corporal e promover o crescimento, quando necessário. As recomendações de nutrientes se baseiam na média das necessidades somada a 2 desvios- padrão. Porém, esse conceito não se aplica às recomendações de energia, pois parte da população iria ingerir mais do que sua real necessidade, contribuindo dessa forma com balanço energético positivo e, assim, ganho de peso. Por isso, não há Ingestão Dietética Recomendada (RDA) e Nível Máximo de Ingestão Tolerável (UL) para as EERs. Idade EER 0 – 3 m (89 × P - 100) + 175 (Energia para deposição) 4 – 6 m (89 × P - 100) + 56 (Energia para deposição) 7 – 12 m (89 × P - 100) + 22 (Energia para deposição) 13 – 35 m (89 × P - 100) + 20 (Energia para deposição) 3 – 8 a (meninos) 88,5 - (61,9 × I) + CAF × [(26,7 × P) + (903 × A)] + 20 (Energia para deposição) 3 – 8 a (meninas) 135,3 - (30,8 × I) + CAF × [(10 × P) + (934 × A)] + 20 (Energia para deposição) 9 – 18 a (masculino) 88,5 - (61,9 × I) + CAF × [(26,7 × P) + (903 × A)] + 25 (Energia para deposição) 9 – 18 a (feminino) 135,3 - (30,8 × I) + CAF × [(10 × P) + (934 × A)] + 25 (Energia para deposição) ≥ 19 a 662 - (9,53 × I) + CAF × [(15,91 × P) + (539,6 × A)] (masculino) ≥ 19 a (feminino) 354 - (6,91 × I) + CAF × [(9,36 × P) + (726 × A)] Gestante (14 - 18 a) EER Adolescente + Adicional para deposição gestante Primeiro Trimestre EER Adolescente + 0 (Adicional) Segundo Trimestre EER Adolescente + 160 (8kcal/semana × 20 semanas) + 180kcal Terceiro Trimestre EER Adolescente + 272 (8kcal/semana × 34 semanas) + 180kcal Gestante (19 - 50 a) EER Adulto + Adicional para deposição gestante Primeiro Trimestre EER Adolescente + 0 (Adicional) Segundo Trimestre EER Adolescente + 160 (8kcal/semana × 20 semanas) + 180kcal Terceiro Trimestre EER Adolescente + 272 (8kcal/semana × 34 semanas) + 180kcal Lactante (14 - 18 a) EER Adolescente + Energia para produção LM - Perda de peso Primeiros 6 meses EER Adolescente + 500 - 170 Segundos 6 meses EER Adolescente + 400 - 0 Lactante (19 - 50 a) EER Adulto + Energia para produção LM - Perda de peso Primeiros 6 meses EER Adulto + 500 - 170 Segundos 6 meses EER Adulto + 400 - 0 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Nível de atividade física (NAF) Coeficiente de atividade física Masculino Feminino Sedentário (NAF ≥ 1 < 1,4) 1,00 1,00 Pouco ativo (NAF ≥ 1,4 < 1,6) 1,13 1,16 Ativo (NAF ≥ 1,6 < 1,9) 1,26 1,31 Muito ativo (NAF ≥ 1,9 < 2,5) 1,42 1,56 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Nível de atividade física (NAF) Coeficiente de atividade física Masculino Feminino Sedentário (NAF ≥ 1 < 1,4) 1,00 1,00 Pouco ativo (NAF ≥ 1,4 < 1,6) 1,11 1,12 Ativo (NAF ≥ 1,6 < 1,9) 1,25 1,27 Muito ativo (NAF ≥ 1,9 < 2,5) 1,48 1,45 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal EXEMPLO Indivíduo do sexo masculino, com 29 anos, altura de 1,80m, peso de 78kg e nível de atividade física moderado. 662 - (9,53 × I) + CAF × [(15,91 × P) + (539,6 × A)] 662 - (9,53 × 29) + 1,25 × [(15,91 × 78) + (539,6 × 1,80)] 662 - 276,37 + 1,25 × [1.240,98 + 971,28] 662 - 276,37 + 1,25 × 2.212,26 662 - 276,37 + 2.765,3 EER = 3.151kcal/dia Considerando o intervalo de confiança de 95% para a equação, há a possibilidade da correção da oferta calórica para a promoção do ganho ou da perda de peso. Para tanto,deve-se empregar um valor correspondente a duas vezes o desvio padrão (199kcal para o gênero masculino e 162kcal para o gênero feminino). Assim, no exemplo citado, a ingestão de energia será 3.151kcal (2 x 199), ou seja, entre 2.753 e 3.549kcal/dia. Se o objetivo for ganho de peso, utiliza-se o maior valor; se for perda de peso, o menor. [Math Processing Error] NA PRÁTICA CLÍNICA VAMOS CALCULAR O REQUERIMENTO DE ENERGIA PARA UM INDIVÍDUO SAUDÁVEL A especialista Aline Monteiro abordará o cálculo de energia necessária para um adulto saudável. VEM QUE EU TE EXPLICO Água duplamente marcada (ADM) Água duplamente marcada (ADM) Harris & Benedict (1919) Harris & Benedict (1919) Necessidade estimada de energia (EER) Necessidade estimada de energia (EER) VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (INEP – ENADE 2007) O MÉTODO USUAL PARA A MEDIÇÃO DO GASTO ENERGÉTICO EM INDIVÍDUOS É A CALORIMETRIA INDIRETA. ENTRE AS TÉCNICAS DE CALORIMETRIA INDIRETA, A MAIS APLICADA É A DA CÂMARA METABÓLICA. ATUALMENTE, A TÉCNICA DA ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA (ADM) TAMBÉM É UTILIZADA. ENTRE AS VANTAGENS DA ADM INCLUI-SE: I. A MEDIÇÃO COM O INDIVÍDUO EXERCENDO SUAS ATIVIDADES COTIDIANAS. II. O CÁLCULO PRECISO DA PRODUÇÃO DE CO2. III. A OBTENÇÃO DE ACURÁCIA SUPERIOR À DA CÂMARA METABÓLICA. IV. A APLICAÇÃO EM ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS. V. O DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS DE BAIXO CUSTO. ESTÃO CERTOS APENAS OS ITENS: A) I, II e III. B) I, II e IV. C) I, III e V. D) II, IV e V. E) III, IV e V. 2. A RESPEITO DA CALORIMETRIA INDIRETA: I. A CALORIMETRIA INDIRETA É UM MÉTODO CARO E CADA VEZ MENOS UTILIZADO NA PRÁTICA CLÍNICA DIÁRIA. ALÉM DISSO, OS RESULTADOS OBTIDOS POR ESSE MÉTODO SÃO DUVIDOSOS. II. A CALORIMETRIA INDIRETA É UM MÉTODO PRECISO DE MEDIDA DE GASTO CALÓRICO, REALIZADO SOMENTE EM AMBULATÓRIO, MAS INAPROPRIADO PARA AFERIR PACIENTES CRÍTICOS SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA. III. PARA AFERIÇÃO DA CALORIMETRIA INDIRETA, NÃO É NECESSÁRIO QUE O INDIVÍDUO ESTEJA EM JEJUM, O QUE FACILITA A REALIZAÇÃO DO EXAME, DIFERENTEMENTE DO EXAME DE BIOIMPEDÂNCIA. IV. NESSA AVALIAÇÃO, O TERMO “INDIRETA” INDICA QUE A PRODUÇÃO DE ENERGIA É CALCULADA POR EQUIVALENTES CALÓRICOS DE OXIGÊNIO CONSUMIDO E GÁS CARBÔNICO PRODUZIDO, CONSIDERANDO QUE TODO O OXIGÊNIO CONSUMIDO É UTILIZADO PARA OXIDAR OS SUBSTRATOS ENERGÉTICOS, E TODO GÁS CARBÔNICO É ELIMINADO PELA RESPIRAÇÃO. ASSINALE A OPÇÃO CORRETA. A) Apenas I e IV são falsas. B) Somente I e II são falsas. C) Somente III e IV são falsas. D) Apenas I, II e III são falsas. E) Apenas II, III e IV são falsas. GABARITO 1. (INEP – ENADE 2007) O método usual para a medição do gasto energético em indivíduos é a calorimetria indireta. Entre as técnicas de calorimetria indireta, a mais aplicada é a da câmara metabólica. Atualmente, a técnica da água duplamente marcada (ADM) também é utilizada. Entre as vantagens da ADM inclui-se: I. A medição com o indivíduo exercendo suas atividades cotidianas. II. O cálculo preciso da produção de CO2. III. A obtenção de acurácia superior à da câmara metabólica. IV. A aplicação em estudos epidemiológicos. V. O desenvolvimento de estudos de baixo custo. Estão certos apenas os itens: A alternativa "A " está correta. A ADM é considerada o método ideal para medir o gasto energético total do indivíduo, pois a produção medida do CO2 produzido permite o uso das técnicas de calorimetria indireta padrão para o cálculo do gasto de energia. Permite ainda que o indivíduo realize suas atividades diárias normais. Sendo assim, sua acurácia é maior que a da câmara metabólica, pois esta não permite a simulação de um ambiente real, uma vez que o indivíduo fica confinado dentro da câmara, impossibilitado de exercer suas atividades diárias normais. O método é aplicado apenas em estudos de pesquisa, pois é muito dispendioso, não sendo viável seu uso para avaliação do gasto energético de uma determinada população. 2. A respeito da calorimetria indireta: I. A calorimetria indireta é um método caro e cada vez menos utilizado na prática clínica diária. Além disso, os resultados obtidos por esse método são duvidosos. II. A calorimetria indireta é um método preciso de medida de gasto calórico, realizado somente em ambulatório, mas inapropriado para aferir pacientes críticos sob ventilação mecânica. III. Para aferição da calorimetria indireta, não é necessário que o indivíduo esteja em jejum, o que facilita a realização do exame, diferentemente do exame de bioimpedância. IV. Nessa avaliação, o termo “indireta” indica que a produção de energia é calculada por equivalentes calóricos de oxigênio consumido e gás carbônico produzido, considerando que todo o oxigênio consumido é utilizado para oxidar os substratos energéticos, e todo gás carbônico é eliminado pela respiração. Assinale a opção correta. A alternativa "D " está correta. Na calorimetria indireta, a quantidade de energia gasta é estimada indiretamente por meio da conversão do O2 consumido na oxidação dos diferentes substratos energéticos. A medida da TMR é feita em condições de jejum de, no mínimo 5 horas, após pelo menos 2 horas de exercícios moderados. É um método preciso de medida de gasto energético, porém de alto custo e, por isso, pouco utilizado na prática clínica. A otimização do suporte nutricional dos pacientes gravemente enfermos é, no momento, a maior indicação da calorimetria indireta. Como o gasto energético desses pacientes é muito variável, as estimativas baseadas em equações preditivas não são recomendadas, pois podem causar um erro considerável. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A manutenção dos processos vitais em seres humanos é condicionada à energia obtida pela oxidação dos nutrientes presentes nos alimentos ingeridos diariamente. A estimativa de necessidade de energia é de suma importância para o começo do planejamento alimentar do paciente, tendo como prioridade alcançar os objetivos do planejamento e o equilíbrio ou a adequação no balanço energético do indivíduo. Para tal, é necessário conhecer os componentes do gasto energético e os fatores que podem afetá-los. Os métodos de calorimetria indireta e água duplamente marcada são considerados os métodos com maior acurácia. Contudo, ainda têm seu uso limitado no dia a dia da prática clínica, principalmente devido ao alto custo da técnica. Temos ainda as equações preditivas, desenvolvidas por meio de estudos populacionais, que apresentam métodos simples, são de baixo custo e fáceis de serem calculadas. Porém, ao mesmo tempo, vários estudos vêm demonstrando que algumas dessas equações tendem a superestimar ou subestimar o gasto energético basal de grupos populacionais específicos, principalmente, indivíduos com sobrepeso, obesos ou atletas, podendo ocasionar uma conduta nutricional inadequada. Mesmo assim, as equações preditivas ainda são consideradas a melhor maneira de estimar o gasto energético, principalmente, em indivíduos saudáveis. Logo, o nutricionista deve escolher a equação que mais se adequa ao seu paciente e, sempre que possível, indicar a calorimetria indireta, em especial, aos indivíduos enfermos. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS COELHO, K. D. Base da Nutrição e Dietética. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. Barueri: Manole, 2005. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. FAO; WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO; UNITED NATIONS UNIVERSITY. UNU. Energy and protein requirements. Technical Report Series 724. Geneva: WHO, 1985. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. FAO; WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO; UNITED NATIONS UNIVERSITY. UNU. Human Energy Requirements. Rome: FAO, 2004. HARRIS, J. A, BENEDICT, F. G. Biometric studies of basal metabolism in man. Washington: Carnegie Institute of Washington, 1919 apud COELHO, K. D. Base da Nutrição e Dietética. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016, p. 32. HARRIS, J. A; BENEDICT,F. G. Biometric studies of basal metabolism in man. Washington: Carnegie Institute of Washington, 1919. HENRY, C. J.; REES, D. G. New predictive equations for the estimation of basal metabolic rate in tropical peoples. Eur J Clin Nutr. v. 45, n. 4, 1991. INSTITUTE OF MEDICINE/FOOD AND NUTRITION BOARD. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington: National Academies Press, 2005. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. MANN, J.; TRUSWELL, A. S. Nutrição Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (US) SUBCOMMITTEE ON THE TENTH EDITION OF THE RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCES. Recommended Dietary Allowances: Washington: National Academies Press, 1989. SCHOFIELD, W. N. Predicting basal metabolic rate, new standards and review of previous work. Clinical Nutrition, v. 39, suppl. 1, 1985. EXPLORE+ Para aprofundar os seus conhecimentos no assunto estudado: Leia: BENDAVID, I.; LOBO, D.N.; BARAZZONI, R.; CEDERHOLM, T. et al. The centenary of the Harris–Benedict equations: how to assess energy requirements best? recommendations from the espen expert group. Clinical Nutrition, v. 40, n. 3, p. 690-701, mar. 2021. Acesse: A calculadora interativa disponível no site da Global RPH. CONTEUDISTA Adriana Schlecht Ribeiro