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Pavimento permeável conceito, viabilidade e execução desta tecnologia construtiva

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HAROLDO YUDI TADA OSEKI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pavimento permeável: conceito, viabilidade e execução desta tecnologia construtiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guaratinguetá - SP 
2017 
Haroldo Yudi Tada Oseki 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pavimento permeável: conceito, viabilidade e execução desta tecnologia construtiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Graduação apresentado ao 
Conselho de Curso de Graduação em 
Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia 
do Campus de Guaratinguetá, Universidade 
Estadual Paulista, como parte dos requisitos 
para obtenção do diploma de Graduação em 
Engenharia Civil. 
 
 
Orientador: Prof. Dr. João Ubiratan de Lima e 
Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guaratinguetá - SP 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DADOS CURRICULARES 
HAROLDO YUDI TADA OSEKI 
NASCIMENTO 26.10.1992 – São Paulo / SP 
 
FILIAÇÃO Paulo Oseki 
Teruko Tada 
 
2011/2017 Curso de Graduação em Engenharia Civil. 
Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de 
Guaratinguetá. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho, 
de modo especial, à toda minha família. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Primeiramente agradeço aos meus pais Paulo Oseki e Teruko Tada, pela valorosa 
dedicação e paciência que tiveram em transmitir uma educação e disciplina das quais sou 
eternamente grato em possuir. 
Ao Grande Criador, que permitiu que tudo isso seja possível, desde o surgimento da 
matéria até o desenvolvimento da sabedoria e do conhecimento. 
Ao meu orientador, Prof. Dr. João Ubiratan de Lima e Silva, pelos seus conselhos e 
ensinamentos, dos quais tenho privilégio em possuir e pelo seu tempo e paciência, que 
permitiram uma dedicação e auxílio imprescindíveis à realização deste trabalho. 
Aos professores Antônio Wanderley Terni e Yzumi Taguti, por todos os conhecimentos 
acadêmicos transmitidos em sala de aula e pelo interesse na participação da minha banca 
examinadora. 
Também agradeço aos demais professores e funcionários por fazerem parte da minha 
formação acadêmica na FEG, instituição de ensino da qual tenho orgulho de fazer parte. 
Aos grandes amigos e amigas que tive a oportunidade de conhecer durante todos esses 
anos, de modo especial, ao pessoal da República Susexo, que considero como membros de uma 
grande família de Guaratinguetá. 
Agradeço a todos, mesmo que não referenciados aqui, mas que contribuíram de alguma 
forma para a minha formação pessoal, acadêmica e profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nada é impossível para aquele que persiste.” 
 
Alexandre, o Grande 
RESUMO 
 
 
 
Atualmente, o problema de enchentes e o baixo reaproveitamento das águas pluviais vêm 
possibilitando novas técnicas que amenizam estes problemas e contribuem para uma geração 
de obras mais sustentáveis. A tecnologia do concreto permeável representa um avanço nas 
construções e permitem uma afinidade maior com a preocupação ambiental. Apesar da possível 
inviabilidade de sua utilização em larga escala no atual cenário nacional, proveniente 
majoritariamente pelo seu relativo alto custo e pela sua adaptabilidade ao corpo de solo em que 
é empregado, este trabalho tem como objetivo analisar as possibilidades de aplicação do 
concreto permeável em uma determinada obra, permitindo assim a reutilização da água coletada 
para atividades como limpeza e geração de energia. São abordados neste trabalho os tópicos 
referentes ao conhecimento dos componentes deste concreto, assim como a análise da área de 
sua aplicação e o estudo das águas pluviais para o seu reaproveitamento no âmbito urbano. Os 
métodos utilizados neste trabalho representam situações possíveis de áreas em que esta 
tecnologia pode ser empregada, assim como situações em que sua utilização pode comprometer 
a estrutura do solo a fim de impossibilitar a sua funcionalidade. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Concreto permeável. Águas pluviais. Pavimentação. 
Sustentabilidade. 
ABSTRACT 
 
 
 
Nowadays, the problem of floods and the low reuse of rainwater have enabled new techniques 
that soften these issues and contribute to a generation with more sustainable works. The 
technology of pervious concrete represents an advance in constructions and allows a greater 
affinity with the environmental concern. Despite the possible unviability of its large- scale use 
in the current national scenario, mainly due to its relatively high cost and its adaptability to the 
soil body in which it is employed, this thesis aims to analyse the application’s possibilities of 
permeable concrete in a certain work, thus allowing the reuse of collected water for activities 
such as cleaning and power generation. This dissertation covers topics such as the 
acknowledgement of this concrete’s components, as well as analysis of the area of its 
application and the study of the rainwater for its reuse in an urban context. The methods used 
in this work represent hypothetical situations of areas in which this technology can be used, as 
well as situations in which its use may compromise the soil structure in order to prevent its 
function. 
 
 
KEYWORDS: Pervious concrete. Permeable concrete. Rainwater. Paving. Sustainability. 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
Figura 1 – Escoamento superficial em evento severo de precipitação ..................................... 14 
Figura 2 – Representação do piso drenante em concreto poroso (à esquerda) e do piso 
intertravado permeável com juntas alargadas (à direita) .......................................................... 15 
Figura 3 – Comparação entre o concreto convencional e o permeável .................................... 16 
Figura 4 – Estacionamento revestido parcialmente com CPA e com blocos intertravados de 
concreto poroso ........................................................................................................................ 17 
Figura 5 – Detalhe de uma peça de concreto permeável .......................................................... 18 
Figura 6 – Estacionamento feito com pavimento permeável com revestimento de concreto 
poroso. ...................................................................................................................................... 23 
Figura 7 – Estacionamento feito com pavimento intertravado permeável. .............................. 23 
Figura 8 – Demonstração da permeabilidade do CPA ............................................................. 24 
Figura 9 – Demonstração da permeabilidade do concreto poroso ............................................ 25 
Figura 10 – Blocos vazados preenchidos com grama ............................................................... 25 
Figura 11 – Pavimentação com paralelepípedos ...................................................................... 26 
Figura 12 – Representação da trajetória realizada pela água superficial ................................. 29 
Figura 13 – Representação esquemática das camadas do solo. ............................................... 31 
Figura 14 – Tipos de sistemas de infiltração ............................................................................ 33 
Figura 15 – Preparação do subleito .......................................................................................... 36 
Figura 16 – Posicionamento da manta geotêxtil não-tecido .................................................... 37 
Figura 17 – Execução das camadas de base e sub-base ........................................................... 38 
Figura 18 – Assentamento das peças pré-moldadas de concreto .............................................. 39 
 
Figura 19 – Rejuntamento ........................................................................................................ 39 
Figura 20 – Compactação ........................................................................................................40 
Figura 21 – Pavimento permeável com colmatação das juntas devido ao acúmulo de 
sedimentos. ............................................................................................................................... 43 
Figura 22 – Limpeza do concreto permeável por aspiração .................................................... 44 
Figura 23 – Crescimento de vegetação nas juntas das peças do pavimento permeável. .......... 45 
Figura 24 – Esquema de desinfecção e armazenamento das águas pluviais ............................ 47 
Figura 25 – Representação de cisternas subterrâneas. ............................................................. 48 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Consumos e proporções típicas utilizadas nas misturas de concreto permeável. ... 22 
 
Tabela 2 – Comparação entre superfícies. ............................................................................... 28 
 
Tabela 3 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade................................................... 30 
 
Tabela 4 – Granulometria recomendada para camadas de base e sub-base de pavimento 
permeável ................................................................................................................................. 32 
 
Tabela 5 – Granulometria recomendada para camadas de assentamento e material de rejunte 
de pavimento permeável .......................................................................................................... 32 
 
Tabela 6 – Espessura mínima da camada de base .................................................................... 35 
 
Tabela 7 – Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não potáveis. ..... 46 
 
Tabela 8 – Frequência de manutenção dos elementos de coleta de água pluvial. ................... 48 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ACI American Concrete Institute 
ASTM American Society for Testing and Materials 
CBR Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CPA Camada Porosa de Asfalto (ou Atrito) 
EPI Equipamento de Proteção Individual 
EUA Estados Unidos da América 
NBR Norma Brasileira Registrada 
USP Universidade de São Paulo 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14 
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ............................................................................... 18 
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 19 
2.1 OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................................... 19 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 19 
3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 20 
4 CONCRETO PERMEÁVEL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................. 21 
4.1 HISTÓRICO ..................................................................................................................... 21 
4.2 CARACTERIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO ....................................................................... 22 
4.2.1 Pavimentos de asfalto poroso (CPA)............................................................................. 24 
4.2.2 Pavimentos de concreto poroso ..................................................................................... 24 
4.2.3 Pavimento de blocos de concreto vazado...................................................................... 25 
4.2.4 Pavimento de blocos de concreto e paralelepípedos .................................................... 26 
4.3 FUNCIONAMENTO ....................................................................................................... 28 
4.4 PROJETO E EXECUÇÃO ............................................................................................... 30 
4.4.1 Preparação do subleito ................................................................................................... 36 
4.4.2 Posicionamento da manta geotêxtil não-tecido ............................................................ 37 
4.4.3 Execução das camadas de base e sub-base ................................................................... 37 
4.4.4 Assentamento das peças pré-moldadas de concreto .................................................... 38 
4.4.5 Rejuntamento .................................................................................................................. 39 
4.4.6 Compactação ................................................................................................................... 40 
4.4.7 Demais observações em relação à execução ................................................................. 41 
4.5 MANUTENÇÃO .............................................................................................................. 42 
5 REAPROVEITAMENTO DAS ÁGUAS PLUVIAIS .................................................. 46 
6 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 50 
7 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 51 
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 53 
14 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Observa-se atualmente que o ciclo hidrológico sofre grandes interferências devido ao 
acelerado e desordenado processo de urbanização ao longo do século XX em virtude da 
ocorrência do êxodo rural somado à falta de planejamento urbano de uso e ocupação do solo, 
consequência de uma falha administrativa por parte dos governantes e demais responsáveis. 
De acordo com Mariana Marchioni e Cláudio Oliveira Silva (2010), ambos da ABCP, 
95% das águas pluviais conseguem drenar através do solo em uma área com cobertura vegetal, 
70% em uma área rural, 30% em uma área residencial e somente 5% em uma área urbana 
(centros municipais). 
Com a trajetória de infiltração através do solo dificultada pelas camadas 
impermeabilizantes, provenientes de vias pavimentadas e do grande número de construções, as 
águas pluviais acabam se tornando um problema constante para o contexto urbano, causando 
enchentes, alagamentos e inundações nas cidades desprovidas de um sistema de drenagem 
eficaz. Este tipo de problema é agravado pelo chamado efeito das “ilhas de calor”, onde a 
precipitação é mais decorrente em lugares densamente habitados onde ocorre o aumento de 
temperatura devido à grande concentração de construções. 
 
Figura 1 – Escoamento superficial em evento severo de precipitação 
 
Fonte: Seguro Notícias (2017) 
 
 
Além desses problemas, as superfícies impermeáveis possuem estreita relação com as 
alterações na qualidade das águas, uma vez que os poluentes e sedimentos que ficam 
depositados sobre tais superfícies acabam sendo transportados aos corpos d’água pelas águas 
http://www.seguronoticias.com/seguro-cobre-danos-causados-por-enchentes)
15 
 
 
 
 
pluviais. Problemas como erosão e assoreamento de rios também podem ser causados 
parcialmente pela impermeabilização das superfícies visto que são gerados escoamentos de 
maior volume e velocidade se comparados aos escoamentos decorrentes em superfícies naturais 
(ESTEVES, 2006). 
Desta forma, novos conceitos são estudados a fim de amenizar estes problemas, através 
da utilização de dispositivos que permitam o acréscimo de infiltração e aumento do tempo de 
retardo do escoamento superficial, como pode ser observado em projetos que utilizam um 
sistema de drenagem com o auxílio da tecnologia do pavimento permeável que possui a 
capacidade de reduzir os volumes de escoamentosuperficial e o impacto sobre a qualidade da 
água. Os sistemas permeáveis são comumente compostos por pavimentos porosos (de concreto 
ou de asfalto) ou por blocos de concreto (vazados ou não) (GONÇALVES; OLIVEIRA, 2014). 
 
Figura 2 – Representação do piso drenante em concreto poroso (à esquerda) e do piso 
intertravado permeável com juntas alargadas (à direita) 
 
Fonte: Silva (2012) 
 
 
Compreende-se como pavimento permeável uma estrutura capaz de permitir o 
escoamento da água através de suas camadas, absorvendo os fluidos de forma parcial ou total. 
Desta forma, o líquido escoa através de sua superfície e pode ser direcionado para dentro de um 
reservatório, construído sobre o perfil do terreno. A partir deste momento, a água pode ser 
conduzida para outro lugar ou simplesmente ser absorvida pelo subsolo, caso sua capacidade 
de permeabilidade permita tal feito (VIRGILIIS, 2009). 
16 
 
 
 
 
A Figura 3 apresenta o percurso que a água realiza através do concreto permeável e 
sob o concreto convencional. 
 
Figura 3 – Comparação entre o concreto convencional e o permeável 
 
 
Fonte: Adaptado de Zhong; Wille (2015) 
 
 
Em 2009, o engenheiro Afonso Virgiliis confeccionou um concreto capaz de permitir a 
infiltração da água por entre seus poros, criando um concreto de alta permeabilidade. Esta 
pesquisa levou à construção de um estacionamento de 1.600 m² dividido em dois lados, sendo 
que de um lado foram utilizados blocos intertravados de concreto poroso e do outro lado foi 
feito um sistema de drenagem com asfalto permeável (CPA). A Figura 4 representa estes dois 
tipos de pavimentações permeáveis que foram adotados neste estacionamento. 
17 
 
 
 
 
Figura 4 – Estacionamento revestido parcialmente com CPA e com blocos 
intertravados de concreto poroso 
 
Fonte: Silva (2012) 
 
 
Desta forma, a água proveniente das precipitações é absorvida por este estacionamento 
e redirecionada a um reservatório, possibilitado a reutilização dessa água para a limpeza do 
local. O experimento foi realizado na USP de São Paulo, região de grande incidência 
pluviométrica e registrou-se um máximo de altura de chuva equivalente a 62 milímetros. 
A partir deste experimento, possibilidades na criação de soluções para os problemas 
relacionados ao atual cenário urbano em relação ao solo impermeável ganham espaço, 
permitindo simultaneamente o reaproveitamento das águas pluviais a fim de utilizá-las para fins 
domésticos, como na lavagem de determinada região do terreno. 
De acordo com Virgiliis (2009) para o correto dimensionamento das espessuras das 
camadas de um pavimento permeável é necessário levar em consideração fatores como o 
volume de tráfego atuante no local, o tipo de carregamento que é acionado, o número de 
solicitações envolvidas e outros fatores de natureza mecânica, assim como as asserções 
hidráulicas referentes ao tempo de armazenamento, tempo de retenção e condutividade 
hidráulica. 
O estudo destes fatores permite a implantação de um pavimento permeável que atenda 
de forma conjunta às necessidades técnicas condizentes à infraestrutura de transportes e à 
drenagem urbana apropriada, respeitando ainda as questões de sustentabilidade. 
18 
 
 
 
 
Figura 5 – Detalhe de uma peça de concreto permeável 
 
Fonte: Mazzonetto (2011) 
 
 
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO 
 
 
A ocorrência de enchentes e inundações em determinada cidade resultam em grandes 
perdas econômicas, além de danos severos às construções e problemas para o cotidiano da 
população, como por exemplo, a inviabilidade de trafegar em vias comprometidas pela chuva. 
Além destas questões, a transmissão de doenças também é facilitada por essas ocorrências. 
Visto a carência de publicações no âmbito acadêmico que informe prontamente sobre a 
ciência e a vantagem fornecida pelo emprego do pavimento permeável em um sistema de 
drenagem, a realização de estudos e análises provenientes deste trabalho procura auxiliar 
futuros projetos ou estudos de caso que tenham como alternativa a utilização desta tecnologia 
de construção. 
Os fatores sustentáveis que são impulsionados por este aparato também contribuem para 
a realização deste trabalho, uma vez que esta temática vem sendo cada vez mais requisitada no 
âmbito da construção civil. 
19 
 
 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 OBJETIVOS GERAIS 
 
 
No atual cenário brasileiro existem poucas pesquisas desenvolvidas no campo da 
utilização do concreto permeável, sobretudo devido ao curto período de tempo que esta 
tecnologia vem sendo estudada em âmbito global. Devido a pouca afinidade estabelecida entre 
esta tecnologia e as técnicas de construção utilizadas nacionalmente, o custo do pavimento 
permeável se torna elevado. Entretanto, visto a grande importância nos sistemas de gestão de 
águas pluviais que este dispositivo proporciona sobre o âmbito urbano, a tendência para agregar 
este novo tipo de ferramenta em nível nacional pode facilitar a acessibilidade deste conceito de 
uma forma abrangente. 
Desta maneira, devido à falta de pesquisas nacionais que levantam fatos em relação aos 
materiais constituintes do concreto permeável, tal como as vantagens e possibilidades do 
emprego deste material frente às adversidades relacionadas ao sistema de drenagem das grandes 
cidades, o presente trabalho tem como objetivo analisar com uma postura sustentável e urbana 
a utilização desta tecnologia em uma construção civil, de forma a torná-la menos impactante no 
contexto ambiental. 
 
 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 
1 Definir o conceito de concreto permeável, associando-o com a questão 
sustentável e urbanística do cenário atual; 
2 Realizar um estudo da caracterização e do funcionamento dos diferentes tipos 
de sistemas existentes de drenagem; 
3 Estabelecer a correta forma de viabilização, execução e manutenção de 
aplicação de acordo com o exigido pelo projeto; 
4 Análise de uma área de aplicação e estudo das águas pluviais para o seu 
reaproveitamento; 
20 
 
 
 
 
3 ESTRUTURA DO TRABALHO 
 
 
No primeiro capítulo deste trabalho, é apresentada uma breve introdução sobre o tema 
a ser estudado, sendo comentados também no segundo capítulo os objetivos gerais e específicos 
almejados neste estudo. 
O quarto capítulo destina-se à revisão bibliográfica, onde são abordados conteúdos 
gerais que permitam uma análise a respeito do concreto permeável, como o seu histórico, suas 
características, seu funcionamento, sua execução e sua manutenção. 
O capítulo cinco aborda fatos em relação ao reaproveitamento das águas pluviais 
captadas pelo sistema de drenagem estudado neste trabalho, apontando as possibilidades e 
restrições implicadas nas obras de acordo com a finalidade estabelecida em projeto. 
No sexto capítulo encontra-se a metodologia de realização deste trabalho, apontando a 
forma como os estudos foram analisados a fim de estruturarem-se conclusões coerentes com o 
que é abordado previamente. 
Por fim, o sétimo capítulo destina-se à exposição das conclusões realizadas ao estudo 
do concreto permeável, remetendo aos objetivos determinados no início deste trabalho. 
21 
 
 
 
 
4 CONCRETO PERMEÁVEL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
4.1 HISTÓRICO 
 
 
Atualmente, o pavimento permeável vem sendo utilizado por construtores a fim de 
atender-se às imposições decretadas pelas legislações municipais em relação à infiltração e 
permeabilidade na pavimentação de terrenos. Contudo, sua finalidade era outra de acordo com 
os primeiros estudos registrados. 
O uso de concretos com grandes quantidades de vazios e sem agregados miúdos tem 
seus primeiros registros datados no século XIX, na Europa, onde as reduções de peso e de custos 
eram os fatores almejados na época e não o incremento da permeabilidade a fluidos (HÖLTZ, 
2011). 
Desde então, o uso desse tipo de concreto não se encontra mencionado na literatura até 
1923, onde um conjunto de 50 casas de dois pisos foi construído empregando-seagregado à 
base de clínquer, em Edimburgo, na Escócia. 
Assim, durante a década de 30, a Scottish Special Housing Association fez uso do 
concreto permeável para a construção de residências, disseminando esta técnica para o Reino 
Unido, devido às suas qualidades térmicas e ao baixo custo de implementação. 
O uso dos concretos dessa natureza intensificou-se após a Segunda Guerra Mundial. 
Visto que a escassez de cimento e a abundância de restos de construção eram grandes, o uso de 
um concreto com grande quantidade de vazios e pouca pasta acabou se tornando uma alternativa 
bem atraente aos seus construtores (ACI, 2006). 
Esta tecnologia só começou a ser estudada na América em 1970, onde a ideia do 
pavimento permeável como aparato para evitar a ocorrência da aquaplanagem, da redução de 
ruído, do ofuscamento de faróis de carros e do efeito spray foi amplamente estudada nos Estados 
Unidos. Entretanto, estes estudos acabaram sendo abandonados devido à carência de 
tecnologias da época (LAMB, 2014). 
Posteriormente, pelo fim dos anos 90 e início dos 2000, estes estudos foram retomados 
a fim de desenvolver uma tecnologia de auxílio à drenagem das cidades, permitindo que a água 
escoe através do solo, reduzindo assim as incidências das enchentes. Apesar de tratar-se de um 
método construtivo novo no Brasil, essa solução já é adotada em países como os Estados 
Unidos, a França e o Japão (MARCHIONI; SILVA, 2010). 
22 
 
 
 
 
4.2 CARACTERIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO 
 
 
Enquanto que o concreto convencional possui características que o torna mais compacto 
proporcionando propriedades que o tornam mais rígido e resistente ao longo de seu uso, o 
concreto permeável possui outros tipos de características e consequentemente, de aplicação. O 
concreto permeável difere do convencional principalmente pelo seu índice de vazios, 
apresentando material granular de dimensões similares (MAZZONETTO, 2011). 
Segundo Virgiliis (2009), a utilização de agregados com dimensões semelhantes cria os 
vazios pelo fato deles não conseguirem ser preenchidos. Um pouco de areia grossa também 
permite que seja criado um bom volume de vazios. 
Sua composição inclui ligante hidráulico, material britado de graduação uniforme, água 
e pouca ou nenhuma quantidade de agregado miúdo. Também existe a possibilidade de 
incrementar aditivos a fim de atribuir ao concreto um melhor desempenho, durabilidade, 
resistência e trabalhabilidade (BATEZINI, 2013). 
A Tabela 1 apresenta os materiais com seus respectivos consumos e proporções 
recomendados para a confecção do concreto permeável. 
 
Tabela 1 – Consumos e proporções típicas utilizadas nas misturas de concreto 
permeável 
 
Materiais Consumo/Proporção 
Ligante hidráulico (kg/m³) 270 a 415 
Agregado graúdo (kg/m³) 1.190 a 1.700 
Relação água/cimento (em massa) 0,27 a 0,34 
Relação cimento/agregado (em massa) 1:4 a 1:4,5 
Relação agregado miúdo/agregado graúdo (em massa) 0 a 1:1 
Fonte: Batezini (2013) 
 
 
O procedimento de compactação ou adensamento que é utilizado na produção do 
concreto permeável, assim como sua relação cimento/agregado adotada são os dois fatores mais 
relevantes e que afetam de maneira direta as características mecânicas do material a ser 
constituído (ACI, 2006). 
O quanto que é utilizado de materiais varia de acordo com a resistência almejada no 
concreto. A resistência do concreto é inversamente proporcional ao seu volume de vazios. 
23 
 
 
 
 
Desta forma, para obter-se uma maior permeabilidade, o concreto deve necessariamente 
possuir um índice de resistência menor (MAZZONETTO, 2011). 
Tendo-se este fator para levar em consideração, o concreto permeável é mais indicado 
para locais que requerem uma solicitação de carga menor, onde a resistência a cargas não é um 
fator principal, como pode ser observado em pátios residenciais ou comerciais, faixas 
cicloviárias, quadras poliesportivas, calçadas, estacionamentos de tráfego leve a médio, 
parques, praças, pátios residenciais, campos de golfe, painéis de enchimento, decks de piscinas, 
estabilização de encostas, forros (isolamento térmico), estruturas hidráulicas, estufas de plantas 
e em muros de arrimo (LAMB, 2014). 
 
Figura 6 – Estacionamento feito com pavimento permeável com revestimento de 
concreto poroso 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
Figura 7 – Estacionamento feito com pavimento intertravado permeável 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
24 
 
 
 
 
De acordo com sua composição, os tipos de pavimentos permeáveis podem ser 
classificados da seguinte forma: 
 
4.2.1 Pavimentos de asfalto poroso (CPA) 
 
O revestimento asfáltico, que representa a camada superior, possui uma composição 
similar às convencionais, porém, existe a retirada da fração de areia fina da mistura dos 
agregados do pavimento. A partir dessa graduação, obtém-se uma mistura asfáltica com cerca 
de 18% a 25% de vazios, permitindo assim uma rápida percolação da água. 
Além da função drenante, o CPA também proporciona um aumento na aderência entre 
o pneu de um veículo e o pavimento, além de reduzir drasticamente o ruído produzido por este 
atrito (BERNUCCI, 2008). 
 
Figura 8 – Demonstração da permeabilidade do CPA 
 
Fonte: Gonçalves; Oliveira (2014) 
 
 
4.2.2 Pavimentos de concreto poroso 
 
A camada superior do concreto poroso possui uma composição de conceito similar ao 
do CPA, onde é realizada a retirada da fração de areia fina da mistura dos agregados do 
pavimento, resultando em uma composição com cerca de 15% a 25% de vazios. 
Este tipo de pavimento possui menor resistência e deve ser aplicado em lugares de 
tráfego leve ou de intensidade leviana (GONÇALVEZ; OLIVEIRA, 2014). 
25 
 
 
 
 
Figura 9 – Demonstração da permeabilidade do concreto poroso 
 
Fonte: Batezini (2013) 
 
 
4.2.3 Pavimento de blocos de concreto vazado 
 
Pavimento constituído por blocos de concreto permeável que são assentados sobre um 
material granular, como a areia, e preenchidos posteriormente com uma vegetação rasteira, 
geralmente a grama. 
O uso de filtros geotêxteis instalados sob a camada de areia é facultativo, porém de 
grande importância a fim de prevenir-se o carreamento da areia fina para as camadas granulares 
inferiores. 
 
Figura 10 – Blocos vazados preenchidos com grama 
 
Fonte: Gonçalves; Oliveira (2014) 
26 
 
 
 
 
4.2.4 Pavimento de blocos de concreto e paralelepípedos 
 
São utilizados blocos intertravados de concreto para a implantação deste tipo de 
pavimento, e sua magnitude de permeabilidade depende de fatores como a permeabilidade do 
próprio bloco e das granulometrias do material de assentamento e das juntas. A permeabilidade 
deste tipo de pavimento é menor em relação aos demais e tende a diminuir mais rapidamente 
ao longo do tempo, possuindo uma vida média de cinco anos apenas. 
 
Figura 11 – Pavimentação com paralelepípedos 
 
Fonte: Gonçalves; Oliveira (2014) 
 
 
Como pontos de vantagens do concreto permeável, destacam-se: 
 Proteção ao sistema de drenagem; 
 Redução das ocorrências de enxurradas e enchentes; 
 Reduzem os riscos de erosão; 
 Possibilidade de reutilização da água pluvial; 
 Promoção da realimentação do aquífero subterrâneo; 
 Melhoram a qualidade da água; 
 Mantém a área útil do terreno; 
 Diminuem os gastos com recursos de drenagem (por exemplo, os 
“piscinões”); 
 Função de filtro que este concreto possui, impedindo que impurezas e metais 
pesados sejam absorvidos pelo lençol freático, permitindo assim um 
aproveitamento melhor dos terrenos; 
27 
 
 
 
 
 Característica vedadora e de isolamento térmico, que permite a utilização desta 
tecnologia para outras finalidades além; 
 De acordo com a resolução 307 do CONAMA, os resíduos de pavimentos de 
concreto permeável podem ser considerados de classe A, permitindo assim que 
tais resíduos sejam reutilizados ou reciclados posteriormente. 
 
Dentre os índices de referência de desempenho, podem ser citados: Índices de vazios na ordem de 15 % a 25% (uma vez que o concreto 
convencional possui geralmente 4% de vazios); 
 Dentro da questão de permeabilidade, sua capacidade de absorção fica acima de 
70%, podendo chegar à completa absorção das águas pluviais; 
 Sua resistência é maior quando produzido como blocos intertravados, girando 
em torno de 25 MPa a 30 MPa; 
 As peças de concreto permeável (que são mais comuns no Brasil) são mais caras 
que as convencionais, devido à sua granulometria, podendo ter o seu custo em 
torno de R$ 155/m². Dessa forma, um sistema de pavimentação completo chega 
a custar 35% a mais. O custo de cada projeto deve ser pensado levando em 
conta que o concreto permeável tem a função de pavimento e também 
drenagem. Além disso, em boa parte das vezes ele é utilizado para adequar o 
projeto à legislação, respeitando a permeabilização exigida pelos órgãos 
públicos (MARCHIONI; SILVA, 2010). 
 
A Tabela 2 apresenta uma comparação de características referentes a cinco tipos 
diferentes de superfícies, levando em consideração apenas os critérios mais relevantes ao 
escopo deste trabalho. 
28 
 
 
 
 
Tabela 2 – Comparação entre superfícies 
 
Fonte: Adaptado de Gonçalves; Oliveira (2014) 
 
 
4.3 FUNCIONAMENTO 
 
Proveniente da última etapa de um sistema de drenagem, a principal função do concreto 
permeável é permitir o escoamento das águas provenientes das chuvas através de sua camada 
para posteriormente armazená-las nas camadas inferiores (base e sub-base) até que elas sejam 
conduzidas ao lençol freático por meio do subleito ou então levadas ao sistema de drenagem da 
cidade (Figura 12). Dessa forma, obtém-se uma área preparada para absorver precipitações sem 
que ocorra uma perda no espaço de pavimentação, evitando enchentes e reabastecendo o 
aquífero subterrâneo (MAZZONETTO, 2011). 
Para o correto funcionamento da função drenante do concreto permeável é necessário 
uma associação desta camada com a base e sub-base granular. Ao ser absorvida pelo concreto 
permeável, a água pluvial escorre para ser armazenada em uma estrutura granular, geralmente 
constituída por pedras ou britas com grande volume de vazios, funcionando como reservatório 
e filtro (MAZZONETTO, 2011). 
Após o término da chuva, a água que foi armazenada nos vazios segue dois trajetos: ou 
vai para o subsolo, caso o subleito seja propício para promover tal caminho até o aquífero ou 
pode seguir para um sistema de tubulações de drenagens, onde ela escoa para os bueiros e bocas 
de lobo ou para uma piscina de armazenagem ou reservatórios, cuja função pode ser direcionada 
para espaços sanitários ou jardins (MAZZONETTO, 2011). 
29 
 
 
 
 
Figura 12 – Representação da trajetória realizada pela água superficial 
 
Fonte: Silva (2012) 
 
 
Segundo as normas americanas, o solo é propício a armazenar a água para ser absorvida 
e despejada em um aquífero dentro de 72 horas. Em contrapartida, caso o solo seja compacto e 
impermeável, a água armazenada na base e sub-base não consegue ir para o lençol freático de 
forma rápida e acaba se acumulando no reservatório granular. Nesse caso, pode ocorrer o 
transbordamento da água pela superfície, retornando para cima do concreto poroso 
(MAZZONETTO, 2011). 
Devido a este fato, o recomendado é a realização de cálculos para a espessura do projeto 
com base em dois princípios: a resistência própria do concreto e a precipitação pluvial, 
juntamente com o cálculo hidrológico, que leva como referência uma chuva que ocorra em um 
intervalo de 10, 25, 50 ou 100 anos. A normatização para microdrenagem em São Paulo possui 
como base períodos de retorno de dez anos, por exemplo, o que o caracteriza como uma 
construção de um sistema de drenagem dentro da margem de segurança estabelecida 
(MAZZONETTO, 2011). 
30 
 
 
 
 
4.4 PROJETO E EXECUÇÃO 
 
De acordo com Marchioni e Silva (2010), alguns itens devem ser analisados 
inicialmente a fim de garantir a viabilidade da instalação do pavimento permeável: 
 A área de contribuição não deve exceder cinco vezes mais que a área do 
pavimento a ser instalado. 
 Uma distância de no mínimo 30 m de distância entre córregos, reservatórios de 
água e pântanos é recomendada. 
 A declividade do pavimento deve ter no mínimo 1% e no máximo 5%, para que 
a velocidade do escoamento superficial não reduza a sua infiltração. 
 A ciência dos dados de precipitação, do tráfego que é atuante no local e das 
características do solo como sua permeabilidade (apresentadas na Tabela 3) e 
capacidade de suporte também são necessárias para o projeto ser bem sucedido. 
 
Tabela 3 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade 
 
Tipo de Solo Coeficiente de Permeabilidade 
Argilas < 10−9m/s 
Siltes 10−6 a 10−9m/s 
Areias argilosas 10−7m/s 
Areias finas 10−5m/s 
Areias médias 10−4m/s 
Areias grossas 10−3m/s 
Fonte: Pinto (2002) 
 
 
Observa-se que quanto mais baixo o coeficiente de permeabilidade, menos permeável é 
o solo. Neste caso, recomenda-se a utilização de tubos de drenagem a fim de evitar-se que a 
água permaneça muito tempo dentro da estrutura do pavimento, acarretando assim em uma 
possível perda de suporte da mesma. 
A Figura 13 ilustra um desenho esquemático mostrando as camadas do solo por onde as 
águas pluviais irão escoar ao serem coletadas pelo pavimento permeável. 
31 
 
 
 
 
 
Figura 13 – Representação esquemática das camadas do solo 
 
Fonte: Silva (2012) 
 
 
Para a execução da base e sub-base são utilizadas britas lavadas com Abrasão Los 
Angeles menor que 40 que é determinado de acordo com a norma brasileira NBR NM 51: 
Agregado graúdo – Ensaio de abrasão “Los Angeles”. 
Também são necessários que estas apresentem um CBR mínimo de 80%, determinado 
de acordo com a norma brasileira NBR 9895: Solo – Índice de Suporte Califórnia. 
O índice de vazios do agregado deve ser de no mínimo 32% e pode ser determinado de 
acordo com a norma brasileira NBR NM 45: Agregados – Determinação da massa unitária e do 
volume de vazios. 
Os índices de vazios mínimos e do CBR devem ser atendidos criteriosamente a fim de 
se garantir uma boa capacidade de armazenamento de água permitindo que outras 
granulometrias de agregados sejam utilizadas. 
A camada de assentamento é realizada na base e sub-base, com a utilização de agregados 
graúdos com dimensão máxima de 9,5 mm (a Tabela 4 apresenta uma recomendação de 
granulometria), possuindo em geral uma espessura de 50 mm, cuja sua função é fazer com que 
a superfície fique uniforme para o correto assentamento das peças pré- moldadas de concreto, 
viabilizando também a penetração da água. 
32 
 
 
 
 
Tabela 4 – Granulometria recomendada para camadas de base e sub-base de 
pavimento permeável 
 
Peneira com abertura de malha Sub-base (% retida) Base (% retida) 
75 mm 0 - 
63 mm 0 a 10 - 
50 mm 30 a 65 - 
37 mm 85 a 100 0 
25 mm - 0 a 5 
19 mm 95 a 100 - 
12,5 mm - 40 a 75 
4,75 mm - 90 a 100 
2,36 mm - 95 a 100 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
O material utilizado para o rejunte das peças pode ser o mesmo que é usado na camada 
de assentamento, entretanto, é permitido o uso de agregados mais finos a fim de garantir o 
preenchimento das juntas. A Tabela 5 ilustra a granulometria recomendada para a camada de 
assentamento e do material de rejunte. 
 
Tabela 5 – Granulometria recomendada para camadas de assentamento e material de 
rejunte de pavimento permeável 
Peneira com abertura de malha 
(mm) 
Camada de 
assentamento e material 
de rejunte (% retida) 
Material de rejunte 
(% retida) 
12,5 0 0 
9,5 0 a 15 0 a 10 
4,75 70 a 90 45 a 80 
2,36 90 a 100 70 a 95 
1,16 95 a 100 90 a 100 
0,300 - 95 a 100 
Fonte: Adaptado de Marchioni; Silva (2010) 
 
 
Pelo fato de apresentar baixo coeficiente de permeabilidade a utilização de areia ou pó 
de pedra na camada de assentamento e no material de rejunte não é recomendável. 
33 
 
 
 
 
Quanto ao revestimento éapropriado o uso de peças pré-moldadas de concreto que 
possuem uma relação comprimento-espessura menor que quatro para locais sujeitos a tráfego 
de veículos, sendo utilizadas no pavimento intertravado permeável. Em geral, as peças possuem 
espessuras de 6 cm ou 8 cm, com sua dimensão variável de acordo com o modelo, sendo o mais 
utilizado as dimensões de 10 cm x 20 cm. 
Para o pré-dimensionamento das camadas de base e sub-base, são necessários dois tipos 
de dimensionamentos: o mecânico, que trata da carga que é submetida no pavimento e o 
hidráulico que, por sua vez, trata do volume de água que é armazenado no pavimento 
(MARCHIONI; SILVA, 2010). 
Para a realização do dimensionamento hidráulico do projeto, é necessário o 
conhecimento dos dados referentes à precipitação do local, em conjunto com o coeficiente de 
permeabilidade do solo, levando-se em consideração também uma avaliação do risco de 
contaminação da água. De posse destes dados, escolhe-se o tipo de infiltração do sistema: total, 
parcial ou sem infiltração (Figura 14). 
 
Figura 14 – Tipos de sistemas de infiltração 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
No sistema de infiltração total, a água pluvial é integralmente direcionada ao subleito. 
Para o sistema de infiltração parcial, são instalados tubos de drenagem a fim de realizar-se a 
drenagem completa do excesso de água. Caso o solo possua uma permeabilidade muito baixa 
ou haver um risco de contaminação da água, é utilizado o sistema sem infiltração, onde toda a 
água da chuva é direcionada a um sistema de drenagem alternativo. 
A seguinte equação foi proposta pelo Interlocking Concrete Pavement Association, e 
possibilita determinar a profundidade mínima da camada de base a fim de se armazenar a 
diferença entre o volume de água precipitada e infiltrada pelo solo: 
34 
 
 
 
 
 
 
ℎ𝑏 = 
∆𝑄𝑐𝑅 + 𝑃 − 𝑓𝑇 
 
 
𝑉𝑟 
 
(1) 
 
 
Onde: 
 ℎ𝑏 = altura da base granular; 
 ∆𝑄𝑐 = área de contribuição; 
 𝑅 = quociente da área de contribuição e da área do pavimento; 
 𝑃 = altura da chuva de projeto; 
 𝑓 = coeficiente de permeabilidade do solo; 
 𝑇 = tempo de enchimento do reservatório; 
 𝑉𝑟 = porosidade do agregado. 
 
É recomendado o valor máximo de 𝑃 em 24h para o tempo de retorno definido em 
projeto. 
Para o tempo de enchimento do reservatório (𝑇), o valor de 2h é recomendado para 
adoção. 
Para a altura da base granular (ℎ𝑏), são necessárias duas verificações: a altura máxima 
de base permitida (Equação 2), e o nível do lençol freático. 
 
 
 
Onde: 
 
ℎ𝑚á𝑥 = 𝑓 𝑋 
𝑇𝑆 
 
 
𝑉𝑟 
 
(2) 
 𝑇𝑆 = tempo máximo de armazenamento de água. 
 
Com esta verificação, evita-se que a altura da base granular faça com que a água 
permaneça na base um período maior que o permitido pelo tempo máximo de armazenamento. 
Deve ser ressaltado também que a parte inferior da base pede uma distância mínima de 
0,6 m para o nível do lençol freático. 
Considerando-se o pior caso entre as duas verificações e caso elas estejam aprovadas de 
acordo, então o valor de ℎ𝑏 é adotado como a espessura da base. Caso o valor de ℎ𝑚á𝑥 seja 
inferior ao de ℎ𝑏, então é necessário complementar o sistema com tubulação de drenagem a 
35 
 
 
 
 
fim de manejar o excesso de água restante, sendo utilizado neste caso um sistema de 
infiltração parcial ou sem infiltração. 
A recomendação do pré-dimensionamento mecânico da camada de base do pavimento 
permeável pode ser consultada na Tabela 6, onde são conhecidos a capacidade de suporte do 
solo e o número das solicitações equivalentes para um projeto de vida útil de 20 anos. 
 
Tabela 6 – Espessura mínima da camada de base 
 
Solicitações equivalentes para 20 anos* Índice de Suporte Califórnia do subleito 
- > 15 10 a 14 5 a 9 
50.000 125 mm 175 mm 225 mm 
150.000 150 mm 200 mm 275 mm 
600.000 175 mm 225 mm 350 mm 
*solicitações equivalentes ao eixo padrão de 18 kip = 80 kN 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
Desta forma, adota-se como espessura da camada de base e sub-base o maior valor entre 
o dimensionamento hidráulico e mecânico, sendo que a camada de base possui dimensão fixa 
de 100 mm, e a camada de sub-base deverá ter como dimensão a diferença para atingir o valor 
total dimensionado. 
A produção do pavimento pode ser realizada de duas formas: moldado in loco ou em 
peças pré-moldadas. Em ambos os métodos é necessário cuidado na hora de aplicação. Caso a 
massa seja posta em cima da base granular, a regularização com régua é a mais aconselhada. 
Se forem em blocos, sua disposição não deve ser aleatória, a fim de adquirirem uma resistência 
à deformação, além de evitar irregularidades longitudinais (MAZZONETTO, 2011). 
Para o pavimento moldado in loco, um processo de dégradé de gradação é realizado, 
onde primeiramente são postas britas maiores e, por conseguinte, as britas menores, sendo os 
últimos a serem colocados, os pedriscos. Desta forma, são realizadas camadas de 10 a 15 cm 
de britas, por onde se passa um rolo compactador vibratório, para que seja assim colocada mais 
outra camada (MAZZONETTO, 2011). 
Projetos com grandes profundidades não exigem a instalação deste tipo de estrutura, 
uma vez que a capacidade de guardar água se ganha na área do reservatório, e não em sua 
profundidade. 
36 
 
 
 
 
De acordo com Virgiliis (2009) o concreto deve ser aplicado com cuidado, não podendo 
ser arremessado nem alisado, e deve ficar com uma aparência rugosa. É necessário também que 
o concreto não seja desempenado, para não fechar as possibilidades de a água entrar. 
Para o pavimento moldado em peças pré-moldadas, adotam-se procedimentos de 
execução similares aos do pavimento intertravado convencional, diferenciando-se pelo fato de 
utilizarem materiais diferentes para a confecção das camadas estruturais do pavimento. As 
etapas seguintes são descritas de acordo com o estabelecido por Marchioni e Silva (2010): 
 
4.4.1 Preparação do subleito 
 
O subleito pode ser constituído pelo próprio solo natural do local ou proveniente de 
algum empréstimo. 
É importante ressaltar que toda a camada do subleito deve estar limpa, sem nenhuma 
presença de plantas, raízes ou qualquer tipo de matéria orgânica. 
Antes de realizar a execução da base e sub-base, deve-se verificar se o subleito atende 
a cota e os caimentos definidos em projeto. 
 
Figura 15 – Preparação do subleito 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
37 
 
 
 
 
4.4.2 Posicionamento da manta geotêxtil não-tecido 
 
O uso desta manta é facultativo e sua função principal é evitar o carreamento de finos 
para a camada de sub-base. Ela deve ser colocada acima do subleito e devem-se deixar sobras 
nas laterais de 0,3 m no caso de solos com CBR maior que 5 e de 0,6 m em solos mais fracos, 
de CBR menor ou igual a 5. 
 
Figura 16 – Posicionamento da manta geotêxtil não-tecido 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
 
 
4.4.3 Execução das camadas de base e sub-base 
 
A base possui uma espessura de 100 mm e pode ser executada em uma camada, sendo 
compactada fazendo-se uso de uma placa vibratória ou de um rolo compressor. A sub-base é 
espalhada em camadas de 100 mm a 150 mm e também pode ser compactada utilizando-se uma 
placa vibratória ou um rolo compressor. 
38 
 
 
 
 
Figura 17 – Execução das camadas de base e sub-base 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
4.4.4 Assentamento das peças pré-moldadas de concreto 
 
Antes da realização da camada de assentamento, devem-se posicionar contenções 
laterais a fim de se garantir uma estabilidade horizontal do sistema. Tais contenções são 
constituídas de estruturas rígidas ou de dispositivos fixados na base do pavimento, impedindo 
assim o seu deslocamento. 
A camada de assentamento deve ser espalhada de maneira uniforme ao longo da área de 
aplicação, com uma espessura suficiente o bastante a fim de apresentar uma espessura final de 
50 mm após a compactação. 
Em seguida, o material de assentamentoé nivelado manualmente com o auxílio de uma 
régua metálica, ou mecanicamente, o que resulta em uma superfície sem irregularidades. 
É importante que não ocorra tráfego de equipamentos ou pedestres na camada de 
assentamento antes da instalação das peças de concreto. Estas peças podem ser colocadas 
manualmente ou com o auxílio mecânico e devem ser executadas de maneira que não se 
modifiquem a espessura e a uniformidade da camada de assentamento. 
Vale ressaltar que as peças não devem ser arrastadas sobre a camada de assentamento 
até a sua posição final e que é necessário respeitar o esquadro e o alinhamento marcado 
previamente durante a primeira fiada. Verificar regularmente o alinhamento longitudinal e 
transversal é uma medida de suma importância para a obtenção de um bom assentamento. 
Demais ajustes de alinhamentos também devem ser feitos a fim de se manter a espessura 
das juntas uniforme. 
39 
 
 
 
 
Figura 18 – Assentamento das peças pré-moldadas de concreto 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
4.4.5 Rejuntamento 
 
Finalizado o assentamento das peças, o material de rejuntamento é então espalhado 
sobre a camada de revestimento, formando assim uma fina e uniforme camada em toda a área 
já executada. Consequentemente, é feita uma varrição do material de rejuntamento até que o 
material de rejunte fique a 5 mm abaixo do topo das peças. 
 
Figura 19 – Rejuntamento 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
40 
 
 
 
 
4.4.6 Compactação 
 
Esta etapa é executada fazendo-se auxílio de placas vibratórias, proporcionando uma 
acomodação das peças na camada de assentamento, além de manter a regularidade da camada 
de revestimento e sem danificar as peças de concreto. Além disso, é recomendado seguir os 
seguintes critérios: 
 A compactação deve ser feita com sobreposição de 15 cm a 20 cm em cada 
passada sobre a anterior; 
 Alternar a execução da compactação com o espalhamento do material de 
rejuntamento até que as juntas tenham sido preenchidas até 5 mm do topo do 
pavimento; 
 A compactação deve ser executada aproximadamente até 1,5 m de qualquer 
frente de trabalho de assentamento, que não contenha algum tipo de contenção. 
 
Figura 20 – Compactação 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
41 
 
 
 
 
4.4.7 Demais observações em relação à execução 
 
Estima-se que é possível executar de 100 m² a 150 m² de pavimento de concreto 
permeável por dia, com o auxílio de uma equipe composta por três pessoas: dois ajudantes e 
um oficial (SILVA, 2010). 
 
Os seguintes materiais são requisitados a fim de realizar-se a execução do serviço: 
 Carrinho de mão ou jerica; 
 Colher de pedreiro; 
 Compactador tipo sapo ou rolo compactador; 
 Enxada; 
 Guilhotina de pressão ou máquina de corte com disco diamantado; 
 Lápis de carpinteiro; 
 Linha de náilon; 
 Pá; 
 Placa vibratória para compactação das peças; 
 Régua; 
 Rodo de madeira; 
 Trena; 
 Vassoura. 
 
Deve-se atentar também à necessidade do uso de EPIs durante a execução de um 
pavimento permeável, evitando assim eventuais danos às pessoas ou materiais da obra, além de 
amenizar a circulação de pessoas não autorizadas no local do serviço. A seguir estão listados os 
principais EPIs necessários durante a execução do serviço: 
 Bota de serviço com bico de aço; 
 Capacete de segurança; 
 Luva de proteção (de raspa ou vinílica); 
 Máscara com filtro; 
 Óculos de segurança; 
 Protetor auricular (para o corte das peças). 
42 
 
 
 
 
Ao final da execução do serviço, recomendam-se as verificações das cotas, níveis e 
espessuras de acordo com o determinado em projeto. 
As peças de concreto ainda devem estar de conforme com a Norma Técnica NBR 9781 
– Peças de Concreto para Pavimentação – Especificação e Métodos de Ensaio. 
Também é recomendado verificar se as peças foram assentadas corretamente, se existe 
a ocorrência de alguma peça apresentar-se quebrada, e se houve algum desnível no pavimento. 
A fim de se avaliar o coeficiente de permeabilidade do concreto permeável, pode-se 
utilizar a norma americana ASTM C1701. Este ensaio é realizado em uma seção de pavimento 
confinada num cilindro de 300 mm, aplicando-se assim um volume de água que será mantida 
em uma coluna constante de 10 mm a 15 mm, fazendo a determinação do tempo de infiltração. 
O ensaio também pode ser utilizado com a finalidade de verificar uma provável necessidade de 
manutenção do pavimento. 
 
4.5 MANUTENÇÃO 
 
 
A duração funcional máxima do pavimento permeável pode se estender em até 20 anos, 
mas deve-se tomar cuidado com o problema de colmatação, onde ocorre o entupimento de 
sedimentos nas camadas superiores (Figura 21), diminuindo a capacidade de infiltração do 
sistema em até 90% após os vinte anos de duração (MARCHIONI; SILVA, 2010). 
43 
 
 
 
 
Figura 21 – Pavimento permeável com colmatação das juntas devido ao acúmulo de 
sedimentos 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
Este acúmulo de sujeiras é relativo ao volume de tráfego e da existência de fontes de 
sedimentos nas proximidades do pavimento, como pode ser observado em jardins e 
carreamentos de sólidos. 
Estudos apontam que durante os primeiros dois anos, o concreto poroso perde cerca de 
50% da capacidade de permeabilização e mantém essa perda até os vinte anos de uso, que seria 
o tempo que leva até os vazios estarem entupidos quase por completos na superfície. 
Assim, no caso dos concretos permeáveis moldados in loco, a manutenção pode ser 
realizada substituindo-se de 3 cm a 4 cm da camada externa do pavimento por uma nova. Este 
tipo de manutenção é recomendado para casos mais extremos, sendo utilizado um equipamento 
próprio para este tipo de serviço. 
Existe também a limpeza de obstrução de detritos, como gramas e folhas, fazendo-se 
uso de um equipamento capaz de aspirar a superfície do pavimento, como demonstrado na 
Figura 22. 
44 
 
 
 
 
Figura 22 – Limpeza do concreto permeável por aspiração 
 
Fonte: LAMB (2014) 
 
 
Caso a estrutura seja produzida em blocos, sua manutenção pode ser realizada de duas 
maneiras: trocar os blocos por novos ou retirar cuidadosamente cada bloco e trocá-los de lado, 
fazendo com que o lado externo fique virado para a estrutura interna, realizando assim uma 
retrolavagem (MAZZONETTO, 2011). 
Outro método que pode ser adotado é a lavagem sob alta pressão, que permite desentupir 
as sujeiras alojadas na superfície, restaurando a porosidade original do concreto permeável. 
Outro fator que deve ser levado em consideração é o crescimento de vegetação que 
ocorre nas juntas das peças e que afetam a infiltração da água e devem ser retiradas a fim de 
promover uma vida útil maior ao pavimento (Figura 23). 
45 
 
 
 
 
Figura 23 – Crescimento de vegetação nas juntas das peças do pavimento permeável 
 
Fonte: Marchioni; Silva (2010) 
 
 
Recomenda-se que procedimentos de manutenção e restauração da capacidade 
permeável do solo sejam realizados com periodicidade máxima de seis meses, recuperando 
cerca de 80 a 90% da capacidade inicial de condutividade hidráulica do sistema. Também é 
observado que essa capacidade tende a diminuir com o tempo, mesmo com as devidas 
manutenções realizadas de forma pontual (KUANG, 2007). 
46 
 
 
 
 
5 REAPROVEITAMENTO DAS ÁGUAS PLUVIAIS 
 
Uma vez que a água da chuva não é potável, portanto caracterizando-se como imprópria 
ao consumo humano, sua reutilização restringe-se apenas às atividades de uso não potável, 
destinando-se à irrigação de plantas, descargas no vaso sanitário, lavagem de jardins, pisos, 
carros, dentre outros elementos. 
Para usos mais restritivos, a seguinte tabela pode ser consultada a fim de estabelecer- se 
uma utilização da água de acordo com a prevista pelo projeto. 
 
Tabela 7 – Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não 
potáveis 
 
Parâmetro Análise Valor 
Coliformes totais Semestral Ausência em 100 mL 
Coliformes termotolerantes SemestralAusência em 100 mL 
Cloro residual livre (no caso de serem utilizados 
compostos de cloro para desinfeção) 
Mensal 0,5 a 3,0 mg/L 
Turbidez Mensal 
< 2,0 uT, para usos menos restritivos 
< 5,0 uT (unidade de turbidez) 
Cor aparente (caso não seja utilizado nenhum 
corante, ou antes da sua utilização) 
Mensal < 15 uH (unidade Hazen) 
Deve prever ajuste de pH para proteção das 
redes de distribuição, caso necessário 
Mensal 
pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulação 
de aço carbono ou galvanizado 
Fonte: NBR 15527 (2007) 
 
 
Para realizar a desinfecção, três métodos em específico podem ser adotados de acordo 
com o critério do projetista, dentre os métodos, pode-se citar o uso de um derivado clorado, a 
aplicação de raios ultravioleta, a aplicação de ozônio, entre outros. Para aplicações onde é 
necessário um residual desinfetante, o derivado clorado é o mais recomendado para ser 
utilizado. A seguinte figura representa o caminho que a água coletada realiza a fim de ser 
desinfetada e armazenada. 
47 
 
 
 
 
Figura 24 – Esquema de desinfecção e armazenamento das águas pluviais 
 
 
Fonte: Produção do próprio autor (2017) 
 
 
As dimensões do reservatório de coleta dependem da quantidade de água a ser 
armazenada. Desta forma, o estudo do índice pluviométrico de determinada região deve ser 
consultada a fim de se dimensionar uma cisterna capaz de armazenar a quantidade de água 
desejada. 
Como exemplo, pode-se citar que, em média, uma região da grande São Paulo possui 
um índice pluviométrico de 10 mm a 20 mm de água na ocorrência de uma chuva considerada 
como normal. Isso significa que é possível coletar entre 10 a 20 litros por m² de área permeável. 
Assim, caso a área coberta pelo pavimento permeável seja de 25 m², então um volume de 250 
a 500 litros de água pluvial pode ser armazenado em uma cisterna. 
Um reservatório enterrado é o mais recomendado para a coleta de água da chuva 
proveniente da drenagem no solo, entretanto, devido ao fato do custo de instalação ser maior 
do que de um reservatório vertical, salienta-se que a necessidade de instalação de bombas a fim 
de impulsionar a água verticalmente pode ser necessária na construção de uma cisterna elevada, 
portanto um orçamento completo é recomendado a fim de estabelecer-se a forma mais acessível 
ao projeto. 
48 
 
 
 
 
Figura 25 – Representação de cisternas subterrâneas 
 
Fonte: Geoplast (2010) 
 
 
Manutenções periódicas também devem ser realizadas no sistema de aproveitamento de 
água da chuva e suas frequências podem ser consultadas na Tabela 8. 
 
Tabela 8 – Frequência de manutenção dos elementos de coleta de água pluvial 
 
Componente Frequência de manutenção 
Dispositivo de descarte de detritos 
Inspeção mensal 
Limpeza trimestral 
Dispositivo de descarte do escoamento inicial Limpeza mensal 
Calhas, condutores verticais e horizontais Semestral 
Dispositivos de desinfecção Mensal 
Bombas Mensal 
Reservatório Limpeza e desinfecção anual 
Fonte: NBR 15527 (2007) 
 
 
Além da utilização das águas pluviais para lavagem, existe também a possibilidade de 
utilizar a água infiltrada pelo concreto permeável para geração de energia. Desta forma, a água 
seria captada pelo pavimento e transportada por tubulações até uma espécie de hidrelétrica, 
onde o potencial hidráulico fornecido pelas águas é convertido em energia 
49 
 
 
 
 
mecânica, permitindo o movimento de turbinas que posteriormente convertem esta energia 
mecânica em energia elétrica, proveniente de um gerador. 
Devido ao fato das águas necessitarem de uma elevada força e velocidade para que essa 
conversão de energias aconteça, este projeto é restrito somente às regiões com altos índices 
pluviométricos e cuja área da superfície de coleta de água seja grande o suficiente para 
representarem alguma significância na geração de energia. Assim, deve-se ressaltar que é de 
suma importância que o projetista tenha conhecimento do local de instalação do pavimento 
permeável e a real importância da utilização da água coletada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
 
 
6 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
Feita uma detalhada análise do conceito e das características do concreto permeável, 
juntamente com as justificativas de caráteres sustentáveis e urbanas que levaram ao estudo da 
aplicabilidade deste componente no âmbito da construção civil, pode-se formular uma 
conclusão coerente a respeito do tema estudado. 
A análise dos conteúdos abordados nos capítulos anteriores nos permite conhecer o 
impacto da adoção deste tipo de concreto assim como o correto meio de executar tal adoção, 
segundo estudos realizados por pesquisadores e profissionais da área em referência. 
Desta forma, com o estudo realizado acerca dos pavimentos permeáveis, iniciou-se uma 
análise mais aprofundada nos tipos existentes desta tecnologia, abordando as características dos 
tipos de drenagem que ela oferece, assim como o estudo do dimensionamento das camadas e 
dos aparatos de transportes ou de reservatórios que compõe o sistema, a execução da 
implementação de acordo com cada tipo de requisito de projeto, e por fim a manutenção e a 
conservação que devem ser levadas em consideração para os sistemas adotados na obra. 
Posteriormente, foram analisadas as possibilidades de reaproveitamento das águas, 
assim como a correta forma que elas devem ser tratadas antes de sua reutilização. A necessidade 
postulada pelo projeto em relação ao uso da água também é levado em consideração, uma vez 
que existem restrições quanto ao local de instalação e a finalidade desempenhada pela coleta 
das águas pluviais. 
51 
 
 
 
 
7 CONCLUSÃO 
 
 
Serão abordadas neste capítulo as conclusões finais obtidas neste trabalho, que faz 
referência ao estudo e análise da tecnologia construtiva do concreto permeável, apresentando 
seu conceito, história e função, e avaliando sua adequabilidade ao ser instalada como aparato 
de auxílio à drenagem em ambientes urbanos. 
 
Pode-se extrair as seguintes conclusões do capítulo 4.2, que trata da caracterização do 
concreto permeável: 
 Existem lugares específicos onde o emprego do pavimento permeável pode ser 
adotado, majoritariamente em locais que não requerem uma grande resistência 
às solicitações de cargas. Infere-se também que um pavimento construído como 
blocos intertravados tende a possuir uma resistência maior do que um 
pavimento construído com revestimento de concreto poroso; 
 As vantagens que um sistema de drenagem feito com o auxílio de uma 
pavimentação permeável são de interesse tanto urbano quanto ambiental, 
tornando-se uma solução para o desafio que grandes cidades enfrentam 
atualmente em relação às camadas impermeabilizantes; 
 Como este modo construtivo ainda não é muito popular no Brasil, seu preço 
tende a ser mais elevado se comparado aos modos construtivos convencionais. 
 
Entretanto, do capítulo 4.1, onde a história do concreto permeável é abordada, pode-se 
concluir que: 
 Devido principalmente ao fácil acesso de informação presente em países 
estrangeiros onde o emprego desta tecnologia é realizado em larga escala, 
acredita-se que caso uma maior divulgação da ciência seja feita no Brasil, uma 
acessibilidade maior a este tipo de drenagem poderá vir a ser empregada 
também em larga escala, criando uma gama maior de fornecedores e tornando 
o uso do concreto permeável comum à maioria das construções. 
 
Do capítulo 4.5, onde a manutenção do concreto permeável é apresentada, concluem- 
se os seguintes itens: 
52 
 
 
 
 
 Existem diversas formas para manter o bom funcionamento de um pavimento 
permeável para até 20 anos de uso; 
 Apesar dos problemas de entupimentos serem resolvidos através da aplicação 
de algumas técnicas de manutenção, os comportamentos de força e durabilidade 
ainda se encontram comprometidos neste tipo de concreto, uma vez que se preza 
mais pela infiltração daágua em seu corpo do que sua resistência em si. 
 
Pelo capítulo 5, que trata das possibilidades de reutilização da água da chuva, inferem- 
se as seguintes conclusões: 
 Majoritariamente, dois tipos de finalidades para o reuso das águas pluviais 
podem ser consideradas: lavagem de superfícies domésticas e geração de 
energia; 
 Para a geração de energia, alguns critérios devem fazer coerência a fim de se 
realizar uma obra viável e funcional. Devido ao fato destes critérios 
apresentarem certo nível de dificuldade, ainda mais dentro da questão do 
cenário brasileiro, obras com este tipo de função tendem a possuir uma 
ocorrência muito pequena. 
 
Por fim, através da análise integral do estudo realizado, os seguintes pontos permitem serem 
levantados: 
 A drenabilidade fornecida pelo uso do concreto permeável fornece a solução 
aos grandes problemas urbanos relacionados à drenagem. Além do mais, sua 
composição permite que seja feita uma reciclagem total de seus componentes, 
tornando-o um material de extrema importância para um desenvolvimento 
sustentável de uma cidade. 
 Independente do valor de custo estabelecido para a implantação de um 
pavimento permeável, o uso deste aparato poderia contribuir de forma 
significativa ao auxílio de uma construção sustentável, fato que deve ser 
divulgado pela mídia e incentivado pelo governo. 
53 
 
 
 
 
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