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O que é? A leucemia representa um grupo de neoplasias malignas que causa o acúmulo de células doentes na medula óssea, substituindo as saudáveis. Ela se inicia na medula-óssea, local onde as células sanguíneas são produzidas, e podem invadir outros órgãos através do sangue periférico. Pode ser classi�cada por dois aspectos: a linhagem acometida, linfocítica ou mieloide; e se o acometimento foi em células jovens ou maduras, aguda ou crônica. A linfocítica é proveniente das células de origem linfoide, linfócitos T e B e célula NK; já a mieloide, das células da linhagem mieloide, monócitos, macrófagos, neutró�los, basó�los, eosinó�los, eritrócitos, plaquetas e células dendríticas. A leucemia aguda atinge as células jovens, ou seja, os blastos, tendo uma instalação mais rápida, uma proliferação acelerada sem diferenciação, enquanto a crônica afeta as células maduras, se instalando de maneira mais insidiosa. Como acontece? Cada tipo de leucemia vai acontecer de uma maneira diferente. A leucemia mieloide aguda acontece por uma proliferação anormal de progenitores hematopoiéticos, que são incapazes de amadurecer e responder aos reguladores da proliferação e morte celular. A leucemia mieloide crônica, por sua vez, é caracterizada pela presença do cromossomo Filadél�a, que gera um gene anormal. Esse produz uma proteína com alta atividade tirocinocinase que regula a proliferação UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA Leucemia https://sanarmed.com/ celular. Essa proteína é considerada leucêmica, haja vista que controla processos de apoptose, proliferação e aderência, fazendo com que as células hematopoiéticas se multipliquem excessivamente. A linfocítica aguda resulta da proliferação clonal de precursores linfoides na medula óssea. O blasto vai adquirir várias características que o impede de amadurecer e começa a se multiplicar dentro da medula, fazendo com que a quantidade de células saudáveis reduza dentro desse espaço, predominando apenas a célula mutada. A linfocítica crônica tem origem nas células maduras. Um linfócito maduro sofre uma mutação e se torna uma célula neoplásica, começa a se multiplicar de maneira exacerbada e passa a in�ltrar outras partes do corpo, como órgãos linfoides. Fisiologia Com a proliferação acelerada dessas células neoplásicas, haverá um acúmulo delas na medula óssea, ocasionando perda da função medular. A partir dessa perda de função, começam os sintomas, que estão totalmente relacionados a essa disfunção, como trombocitopenia, anemia e plaquetopenia. Fatores de Risco Nas leucemias agudas, os fatores de risco podem ser herdados ou ambientais. Os herdados incluem síndrome de Down, síndrome de Klinefelter, anemia de Fanconi. Já os fatores ambientais podem ser causados por agentes químicos, quimioterápicos, radiação, vírus (ex.: EBV, HTLV), bactérias e protozoários. Classificações: Leucemia mieloide aguda: É o tipo mais comum de leucemias em adultos e tem o pico de incidência em pessoas de 60 anos. Os sintomas são decorrentes da falha da hematopoiese e da in�ltração dos tecidos por células leucêmicas. Dentre eles, estão a fadiga, palidez, fraqueza, infecções, hemorragias, cefaleia, hepatomegalia e esplenomegalia. No hemograma do paciente, encontramos contagem alta de leucócitos, >100.000, além de plaquetopenia, anemia e diminuição na quantidade de células de outras linhagens. A detecção de pelo menos 20% de blastos leucêmicos em aspirado de medula óssea (MO) ou em sangue periférico (SP) é necessária para o diagnóstico de�nitivo. O diagnóstico é realizado através dos achados clínicos, hemograma e mielograma. Esse último é importante para fechar o diagnóstico. Leucemia mieloide crônica: Ocorre mais entre a 5ª e 6ª décadas de vida. Ela pode ser dividida em fases, crônica, acelerada e crise blástica. A crônica é caracterizada por poucos sintomas e dura entre 3 a 5 anos, e as manifestações incluem fadiga, perda de peso, sudorese, febre e palidez. No sangue periférico, a característica é leucocitose, >25.000, presença de granulócitos em todas as fases de maturação, baso�lia e eosino�lia podem estar presentes, e o número de blastos é inferior a 10%. Já a acelerada possui mais sintomas e dura alguns meses. Nela ocorre o aumento da esplenomegalia, baso�lia e número de células blásticas, trombocitose, trombocitopenia, mielo�brose e evolução clonal citogenética. É comum a presença de febre, sudorese noturna, perda de peso e dores ósseas. A crise blástica, por sua vez, é frequentemente fatal. O que acontece é que o número de células blásticas é maior que 20% na medula óssea ou no sangue periférico, e alguns dos sintomas incluem febre, sudorese noturna, anorexia, perda de peso e dores ósseas. O diagnóstico se dá por leucocitose neutrofílica, células mieloides e baso�lia. Leucemia linfocítica aguda: Possui um pico de incidência na infância, entre 2 e 5 anos, e outro por volta de 30-40 anos. Os sintomas incluem palidez, cansaço, fraqueza, febre, sudorese noturna, artralgia e dor óssea, cefaleia, massa mediastinal. No hemograma, encontra-se leucocitose com presença de blastos – leucopenia e trombocitopenia podem estar presentes; já no mielograma, há a presença de mais de 20% de blastos. O diagnóstico é feito pelo exame de sangue periférico e esfregaços da medula óssea. Leucemia linfocítica crônica: É caracterizada por acometer mais idosos, geralmente 60-75 anos. Na maioria dos casos, o linfócito acometido é o B, ele sofre uma mutação e se torna uma célula neoplásica, começando a se multiplicar, mas, como toda leucemia crônica, o processo é lento e gradual. Frequentemente, o linfócito B é o acometido, responsável pela produção de anticorpos, e o paciente pode ter manifestações autoimunes. Os sintomas são parecidos com o das outras leucemias, como fraqueza e cansaço, mas é comum os pacientes serem assintomáticos. A evolução é lenta com adenopatia periférica e linfocitose persistente. Tratamento O tratamento vai depender do estágio da doença em que o paciente se encontra e o tipo de leucemia. Tem como objetivo destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte a produzir células saudáveis. As leucemias agudas são tratadas por quimioterapia, controle de complicações infecciosas e hemorrágicas. A depender do caso, pode ser indicado um transplante de medula óssea. A LLA tem seu tratamento composto por três fases: indução de remissão, consolidação e manutenção. Na consolidação, o tratamento é feito com quimioterápicos não empregados anteriormente; já na manutenção, o tratamento é menos intenso e mais contínuo. Na LMA, o principal é feito com quimioterapia, que pode ser seguida de um transplante de células tronco. Outras alternativas, como radioterapia e cirurgia, também podem ser utilizadas a depender da circunstância. O tratamento da LMC não é feito com quimioterapia, já que é decorrente do surgimento de um gene anormal, e sim com um medicamento oral inibidor de tirosina quinase. É considerado “alvo especí�co”, já que vai inibir a multiplicação das células cancerosas. Se houver falha no tratamento, pode ser necessário o início da quimioterapia ou um transplante de medula. Na LLC, agentes quimioterápicos, imunológicos e agentes orais podem ser utilizados no tratamento. A escolha vai depender das manifestações clínicas do paciente e o estágio da doença.