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Modificação do Crédito Tributário

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DIREITO TRIBUTÁRIO
MODIFICAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	3
2. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	4
2.1 MORATÓRIA	4
2.2 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL	6
2.3 RECLAMAÇÕES E RECURSOS ADMINISTRATIVOS	7
2.4 CONCESSÃO DE LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA	8
2.5 LIMINAR OU TUTELA ANTECIPADA EM OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO JUDICIAL	8
2.6 PARCELAMENTO	9
3. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	11
3.1 ISENÇÃO	11
3.2 ANISTIA	13
4. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	14
4.1 PAGAMENTO	15
4.1.1. PAGAMENTO INDEVIDO	16
4.2 COMPENSAÇÃO	17
4.3 TRANSAÇÃO	20
4.4 REMISSÃO	20
4.5 DECADÊNCIA	21
4.6 PRESCRIÇÃO	24
4.7 CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA	27
4.8 PAGAMENTO ANTECIPADO/HOMOLOGAÇÃO DO PAGAMENTO	28
4.9 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO	28
4.10 DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL	29
4.11 DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO	29
4.12 DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BENS IMÓVEIS	29
5. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO	30
5.1 PRIVILÉGIOS	32
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	33
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	34
ATUALIZADO EM 17/03/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
MODIFICAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
1. Introdução
Conforme já vimos na FUC 6, o crédito tributário torna-se exigível a partir do lançamento tributário, que é o ato administrativo pelo qual se dá exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a (quantum debeatur) e qualificando-a (an debeatur). Neste momento, a relação jurídico-tributária passa a ser vista pelo contribuinte como obrigação tributária e pelo Fisco como crédito tributário.
 Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.
 Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.
 Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.
#SELIGA:
- O crédito tributário decorre da obrigação principal;
- O crédito e a obrigação têm a mesma natureza na medida em que integram uma única relação jurídica;
- As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem;
- Somente lei complementar federal pode prever ou modificar o regime das causas de suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário;
- Qualquer hipótese de suspensão, exclusão ou extinção do crédito instituída de ofício pela autoridade administrativa enseja responsabilidade funcional.
Veremos agora todas as circunstâncias que interferem no regular exercício do direito que o Fisco tem de cobrar o devedor (alterações que o crédito tributário pode sofrer – as hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário – bem como as garantias e privilégios que sobre ele incidem).
2. Suspensão do crédito tributário
As causas de suspensão do crédito tributário estão disciplinadas nos artigos 151 a 155-A do Código Tributário Nacional, e possuem a função de interromper temporariamente o direito de o Fisco cobrar o devedor. 
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;             
VI – o parcelamento.                
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O simples ajuizamento de ação declaratória de inexigibilidade tributária não é suficiente para impedir a cobrança judicial do tributo que a Fazenda Pública entende devido. A sentença de procedência na ação declaratória de inexigibilidade tributária, por si só, também não é suficiente para impedir a cobrança do tributo. Por falta de previsão legal, a sentença favorável ao sujeito passivo impugnada por apelação da Fazenda Pública não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Isso porque a apelação, neste caso, é um recurso dotado de efeito suspensivo. Por outro lado, se a Fazenda Pública recorre e o Tribunal prolata acórdão confirmando a sentença favorável ao contribuinte, esta decisão produz efeitos desde logo, infirmando a certeza do correspondente crédito inscrito em dívida ativa e, por conseguinte, impedindo o ajuizamento da execução fiscal. Por fim, se o Fisco conseguir anular ou reformar esse acórdão do Tribunal de 2ª instância, ele volta a ter a possibilidade de cobrar o tributo. Depois de anulado ou reformado o aludido acórdão e, não ocorrendo nenhuma causa de suspensão de exigibilidade (art. 151 do CTN), o Fisco estará autorizado a fazer a cobrança do crédito tributário. Logo, com o trânsito em julgado desta decisão que anulou ou reformou o acórdão inicia-se a contagem da prescrição para o ajuizamento da execução fiscal. STJ. 1ª Turma. AREsp 1.280.342-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 15/10/2019 (Info 660).
2.1 Moratória
A moratória consiste na dilatação legal do prazo de pagamento. É concedida por meio de lei ordinária, permitindo ao sujeito passivo que pague em cota única o tributo, porém com vencimento prorrogado. Pode se apresentar em duas modalidades: moratória geral ou moratória individual.
a) Moratória geral: concedida por lei, sem a necessidade da participação da autoridade administrativa. Ou seja, é aquela outorgada por lei a todos os devedores descritos na hipótese concessiva, dispensando-se a necessidade de um ato administrativo que defira concretamente o favor a cada beneficiário.
b) Moratória individual: a autoridade administrativa concederá o benefício por despacho administrativo, desde que haja prévia autorização legal. Assim, para que a moratória específica produza o efeito de suspender a exigibilidade do crédito tributário, é necessária a ocorrência simultânea de dois requisitos: lei específica autorizando e despacho da autoridade administrativa.
Além disso, a moratória pode ser total ou parcial. Será total quando for concedida na totalidade do território da autoridade tributária. Será parcial quando concedida somente para parte do território.
Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:
I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior.
Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.
#SELIGA: O art. 152, I, b,do CTN autoriza que a União conceda moratória, em caráter geral, para tributos estaduais e municipais, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado. Segundo a doutrina majoritária, essa norma padece de inconstitucionalidade, na medida em que viola a autonomia das entidades federativas (art. 1º da Constituição Federal), implicando benefício fiscal concedido pela União em relação a tributo alheio.
#ATENÇÃO: A moratória apenas se aplica aos créditos tributários definitivamente constituídos e já lançados.
A moratória não gera direito adquirido, sendo passível de anulação ou cassação “sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor”.
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito.
No caso de beneficiário que aja de boa-fé, caberá apenas a cobrança do tributo acrescido de juros. Na hipótese de o beneficiário ter agido com dolo, deverá ser aplicada a penalidade (multa de ofício) e a suspensão do prazo de prescrição, além da imposição de pagamento do tributo e dos juros.
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo.
 Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele.
#OLHAOGANCHO: Em caso de inadimplemento do crédito tributário, os juros de mora deverão incidir sobre a totalidade da dívida, ou seja, sobre o tributo acrescido da multa fiscal punitiva, a qual também integra o crédito tributário. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1335688-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012.
2.2 Depósito do montante integral
O depósito integral é um direito do contribuinte, que o utiliza visando à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Entende-se por “integral” o depósito realizado em dinheiro, que engloba o tributo acrescido de juros e multas (devendo sempre corresponder ao valor exigido pela Fazenda Pública, ainda que o contribuinte entenda ser outro o valor devido).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 112 do STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.
Conforme já assentado pelo STF, a lei não pode condicionar a propositura de ação judicial ou a interposição e recurso à efetivação de depósito, exigência que viola a garantia do livre acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF) e o princípio da igualdade tributária (art. 150, II, da CF).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Assim, a realização de depósito integral é sempre uma faculdade em favor do contribuinte, nunca podendo constituir uma condição para recorrer ou acionar o Judiciário. É, pois, um direito subjetivo do contribuinte.
*#ATENÇÃO:
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É cabível a suspensão da exigibilidade do crédito não tributário a partir da apresentação da fiança bancária ou do seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. STJ. 1ª Turma. REsp 1.381.254-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/06/2019 (Info 652).
2.3 Reclamações e recursos administrativos
As reclamações e os recursos administrativos representam, em geral, o primeiro passo antes da via judicial, trazendo a vantagem de não imporem ao litigante a incidência das custas judiciais. Materializam o exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório também na via administrativa, já que o contribuinte poderá impugnar o lançamento efetuado pela Fazenda Pública.
Enquanto perdurar a lide no âmbito administrativo, a exigibilidade do crédito tributário permanecerá suspensa, e o contribuinte poderá obter uma certidão positiva com efeito de certidão negativa, conforme o art. 206 do CTN.
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Assim, pode-se afirmar que toda relação e todo recurso no âmbito do processo administrativo fiscal possuem efeito suspensivo e impedem que a Fazenda Pública cobre o crédito tributário do contribuinte, até que sobrevenha a decisão definitiva no processo.
Essa regra visa impedir o chamado “pague e depois reclama” – ou cláusula SOLVE ET REPETE – segundo o qual, mesmo discordando de um valor, o contribuinte deve efetuar o pagamento e, somente depois, se insurgir contra a cobrança e requerer a devolução do valor pago.
#DEOLHONAJURIS: A reclamação administrativa interposta contra ato de exclusão do contribuinte do parcelamento NÃO é capaz de suspender a exigibilidade do crédito tributário, sendo inaplicável o disposto no art. 151, III, do CTN. Isso porque as reclamações e recursos previstos nesse dispositivo legal são aqueles que discutem o próprio lançamento tributário, ou seja, a exigibilidade do crédito tributário. Sendo a reclamação proposta contra o ato que exclui o contribuinte do parcelamento, essa reclamação está questionando a exclusão em si (e não o lançamento tributário). Logo, não suspende a exigibilidade do crédito. STJ. 2ª Turma. REsp 1372368-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 5/5/2015 (Info 561).
2.4 Concessão de liminar em Mandado de Segurança
A concessão de liminar em mandado de segurança, ao lado da concessão de tutela antecipada, é uma forma de suspensão do crédito tributário oriunda de um ato judicial.
O mandado de segurança designa ação judicial própria à defesa de direito líquido e certo (provado de plano), e violado – ou na iminência de o ser – por ato abusivo de uma autoridade que age com coação (autoridade coatora). Trata-se de ação de rito mandamental com a possibilidade de conferir ao impetrante da ordem uma decisão initio litis, que suspende a exigibilidade do crédito tributário, ou seja, a liminar.
O ajuizamento do mandado de segurança, com vistas à obtenção da medida liminar, pode se dar antes da ocorrência do lançamento. Trata-se do chamado “mandado de segurança preventivo”. Nesse caso, o juiz, ao conceder a liminar, apenas impedirá que o crédito tributário seja coercitivamente exigido, determinando a suspensão de sua exigibilidade, embora sem a constituição pelo lançamento (ocorre a chamada “antecipação dos efeitos da suspensão da exigibilidade do crédito tributário”).
#ATENÇÃO: De acordo com jurisprudência consolidada no STJ, a concessão de liminar ou tutela antecipada suspende a cobrança, mas não impede o Fisco de realizar o lançamento visando prevenir a decadência, hipótese em que a Fazenda Pública deve aguardar o desfecho da ação para fazer a cobrança (STJ, REsp 575991).
#DEOLHONAJURIS: O contribuinte pode, após o vencimento de sua obrigação e antes da execução fiscal, garantir o juízo de forma antecipada mediante o oferecimento de fiança bancária, a fim de obter certidão positiva com efeitos de negativa. De fato, a prestaçãode caução mediante o oferecimento de fiança bancária, ainda que no montante integral do valor devido, não se encontra encartada nas hipóteses elencadas no art. 151 do CTN, não suspendendo a exigibilidade do crédito tributário. Entretanto, tem o efeito de garantir o débito exequendo em equiparação ou antecipação à penhora, permitindo-se, neste caso, a expedição de certidão positiva com efeitos de negativa. STJ. 1ª Turma. AgRg no Ag 1185481-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/10/2013 (Info 532).
2.5 Liminar ou tutela antecipada em outras espécies de ação judicial
Conforme ensina Ricardo Alexandre, a medida cautelar visa assegurar a eficácia do provimento judicial final, garantindo, assim, o resultado útil do processo (possui, pois, natureza conservativa). 
Já a tutela antecipada visa a satisfazer desde logo o direito afirmado, antecipando o gozo de algo que só seria concedido no momento de prolação da sentença (e, por isso, possui natureza satisfativa), apenas com a ressalva de que a decisão vem em caráter provisório, e não definitivo.
#OLHAOGANCHO: Medida cautelar fiscal (Lei 8.397/1992).
Para determinadas situações em que o Fisco verifique risco de tornar-se ineficaz a execução fiscal, a legislação brasileira prevê a ação ou medida cautelar fiscal (que não se confunde com as cautelares extintas pelo CPC de 2015). Esta espécie, que tem previsão em legislação própria, visa obter a indisponibilidade patrimonial dos devedores para com o Fisco até o limite do valor exigido, frustrando com isso a tentativa de ser lesado o Estado, tanto na fase administrativa como na judicial de cobrança.
2.6 Parcelamento
O parcelamento se caracteriza pelo ato do contribuinte, após requerimento à autoridade administrativa, de conduzir recursos de forma não integral ao Fisco. A providência gera a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. O parcelamento reveste-se da natureza de uma moratória, pois os pagamentos se dão após o vencimento dos créditos tributários, em geral de forma mensal durante longo período de tempo.
A concessão de parcelamento depende de lei específica da pessoa política competente para criar o tributo, lei esta que deverá estabelecer as condições de adesão, os prazos e o número máximo de parcelas em que a dívida pode ser dividida.
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.            (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória.           (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial.            (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
 § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.              (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
*(Atualizado em 17/03/2022) #DEOLHONASÚMULA Súmula 653-STJ: O pedido de parcelamento fiscal, ainda que indeferido, interrompe o prazo prescricional, pois caracteriza confissão extrajudicial do débito. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 02/12/2021, DJe 06/12/2021.
#DEOLHONAJURIS: 
*#STJ: Incidem juros moratórios no período entre o requerimento de adesão e a consolidação do débito a ser objeto do parcelamento tributário instituído pela Lei nº 11.941/2009. STJ. 1ª Turma. REsp 1.523.555-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 13/08/2019 (Info 656).
O contribuinte pode optar pelo parcelamento de débitos considerados isoladamente, nos termos do art. 1º, § 2º, da Lei nº 11.941/2009, ainda que relativos a uma mesma Certidão da Dívida Ativa, não sendo possível o parcelamento de uma fração de competência ou período de apuração. STJ. 1ª Turma. REsp 1382317-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2017 (Info 617).
A suspensão da lei que autoriza o pagamento em prestações do débito tributário, por força de medida liminar deferida em ação direta de inconstitucionalidade, implica o imediato indeferimento do pedido de parcelamento; a inércia da Fazenda Pública em examinar esse requerimento, por mais de cinco anos, acarreta a prescrição do crédito tributário. STJ. 1ª Turma. REsp 1389795-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 5/12/2013 (Info 534).
*(Atualizado em 06/01/2021): É inconstitucional o art. 1º da Resolução 20/2001 do Comitê Gestor do Programa de Recuperação Fiscal (CG/Refis), no que suprimiu a notificação da pessoa jurídica optante do Refis, prévia ao ato de exclusão. STF. Plenário. RE 669196/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 668) (Info 996).
O contribuinte não pode, com fundamento no art. 5º, III, da Lei 9.964/2000, ser excluído do Programa de Recuperação Fiscal (REFIS) em razão de, por erro, ter indicado valores a menor para as operações já incluídas em sua confissão de débitos. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 228080-MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 5/11/2013 (Info 533).
É possível excluir o contribuinte do REFIS, com fulcro no art. 5º, II, da Lei 9.964/2000 (inadimplência) caso ele esteja pagando prestações mensais ínfimas se comparadas ao valor total do débito. Isso porque, nesse caso, fica demonstrada a ineficácia do parcelamento para a quitação da dívida. Desse modo, o STJ entende que é válida a “tese da parcela ínfima” para excluir o contribuinte do REFIS. STJ. 2ª Turma. REsp 1447131-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 20/5/2014 (Info 542).
São constitucionais os arts. 10 e 11, I, segunda parte, da Lei nº 11.941/2009, que não exigem a apresentação de garantia ou arrolamento de bens para o parcelamento de débito tributário, embora autorizem, nos casos de execução fiscal já ajuizada, a manutenção da penhora efetivada. STJ. Corte Especial. AI no REsp 1266318-RN, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sidnei Beneti, julgado em 6/11/2013 (Info 532).
Mesmo que a pessoa faça a adesão ao REFIS, os seus bens que estavam penhorados na execução fiscal continuam penhorados. Para ter direito de aderir ao REFIS, a pessoa deverá oferecer uma garantia à União, salvo se o crédito já estiver garantido em medida cautelar fiscal ou execução fiscal. Diante da conjugação dessas duas regras acima, conclui-se que: Excetuadas as hipóteses em que o crédito está garantido em medida cautelar fiscal ou execução fiscal, a homologação da opção pelo REFIS está sujeita à prestação de garantia ou arrolamento. STJ. 1ª Seção.EREsp 134584-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/4/2017 (Info 603).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ É ilegal a cobrança de juros de mora sobre as multas de mora e de ofício perdoadas no pagamento à vista do débito fiscal de acordo com o art. 1º, § 3º, inciso I da Lei nº 11.941/2009. O art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei nº 11.941/2009 expressamente dispõe que o contribuinte optante pelo pagamento à vista do débito fiscal será beneficiado com redução de 100% do valor das multas moratória e de ofício. A fim de estimular a quitação da dívida de uma só vez (“à vista”), o legislador optou por elidir, de imediato, o ônus da multa que recairia sobre o contribuinte, antes da composição final do débito. Procedimento inverso, consistente na apuração do montante total da dívida, mediante o somatório do valor principal com o das multas para, só então, implementar a redução do percentual, redundaria, ao final, em juros de mora indevidamente embutidos, subvertendo-se o propósito desonerador da lei, em especial se considerada a opção pelo pagamento à vista. Em outras palavras, tal entender conduziria à exigência de juros moratórios sobre multas totalmente perdoadas, o que se revela desarrazoado. Assim, é ilegal oart. 16, caput, da Portaria Conjunta PGFN/SRF nº 6/2009, que determina a incidência dos juros de mora, no pagamento à vista do débito, sobre o somatório do valor principal com as multas moratória e de ofício. STJ. 1ª Turma. REsp 1.573.873-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 25/04/2019 (Info 647).
3. Exclusão do crédito tributário
Excluir o crédito tributário significa impedir a sua constituição, conforme leciona Ricardo Alexandre. Significa afirmar que, embora tenha ocorrido o fato gerador e o consequente surgimento da obrigação tributária, não haverá o lançamento e a constituição do crédito.
#ATENÇÃO: As hipóteses de exclusão impedem a própria constituição do crédito tributário.
Art. 175. Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.
3.1 Isenção
A isenção exclui o crédito tributário referente aos TRIBUTOS. Consiste, conforme doutrina majoritária – encampada pelo entendimento dos tribunais superiores –, em dispensa legal de pagamento do tributo devido.
#ATENÇÃO: A isenção não se confunde com a imunidade: esta tem respaldo constitucional; a isenção, legal.
O contribuinte isento continuará obrigado às prestações positivas ou negativas que não correspondam ao pagamento de tributo (obrigações acessórias). 
As isenções poderão ser revogadas a qualquer tempo, com exceção das isenções onerosas, uma vez que estas proporcionam direito adquirido, conforme entendimento do STF (RE 169.880/SP-1996).
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
 Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.
Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:
I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.                  
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 544 STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.
#DEOLHONAJURIS: A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária? 
• SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade tributária. Precedente da 1ª Turma do STF. STF.1ª Turma. RE-AgR 1.053.254, Rel. Min. Roberto Barroso, DJE 13/11/2018. 
• NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à política econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está adstrita à observância das regras de anterioridade tributária. Precedente da 2ª Turma do STF. STF. 1ª Turma. RE 564225 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/9/2014 (Info 757). STF. 2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 08/05/2012.
O art. 176, parágrafo único, do CTN afirma que “a isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares”. Segundo a doutrina, essa norma deve ser interpretada em conjunto com o princípio da uniformidade geográfica, que veda tratamento diferenciado a partes do território da Pessoa Federativa, a não ser que tenha o objetivo de incentivar o desenvolvimento social e econômico da região (art. 151, I, da CF).
Em regra, a isenção somente pode ser concedida pelo ente federativo competente para criar o tributo.
#OLHAOGANCHO: O art. 151, III, da Constituição Federal proíbe que a União institua as chamadas isenções heterônomas (referentes a tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios).
#DEOLHONAEXCEÇÃO: ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ART. 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 98 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O art. 98 do Código Tributário Nacional “possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios” (voto do eminente Min. Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, §2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido” – RE 229096-RS, rel. Ilmar Galvão, j. 16-8-2007, Tribunal Pleno.
Da mesma forma como ocorre com a moratória, se a isenção for não geral, deve ser efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento do interessado no qual faça prova do preenchimento das condições e dos requisitos previstos em lei ou no contrato para sua concessão.
3.2 Anistia
Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.
 Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.
A anistia exclui o crédito tributário com relação às penalidades pecuniárias. Consiste no perdão legal de infrações, cuja consequência é o impedimento do lançamento das respectivas penalidades pecuniárias do contribuinte. 
Existem dois marcos temporais que delimitam a concessão de anistia, que deve ocorrer (i) após o cometimento da infração, sob pena de funcionar como verdadeiro incentivo à prática de ilícitos tributários (ou seja, opera efeitos retrospectivos); e (ii) antes do lançamento da penalidade, pois se o crédito tributário já estiver constituído, proceder-se-á à sua EXTINÇÃO por meio da REMISSÃO.
O contribuinte anistiado continuará obrigado às prestações positivas ou negativas que não correspondam ao pagamento de tributo (isto é, as obrigações acessórias), além de satisfazer o valor principal do crédito exigido, uma vez que o benefício é somente para multas.
A anistia pode ser geral ou limitada, não gera direito adquirido e poderá ser anulada se não houver a satisfação das condições, não se computando, para efeitos de prescrição, o tempo decorrido entre a concessão da anistia e a sua revogação, caso tenha havido dolo, fraude ou simulação.
Assim como ocorre nos casos de moratória e isenção, se a anistia não for concedida em caráter geral deve ser efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento do interessado no qualfaça prova do preenchimento das condições e dos requisitos previstos para sua concessão.
4. Extinção do crédito tributário
O art. 156 do CTN arrola as causas extintivas do crédito tributário:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.              (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)         (Vide Lei nº 13.259, de 2016)
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.
4.1 Pagamento
É a modalidade direta de extinção do crédito tributário. Segundo o CTN, eventual sanção imposta ao contribuinte não possui caráter substitutivo do valor principal, passando a existir simultaneamente os deveres decorrentes da penalidade e o crédito tributário principal.
 Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário.
O pagamento de um crédito não importa na extinção:
a) quando parcial, das prestações em que se decomponha;
b) quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.
Em princípio, as obrigações tributárias são de natureza quesível, e não portável, na medida em que seu cumprimento se realiza no domicílio do devedor.
#TÁNALEI:
1) A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente;
2) O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado;
3) O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela;
4) A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito à restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa;
5) O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha.
Em direito tributário, os efeitos da mora são automáticos (mora ex re), não sendo necessário ao credor tomar qualquer providência para constituir em mora o devedor.
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.
#SELIGA: Correção monetária é a atualização de um valor em face de um fenômeno inflacionário. Juro é o preço pelo uso do dinheiro alheio. Multa de mora é a sanção pelo atraso no adimplemento da obrigação. 
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 523 STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer outros índices.
4.1.1. Pagamento indevido
Havendo pagamento a maior ou realizado indevidamente, como nos casos de erro na identificação do sujeito passivo ou de falha na determinação da alíquota aplicável, o devedor tem direito à restituição integral dos valores pagos, desde que o faça dentro do prazo de cinco anos.
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.
Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.
 Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar.
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;            (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005)
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 546 STF: Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte “de jure” não recuperou do contribuinte “de facto” o quantum respectivo.
Havendo pagamento a maior ou indevido, existem os seguintes caminhos para o contribuinte recompor o prejuízo: pedido administrativo de restituição; ação de repetição de indébito; requerimento administrativo de compensação; ação ordinária com pedido de compensação.
Se o contribuinte optar pelo pedido administrativo de repetição, o prazo tem natureza decadencial. Preferindo a via judicial, o prazo será de prescrição. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Tal prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada. A regra trata da prescrição intercorrente, que se terá por verificada caso o processo judicial não venha a ser concluído no prazo legalmente fixado.
#OLHAOGANCHO #DEOLHONASÚMULA:
Súmula 383 STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
Se a interrupção ocorrer na segunda metade do prazo de dois anos previsto, o prazo voltará a fluir por mais um ano (houve ampliação de prazo). Já se a interrupção ocorrer na primeira metade do prazo original, não poderá se imaginar que o prazo recomeçará seu curso pela metade, pois haveria prejuízo ao interessado.
4.2 Compensação
A compensação tributária representa uma forma indireta (por via de lei) de extinção do crédito tributário, realizada pelo encontro de contas de créditos e débitos.
A compensação não pode ser realizada por mera iniciativa do contribuinte, pois depende de lei que a autorize. Mais especificamente, de uma autorização do Poder Executivo (com apoio naquela lei para sua aplicação).Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.            (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)
 Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.
Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.  (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
O art. 170-A do CTN apenas é aplicável aos casos em que o contribuinte já realizou o pagamento de determinado tributo, que entende indevido pela invalidade da lei que o instituiu. Por isso, a compensação neste caso é vedada.
A compensação tributária por intermédio do Poder Judiciário não é permitida em sede liminar ou tutela antecipada, dependendo sempre de sentença (art. 7º, §§ 2º e 5º, da Lei n. 12.016/2009).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 212 STJ:  compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória (CANCELADA – Info. 749, STJ). 
Súmula 213 STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária.
Súmula 464 STJ: A regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do CCB/2002 não se aplica às hipóteses de compensação tributária.
Em direito civil, a compensação depende que as dívidas recíprocas sejam líquidas, quanto ao valor; certas, quanto à existência; vencidas, quanto à exigibilidade; e fungíveis, quanto ao objeto. Em direito tributário, o valor do crédito que o particular quer compensar com o crédito tributário deve ser líquido, certo e em dinheiro, e é possível a compensação de crédito VINCENDO.
Assim, o Código Tributário estabelece as três condições gerais para a compensação de tributos no Brasil: a) lei específica autorizando; b) liquidez e certeza dos créditos; c) identidade de partes (os dois créditos devem ser de tributos de competência da mesma Pessoa Política).
Muitas vezes, o sujeito passivo que pagou determinado valor a título de tributo e, posteriormente, veio a entendê-lo indevido, opta por pleitear judicialmente a compensação do valor pago com outros créditos tributários, em vez de buscar a restituição. O motivo é que a escolha pela restituição sujeitaria o interessado à sistemática dos precatórios. É facultado ao contribuinte optar pela compensação ou pela restituição via precatório.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 461 STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
#DEOLHONAJURIS: Tratando-se de Mandado de Segurança impetrado com vistas a declarar o direito à compensação tributária, em virtude do reconhecimento da ilegalidade ou inconstitucionalidade da exigência da exação, independentemente da apuração dos respectivos valores, é suficiente, para esse efeito, a comprovação de que o impetrante ocupa a posição de credor tributário, visto que os comprovantes de recolhimento indevido serão exigidos posteriormente, na esfera administrativa, quando o procedimento de compensação for submetido à verificação pelo Fisco. De outro lado, tratando-se de Mandado de Segurança com vistas a obter juízo específico sobre as parcelas a serem compensadas, com efetiva investigação da liquidez e certeza dos créditos, ou, ainda, na hipótese em que os efeitos da sentença supõem a efetiva homologação da compensação a ser realizada, o crédito do contribuinte depende de quantificação, de modo que a inexistência de comprovação cabal dos valores indevidamente recolhidos representa a ausência de prova pré-constituída indispensável à propositura da ação. STJ. 1ª Seção. REsp 1715256-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/02/2019 (recurso repetitivo) (Info 643).
*(Atualizado em 17/03/2022) Contribuinte pode impetrar mandado de segurança pedindo que se reconheça o direito à compensação de tributos indevidamente pagos nos 5 anos anteriores ao ajuizamento, sem que isso implique ofensa à Súmula 271 do STF.
A pretensão em mandado de segurança que visa exclusivamente à declaração do direito à compensação de eventuais indébitos recolhidos anteriormente à impetração, ainda não atingidos pela prescrição, não importa em produção de efeito patrimonial pretérito, aproveitando apenas o valor referente a indébitos recolhidos nos cinco anos anteriores ao manejo da ação mandamental.
Caso concreto: determinada Indústria forneceu a seus clientes diversas mercadorias a título de bonificações (brindes). Fisco cobrou ICMS em relação a essas mercadorias e a indústria pagou. Depois disso, a indústria impetrou mandado de segurança pedindo para que se reconheça que ela não deveria ter pagado ICMS sobre esses brindes e que se declare que ela tem direito de compensar o que pagou indevidamente nos últimos cinco anos. 
O simples fato de se declarar que o contribuinte tem direito à compensação tributária dos créditos referentes aos últimos cinco anos não significa concessão de efeitos patrimoniais pretéritos. A situação não se enquadra na Súmula 271 do STF porque pretende simplesmente a declaração em abstrato do direito de compensar (créditos de ICMS bonificação, não atingidos pela prescrição), para realizar o procedimento “futura e administrativamente”.
Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. STJ. 1ª Seção. EREsp 1770495-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/11/2021 (Info 717).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 625-STJ: O pedido administrativo de compensação ou de restituição não interrompe o prazo prescricional para a ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda Pública. 
#DEOLHONAJURIS: Os créditos tributários provenientes do Adicional de Indenização do Trabalhador Portuário Avulso - AITP, reconhecidos judicialmente, podem ser compensados com outros débitos tributários federais administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/96. STJ. 1ª Turma. REsp 1738282-ES, Rel. Min. Gurgel de Faria, Rel. Acd. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 21/06/2018 (Info 631).
O disposto no art. 170-A do CTN, que exige o trânsito em julgado para fins de compensação de crédito tributário, somente se aplica às demandas ajuizadas após a vigência da LC 104/2001, a qual acrescentou o referido artigo ao CTN. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1240038-PR, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 8/4/2014 (Info 541).
É possível que uma pessoa que tenha 500 mil reais de precatórios para receber de um estado-membro utilize esse crédito para compensar 500 mil reais que ele esteja devendo de tributos federais? NÃO. Não é possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas de tributos federais. A razão é muito simples: nessa hipótese, não há identidade entre devedor e credor. A pessoa é credora do estado-membro e devedora da União. Logo, a União nada tem a ver com esse crédito que a pessoa tem para receber. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 334227-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 6/8/2013 (Info 528).
4.3 Transação
A transação tributária representa o acordo ou as concessões recíprocas que encerram um litígio instalado, com reciprocidade de ônus e vantagens.
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção decrédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.
Como sempre ocorre em qualquer caso em que possa haver diminuição do patrimônio público, a transação somente pode ser celebrada com base em lei autorizativa editada pelo ente competente pela instituição do tributo de que se tratar.
*(Atualizado em 18/04/2020): #NOVIDADE Medida Provisória 899/2019 convertida na Lei nº 13.988/2020 – AJUDAMARCINHO[footnoteRef:2] [2: https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/lei-139882020-estabelece-os-requisitos.html] 
O que é transação?
Transação é um acordo entre duas partes que estão em posição contrária por meio do qual são feitas concessões mútuas (ou seja, cada um aceita abrir mão de parte daquilo que entende ter direito) e, com isso, concorda-se em evitar um litígio (transação preventiva) ou encerrar um que já exista (transação terminativa/resolutiva).
O Código Civil possui algumas regras sobre transação, valendo a pena destacar essas duas:
Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
Existe transação envolvendo créditos tributários? Um contribuinte que está devendo tributos poderá fazer uma transação com a Administração Tributária?
SIM. É possível. O CTN prevê que a transação é uma forma de extinção do crédito tributário:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
(...)
III - a transação;
Desse modo, o Fisco (credor) e o devedor tributário, mediante concessões mútuas, resolvem ceder parcela de suas obrigações e realizarem a quitação do tributo em atraso.
Como ocorre essa transação? O administrador público poderá livremente fazer a transação envolvendo créditos tributários?
NÃO. Para que seja possível a transação é necessário que o respectivo ente federativo edite uma lei disciplinando os requisitos e as condições para que isso ocorra:
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.
Ricardo Alexandre ressalta que, “em direito tributário, não existe a figura da transação preventiva. Seria bastante perigoso permitir concessões recíprocas entre a Administração Tributária e o particular, sem que houvesse algum processo instaurado.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 542).
O que faz a Lei nº 13.988/2020?
Estabelece os requisitos e as condições para que a União, as suas autarquias e fundações e os devedores ou as partes adversas realizem transação resolutiva de litígio, nos termos do art. 171 do CTN.
Art. 1º Esta Lei estabelece os requisitos e as condições para que a União, as suas autarquias e fundações, e os devedores ou as partes adversas realizem transação resolutiva de litígio relativo à cobrança de créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária.
A Lei nº 13.988/2020 disciplina a transação envolvendo Estados, Distrito Federal e Municípios?
NÃO. Isso porque cada ente federativo é quem deve editar a sua própria lei, não podendo ser uma lei nacional.
A União, as autarquias e fundações federais são obrigadas a realizar a transação?
NÃO. A realização ou não da transação é um juízo de oportunidade e conveniência.
O art. 1º, § 1º da Lei afirma que “a União, em juízo de oportunidade e conveniência, poderá celebrar transação em quaisquer das modalidades de que trata esta Lei, sempre que, motivadamente, entender que a medida atende ao interesse público.”
Apesar de o dispositivo falar apenas na “União”, as autarquias e fundações federais também realizam esse juízo de oportunidade e conveniência tendo em vista que estamos aqui tratando o princípio da supremacia do interesse público.
Princípios que deverão ser observados
Na regulamentação e aplicação da transação de que trata a Lei nº 13.988/2020 deverão ser observados, dentre outros, os princípios da:
• isonomia;
• capacidade contributiva;
• transparência;
• moralidade;
• razoável duração dos processos;
• eficiência;
• publicidade (resguardadas as informações protegidas por sigilo).
Divulgação na internet das transações realizadas
A observância do princípio da transparência será efetivada, entre outras ações, pela divulgação em meio eletrônico de todos os termos de transação celebrados, com informações que viabilizem o atendimento do princípio da isonomia, resguardadas as legalmente protegidas por sigilo.
Agentes públicos que participarem da transação, em regra, estão apenas cumprindo seu dever, não podendo ser responsabilizados
Segundo o art. 29 da Lei:
Art. 29. Os agentes públicos que participarem do processo de composição do conflito, judicial ou extrajudicialmente, com o objetivo de celebração de transação nos termos desta Lei somente poderão ser responsabilizados, inclusive perante os órgãos públicos de controle interno e externo, quando agirem com dolo ou fraude para obter vantagem indevida para si ou para outrem.
Débitos abrangidos
A transação prevista na Lei nº 13.988/2020 abrange os seguintes débitos tributários:
1) os créditos tributários ainda não judicializados que estejam sob a administração da Receita Federal;
2) a dívida ativa e aos tributos da União, cujas inscrição, cobrança e representação incumbam à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), nos termos do art. 12 da LC 73/93; e
3) no que couber, à dívida ativa das autarquias e das fundações públicas federais, cujas inscrição, cobrança e representação incumbam à Procuradoria-Geral Federal, e aos créditos cuja cobrança seja competência da Procuradoria-Geral da União, nos termos de ato do Advogado-Geral da União e sem prejuízo do disposto na Lei nº 9.469/97.
A transação de créditos de natureza tributária será realizada nos termos do art. 171 do CTN.
Modalidades de transação
Para os fins da Lei nº 13.988/2020, existem três modalidades de transação:
I - por proposta individual ou por adesão, na cobrança de créditos inscritos na dívida ativa da União, de suas autarquias e fundações públicas, ou na cobrança de créditos que seja competência da Procuradoria-Geral da União;
II - por adesão, nos demais casos de contencioso judicial ou administrativo tributário; e
III - por adesão, no contencioso tributário de pequeno valor.
A transação por adesão implica aceitação pelo devedor de todas as condições fixadas no edital que a propõe.
Transação que envolva moratória ou parcelamento
A transação pode acabar envolvendo também moratória ou parcelamento. Neste caso, a exigibilidade do crédito ficará suspensa, na forma do art. 151, I e VI do CTN:
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
(...)VI – o parcelamento.
Quando os créditos abrangidos pela transação são considerados extintos?
Os créditos abrangidos pela transação somente serão extintos quando integralmente cumpridas as condições previstas no respectivo termo.
Suspensão da possibilidade de nova transação
Aos contribuintes com transação rescindida é vedada, pelo prazo de 2 anos, contado da data de rescisão, a formalização de nova transação, ainda que relativa a débitos distintos.
Situações nas quais é vedada a transação
É vedada a transação que:
I - reduza multas de natureza penal;
II - envolva devedor contumaz, conforme definido em lei específica.
III - conceda descontos a créditos relativos ao Simples Nacional, enquanto não editada lei complementar autorizativa;
IV - conceda descontos a créditos relativos ao FGTS, enquanto não autorizado pelo seu Conselho Curador. Obs: se o Conselho Curador for rejeitar a transação, deverá fazer isso por meio de manifestação expressa e fundamentada, sem a qual será reputada a anuência tácita após decorrido prazo superior a 20 dias úteis da comunicação, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da abertura do edital para adesão ou da propostade transação individual.
É vedada a acumulação das reduções oferecidas pelo edital com quaisquer outras asseguradas na legislação em relação aos créditos abrangidos pela proposta de transação.
4.4 Remissão
A remissão tributária é o perdão da dívida pelo credor. Traduz-se na liberação graciosa (unilateral) da dívida pelo Fisco, e depende da existência de lei para sua aplicação.
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Somente se extingue o que já nasceu. Portanto, se o Estado quer perdoar infrações cujas respectivas multas não foram lançadas, deverá editar lei concedendo anistia, o que impedirá o lançamento e o consequente nascimento do crédito tributário. Se a multa foi lançada, já existindo crédito tributário, o perdão somente pode ser dado na forma de remissão, forma extintiva do crédito. Ou seja, se a lei foi editada em momento anterior ao lançamento das multas, impedindo autoridades fiscais de fazê-lo, estará concedendo ANISTIA. Se a lei foi editada após as autuações, de forma a perdoar multas já lançadas, trata-se de concessão de REMISSÃO.
4.5 Decadência
Decadência é a perda do direito de constituir o crédito tributário – ou seja, de lançá-lo – pelo decurso de certo prazo. Se o lançamento é condição de exigibilidade do crédito tributário, a falta desse ato implica a impossibilidade de o sujeito ativo cobrar o seu crédito. 
Por isso, operando-se a decadência do direito de o sujeito ativo lançar o tributo, nem sequer se deverá cogitar da prescrição, que só teria início com o lançamento.
Importante é mencionar algumas características da decadência: (a) atinge o direito subjetivo do sujeito ativo; (b) sempre decorre de lei; (c) aplicam-se, à decadência, os princípios da legalidade e da segurança jurídica; (d) só podemos falar em decadência, antes do lançamento; (e) em tese, se houver decadência, não haverá prescrição; (f) o tributo atingido pela decadência poderá ser restituído.
O art. 173, I, do CTN nos apresenta a regra geral da decadência:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
Dessa forma, qualquer lançamento realizável dentro de certo exercício (e que não seja efetivamente implementado nesse exercício) poderá ser efetuado em cinco anos após o próprio exercício em que se iniciou a possibilidade jurídica de realizá-lo.
Esse prazo se aplica aos lançamentos que devam ser implementados pelo sujeito ativo como condição de exigibilidade do tributo, ou seja, o lançamento de ofício e o lançamento por declaração. Vejam o exemplo: “Se cabível, no ano X, a consecução de lançamento de ofício (por ser essa a modalidade normal de lançamento do tributo, ou porque o sujeito passivo se tenha omitido no cumprimento do dever de declarar ou de pagar antes de qualquer exame do sujeito ativo), esse lançamento deve ser efetuado, sob pena de decadência, em cinco anos (ou seja, até o final do ano X+5). Da mesma forma, se foi apresentada a declaração exigida e a autoridade administrativa deixa de efetuar o lançamento no exercício em que poderia fazê-lo, o seu direito decai no referido prazo.”[footnoteRef:3] [3: Direito Tributário Brasileiro, Luciano Amaro.] 
Se o sujeito passivo antecipa o tributo, mas o faz em valor inferior ao devido, o prazo que flui é para a autoridade manifestar-se sobre se concorda ou não com o montante pago; se não concordar, deve lançar de ofício, desde que o faça antes do término do prazo cujo transcurso implica homologação tácita. Assim, o prazo após o qual se considera realizado tacitamente o lançamento por homologação, tem natureza decadencial, pois ele implica a perda do direito de a autoridade administrativa (recusando homologação) efetuar o lançamento de ofício.
O prazo, decorrido o qual se dá a homologação tácita, é, em regra, também de cinco anos contados, porém, do dia da ocorrência do fato gerador e não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que a autoridade poderia efetuar o lançamento de ofício.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Ou seja: no art. 173, I, encontramos a previsão do dies a quo como o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Neste caso, o lançamento poderá ser efetuado no próprio exercício em que ocorrer o fato gerador, garantindo prazo um pouco maior que aquele previsto no art. 150, § 4.º, do CTN, o que representa à Fazenda Pública uma maior possibilidade para lançar.
Já o art. 150, § 4º, do CTN prevê o marco inicial como a data do fato gerador. O transcurso in albis do quinquênio decadencial sem que haja conferência expressa, provocará a homologação tácita do lançamento, perdendo o Fisco o direito de lançar, de modo suplementar, uma eventual diferença. A aplicação do art. 150, § 4º, do CTN deverá ser ressalvada nas seguintes situações:
a) se a lei não fixar outro prazo para a homologação, o que só poderá fazê-lo para menos, conforme posição unânime da doutrina;
b) se houver prova da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, caso em que será aplicado o art. 173, I, do CTN.
#ATENÇÃO: Segundo entende o STJ, há aplicação exclusiva do art. 173, I, do CTN quando não há o pagamento do tributo; não há homologação a ser realizada, pois falta objeto ao lançamento por homologação.
Concluindo: para os lançamentos por homologação, será utilizado o art. 150, § 4º, do CTN, nos casos típicos de antecipação de pagamento, e o art. 173, I, do CTN, nos casos de ausência de antecipação.
Já o inciso II do art. 173 do CTN cuida da hipótese em que tenha sido efetuado um lançamento com vício de forma, e este venha a ser anulado por decisão definitiva, seja judicial, seja administrativa. Nesse caso, a autoridade administrativa tem novo prazo de cinco anos, contados da data em que se torne definitiva a referida decisão, para efetuar novo lançamento de forma correta.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.
#ATENÇÃO: O dispositivo se refere a vício formal, que é aquele inerente ao procedimento do lançamento, e não a vícios materiais, ou seja, aqueles intimamente ligados ao cerne da obrigação tributária (ex.: inexistência de fato gerador, a atribuição ilegal de responsabilidade etc.).
Finalmente, o parágrafo único do art. 173 do CTN prevê uma antecipação do termo inicial do prazo decadencial, ou seja, o dies a quo é deslocado, antecipadamente, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para a data da medida preparatória do lançamento. 
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o créditotributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: [...] Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 555-STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.
#DEOLHONAJURIS: Não é possível a constituição de crédito tributário com base em documento de confissão de dívida tributária apresentado, para fins de parcelamento, após o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. STJ. 1ª Seção. REsp 1355947–SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 12/6/2013 (recurso repetitivo) (Info 522).
4.6 Prescrição
Feito o lançamento, passa-se a cogitar outro prazo, que é o de prescrição da ação para cobrança do tributo lançado. Insere-se a prescrição no bojo do direito processual.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.
O STF adota o entendimento de que até o lançamento seria possível a ocorrência da decadência. A partir da última decisão administrativa da qual não coubesse mais recurso, com a constituição definitiva do crédito tributário, ter-se-ia o dies a quo para a contagem da prescrição. Tal entendimento é ratificado no STJ, e culminou com a edição do seguinte enunciado:
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 622-STJ: A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança judicial.
O termo a quo da prescrição decorre do momento em que o crédito tributário se torna indiscutível, ou seja, quando não se admitir qualquer recurso administrativo a seu respeito.
Conforme vimos, nos lançamentos por homologação, o contribuinte, antecipadamente ao fato gerador, entrega ao Fisco a declaração pertinente, contendo o valor do gravame a ser satisfeito. Tal declaração representa a constituição do débito por iniciativa do contribuinte. Nos casos em que o pagamento for suficiente e correto, ocorrerá a homologação tácita ou expressa, extinguindo definitivamente o crédito tributário, não se falando em prescrição, nem tampouco em decadência. Se o contribuinte não declara e, evidentemente, nada recolhe, não há constituição do crédito tributário, portanto não se cogitará da prescrição, sendo possível arguir a decadência.
Caso a declaração entregue contenha valor a menor, o Fisco, de ofício, procederá ao lançamento suplementar, no prazo decadencial convencional. Ao término deste prazo, inicia-se o período de prescrição para o ajuizamento da ação de execução fiscal.
A prescrição se interrompe pela citação pessoal feita ao devedor, pelo protesto judicial, por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor, e por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor, conforme prevê o art. 174, parágrafo único, do CTN. A interrupção implica o reinício da contagem do prazo, desprezando-se o já decorrido.
Art. 174. Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
#ATENÇÃO: Conforme entendimento do STJ, a consulta administrativa não interrompe a prescrição.
#DEOLHONAJURIS: A prescrição da ação de execução fiscal interrompe-se com o despacho do juiz que ordena a citação do executado. No entanto, esta interrupção retroage à data do ajuizamento da execução, considerando que o art. 174, parágrafo único, I, do CTN deve ser interpretado em conjunto com o art. 219, § 1º, do CPC/1973 (art. 240, § 1º do CPC/2015). STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1293997-SE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/3/2012. STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1505521/PR, Rel. Ministro Sérgio Kukina, julgado em 02/08/2018.
Qual é o prazo prescricional para obter a restituição do valor pago indevidamente no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação? 
• Para ações de repetição de indébito ajuizadas até 8/6/2005: 10 anos. 
• Para ações de repetição de indébito ajuizadas a partir de 9/6/2005: 5 anos. No dia 09/06/2005 entrou em vigor a LC 118/2005, que estabeleceu que, para efeito de repetição de indébito, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado. 
Obs: não importa se o pagamento indevido foi feito antes da LC 118/2005 (09/06/2005). O que interessa saber é se a ação foi ajuizada antes da LC 118/2005 entrar em vigor. STJ. 1ª Seção. REsp 1269570-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/5/2012.
A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário ocasiona a retomada do lapso prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra medida constante do art. 151 do CTN ou recurso especial / extraordinário dotado de efeito suspensivo. STJ. 1ª Seção. EAREsp 407940-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/5/2017 (Info 605).
Caso concreto: STF decidiu que determinada contribuição tributária era inconstitucional. Não houve modulação dos efeitos. Contribuinte ajuizou ação pedindo a repetição do indébito, ou seja, a restituição dos valores pagos. O debate envolve o prazo prescricional para essa pretensão. No momento em que o contribuinte ajuizou a ação, o entendimento do STJ era no sentido de que o prazo prescricional tinha início a partir da data da declaração de inconstitucionalidade da exação pelo STF no controle concentrado, ou de resolução do Senado Federal, no controle difuso. Ocorre que, durante o curso da ação, o STJ promoveu revisão abrupta de sua jurisprudência para considerar que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o transcurso do prazo prescricional ocorre a partir do recolhimento indevido, independentemente da data da decisão do STF ou da Resolução do SF (REsp 435.835/SC). Com a aplicação do novo entendimento do STJ, o contribuinte – que já estava com a sua ação em curso – teria seu pedido rejeitado por força da prescrição. O STF, contudo, não concordou com a aplicação imediata do novo entendimento do STJ aos processos em curso. Para o Supremo, isso representa retroação da regra de contagem do prazo prescricional às pretensões já ajuizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica e aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre os quais se assenta o próprio Estado Democrático de Direito. A modificação na jurisprudência em matéria de prescrição não pode retroagir para considerar prescrita pretensão que não o era à época do ajuizamento da ação, em respeito ao posicionamento anteriormente consolidado. Toda inflexão jurisprudencial que importe restrição a direitos dos cidadãos deve observar certa regra de transição para produção de seus efeitos, levando em consideração os comportamentos então tidos como legítimos, porquanto praticados em conformidade com a orientação prevalecente, em homenagem aos valores e princípios constitucionais. STF. 2ª Turma. ARE 951533/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. acórdão o Min. Dias Toffoli, julgado em 12/6/2018 (Info 906).
O parcelamento de ofício da dívida tributária não configura causa interruptiva da contagem da prescrição, uma vez que o contribuintenão anuiu. STJ. 1ª Seção. REsp 1.658.517-PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 638).
A suspensão da lei que autoriza o pagamento em prestações do débito tributário, por força de medida liminar deferida em ação direta de inconstitucionalidade, implica o imediato indeferimento do pedido de parcelamento; a inércia da Fazenda Pública em examinar esse requerimento, por mais de cinco anos, acarreta a prescrição do crédito tributário. STJ. 1ª Turma. REsp 1389795-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 5/12/2013 (Info 534).
O termo inicial do prazo prescricional da cobrança judicial do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - inicia-se no dia seguinte à data estipulada para o vencimento da exação. STJ. 1ª Seção. REsp 1.658.517-PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 638).
REFIS é um programa de parcelamento de tributos federais. O pedido de parcelamento interrompe o prazo prescricional, por constituir reconhecimento inequívoco do débito (art. 174, parágrafo único, IV, do CTN). Por outro lado, a exclusão do contribuinte do programa de parcelamento gera a possibilidade imediata de cobrança do crédito confessado. A partir do momento que o Fisco exclui formalmente o contribuinte do programa de parcelamento surge, a pretensão de cobrança dos valores devidos. Em outras palavras, a exclusão do programa configura o marco inicial para a exigibilidade plena e imediata da totalidade do crédito que foi objeto do parcelamento e ainda não pago. A partir desse instante começa a correr o prazo prescricional de 5 anos para a União cobrar o débito. Mesmo que o contribuinte, após ser excluído do REFIS, continue a realizar mensalmente o pagamento das parcelas de forma voluntária e extemporâneo, tal fato não tem o condão de estender a interrupção do prazo prescricional e nem configurar ato de reconhecimento do débito (confissão de dívida). Assim, não interrompe o prazo prescricional o fato de o contribuinte, após ser formalmente excluído do REFIS, continuar efetuando, por mera liberalidade, o pagamento mensal das parcelas do débito tributário. STJ. 2ª Turma. REsp 1493115-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/9/2015 (Info 570).
4.7 Conversão do depósito em renda
Após decisão definitiva em sede administrativa ou judicial, favorável ao sujeito ativo, o depósito integral efetuado nos autos será convertido em renda em seu favor, provocando a extinção do crédito tributário. Ao longo do processo, tutelado pelo depósito garantidor, o crédito tributário fica com a exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151, II, do CTN. Todavia, encerrada a demanda de maneira favorável à Fazenda, ocorre a extinção do crédito tributário e sua conversão em renda.
Além do caso da realização de depósito com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário e/ou a fluência dos juros de mora, também existe a possibilidade de conversão em renda de depósito realizado em sede de ação de consignação em pagamento. Nesta espécie de ação, o sujeito passivo deposita o montante que entende devido e não o exigido pela Fazenda Pública, sendo possível que a conversão em renda extinga apenas parcialmente o crédito tributário, devendo a diferença ser cobrada com os acréscimos legais.
4.8 Pagamento antecipado/homologação do pagamento
Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o pagamento antecipado feito pelo contribuinte, sendo aprovado pela autoridade administrativa, produz os mesmos efeitos do pagamento regular, tendo o efeito de extinguir o crédito.
Assim, pode-se afirmar que o crédito tributário objeto de lançamento por homologação somente se poderá considerar definitivamente extinto quando a autoridade administrativa competente homologar a atividade do sujeito passivo ou quando houver homologação do lançamento.
#ATENÇÃO: Após o advento da LC 118, para o exclusivo efeito de definição do termo inicial do prazo para pleitear restituição, considera-se extinto o crédito tributário, também na sistemática do lançamento por homologação, na data do pagamento.
4.9 Consignação em pagamento
A consignação em pagamento é o instrumento hábil a garantir ao sujeito passivo o exercício de seu direito de recolher o tributo, diante das seguintes circunstâncias:
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
A hipótese de consignação descrita no art. 164, III, do CTN é de bitributação.
#ATENÇÃO: Enquanto na bitributação duas ou mais entidades exigem tributos sobre um único fato gerador ou a mesma base de cálculo, no bis in idem as exigências tributárias simultâneas sobre a mesma base de cálculo ou fato gerador emanam de uma única entidade tributante.
#NÃOCONFUNDA:
	CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
	DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL
	Depósito do valor que o sujeito entende devido
	Depósito do valor que o Estado está exigindo
	Julgada procedente, extingue o crédito
	Suspende a exigibilidade do crédito
4.10 Decisão administrativa irreformável
Esta causa extintiva diz respeito às decisões administrativas favoráveis ao contribuinte, uma vez que, se contrárias, não terão o condão de extinguir o crédito tributário, restando ao contribuinte a possibilidade de sua reforma na via judicial.
4.11 Decisão judicial transitada em julgado
Diz-se que a decisão judicial passou em julgado quando contra a mesma não mais cabe recurso, situação em que o julgamento passa a gozar de imutabilidade constitucionalmente protegida. Assim como na decisão administrativa irreformável, somente extingue o crédito tributário a decisão judicial transitada em julgado favorável ao sujeito passivo. 
4.12 Dação em pagamento de bens imóveis
A dação em pagamento consiste no oferecimento de bem para extinção da dívida tributária. O CTN prevê a dação em pagamento como uma das formas de extinção do crédito tributário, apenas para o caso de bens imóveis. A dação em pagamento aqui representa modalidade indireta de extinção do crédito, por depender de lei autorizadora que a discipline.
#ATENÇÃO: Pressupostos para a dação em pagamento.
a) existência de lei específica autorizando;
b) o bem ofertado deve ser imóvel: para não violar o dever constitucional de licitar;
c) o Poder Público manifestar interesse no bem (ato administrativo discricionário).
5. Garantias e privilégios do crédito tributário
As garantias do crédito tributário são as prerrogativas do Poder Público utilizadas para conduzir o contribuinte ao pagamento do tributo. Elas decorrem do princípio da supremacia do interesse público. Assim, a legislação fiscal estabelece garantias e privilégios do crédito tributário com a finalidade de assegurar o cumprimento da obrigação tributária. Trata-se de um rol exemplificativo.
São garantias as regras que asseguram direitos. Em matéria tributária, as garantias facilitam a entrada do Estado no patrimônio particular para receber a prestação relativa ao tributo. São privilégios as regras que põem o crédito tributário numa posição de vantagem quanto aos demais.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
Ressalvados os bens e rendas declarados pela lei como impenhoráveis, todos os outros respondem

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