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Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Conceito de Constituição Análise do conceito tradicional de Constituição (conceito liberal burguês): Constituição é o conjunto de normas sobre: Organização e estrutura do Estado Direitos Individuais Limites ao exercício do poder político do Estado Conceito de Constituição Problemática do conceito: Necessidade de um conceito multifacetado. Em razão de que o referido conceito privilegiava somente uma dada estrutura social – no momento do início da concepção da Constituição, ocorrida no Estado Liberal, a Constituição somente protegia a ideologia liberal e os direitos fundamentais de primeira geração – sua significação e abrangência passaram a ser revistas por muito teóricos do pensamento político-constitucional com a finalidade de questionar o modelo liberal até então construído Sentidos da Constituição – sentido sociológico Sentido sociológico: Autor: Ferdinand Lassalle Obra: A Essência da Constituição A Constituição deve ser fator real de pode poder social Uma teoria sobre a legitimidade da Constituição Folha de papel Por esta teoria o autor dizia que a Constituição deveria ser um reflexo real dos anseios pretendidos pela sociedade para a qual se destinava, sob pena de que se desta forma não fosse, a Constituição careceria de legitimidade e, a partir de sua expressão, se tornaria uma mera folha de papel, pois não seria de fato fator real de poder social. Sentidos da Constituição – sentido político Sentido político: Autor: Carl Schmitt Obra: A Teoria da Constituição A Constituição é a decisão política fundamental do Estado A Constituição é a decisão política do titular do Poder Constituinte Estabelece uma diferença entre Constituição e Lei Constitucional Para este autor haveria uma diferença entre a Lei constitucional, que seria o texto, o instrumento físico, e a Constituição, onde esta seria a decisão política tomada por aqueles que detinham o poder para desta forma decidir e, inclusive aceitava como sendo o titular desta decisão política fundamental quem tivesse o poder, a força para, se inclusive fosse o caso, instituir o Estado de Exceção. Sentidos da Constituição – sentido jurídico Sentido jurídico: Autor: Hans Kelsen Obra: Teoria Pura do Direito A Constituição é a norma pura, é o puro dever-ser (o que deve ser o comportamento no mundo real). A Constituição é o fundamento da ordem normativa-positiva do Estado Afasta a construção da norma de outras perspectivas (sociológicas, históricas, etc) Plano logico-jurídico (Lei Hipotética Fundamental – não escrita) Plano jurídico-positivo (Constituição) Direito disposto em uma estrutura escalonada e hierárquica de normas A partir de sua teoria é possível compreender de modo muito claro que o autor fez uma nítida divisão entre a Constituição e a Lei Hipotética, onde esta prevaleceria na estrutura escalonada do ordenamento jurídico Sentidos da Constituição – sentido aberto Sentido aberto: Autor: Peter Häberle Obra: Hermenêutica Constitucional: a sociedade aberta dos intérpretes. Contribuição para a interpretação pluralista e procedimental da Constituição A Constituição deve ser interpretada por todos os segmentos plurais da sociedade diversificada a qual se direciona, sob pena de ilegitimidade Trata de uma busca de afastamento de uma intepretação exclusivamente formal e, portanto ilegítima no contexto atual de abertura democrática e inclusão das minorias Amicus Curiae e audiências públicas – Brasil Sentidos da Constituição Sentido da Força Normativa da Constituição Autor: Konrad Hesse Obra: A Força Normativa da Constituição A Constituição imprime uma força normativa sobre a sociedade que reage sobre esse texto normativo podendo inclusive gerar mutação constitucional Sentidos da Constituição Sentido culturalista (J. H. Meirelles) Para José Horácio Meirelles Teixeira, a Constituição seria resultado de um fato cultural. O autor não contempla apenas um aspecto para conceituá-la, mas sim toda a contextualização cultural das normas básicas da sociedade. Assim, sendo decorrente da cultura, a Constituição englobaria elementos históricos, sociais e racionais, bem como fatores reais (natureza humana e geografia, por exemplo) e espirituais (como os sentimentos e valores morais).