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Recursos em Espécie

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/2015
RECURSOS EM ESPÉCIE
 
SUMÁRIO
1	APELAÇÃO	5
1.1	CONSIDERAÇÕES INICIAIS	5
1.2	DECISÕES NÃO AGRAVÁVEIS DE INSTRUMENTO (CPC, art. 1.009, § 1º)	6
1.3	A NOVA FUNÇÃO DAS CONTRARRAZÕES	7
1.4	DESNECESSIDADE DE “PROTESTO”	8
1.5	ABRANGÊNCIA E CAPÍTULOS DA SENTENÇA	8
1.6	CONTEÚDO DA PETIÇÃO E PROCESSAMENTO	8
1.7	EXTINÇÃO DA ADMISSIBILIDADE DO JUÍZO DE INTERPOSIÇÃO	10
1.8	ATUAÇÃO DO RELATOR	10
1.9	EFEITO SUSPENSIVO	11
1.10	EFEITO DEVOLUTIVO	12
1.11	JULGAMENTO IMEDIATO DE MÉRITO – TEORIA DA CAUSA MADURA	14
1.12	O CAPÍTULO RELATIVO A TUTELA PROVISÓRIA É APELÁVEL	14
1.13	NOVAS QUESTÕES DE FATO	15
1.14	RESUMO PROCEDIMENTO	15
2	AGRAVO DE INSTRUMENTO	17
2.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO	17
2.2 REQUISITOS DA PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO	28
2.3 INSTRUÇÃO DA PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO	28
2.3.1 PEÇAS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS	28
2.3.2 CUSTAS E PORTE DE RETORNO	30
2.3.3 FORMAS DE INTERPOSIÇÃO	30
2.4 JUNTADA EM PRIMEIRA INSTÂNCIA	31
2.5 ATUAÇÃO DO RELATOR	31
2.5.1 JULGAMENTO MONOCRÁTICO	32
2.5.2 EFEITO SUSPENSIVO OU EFEITO SUSPENSIVO ATIVO	33
2.5.3 INTIMAÇÃO DO AGRAVADO E DO MP	33
2.6 DATA PARA JULGAMENTO	34
2.7 SUSTENTAÇÃO ORAL	34
2.8 RESUMO DO PROCEDIMENTO	34
3	AGRAVO INTERNO	35
3.1 COLEGIAMENTO DE TODA DECISÃO MONOCRÁTICA (CPC, ART. 1021)	35
3.2 IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA (§1º)	36
3.3 RAZÕES E CONTRARRAZÕES EM 15 DIAS: SEM RETRATAÇÃO E JULGAMENTO COM INCLUSÃO EM PAUTA (§2º)	37
3.4 FUNDAMENTAÇÃO ESPECIFICADA “PARA JULGAR IMPROCEDENTE” (§3º)	37
3.5 RECURSO MANIFESTAMENTE INADMISSÍVEL E CONDICIONAMENTO AO PAGAMENTO	37
3.6 RESUMO PROCEDIMENTO	38
4 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO	39
4.1 HIPÓTESES LEGAIS (CPC, ART. 1022)	39
4.2 PRAZO DE CINCO DIAS E APLICAÇÃO DO ARTIGO 229 (CPC, ART. 1023, “CAPUT” E §1º)	40
4.3 CONHECIMENTO COMO AGRAVO INTERNO	42
4.4 EFEITO MODIFICATIVO OU INFRINGENTE	42
4.5 SEM EFEITO MODIFICATIVO E RECURSO JÁ INTERPOSTO	43
4.6 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E PREQUESTIONAMENTO	43
4.7 AUSÊNCIA DE EFEITO SUSPENSIVO E INTERRUPÇÃO DO PRAZO	44
4.8 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS	46
4.9 ORDEM CRONOLÓGICA DE JULGAMENTO E POSSIBILIDADE DE AMICUS CURIAE	47
4.10 RESUMO PROCEDIMENTO	47
5 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL	48
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS	48
5.2 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PARA O STF	48
5.3 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PARA O STJ	49
5.4 RESUMO PROCEDIMENTO	51
6 RECURSOS EXCEPCIONAIS: RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO	52
6.1 CARACTERÍSTICAS COMUNS	53
6.2 COMPETÊNCIA DO STF E STJ	53
6.3 MODELO CONSTITUCIONAL DO RE E DO RESP	53
6.4 PRESSUPOSTO GENÉRICOS DO RESP	54
6.5 PRESSUPOSTO GENÉRICOS DO RE	54
6.6 PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS DO RECURSO ESPECIAL	61
6.7 PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO	64
6.8 ARTIGO 1029 DO CPC	66
6.8.1 § 3º: ATIVIDADE SANEADORA SE O VÍCIO NÃO FOR “GRAVE”	67
6.8.2 §5º EFEITO SUSPENSIVO	68
6.9 CONTRARRAZÕES E ATUAÇÃO DO PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL RECORRIDO	69
6.10 INTERPOSIÇÃO CONJUNTA DE RE E RESP	70
6.11 CONVERSÃO DE RE E RESP OU VICE VERSA	70
6.12 JULGAMENTO PROCEDENTE	71
7 AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO	73
7.1 PECULIARIDADES DO AGRAVO EM RESP E RE	73
7.2 RESUMO PROCEDIMENTO	75
8 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA	75
8.1 CABIMENTO	75
8.2 PECULIARIDADES	76
9 ENUNCIADOS NCPC DO CJF (PRIMEIRA JORNADA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL)	78
10 ENUNCIADOS FPPC	81
11. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	84
12. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	85
ATUALIZADO EM 24/07/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
RECURSOS EM ESPÉCIE[footnoteRef:2] [2: Por Bruna Daronch] 
Os recursos são apenas aqueles criados por lei. O rol legal é numerus clausus, taxativo. Dessa forma, recurso cabível é aquele previsto no ordenamento jurídico e, nos termos da lei, adequado contra a decisão. Esse requisito aproxima-se da possibilidade jurídica do pedido, que integra o interesse de agir.
O art. 994 do CPC enumera os recursos: apelação, agravo de instrumento, agravo interno, embargos de declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário e embargos de divergência.
#CASCADEBANANA: Nada impede que lei especial crie outros, como os embargos infringentes na Lei de Execução Fiscal, ou o recurso inominado contra a sentença no Juizado Especial Cível.
1 APELAÇÃO
	CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Art. 1.009.  Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
#RECORDARÉVIVER: O que é sentença? É o pronunciamento do Juiz por meio dos quais ele, com fundamento nos arts. 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Contra elas caberá a apelação e, eventualmente, embargos de declaração.
A princípio, apelação cabe da sentença. Exceções:
a) ROC (art. 1027, inciso II, alínea “b”);
b) Recurso inominado no JEC;
c) Embargos infringentes na LEF (art. 34);
d) Agravo de instrumento contra a sentença que decreta a falência.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias em processo falimentar e recuperacional, ainda que não haja previsão específica de recurso na Lei nº 11.101/2005 (LREF). Fundamento: interpretação extensiva do art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015. STJ. 4ª Turma. REsp 1.722.866-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/09/2018 (Info 635).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #NOVOENTENDIMENTO #STJ: O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação. STJ. Corte Especial. REsp 1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 639). Obs: a tese jurídica fixada e acima explicada somente se aplica às decisões interlocutórias proferidas após a publicação do REsp 1704520/MT, o que ocorreu no DJe 19/12/2018.
Contudo, também é correto dizer que cabe apelação de todas as decisões interlocutórias não agraváveis de instrumento. Trata-se de uma das novidades do Código de 2015, o qual mantém a dicotomia entre sentença e decisão interlocutória – o Código, inclusive, apresenta os respectivos conceitos legais (CPC, art. 203).
Art. 203: (...)
§1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
#SELIGA: O NCPC possui uma postura diferente para o agravo de instrumento. Não no que diz respeito à definição da interlocutória, mas ao cabimento do agravo (CPC, art. 1.015). Ele modifica e restringe bastante as hipóteses cabimento de agravo de instrumento, conforme será estudado posteriormente.
	DECISÕES NÃO AGRAVÁVEIS DE INSTRUMENTO (CPC, art. 1.009, § 1º)
Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
Art. 1.009.  Da sentença cabe apelação.
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisãofinal, ou nas contrarrazões.
Além da sentença, as decisões interlocutórias não agraváveis de instrumento serão apeláveis em razão da restrição das hipóteses de cabimento de agravo de instrumento. 
#SELIGA: Se a matéria for suscitada em preliminar nas contrarrazões, o apelante será intimado para se manifestar em 15 dias.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
	A NOVA FUNÇÃO DAS CONTRARRAZÕES
Muitas vezes, aquele que é vencedor no processo não possuirá interesse recursal, pois obteve do juiz tudo aquilo que requereu ao réu. 
Imagine, no entanto, que o réu apele e que exista alguma decisão interlocutória, proferida ao longo do processo, a qual não prejudica diretamente o autor. Contudo, a depender da decisão do Tribunal quanto à apelação do réu, essa decisão poderá ser importante para o autor. Portanto, apesar de ter vencido o processo, a interlocutória que estava “adormecida” ganha relevância. Nesse caso, ao apresentar suas contrarrazões, por exemplo, o autor trará a interlocutória à tona. 
§ 2º Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
#DEOLHONOEXEMPLO: O autor requer determinada produção de prova, a qual é indeferida pelo juiz. Trata-se de uma decisão interlocutória, da qual não cabe, atualmente, agravo de instrumento. Apesar disso, o autor vence o processo. O réu apela citando determinada questão probatória. Portanto, aquela decisão interlocutória passa a ter relevância. O autor, então, poderá dizer em suas contrarrazões que, “caso o tribunal se incline a mudar o resultado, devem reexaminar a prova indeferida, sob pena de cerceamento de defesa”
	DESNECESSIDADE DE “PROTESTO”
Há uma discussão doutrinária em torno da interposição desta apelação no sentido de ser necessário, ou não, protestar ou peticionar tão logo a decisão seja proferida com o intuito de evitar a preclusão.
Art. 278.  A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Existem autores que sustentam a necessidade de um “protesto”, a exemplo do que ocorre na prática do processo trabalhista e ocorria no Código anterior com o agravo retido. No entanto, prevalece que, apesar da redação do artigo 278, “caput”, a primeira oportunidade em que a parte tem para falar dos autos é justamente a apelação ou as suas contrarrazões. Portanto, seriam desnecessários “protestos” ou petições avulsas a respeito da decisão que não será objeto de recurso imediatamente (mas, apenas em sede de apelação). 
	ABRANGÊNCIA E CAPÍTULOS DA SENTENÇA
A questão do cabimento de apelação das decisões interlocutórias não agraváveis de instrumento se aplica, inclusive, nas hipóteses em que as decisões referidas no rol do artigo 1.015 estiverem decididas na sentença - o parágrafo § 3º reforça o conteúdo do “caput”.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
#SELIGANOEXEMPLO: O juiz posterga para a sentença a decisão de concessão (ou não) dos benefícios da justiça gratuita. Nesta hipótese, caberá apelação, apesar do fato de que a decisão seria objeto de agravo de instrumento se fosse uma decisão interlocutória.
	CONTEÚDO DA PETIÇÃO E PROCESSAMENTO
CPC, art. 1.010: “A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
I - os nomes e a qualificação das partes; [apenas se houver alguma novidade – a princípio, basta o “já qualificado”]
II- a exposição do fato e do direito; [contextualizar a decisão dialogando com o que ocorreu no processo]
III- as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; [parte argumentativa da apelação – apontar os erros/vícios da sentença; apresentar o direito e jurisprudência, etc.]
IV- o pedido de nova decisão.
§ 1º: O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias [#RECORDAR: úteis].
§ 2º: Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. (...)”.
#OUSESABER #RECORDARÉVIVER #OLHAOGANCHO:
O efeito regressivo refere-se à possibilidade de o julgador se RETRATAR da sua decisão, quando da interposição do recurso. No âmbito do CPC/2015, em quais hipóteses a apelação possuirá efeito regressivo? Vejamo-las, comparando com o sistema previsto no CPC/73:
1) Apelação contra sentença que INDEFERE A PETIÇÃO INICIAL: Essa hipótese de efeito regressivo já era prevista pelo CPC/73. O art. 331 do NCPC manteve a previsão, porém com DUAS MUDANÇAS: a) estendeu o prazo de retratação, que passou de 48h para 5 DIAS; b) estabeleceu a necessidade de citação do réu para responder ao recurso, no caso de não haver a retratação pelo juiz.
2) Apelação contra sentença de IMPROCEDÊNCIA LIMINAR: O CPC/73 previa a possibilidade de retratação no caso específico do art. 285-A (improcedência prima facie), no prazo de 05 dias. O NCPC, em seu art. 332, possibilitou a retratação do julgador em quaisquer dos casos de improcedência liminar do pedido do autor, mantendo o prazo de 05 dias, bem como a necessidade de citação do réu para apresentar contrarrazões, caso a sentença não seja modificada.
3) Apelação contra sentença que EXTINGUE O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. Trata-se de novidade introduzida pelo NCPC. Em qualquer caso de extinção do processo sem resolução do mérito poderá o juiz se retratar, no prazo de 5 dias, conforme previsto no art. 485, § 7º, do CPC/15.
4) Vale ressaltar ainda uma outra hipótese, não prevista no NCPC, em que será possível que o juiz se retrate e modifique a própria sentença: apelação em causas relacionadas aos direitos da criança e do adolescente, conforme o art. 198, VII, do ECA.
(*) Atualizado em 16/08/2021. IMPORTANTE. APELAÇÃO. Os tribunais podem, diante do recurso de apelação, aplicar a técnica do julgamento antecipado parcial do mérito.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
Situação hipotética: João foi vítima de um acidente de carro. Ele ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a empresa causadora. O juiz condenou a ré a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais. Por outro lado, negou o pedido para que a empresa pagasse pensão mensal vitalícia ao autor em razão da perda da capacidade laborativa. O pedido foi indeferido mesmo sem ter sido realizada perícia médica. Tanto João como a empresa interpuseram apelação. O Tribunal de Justiça, ao julgar o recurso: a) manteve a condenação por danos morais; b) quanto ao pedido de fixação de pensão por redução da capacidade laborativa, o TJ entendeu que as provas produzidas eram insuficientes e afirmou ser necessária a produção de perícia. Em razão disso, com fundamento no art. 356 do CPC/2015, o TJ apenas anulou a sentença nesse tópico, determinando o retorno dos autos à origem para a complementação da prova. O STJ afirmou que isso era possível. STJ. 3ª Turma. REsp 1.845.542/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/05/2021 (Info 696).
	EXTINÇÃO DA ADMISSIBILIDADE DO JUÍZO DE INTERPOSIÇÃO
Trata-se de uma novidade do novo Código.
A interposição da apelação será feita perante o juízo da primeira instância (órgão jurisdicional que proferiu a sentença). O cartório da primeira instância abrirá vistas dos autos à parte contrária para apresentar suas contrarrazões. Com ou sem as contrarrazões, os autos seguirão diretamente ao Tribunal competente para julgar o recurso, sem prévio juízo de admissibilidade (trata-se de outra novidade do NCPC)):
Art. 1.010, § 3º: “Após as formalidadesprevistas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade”.
#OBSERVAÇÕES #IMPORTANTE:
•	No regime anterior, o juízo de admissibilidade era feito pelo Juízo sentenciante.
•	Em razão disso, não é mais cabível agravo de instrumento da decisão de inadmissibilidade – a decisão não mais existe (o próprio tribunal irá proferir o juízo de admissibilidade).
#ATENÇÃO: ENUNCIADO 207 DO FPPC: (arts. 988, I, 1,010, § 3º, 1.027, II, b) Cabe reclamação, por usurpação da competência do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, contra a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir recurso de apelação. 
	ATUAÇÃO DO RELATOR
CPC, art. 1.011: “Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator: 
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. 932, incisos III a V;
II - se não foro caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado”.
#OBSERVAÇÕES:
- Hipóteses do artigo 932 (possibilidade de decisão monocrática):
Inciso III: juízo de admissibilidade – a atuação monocrática (apesar de ser comum) não é obrigatória, pois a questão da admissibilidade poderá ser perfeitamente decidida pelo colegiado.
Incisos IV e V: atuação monocrática em casos em que houver indexadores/referenciais jurisprudenciais (CPC, arts. 926, 927 e 928).
- Não mais existe a figura do revisor, como havia no antigo código.
	EFEITO SUSPENSIVO
Em regra, os recursos não têm efeito suspensivo. Isso significa que o cumprimento provisório das decisões é a regra no Código de Processo Civil de 2015. 
No entanto, conforme previsto no art. 1.012, “caput”, a apelação, em regra, tem efeito suspensivo. 
Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo.
Portanto, em regra, a apelação tem efeito suspensivo. No entanto, há exceções:
§ 1º: “Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença a que: 
I – homologa divisão ou demarcação de terras; 
II – condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; 
IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V – confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI – decreta a interdição”.
#RECORDARÉVIVER: HÁ OUTRAS HIPÓTESES EM LEI ESPECIAL que a apelação não terá efeito suspensivo, como por exemplo, LACP, Lei de Locação, Lei do Mandado de Segurança, Lei de Alimentos.
§ 2º: “Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença”. [Em rigor, não precisa nem esperar a outra parte apelar].
No cumprimento provisório “ope legis”, a própria lei retira o efeito suspensivo da apelação e, consequentemente, autoriza o cumprimento provisório (como ocorre no art. 1.012, § 1º).
Existe outra situação em que é o juiz que retira o efeito suspensivo da apelação (“ope iudicis”). A hipótese mais pertinente é a do artigo 1.012, § 1º, V – principalmente ao conceder ou revogar a tutela provisória na sentença. É como se o próprio juiz retirasse o efeito suspensivo da sentença. 
Nesses casos, a parte que sofrerá o cumprimento provisório poderá requerer o efeito suspensivo da apelação. É a hipótese contrária:
§ 3º: “O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação”.
#OBSERVAÇÃO: Não concretiza uma cautelar, mas um mero pedido dirigido desde logo ao Tribunal.
Requisitos para obstar o cumprimento provisório:
· Probabilidade de provimento (independentemente de “periculum in mora”); OU
· Relevante fundamentação (“fumus boni iuris”) + risco de dano grave ou de difícil reparação.
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
#RESUMEAÊCOACH: Pode ter o pedido de efeito suspensivo baseado exclusivamente em uma chance grande de êxito do apelo, independentemente de periculum in mora OU baseado na boa chance de êxito (fumus boni iuris) + periculum in mora. Essas situações podem ser associadas, para fins didáticos, com a tutela provisória da evidência e tutela provisória de urgência, respectivamente.
#OLHAOGANCHO: A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime constitucional dos precatórios. Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública, não havendo incompatibilidade com a Constituição Federal. Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão por morte para dependente de ex-servidor. STF. Plenário.RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/5/2017 (repercussão geral) (Info 866).
	EFEITO DEVOLUTIVO
Tudo aquilo que é impugnado na apelação será devolvido ao Tribunal. Mais correto do que “devolver” ao tribunal, seria dizer “transferir” ao tribunal para reexame.
Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1º: “Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado”. [O que não for impugnado, terá transitado em julgado]
Como o CPC aceita o julgamento parcial, nesses casos, precisa-se correlacionar ao capítulo impugnado. O que não tiver sido impugnado, transitará em julgado. 
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. [Reexame amplo da causa com base amplitude da defesa e da cognição]
#OLHAOGANCHO¹: O efeito devolutivo precisa ser examinado em seus dois aspectos fundamentais: o da extensão e o da profundidade.
è Efeito devolutivo por extensão: A parte sucumbente pode ficar inconformada com a rejeição de todas as suas pretensões, ou de apenas algumas delas. Isso será indicado quando ela interpuser o recurso: nele, dirá qual a extensão das matérias que pretende sejam reexaminadas pelo tribunal, se todas as pretensões em que sucumbiu, ou se apenas algumas delas. Se o recurso for parcial, a tribunal só reexaminará a parte recorrida. O recurso devolve ao conhecimento do tribunal tão somente a reapreciação daquilo que foi impugnado: tantum devolutum quantum appellatum, princípio que vem expressamente consagrado no art. 1.013, caput, do CPC: “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada”.
è Efeito devolutivo por profundidade: Portanto, do ponto de vista da profundidade, o efeito devolutivo devolve ao conhecimento do tribunal não apenas aquilo que foi decidido pelo juiz e impugnado pelo recorrente, mas todas as questões discutidas nos autos, relativas ao capítulo impugnado (art. 1.013, §1º, NCPC). É como se, em relação aos fundamentos e às questões discutidas, o órgão ad quem se colocasse na posição do órgão a quo, devendo examinar todos aqueles que foram suscitados.
#OLHAOGANCHO²: A apelação é dotada de efeito translativo, o que permite ao tribunal conhecer de ofício das matérias de ordem pública, ainda que não suscitadas.
*(Atualizado em 24/11/2020) #DEOLHONAJURIS: Consideram-se prequestionados os fundamentos adotados nas razões de apelação e desprezados no julgamento do respectivo recurso, desde que, interposto recurso especial, sejam reiterados nas contrarrazões da parte vencedora. STJ. Corte Especial. EAREsp 227.767-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 17/06/2020 (Info 674).
	JULGAMENTO IMEDIATO DE MÉRITO – TEORIA DA CAUSA MADURA
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretara nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.
Os §§ 3º e 4º pressupõem a seguinte hipótese: sentença, objeto de apelação, possui determinados vícios que, uma vez supridos, permitem ao Tribunal enfrentar, desde logo, o mérito da causa. Portanto, ao invés de invalidar a sentença e remeter os autos à primeira instância, é proferido julgamento de mérito, desde que a matéria esteja madura.
A discussão sobre a constitucionalidade desse dispositivo não pode passar incólume. Ada Pellegrini, desde 1975, criticava a constitucionalidade dessa situação. Contudo, não obstante esse entendimento, em geral, se diz que, no conflito entre os princípios do duplo grau e da celeridade/economia processual, o segundo deve preponderar. 
Hipóteses de cabimento dessas decisões de mérito pelo tribunal:
· Nas hipóteses do CPC, art. 485 (sentença terminativa);
· Falta de congruência da sentença com os limites do pedido e da causa de pedir;
· Omissão do exame de um dos pedidos (desde que haja prova produzida e submetida ao contraditório – processo madura para julgamento).
· Nulidade por falta de fundamentação;
· Sentença que decreta prescrição ou decadência.
#CEREJADOBOLO: Tecnicamente a teoria da causa madura mitiga o duplo grau de jurisdição em prol da efetividade. Exatamente, por ser um regra de efetividade, sempre que presentes os requisitos será um DEVER do tribunal aplicá-la.
	O CAPÍTULO RELATIVO A TUTELA PROVISÓRIA É APELÁVEL
§ 5º: “O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação”. 
Caso o juiz trate da tutela provisória na sentença, o recurso cabível é a apelação. Isso dialoga com a questão discutida acima: cumprimento provisório “ope iudicis”. O apelante deve apelar e, qualquer coisa, pedir o efeito suspensivo (não cabe o agravo de instrumento). 
	NOVAS QUESTÕES DE FATO
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
Tudo que for matéria de fato ou de direito nova (ou para o processo ou para o conhecimento da parte), pode ser proposta na apelação. Será feito um juízo de admissibilidade sobre o fato da prova ser nova ou não e, uma vez concluído o contraditório sobre tal prova, ela poderá ser usada como fundamento da decisão. 
	RESUMO PROCEDIMENTO
1- Interposto no juízo de 1º grau por petição com os requisitos do art. 1010 CPC;
2- Colhe-se as contrarrazões em 15 dias;
3- Após, o recurso é remetido ao tribunal sem qualquer análise de admissibilidade;
4- No tribunal, será distribuído imediatamente ao relator que:
4.1 MONOCRATICAMENTE:
I- Juízo de admissibilidade;
II- Eventual tutela de urgência;
III- Negar provimento;
IV- Dar provimento
4.2 APRESENTA O RELATÓRIO, SUBMETENDO AO COLEGIADO O RECURSO.
5- O colegiado reexamina a admissibilidade (conhece ou não o recurso) e se conhecer julga o mérito.
#ATENÇÃO: NÃO HÁ REVISOR. Os demais desembargadores tomam conhecimento do processo na sessão de julgamento.
#OBSERVAÇÃO: Na sessão, após a leitura do relatório, cabe sustentação oral por até 15 minutos cada parte.
6- TÉCNICA DE PRORROGAÇÃO DE JULGAMENTO
Sempre que a apelação for decidida por maioria de votos será levado a um órgão maior com a possibilidade de mudança da decisão. 
O art. 942 do CPC assim dispõe: "Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores".
#IMPORTANTE: Esse mecanismo, conquanto não tenha natureza recursal, faz lembrar os embargos infringentes. Por não ser recurso, no entanto, não depende de interposição, constituindo apenas uma fase do julgamento da apelação, do agravo de instrumento contra decisão de mérito e da ação rescisória, não unânime.
#SELIGA #OLHAOGANCHO: Referida técnica de ampliação de julgamento veio como forma de substituir os extintos embargos infringentes.
(*) Atualizado em 16/08/2021. #DEOLHONAJURIS IMPORTANTE. TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO. A técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, aplica-se também ao julgamento de apelação interposta contra sentença proferida em mandado de segurança. STJ. 2ª Turma. REsp 1.868.072-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
*(Atualizado em 27/03/21) Técnica do julgamento ampliado também pode ser aplicada a embargos de declaração opostos contra acórdão que julgou apelação, desde que cumpridos os demais requisitos do art. 942 do CPC. A técnica de julgamento ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos ao acórdão de apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente para alterar o resultado inicial do julgamento, independentemente do desfecho não unânime dos declaratórios (se rejeitados ou se acolhidos, com ou sem efeito modificativo). STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.158-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 678). Deve ser aplicada a técnica de julgamento ampliado nos embargos de declaração toda vez que o voto divergente possua aptidão para alterar o resultado unânime do acórdão de apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.910.317-PE, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 02/03/2021 (Info 687
#RESUMEAÊCOACH FOCONATABELA #COLANARETINA[footnoteRef:3]: [3: Tabela retirada do Livro Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017).] 
	APELAÇÃO
	Cabimento
	Processamento
	Casos Especiais
	O recurso que cabe contra sentença, proferida em qualquer tipo de processo, seja definitiva ou extintiva.
Exceções: sentença que julga embargos à execução fiscal de pequeno valor, contra a qual cabem embargos infringentes; que decreta a falência, contra a qual cabe agravo de instrumento. Também permite que as partes postulem, como preliminar, ou nas contrarrazões, o reexame das decisões interlocutórias não preclusas.
	A apelação é apresentada perante o juízo a quo, que não fará prévio juízo de admissibilidade. O apelado será intimado para as contrarrazões, em quinze dias. No Tribunal, haverá um relator, que tomará as providências estabelecidas no art. 932 do CPC.
	è Contra a sentença de indeferimento da inicial, cabe apelação, que permite ao juiz exercer direito de retratação. Se ele mantiver a sentença, determinará a citação do réu para as contrarrazões e a remessa dos autos à instância superior.
è Nos demais casos de extinção sem resolução de mérito (art. 485), também haverá direito de retratação.
è Contra a sentença de improcedência de plano (art. 332, do CPC), a apelação permitirá a retratação do juiz, e, se a sentença for mantida, o réu será citado, para apresentar contrarrazões.
APELA
2 AGRAVO DE INSTRUMENTO
	2.1 HIPÓTESES DE CABIMENTO
O artigo abaixo apresenta uma tipologia de decisões interlocutórias e que são agraváveis de instrumento. As interlocutórias não referidas não são agraváveis de instrumento, mas recorríveis por apelação (ou seja, é errado concluir que contra elas não cabe recurso).
CPC, art. 1.015: “Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento dopedido de sua revogação; 
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
*(Atualizado em 28/12/2021) As decisões interlocutórias sobre a instrução probatória não são impugnáveis por agravo de instrumento ou pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação.
STJ. 2a Turma. RMS 65.943-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/10/2021 (Info 715). 
*(Atualizado em 14/12/2021): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Cabe agravo de instrumento contra a decisão que rejeita pedido das partes para homologar acordo, determinando o prosseguimento do feito. A decisão que deixa de homologar pedido de extinção consensual da lide retrata decisão interlocutória de mérito a admitir recorribilidade por agravo de instrumento, interposto com fulcro no art. 1.015, II, do CPC/2015. STJ. 1ª Turma. REsp 1.817.205-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 05/10/2021 (Info 712).
*(Atualizado em 14/12/2021): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Somente se admite a técnica do julgamento ampliado, em agravo de instrumento, quando houver o provimento do recurso por maioria de votos e desde que a decisão agravada tenha julgado parcialmente o mérito. Caso hipotético: a empresa “D” ingressou com execução de título extrajudicial contra a empresa “U”. A executada apresentou exceção de pré-executividade arguindo a ilegitimidade ativa da exequente. O juiz indeferiu a exceção de pré-executividade. A devedora interpôs agravo de instrumento. O recurso foi distribuído para a 1ª Câmara Cível, composta por três Desembargadores (Regina, Maria e Ricardo). Regina, a relatora, votou por negar provimento ao agravo. Maria acompanhou a relatora. Ricardo, contudo, votou por dar provimento ao agravo. Diante disso, o Desembargador Presidente da Câmara Cível entendeu que deveria aplicar a técnica do julgamento colegiado (art. 942 do CPC) e assim convocou dois Desembargadores (João e Pedro) para também votarem. João e Pedro acompanharam o voto de Ricardo e, desse modo, foi dado provimento ao agravo. O STJ entendeu que não deveria ter sido aplicado o art. 942 do CPC. Esse dispositivo, ao tratar sobre a técnica ampliada de julgamento envolvendo o agravo de instrumento, afirma que é necessário que, no julgamento inicial do agravo, tenha havido a reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito da causa. Assim, no que tange ao agravo, só se aplica o art. 942 do CPC, se a maioria do Tribunal estiver reformando a decisão interlocutória e desde que esta verse sobre o mérito da causa. No caso concreto, a Câmara Cível estava votando para negar provimento ao agravo e a decisão agravada não tratava sobre o mérito da causa. Logo, não foi correto suspender o julgamento e aplicar a técnica do art. 942 do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.960.580-MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 05/10/2021 (Info 713).
*(Atualizado em 14/12/2021): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: A prolação de sentença objeto de recurso de apelação não acarreta a perda superveniente do objeto de agravo de instrumento pendente de julgamento que versa sobre a consumação da prescrição. Exemplo hipotético: João ajuizou ação de cobrança contra Pedro. Na contestação Pedro alegou que a pretensão estaria prescrita. Logo, pediu a extinção do processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC. O juiz, contudo, não concordou e proferiu decisão interlocutória rejeitando a arguição de prescrição. Contra essa decisão, Pedro interpôs agravo de instrumento, insistindo no argumento de que teria havido a consumação da prescrição. Antes que o agravo de instrumento fosse julgado, houve a prolação de sentença. Mesmo assim, não haverá perda superveniente do objeto de agravo de instrumento que versa sobre a consumação da prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.921.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 713).
*(Atualizado em 07.06.2020): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Cabe agravo de instrumento contra o pronunciamento judicial que, na fase de cumprimento de sentença, determinou a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir obrigação de fazer, sob pena de multa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.800-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020 (Info 666).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O art. 1.015, VI, do CPC/2015 prevê: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: VI - exibição ou posse de documento ou coisa; Essa hipótese de cabimento abrange: • a decisão que resolve o incidente processual de exibição instaurado em face de parte; • a decisão que resolve a ação incidental de exibição instaurada em face de terceiro; • e, ainda, a decisão interlocutória que aceite ou rejeite mero requerimento formulado no bojo do próprio processo. Assim, cabe agravo de instrumento com base no art. 1.015, VI, do CPC/2015, contra a decisão interlocutória que defira ou indefira a expedição de ofício para que um terceiro apresente determinado documento, mesmo sem a instauração de incidente processual ou de ação incidental. STJ. 3ª Turma. REsp 1.798.939-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/11/2019 (Info 661).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Cabe agravo de instrumento contra decisão do juízo de primeiro grau que resolve o requerimento de distinção de processos sobrestados em razão de recursos repetitivos. Fundamento: art. 1.037, I, do CPC/2015: Art. 1.037 (...) § 8º As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo, a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator quando informado da decisão a que se refere o inciso II do caput. § 9º Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo. § 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau; II - agravo interno, se a decisão for de relator. Obs: no CPC/1973, a decisão que determinava o sobrestamento dos recursos extraordinários e recursos especiais repetitivos não selecionados como paradigmas era irrecorrível. STJ. 3ª Turma. REsp 1.717.387-PB, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 08/10/2019 (Info 658).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE: A decisão interlocutória que majora a multa que havia sido fixada inicialmente consiste em uma tutela provisória sendo, portanto, recorrível por agravo de instrumento com base no art. 1.015, I, do CPC/2015: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; Se é concedida uma tutela provisória e, posteriormente, é proferida uma segunda decisão interlocutória modificando essa tutela provisória, pode-se considerar que esse segundo pronunciamento jurisdicional se enquadra no conceito de decisão interlocutória que verse sobre tutela provisória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.827.553-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/08/2019 (Info 655).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A decisão interlocutória que indefere o pedido de suspensão do processo em razão de questão prejudicial externa não equivale à tutela provisória de urgência de natureza cautelar e, assim, não é recorrível por agravo de instrumento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.759.015-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/09/2019 (Info 656).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ A teor dos arts. 27 e 511, § 1º, do revogado CPC/1973 (arts. 91e 1.007, § 1º, do CPC/2015), o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, nos recursos de competência dos Tribunais de Justiça, está dispensado do prévio pagamento do porte de remessa e de retorno, enquanto parcela integrante do preparo, devendo recolher o respectivo valor somente ao final da demanda, acaso vencido. STJ. Corte Especial. REsp 1.761.119-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 07/08/2019 (recurso repetitivo – Tema 1001) (Info 653).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE Não é cabível agravo de instrumento contra decisão que indefere pedido de julgamento antecipado do mérito por haver necessidade de dilação probatória. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1.411.485-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 01/07/2019 (Info 653).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE Atualize o Info 638-STJ Cabe agravo de instrumento contra todas as decisões interlocutórias proferidas na liquidação e no cumprimento de sentença, no processo executivo e na ação de inventário. Fundamento: Art. 1.015 (...) Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. STJ. Corte Especial. REsp 1.803.925-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/08/2019 (Info 653).
O legislador, ao tratar sobre o tema, decidiu criar dois regimes distintos para o cabimento do agravo de instrumento: 
1) Art. 1.015, caput e seus incisos: aplica-se somente à fase de conhecimento. Aqui são listadas hipóteses nas quais caberá agravo de instrumento. Trata-se de rol com taxatividade mitigada.
 2) Art. 1.015, parágrafo único: afirma, de forma ampla e geral, que cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas: • na fase de liquidação de sentença; • no cumprimento de sentença; • no processo de execução; • no processo de inventário. Assim, a chamada tese da taxatividade mitigada (REsp 1.696.396/MT) somente se aplica para a fase de fase de conhecimento, não sendo empregada nas fases ou processos previstos no parágrafo único do art. 1.015 do CPC.
#APROFUNDAMENTO: O ROL É TAXATIVO?
Segundo o Scarpinella, há variadas formas de compreender a questão. O anteprojeto do CPC já era muito claro quando à proposta de haver uma restrição do número de agravos de instrumento. Assim, o rol do artigo 1.015 deve ser respeitado, pois não há inconstitucionalidade para descartá-lo. Ele evita usar o termo “taxativo”, pois ele engessa o significado. Inclusive, não seria o termo adequado também em razão da possibilidade de interpretações extensivas.
Em relação ao parágrafo único, o conteúdo da decisão não possui relevância, mas sim o momento. Basta que a interlocutória seja proferida na fase de liquidação de sentença, de cumprimento de sentença, no processo de execução e/ou no processo de inventário, qualquer que seja o conteúdo da interlocutória, para que seja cabível o agravo. Isso pode causar certa estranheza – se estiver na fase de conhecimento e houver um indeferimento de prova por interlocutória, não cabe agravo de instrumento; se estiver na liquidação de sentença pelo procedimento comum, caberia agravo de instrumento de interlocutória que indeferiu a prova. Mas é assim que ficou com a redação do NCPC.
Com relação ao inciso X, boa parte da doutrina entende que os embargos à execução são uma espécie de ação, por isso o CPC distinguiu essa hipótese da hipótese do parágrafo único (interlocutória no processo de execução). 
*(Atualizado em 05.07.2020): #DEOLHONAJURIS: A decisão que aplica a multa do art. 334, §8º, do CPC, à parte que deixa de comparecer à audiência de conciliação, sem apresentar justificativa adequada, não pode ser impugnada por agravo de instrumento, não se inserindo na hipótese prevista no art. 1.015, II, do CPC. Tal decisão poderá, no futuro, ser objeto de recurso de apelação, na forma do art. 1.009, §1º, do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.762.957-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 10/03/2020 (Info 668).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à definição de competência, a despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015. Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda. STJ. 4ª Turma. REsp 1.679.909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #ATENÇÃO: O rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade mitigada. O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação. STJ. Corte Especial. REsp 1704520/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso repetitivo). Obs.: a tese jurídica fixada e acima explicada somente se aplica às decisões interlocutórias proferidas após a publicação do REsp 1704520/MT, o que ocorreu no DJe 19/12/2018. Antes da decisão acima, o STJ chegou a admitir o cabimento de mandado de segurança. Com a entrada em vigor do CPC/2015, e antes da decisão do STJ no REsp 1704520/MT, havia dúvida razoável na doutrina e na jurisprudência sobre o cabimento ou não de agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que examinava competência. Diante disso, era possível a impetração de mandado de segurança contra decisão interlocutória que examinava competência. Vale ressaltar, contudo, que essa possibilidade de impetração de MS deixou de existir com a publicação do REsp 1704520/MT (DJe 19/12/2018). STJ. 4ª Turma. RMS 58.578-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 18/10/2018 (Info 636).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O conceito de “decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória” previsto no art. 1.015, I, do CPC/2015, abrange as decisões que digam respeito à: 1) à presença ou não dos pressupostos que justificam o deferimento, indeferimento, revogação ou alteração da tutela provisória (é o chamado núcleo essencial); 2) ao prazo e ao modo de cumprimento da tutela; 3) à adequação, suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da técnica de efetivação da tutela provisória; e 4) à necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou alteração da tutela provisória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.752.049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/03/2019 (Info 644). 
Não cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que impõe ao beneficiário o dever de arcar com as despesas da estadia do bem móvel objeto da busca e apreensão em pátio de terceiro. Tal situação não pode ser enquadrada no art. 1.015, I, do CPC/2015 porque essa decisão não se relaciona, de forma indissociável, com a tutela provisória. Trata-se, na verdade, de decisão que diz respeito a aspectos externos relacionados com a executoriedade, operacionalização ou implementação fática da busca e apreensão (e não com a tutela provisória em si). STJ. 3ª Turma. REsp 1.752.049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/03/2019 (Info 644). #IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Segundo o inciso VII do art. 1.015, do CPC/2015: “cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre exclusão de litisconsorte”. Essa previsão abrange somente a decisão que exclui o litisconsorte. Assim, cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que exclui o litisconsorte. Por outro lado, não cabe agravo de instrumento contra a decisão que indefere o pedido de exclusão de litisconsorte (decisão que mantém o litisconsorte). STJ. 3ª Turma. REsp 1.724.453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,julgado em 19/03/2019 (Info 644). #IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE Cabe agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, II, do CPC/2015, contra decisão interlocutória que fixa data da separação de fato do casal para efeitos da partilha dos bens. Trata-se de decisão parcial de mérito, considerando que é uma decisão que resolve uma parcela do pedido de partilha de bens. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: II - mérito do processo; STJ. 3ª Turma. REsp 1.798.975-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info 645).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que defere ou indefere a distribuição dinâmica do ônus da prova ou quaisquer outras atribuições do ônus da prova distinta da regra geral!!! O CPC/2015 prevê que: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º; Esse inciso XI abrange também as decisões interlocutórias que determinem a inversão da prova com base no art. 6º, VIII, do CDC? SIM. O art. 373, §1º, do CPC/2015, contempla duas regras jurídicas distintas, ambas criadas para excepcionar a regra geral do caput do art. 373, sendo que a primeira diz respeito à atribuição do ônus da prova, pelo juiz, em hipóteses previstas em lei, de que é exemplo a inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC, e a segunda diz respeito à teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, incidente a partir de peculiaridades da causa que se relacionem com a impossibilidade ou com a excessiva dificuldade de se desvencilhar do ônus estaticamente distribuído ou, ainda, com a maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. Em outras palavras, a hipótese do art. 6º, VIII, do CDC está sim tratada no § 1º do art. 373 do CPC uma vez que esse dispositivo dispõe também a inversão do ônus da prova nos casos previstos em lei. Para o STJ, a hipótese do inciso XI do art. 1.015 do CPC deve ser lida em sentido amplo de sorte que: É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que defere ou indefere a distribuição dinâmica do ônus da prova ou quaisquer outras atribuições do ônus da prova distinta da regra geral, desde que se operem ope judicis e mediante autorização legal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.729.110-CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info 645).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Em se tratando de decisão interlocutória com duplo conteúdo, é possível estabelecer como critérios para a identificação do cabimento do recurso: a) o exame do elemento que prepondera na decisão; b) o emprego da lógica do antecedente-consequente e da ideia de questões prejudiciais e de questões prejudicadas; c) o exame do conteúdo das razões recursais apresentadas pela parte irresignada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.797.991-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/06/2019 (Info 651).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que acolhe ou afasta a arguição de impossibilidade jurídica do pedido. Com o CPC/2015, a possibilidade jurídica do pedido deixou de ser uma condição da ação e passou ser classificada como “questão de mérito”. Logo, se uma decisão interlocutória acolhe ou rejeita a arguição de impossibilidade jurídica do pedido, trata-se de decisão que versa sobre o mérito do processo, sendo cabível a interposição de agravo de instrumento, com fulcro no art. 1.015, II, do CPC: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: II - mérito do processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.757.123-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/08/2019 (Info 654).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A decisão interlocutória que, na segunda fase da ação de prestação de contas, defere a produção de prova pericial contábil, nomeia perito e concede prazo para apresentação de documentos, formulação de quesitos e nomeação de assistentes, não é imediatamente recorrível por agravo de instrumento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.821.793-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/08/2019 (Info 654).
	O ALCANÇE DO VERBO “VERSAR” CONSTANTE NO CAPUT E OBERVAÇÕES SOBRE O CABIMENTO
Como visto acima, “versar” é tratar sobre determinado assunto (conceder, negar, postergar, condicionar etc.). Exemplo: o juiz indefere o efeito suspensivo dos embargos. Questão: é cabível agravo de instrumento? Sim, pois ela versa sobre concessão.
#ENUNCIADOS CJF- 1ª JORNADA:
Enunciado 70: “É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise de pedido de tutela provisória ou condicioná-la a qualquer exigência”.
Enunciado 71: “É cabível o recurso de agravo de instrumento contra a decisão que indefere o pedido de atribuição de efeito suspensivo a Embargos à Execução, nos termos do art. 1.015, X, do CPC”.
#SELIGA:
Em relação ao inciso XI: se o juiz inverter o ônus da prova (“ope iudicis”), caberá o agravo (acolhido ou rejeitado eventual pedido de inversão do ônus – aqui, enquadra-se no “versar sobre”). Do contrário, não (não dá para defender, por exemplo, que cabe agravo da decisão de indeferir uma prova, como por exemplo a perícia). Neste último caso, também deverá aguardar eventual apelação para recorrer dessa decisão. 
#OBSERVAÇÃO: No rol, não há previsão de agravo contra decisão que indefere prova. Decisão que indefere prova é uma decisão que não é agravável.
A) INCISO I – TUTELAS PROVISÓRIAS: Sejam elas de natureza cautelar ou antecipada, de urgência ou de evidência, antecedentes ou incidentais. São aquelas tratadas nos arts. 294 a 311 do CPC, deferidas em cognição superficial. Também as liminares previstas em procedimentos especiais, como o das ações possessórias e dos embargos de terceiro.
#OBSERVAÇÃO: Se a tutela provisória for dada na sentença, cabe apelação. Aqui está se falando em decisão interlocutória que concedeu tutela provisória, aí sim cabe agravo de instrumento.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A superveniência de sentença de mérito acarreta a perda do objeto do agravo de instrumento interposto contra decisão anteriormente proferida em tutela antecipada. STJ. Corte Especial. EAREsp 488.188-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/10/2015 (Info 573). 
B) INCISO II – DECISÃO QUE JULGA O MÉRITO DA CAUSA: Esse inciso consagra o entendimento de que existe decisão interlocutória de mérito. São as decisões interlocutórias em que o juiz profere o julgamento antecipado parcial do mérito, previsto no art. 356 do CPC. O julgamento do mérito pode, no sistema atual, ser desmembrado. Se um ou algum dos pedidos ou parte deles estiver em condições de julgamento, o juiz proferirá o julgamento antecipado parcial, no qual, em cognição exauriente e definitiva, examinará uma ou algumas das pretensões, ou parte delas. A não interposição do agravo de instrumento, nessas situações, implicará não preclusão, mas coisa julgada material.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Cabe agravo de instrumento contra a decisão que julga procedente, na primeira fase, a ação de exigir contas, condenando o réu a prestar as contas exigidas. Como essa decisão não gera o encerramento do processo, o recurso cabível será o agravo de instrumento (arts. 550, § 5º, e 1.015, II, do CPC/2015). Por outro lado, se a decisão extinguir o processo, com ou sem resolução de mérito (arts. 485 e 487), aí sim haverá sentença e o recurso cabível será a apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.680.168-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 09/04/2019 (Info 650).
C) INCISO III – REJEIÇÃO DA ALEGAÇÃO DE CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM: Cabe AI da decisão interlocutória que rejeitar a alegação de convenção de arbitragem. Exemplo: o réu alegou a convenção de arbitragem e o juiz não acolheu. Se o juiz tivesse acolhido, seria uma sentença e, portanto, apelável. Mas como não acolheu, é uma decisão interlocutória agravável.
#UMPOUCODEDOUTRINA #APROFUNDANDO: Embora o rol de AI seja taxativo, pode ser interpretado extensivamentepor analogia. O inciso III permite, pelo menos, três interpretações por analogia – segundo o processualista Fredie Didier:
· Situação 1: Também é agravável a decisão interlocutória que versa sobre competência. Porque a alegação de convenção de arbitragem é substancialmente uma alegação de incompetência. E esse raciocínio se aplica para qualquer alegação de competência. Alegação de foro de eleição, que também é um negócio processual, seria agravável. Essa é uma expectativa doutrinária do Novo CPC.
· Situação 2:Também é interpretado extensivamente para os casos em que o juiz nega eficácia ou não homologa negócio processual. O inciso III também trata de um negócio processual – quando o juiz rejeita a convenção de arbitragem, ele rejeita um negócio processual.
· Situação 3:Também se aplica quando o juiz não reconhecer a decisão do Tribunal arbitral sobre a sua competência. Se já houver um processo arbitral em andamento, quem tem que decidir sobre a convenção de arbitragem é o árbitro. Se o árbitro disse no processo arbitral que a convenção de arbitragem abrange aquele caso, a competência é do tribunal arbitral, e o árbitro vai comunicar isso ao juízo que vai ter que extinguir o processo. Se o juiz não extinguir o processo, equivale a rejeitar a alegação de convenção de arbitragem. Se ele não extinguir, caberá agravo. Essa conclusão decorre de uma previsão do próprio NCPC – Art. 485, VII: o processo será extinto sem exame do mérito quando o juiz “acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência”.
D) INCISO IV – INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: É aquele previsto nos arts. 133 a 137. O incidente constitui forma de intervenção de terceiros provocada, em que o juiz verificará se estão preenchidos ou não os requisitos da desconsideração direta ou inversa. Da decisão que apreciar o incidente caberá o agravo de instrumento;
E) INCISO V – REJEIÇÃO DO PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA OU ACOLHIMENTO DO PEDIDO DE SUA REVOGAÇÃO: não caberá agravo de instrumento da decisão que deferir a gratuidade ou rejeitar o pedido de revogação, caso em que a decisão só poderá ser questionada como preliminar de apelação ou nas contrarrazões. O agravo caberá quando a gratuidade for indeferida ou revogada, já que nesse caso caberia à parte recolher de imediato as custas e despesas processuais. Para evitar eventual prejuízo irreparável do litigante é que a lei admite o agravo de instrumento nesse caso.
F) INCISO VI – EXIBIÇÃO OU POSSE DE DOCUMENTO OU COISA: trata-se da decisão que aprecia o incidente de exibição de documento ou coisa, previsto no art. 396 e ss.
G) INCISO VII – EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE: trata-se de decisão que precisa ser reexaminada de imediato, não podendo ser relegada para a fase de apelação, sob pena de irreparável prejuízo à marcha do processo. A redação do inciso, conjugada com a do inciso seguinte, leva à conclusão de que só caberá agravo de instrumento se a decisão excluir o litisconsorte. Se o mantiver, a impugnação deverá ser feita como preliminar na apelação ou nas contrarrazões.
H) INCISO VIII – REJEIÇÃO DO PEDIDO DE LIMITAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO: em caso de litisconsórcio multitudinário, o juiz, de ofício ou a requerimento do réu, poderá limitar o número de participantes, determinando o desmembramento do processo. Se ele rejeitar o pedido e indeferir o desmembramento do processo, todos os litisconsortes originários serão mantidos e caberá o agravo de instrumento, com fulcro nesse inciso. Já se o juiz acolher o pedido de limitação, ele excluirá parte dos litisconsortes originários, determinando o desmembramento do processo, e caberá também agravo de instrumento, mas com fulcro no inciso anterior.
I) INCISO IX – ADMISSÃO OU INADMISSÃO DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: caráter amplo deste inciso torna despiciendo o inciso IV, já que o incidente de desconsideração da personalidade jurídica é uma das formas de intervenção de terceiro. Caberá agravo de instrumento tanto da decisão que deferir quando da que indeferir a intervenção. A exceção é a admissão do amicus curiae, já que o art. 138, regra especial, estabelece que a decisão judicial é irrecorrível.
J) INCISO X – CONCESSÃO, MODIFICAÇÃO OU REVOGAÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS À EXECUÇÃO: os embargos, em regra, não têm efeito suspensivo, mas o juiz, excepcionalmente, preenchidos os requisitos legais, poderá concedê-lo. Da decisão que defere, indefere, modifica ou revoga o efeito suspensivo, cabe agravo de instrumento.
K) INCISO XI – REDISTRIBUIR O ÔNUS DA PROVA NOS TERMOS DO ART. 381, §1º: é a hipótese de redistribuição do ônus fundada em lei ou em determinação judicial. A decisão do juiz que aprecia a redistribuição do ônus desafia agravo de instrumento. Parece-nos que o agravo será cabível tanto da decisão que defere a redistribuição quanto da que a indefere, já que, em ambos os casos, a decisão versará, positiva ou negativamente, sobre a redistribuição e, também em ambos, a questão precisa ser reexaminada desde logo pelo tribunal, porque repercutirá sobre o comportamento de uma ou outra parte na fase de instrução.
L) INCISO XIII – OUTROS CASOS EXPRESSAMENTE REFERIDOS EM LEI: A lei pode criar outros casos de cabimento de agravo de instrumento. São exemplos o que pode ser interposto contra sentença declaratória de falência.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
É admissível a interposição de agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito suspensivo aos embargos à execução. As hipóteses em que cabe agravo de instrumento estão previstas art. 1.015 do CPC/2015, que traz um rol taxativo. Apesar de ser um rol exaustivo, é possível que as hipóteses trazidas nos incisos desse artigo sejam lidas de forma ampla, com base em uma interpretação extensiva. Assim, é cabível agravo de instrumento contra decisão que não concede efeito suspensivo aos embargos à execução com base em uma interpretação extensiva do inciso X do art. 1.015: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; STJ. 2ª Turma. REsp 1.694.667-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/12/2017 (Info 617).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ # IMPORTANTE!!! A decisão interlocutória que afasta (rejeita) a alegação de prescrição é recorrível, de imediato, por meio de agravo de instrumento com fundamento no art. 1.015, II, do CPC/2015. Isso porque se trata de decisão de mérito. 
Embora a ocorrência ou não da prescrição ou da decadência possam ser apreciadas somente na sentença, não há óbice para que essas questões sejam examinadas por intermédio de decisões interlocutórias, hipótese em que caberá agravo de instrumento com base no art. 1.015, II, do CPC/2015, sob pena de formação de coisa julgada material sobre a questão. STJ. 3ª Turma. REsp 1.738.756-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/02/2019 (Info 643). 
	2.2 REQUISITOS DA PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
O agravo de instrumento é dirigido para o Tribunal:
CPC, art. 1.016: “O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; 
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo”.
	2.3 INSTRUÇÃO DA PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
	2.3.1 PEÇAS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS
Há uma ampliação do contexto decisório:
CPC, art. 1.017: “(...):
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; (...) [há uma ampliação da lista com relação ao CPC anterior]
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. (...)”.
Declaração deinexistência pelo advogado (inciso II)
Art. 1.017: “(...) II – com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; (...)”.
Não há essa questão de responsabilidade pessoal. Na verdade, o advogado/procurador/membro do MP/membro da Defensoria Pública apenas atesta que não há certas cópias que são exigidas pelo inciso I. Ex.: ainda não há procuração ao advogado do réu, pois, por se tratar de pedido de tutela de urgência, o réu não foi citado. 
Dispensa de peças obrigatórias se autos eletrônicos (§ 5º)
Art. 1.017, § 5º: “Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia”.
Em caso de processos eletrônicos, há a dispensa das peças obrigatórias por motivos óbvios – o processo está totalmente lá – só é preciso juntar algo se houver peças novas. Exemplo: CPC, art. 1.014 (que deveria estar nas disposições gerais e não na parte da apelação).
#CUIDADO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Se o processo é eletrônico na 1ª instância, mas é físico no Tribunal, não se aplica a dispensa de juntada de documentos prevista no art. 1.017, § 5º do CPC/2015 A disposição constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada das peças obrigatórias à formação do agravo de instrumento em se tratando de processo eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos tramitem por meio digital tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição. STJ. 3ª Turma. Resp 1.643.956-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/5/2017 (Info 605).
Na ausência de cópias, há possibilidade de saneamento: art. 1.017, § 3º: “Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único [permite ao juiz suprir vícios no âmbito dos recursos]”.
Imagine uma situação de autos em papel onde é interposto um Agravo de Instrumento sem o instrumento (ou seja, só as razões do agravo, sem documento nenhum). Ao invés de indeferir de cara, o relator deverá intimar o agravante para sanar o vício, sob pena de não conhecimento. 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
As peças que devem formar o instrumento do agravo podem ser apresentadas em mídia digital (DVD). STJ. 2ª Turma. REsp 1.608.298-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/9/2016 (Info 591).
No agravo de instrumento, em regra, se o agravante não juntou a cópia de certidão de intimação da decisão agravada, seu recurso não será conhecido em virtude de esta certidão ser prevista como documento obrigatório (art. 525, I, do CPC 1973 / art. 1.017, I, do CPC 2015). A Lei exige esse documento para que o Tribunal possa saber quando a parte foi intimada e, assim, ter certeza que o recurso foi interposto tempestivamente. Exceção: é possível dispensar a certidão de intimação se existirem outros meios para se aferir a tempestividade do recurso. O termo de abertura de vista e remessa dos autos à Fazenda Nacional substitui, para efeito de demonstração da tempestividade do agravo de instrumento por ela interposto, a apresentação de certidão de intimação da decisão agravada (art. 525, I, do CPC 1973 / art. 1.017, I, do CPC 2015). STJ. Corte Especial. REsp 1.383.500-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/2/2016 (recurso repetitivo) (Info 577).
A disposição constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada das peças obrigatórias à formação do agravo de instrumento em se tratando de processo eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos tramitem por meio digital tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.643.956-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/5/2017 (Info 605).
#OUSESABER: Segundo disposto no art. 1.017, repetindo o que já existia no CPC de 1973, o agravo de instrumento deve vir acompanhado, como regra geral, das peças obrigatórias e facultativas. Ocorre que existe uma exceção, consoante disposto no parágrafo 5º desse mesmo artigo: caso os autos sejam eletrônicos, é DESNECESSÁRIO que o agravante junte as peças obrigatórias. § 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. Ora, a alteração tem imensa razão de ser, uma vez que nesse caso o próprio TJ pode ter acesso aos autos eletronicamente de modo completo, sendo desnecessária a formação do instrumento nesses moldes.
	2.3.2 CUSTAS E PORTE DE RETORNO
Art. 1.017, § 1º: “Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais”.
	2.3.3 FORMAS DE INTERPOSIÇÃO
CPC, art. 1.017, § 2º: “No prazo do recurso, o agravo será interposto por: 
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; 
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; 
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
V - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; 
V - outra forma prevista em lei. (Meio eletrônico, por exemplo, o que depende de regra de cada tribunal).
CPC, art. 1.017, § 4º: “Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original”.
	2.4 JUNTADA EM PRIMEIRA INSTÂNCIA
Desde que o agravo de instrumento foi modificado para o formato de interposição direta no Tribunal em 1995, a juntada aos autos do processo era um ônus do agravante – objetivava a colaboração com a outra parte. Em 2001, a juntada tornou-se um ônus relativo, pois dependeria da alegação de prejuízo. Atualmente o tema está regulado no artigo 1.018:
Art. 1.018: “O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso”.
§ 2º: “Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias [úteis] a contar da interposição do agravo de instrumento”.
§ 3º: “O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento”.
#ATENÇÃO: A juntada é uma faculdade quando os autos forem eletrônicos (expressão “poderá” do “caput”).
É ínsita ao recurso de agravo de instrumento a retratação no caso de interposição (efeito regressivo). Nesse caso, para viabilizar a retratação, a juntada é um ônus do agravante.
Autos eletrônicos (§ 2º): § 2º: “Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento”.
Não juntada e ônus do agravado (§ 3º): Art. 1.018, § 3º: “O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento”.
#APROFUNDANDO: ENUNCIADO CJF 1ª JORNADA: N 73: “Para efeito de não conhecimento do agravo de instrumento por força da regra prevista no § 3º do art. 1.018 do CPC, deve o juiz, previamente, atender ao art. 932, parágrafo único, e art. 1.017, § 3º, do CPC, intimando o agravante para sanar o vício ou complementar a documentação exigível”
	2.5 ATUAÇÃO DO RELATOR
O artigo 1.019 retrata a atuação do relator ao julgar o agravo de instrumento.
#RECORDARÉVIVER: Enquanto não julgado o agravo de instrumento, o juízo a quo poderá retratar-se, comunicando ao tribunal. Se a retratação for completa, o tribunal julgará prejudicado o recurso; se for parcial, só reexaminará aquela parte da decisão que não foi reformada. Havendo retratação, poderá ser interposto pela parte contrária um novo agravo de instrumento, desde que a nova decisão se insira nas hipóteses do art. 1.015do CPC.
Art. 1.018. (...) § 1º: “Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento”.
Art. 1.019.  Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;
III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 1.020.  O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado.
	2.5.1 JULGAMENTO MONOCRÁTICO
O artigo 1.019 diz que o relator pode julgar monocraticamente o recurso nas hipóteses do art. 932, incisos III e IV, o relator. Essa previsão preza pela celeridade processual e pela observância os precedentes.
Art. 932.  Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
#OLHAOGANCHO: O agravo interno é aquele que cabe contra as decisões monocráticas do relator. Nos termos do art. 932 do CPC, o relator de qualquer recurso tem uma série de incumbências, cabendo-lhe, entre outras coisas, dirigir e ordenar o processo no tribunal, apreciar o pedido de tutela provisória, não conhecer de recurso inadmissível e dar ou negar provimento ao recurso, nos casos previstos nos incisos III, IV e V. Das decisões monocráticas do relator, quaisquer que sejam elas, tanto as relativas ao processamento quanto ao julgamento do recurso, cabe agravo interno para o órgão colegiado.
	2.5.2 EFEITO SUSPENSIVO OU EFEITO SUSPENSIVO ATIVO
CPC, art. 1.019: “(...) I – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; (...)”.
Trata-se de cópia do constante no Código anterior sobre o efeito suspensivo do agravo. O artigo consubstancia a regra do Código (CPC, art. 995 – em regra, recursos não têm efeitos suspensivos, o que não faz com que o relator não possa conceder o efeito suspensivo).
Essa expressão é utilizada para designar a possibilidade de o relator, liminarmente, conceder a tutela antecipada da pretensão recursal, concedendo à medida que foi negada pela primeira instância. Se o juiz a quo concedeu a liminar, e a parte prejudicada teme que seja executada, cabe a ela agravar de instrumento e postular a concessão de efeito suspensivo, para paralisar o cumprimento da medida.
Mas, se o juiz de primeiro grau não concedeu a medida, e a parte tem urgência em obtê-la, pode pedir ao relator que conceda efeito ativo (ou suspensivo ativo, que corresponde à tutela antecipada da pretensão recursal), deferindo a liminar, que o juízo a quo negou.
#SELIGA: Efeito suspensivo ativo são situações em que o agravo de instrumento é interposto contra uma decisão negativa na primeira instância. Exemplo: agravo de instrumento contra a decisão que nega o pedido de tutela provisória, o relator pode conceder o pedido de tutela de urgência.
	2.5.3 INTIMAÇÃO DO AGRAVADO E DO MP
CPC, art. 1.019: “(...)
II – ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso; (...)”.
III– determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias”. [Custus legis]
	2.6 DATA PARA JULGAMENTO
Art. 1.020: “O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado”.
	2.7 SUSTENTAÇÃO ORAL
Art. 937: “Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021: (...)
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência[footnoteRef:4]; [novidade do NCPC] (...)”. [4: Esse artigo foi objeto de questionamento da prova discursiva da DPE ES 2017.] 
	2.8 RESUMO DO PROCEDIMENTO
1) Interposto no tribunal, ENDEREÇADO AO PRESIDENTE, com o comprovante do pagamento do preparo;
2) O agravante poderá, em 03 dias, comunicar com cópia o juízo de 1º grau que houve agravo de instrumento;
3) No tribunal o agravo é distribuído imediatamente ao relator que:
I- Se não for o caso de decisão monocrática de plano:
a) Não admite (art. 932 III, CPC);
b) Negando provimento ao recurso (art. 932, IV);
II- Em 5 dias:
a) Decidirá sobre tutela de urgência;
b) Determinará a intimação do agravado para contrarrazões em 15 dias;
c) Intimarão o MP para parecer em 15 dias, se for o caso;
d) Solicita a inclusão do recurso na pauta de julgamento, em prazo não superior a 1 mês.
#ATENÇÃO #AJUDAMARCINHO:
O Ministério Público ingressou com ação de improbidade contra João, Paulo e Pedro pedindo a indisponibilidade dos bens dos requeridos. O juiz, por meio de decisão interlocutória, deferiu a indisponibilidade em relação a todos eles, no entanto, na decisão não houve qualquer fundamentação quanto ao réu Pedro. Diante disso, ele interpôs agravo de instrumento contra a decisão. O Tribunal, analisando o agravo, decidiu que a decisão realmente é nula quanto à Pedro por ausência de fundamentação. No entanto, em vez de mandar o juiz exarar nova decisão, o Tribunal decidiu desde lodo o mérito do pedido e deferiu a medida cautelar de indisponibilidade dos bens de Pedro, apontando os argumentos pelos quais este requerido também praticou, em tese, ato de improbidade. Pedro interpôs recurso especial contra a decisão do Tribunal argumentando que o CPC, ao tratar sobre a teoria da causa madura, é expresso ao falar em "sentença". Além disso, o parágrafo que trata sobre esse assunto está inserido dentro do artigo que cuida da apelação. Assim, não seria possível a aplicação da teoria da causa madura para agravos de instrumento. Agiu corretamente o Tribunal neste caso? É possível que o Tribunal, ao julgar agravo de instrumento, aplique a teoria da causa madura e aprecie desde logo o mérito? SIM. Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º do CPC/2015) em julgamento de agravo de instrumento. STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016 (Info 590).
3 AGRAVO INTERNO
É o recurso contra decisão monocrática do relator. Dá efetividade ao princípio da colegialidade das decisões judiciais.
	3.1 COLEGIAMENTO DE TODA DECISÃO MONOCRÁTICA (CPC, ART. 1021)
A colegialidade é um princípio de índole constitucional e, no plano infralegal,

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