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Função Jurisdicional e Sujeitos Processuais

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Função Jurisdicional e Sujeitos Processuais-Jurisdição, Competência e Atos Processuais 
Profª Polyana Lustosa Bezerra 
 
FUNÇÃO JURISDICIONAL E SUJEITOS PROCESSUAIS-JURISDIÇÃO, 
COMPETÊNCIA E ATOS PROCESSUAIS 
AULA 02 
 
CONCEITOS (continuação) 
 
Espécies da Jurisdição: 
a) Quanto ao grau de jurisdição: define o órgão jurisdicional que aprecia a matéria, 
em regra subdivide-se em 1º grau (quem primeiro analisa, chamado de juiz a quo) 
e 2º grau (quem julga o recurso, chamado juiz ad quem). 
 
b) Quanto a submissão ao direito positivo: 
- Jurisdição de direito: é quando o estado-juiz está vinculado aos limites da lei e 
decide o caso concreto expressamente conforme a lei determina. 
Ex: fixação de critério da pena em caso de homicídio, responsabilidade por danos 
materiais/morais, etc. 
- Jurisdição de equidade: o magistrado apresenta a decisão que achar mais justa ao 
caso concreto, sem vinculação ao limite da lei.1. 
Ex: determinação de visita nos casos de guarda adequando ao calendário escolar do 
menor, 
 
c) Quanto ao objeto: 
- penal: é composta de causas penais, de pretensões punitivas, sendo exercida pelos 
juízes estaduais comuns, pela justiça eleitoral, pela justiça militar estadual, pela justiça militar 
federal e pela justiça federal; 
 
- civil: abrange todas as causas e pretensões não penais, se dando por exclusão. Tudo 
que não é pretensão penal, é pretensão civil. É exercida pela justiça federal, estadual, eleitoral. 
 
1 Ver: art. 4º Decreto-lei nº 4.657/42 e o art. 140, parágrafo único do CPC. 
 
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Note-se que esta divisão de competência em tribunais criminais e cíveis é por 
conveniência, uma vez que numa análise mais aprofundada é impossível separar 
completamente uma relação jurídica da outra, razão pela qual sempre haverá pontos de 
contacto, de semelhança entre ambas as jurisdições. 
Ex: crime contra a honra com indenização por danos morais. Cumulação de roubo/furto com 
indenização por danos materiais. 
 
d) Quanto ao caráter litigioso2: 
contenciosa: as partes demandantes ocupam polos distintos na relação jurídica 
processual, recorrendo ao Estado-juiz para resolução. É a que predomina do Brasil. 
Ex: divórcio litigioso, condenação penal, determinação de guarda, etc. 
- voluntária: não existe um conflito entre as partes, pois as vontades são convergentes. 
Assim, as partes pretendem obter o mesmo bem da vida; têm a mesma pretensão, mas precisam 
da intervenção do Judiciário para que esse acordo de vontades produza efeitos jurídicos 
almejados. 
Ex: divórcio consensual, retificação de registo, exoneração de alimentos, etc. 
 
CONTENCIOSA VOLUNTÁRIA 
Atividade jurisdicional Teoria Administrativa ou Tradicional 
Administração Pública de interesses privados 
Substitutividade Não há conflito, não há lide 
Atuação da vontade concreta da lei Finalidade Constitutiva apesar do interesse 
ser apenas das partes, seus efeitos criação, 
modificação ou extinção de uma relação 
jurídica só se produzem com a participação 
do juiz. 
Partes (autor e réu) Não há partes, mas “interessados” ou 
“requerentes” 
Coisa Julgada3 Não faz coisa julgada 
 
2 Art. 3º CPC. 
3 Qualidade atribuída a uma Decisão, que impede a modificação ou nova discussão sobre o mérito, da 
qual não cabe mais recurso. Ver art. 502, CPC. 
 
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ATIVIDADE DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA NO GOOGLE FORMS (0,5 pontos) 
 
Fontes do Direito 
Chamam-se fontes formais do direito os meios de produção ou expressão da norma 
jurídica. Tais meios são a lei (em sentido amplo, abrangendo a Constituição), os usos e 
costumes, o negócio jurídico. 
São os meios pelos quais se formam ou pelos quais se estabelecem as normas jurídicas. 
Fontes do Direito, portanto, nada mais são que as formas pelas quais as regras jurídicas se 
exteriorizam, se apresentam. dividindo-se em material e formal: 
• Materiais: É de onde surge o direito, matéria prima (religião, tradição, etc) em geral 
trata de relações e valores (justiça, paz social, ordem e outros). A partir dessas fontes o direito 
material é formado pelas casas legislativas. É mais estudada pela sociologia, ao direito 
compreende sua aplicação; 
 
• Formais (de conhecimento): dizem como o direito se manifesta; 
a) Imediata (primária): dela nascem os direitos e deveres. São as leis e a norma 
propriamente dita. Ex: Lei complementar, Lei ordinária, Decreto, Resolução, 
etc; 
b) Mediata (secundária): é o direito positivo em geral (art. 4º LNDB) sendo 
aplicado. Ex: princípios gerais de direito, analogia, costumes, etc. 
 
Norma jurídica 
Diante da necessidade do homem de viver em grupos, o necessário agrupamento dos 
seres humanos revelou uma séria dificuldade para a convivência, compreendida como conflito 
de interesses que surge entre os próprios seres humanos. 
Chegou-se à solução para esse problema, qual seja a criação de regras de conduta, com 
vistas à regular o comportamento dos homens para que se adaptassem à vivencia em conjunto 
com outros seres humanos. 
Surgiu então a diferenciação entre norma jurídica e outros tipos. 
 
Teoria do Mínimo Ético 
 
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Miguel Reale considerou que toda norma jurídica tem uma característica ética. 
Segundo essa teoria, o direito nada mais é do que a determinação de preceitos éticos 
minimamente necessários a uma convivência humana harmoniosa. Assim, toda norma jurídica 
tem em seu conteúdo princípios éticos. 
 
Influência Religiosa 
O conteúdo das normas religiosas também pode estar presente nas normas jurídicas. 
Citamos como exemplo a Lei nº 12.142/054 do estado de São Paulo que dispõe: 
Art. 1º - As provas de concurso público ou processo seletivo para provimento 
de cargos públicos e os exames vestibulares das universidades públicas e 
privadas serão realizados no período de domingo a sexta-feira, no horário 
compreendido entre as 8h e as 18h. 
§1º. Quando inviável a promoção de certames em conformidade com o "caput", 
a entidade organizadora poderá realiza-los no sábado, devendo permitir ao 
candidato que alegar motivo de crença religiosa a possibilidade de faze-los 
após as 18h. 
 
Assim, não é possível construirmos um conceito de norma jurídica para distingui-las 
das demais normas, isso porque elas tem em seu conteúdo princípios morais, éticos e/ou 
religiosos. 
Nesse sentido, Hans Kelsen5 diz que “O direito, a moral e a religião, os três proíbem 
o assassinato.” 
 
Quem foi Hans Kelsen? 
Foi um jurista e filósofo austríaco, considerado um dos mais importantes e influentes 
estudiosos do direito e o principal representante da chamada Escola Normativista do Direito, 
ramo da Escola Positivista. 
Kelsen distinguia o mundo “do ser”, próprio das ciências naturais, do “dever-ser”, no 
qual o Direito estava situado, defendendo que não existe possibilidade lógica de deduzir o 
“dever-ser” do “ser”, ou seja, de descobrir as normas jurídicas a partir dos fatos. 
 
 
4 Disponível em: < https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2005/lei-12142-08.12.2005.html > 
5 KELSEN, H. Teoria Geral do Direito e do Estado. Trad. Luís Carlos Borges. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2005. 
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2005/lei-12142-08.12.2005.html
 
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Teoria da Hierarquia das Normas 
Uma das maiores concepções de Kelsen é a ideia de ordenamento jurídico como sendo 
um conjunto hierarquizado de normas jurídicas estruturadas na forma de uma pirâmideabstrata, 
cuja norma mais importante, que subordina as demais normas jurídicas de hierarquia inferior é 
a denominada norma hipotética fundamental, da qual as demais retiram seu fundamento de 
finalidade. 
6 
 
A análise das normas jurídicas sob o critério estrutural teve como pai Norberto Bobbio, 
cujo objetivo era identificar a norma jurídica. 
Após muito estudo, verificou-se que o elemento essencial da norma jurídica não pode 
ser encontrado em sua estrutura, tendo em vista que as distinções servem apenas para encontrar 
alguns caracteres da norma jurídica, não conseguindo, todavia, estabelecer um elemento capaz 
de distinguir a norma jurídica das demais. 
O conceito absoluto de norma jurídica é uma tarefa impossível porque os debates ainda 
são recorrentes. Com isso, tem-se sustentado que norma jurídica é aquela inserida em um 
sistema que se pode chamar de DIREITO. 
Esse sistema é um complexo normativo, no qual a execução de seus preceitos é 
garantida por sanções organizadas que estão previstas no próprio sistema. 
 
6 Pirâmide de Kelsen 
 
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Nesse sentido, tem-se que o elemento da juridicidade está presente não na norma em 
si, mas no ordenamento em que ela está inserida. 
 
Classificação da norma jurídica: 
1. Quanto à fonte: 
a) Nacional: as que fazem parte de um ordenamento jurídico de um Estado em seu 
território; Ex: CF, leis, decretos, etc. 
 
b) Estrangeira: as que fazem parte de um ordenamento jurídico de um Estado e são 
aplicadas no território de outro; Ex: Carta das Nações Unidas (1945), a Convenção de 
Viena sobre Relações Consulares (1963), o Estatuto do Tribunal Penal Internacional 
(1998), etc. 
 
c) De direito uniforme: aquelas que pertencem a dois ou mais Estados, assinadas 
por eles. Ex: Mercosul, União Européia, etc. 
 
2. Quanto à fonte: 
a) Legislativa: elaboradas pelo Poder Público (leis, medidas provisórias, 
decretos, portarias, etc.); 
b) Consuetudinária: são as normas não escritas, elaboradas pela prática 
social (respeitar a fila, apertar a mão ao cumprimentar alguém); 
c) Jurisprudenciais: as normas criadas pelos Tribunais da reiterada 
decisão de conflitos de uma determinada natureza (predecentes); 
 
3. Quanto ao âmbito de validez: 
a) Gerais: se aplicam em todo o território federal. Ex: Lei complementar 
Federal; 
b) Locais: sua aplicação se limita a um Estado ou Município. Es: Lei 
Estadual, Decreto Municipal; 
 
4. Quanto à aplicação no tempo: 
 
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a) Determinado: normas que tem duração previamente determinada. Ex: 
Medida Provisória (62, §3º, CF); 
b) Indeterminado: normas que não preveem a duração. Ex: Lei 
complementar; 
 
5. Quanto à matéria: 
a) Individualizada: que obriga um determinado tipo de pessoa ou classe. 
Ex: Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), 
b) Genérica: se dirige a todos que se acham na mesma situação jurídica. 
Ex: Código Civil, Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 
6. Quanto à hierarquia: 
a) Constitucional: originam-se da CF ou das Emendas à CF; 
b) Complementares: normas abaixo da CF e com características de 
organização do Estado. Ex: Código Civil, Código de Trânsito; 
c) Ordinárias: servem a dar mais especificidade às leis complementares; 
Ex: Eca, Estatudo da Pessoa com Deficiência, etc. 
d) Individualizadas: atos jurídicos. Ex: Sentença, Contrato, etc. 
 
7. Quanto à sanção: 
a) Perfeita: sua infringência importa em sanção de nulidade, ou 
possibilidade de anulação do ato praticado. Ex: O ato praticado com dolo (art. 145, CC) fica 
sujeito à anulação, dependendo da iniciativa da parte interessada. 
b) Mais que Perfeita: normas cuja violação dão margem a duas 
sanções, a nulidade do ato praticado, com possibilidade de restabelecimento do ato anterior 
assim como uma pena ao transgressor. Ex: O art. 1.521, VI, CC, estabelece que não podem 
casar as pessoas casadas, sob pena de bigamia (235, CP); 
c) Menos que perfeita: trazem sanção incompleta ou inadequada. 
O ato vale, mas com sanção parcial. Ex: a viúva que contrai novo matrimônio, tendo filhos com 
o marido anterior, não fazendo inventário do cônjuge falecido. O novo casamento será válido, 
mas perderá a mulher o usufruto dos bens dos filhos menores, além de se casar obrigatoriamente 
no regime de separação de bens (art. 1.641, I, do CC); 
 
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d) Imperfeita: determinam uma conduta sem impor sanção. Não 
existe nulidade para o ato, nem qualquer punição. Ex: dívidas prescritas e de jogo. Essas dívidas 
devem ser pagas, porém o ordenamento não concede meio jurídico de obrigar o pagamento (art. 
814, CC). 
 
8. Quanto à vontade das partes: 
a) Taxativas: guardam interesses fundamentais da sociedade e por 
isso obrigam independente da vontade das partes. Ex: Leis, decretos, etc. 
b) Dispositivas: dizem respeito apenas aos interesses dos 
particulares, admitem a não-adoção de seus preceitos, desde que por vontade expressa das 
partes interessadas. Ex: Contrato, Acordo de Contrato de Trabalho (ACT). 
 
Validade da Norma Processual 
A validade de uma norma jurídica é observada sob o aspecto da sua construção, 
averiguando se foram obedecidas as suas condições formais e materiais: 
a) Formais: diz respeito à norma produzida por quem tem 
competência para tanto, com a observância do procedimento para esse fim. Ex: processo 
legislativo. 
b) Materiais: tem relação com o conteúdo da norma e sua 
compatibilidade com o sistema normativo a qual ela se insere. Ex: leis de acordo om a CF. 
 
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	Fontes do Direito
	Norma jurídica
	Validade da Norma Processual

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