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1 Tradicionalmente, as sentenças são classificadas como terminativas e definitivas. As sentenças terminativas são aquelas que não resolvem o mérito da causa, possuindo apenas conteúdo processual, ao passo que as sentenças definitivas são aquelas que resolvem o mérito da causa. Por mérito, entende-se o conflito de interesse levado ao Judiciário para solução, sendo aquilo sobre o que o autor e o réu querem que recaia a tutela jurisdicional (BUENO, 2016). Antes de extinguir o processo sem resolução do mérito, é preciso verificar a possibilidade de correção do vício processual pela parte, em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito (art. 4º do CPC). PEREMPÇÃO Ocorre quando o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo por abandono, hipótese em que não poderá propor uma quarta ação contra o réu com o mesmo objeto. Fica, no entanto, ressalvado ao autor apenas a possibilidade de alegar em defesa seu direito (§3º, do art. 486 do CPC). LITISPENDÊNCIA Quando se repete ação que já esteja em curso (§3º, do art. 337 do CPC). Assim, em regra, havendo dois ou mais processos idênticos em trâmite (mesmas partes, causa de pedir e pedidos), o primeiro será causa de extinção dos demais ajuizados posteriormente. COISA JULGADA Quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado (§4º do art. 337 do CPC). Se já oferecida a contestação, a homologação da desistência depende do consentimento do réu (§4º do art. 485). Por outro lado, no caso de revelia, não é necessária a anuência do réu para a desistência. A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença (§5º, do art. 485) Desistência e renúncia não se confundem. Na desistência, desiste-se apenas de continuar a exercer o direito de ação daquele processo em curso, o que acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito e a possibilidade de a parte, posteriormente, ajuizar a ação novamente. Na renúncia, renuncia-se ao direito material alegado, o que gera a prolação de sentença definitiva, coisa julgada material e, por consequência, não permite ajuizamento de outra ação. INCISO I, ART. 487 DO CPC. Estabelece que haverá resolução de mérito quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção. Trata-se do caso mais comum de 2 sentenças proferidas. Há quem as chame de verdadeiras sentenças de mérito, pois são as hipóteses em que há um efetivo julgamento do objeto litigioso do processo, com o acolhimento ou a rejeição, no todo ou em parte, dos pedidos formulados pelas partes – no caso do autor, os pedidos constantes na petição inicial e, no caso do réu, na reconvenção, se apresentada. INCISO II, ART. 487 DO CPC. Determina que haverá resolução de mérito quando o juiz decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição. Em nosso ordenamento jurídico, prescrição e decadência são consideradas matérias de mérito. Embora não se analise a existência do direito material alegado na demanda, a sentença – identificadora da prescrição ou decadência – reconhece, no caso concreto, que houve o transcurso do tempo fixado em lei para o ajuizamento da ação ou reconvenção, o que acarreta a rejeição dos pedidos (julgamento de improcedência). O §1º, do art. 487, do CPC, prevê que, ressalvada a hipótese do §1º do art. 332 (improcedência liminar do pedido), a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada, às partes, oportunidade de se manifestarem a respeito. Aqui, o legislador busca prestigiar o art. 10 do CPC, que prevê o respeito ao princípio do contraditório, ainda quando se trate de matéria que o juiz possa conhecer de ofício, como é o caso da prescrição e decadência. INCISO III, ART. 487 DO CPC. Prevê as hipóteses de sentença homologatória de autocomposição. Nessas hipóteses, o magistrado homologa a vontade das partes, após verificar o preenchimento dos requisitos de validade do ato celebrado. Além disso, as situações previstas no referido inciso III representam ato de disposição do direito material praticado pelas partes em conjunto, pelo réu ou pelo autor, motivo pelo qual é preciso que tal direito, deduzido na demanda, seja disponível, admitindo-se a autocomposição. ART. 488 DO CPC. Define que, se possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485. Em outras palavras, se a decisão de mérito for favorável à parte que se beneficiaria com a decisão sem resolução de mérito, deve o magistrado dar preferência ao julgamento de mérito. SENTENÇAS DECLARATÓRIAS, CONSTITUTIVAS E CONDENATÓRIAS As sentenças também podem ser classificadas de acordo com seu conteúdo, segundo três espécies: sentenças declaratórias, sentenças constitutivas e sentenças condenatórias. Essa classificação, adotada pela teoria ternária, é a que considera a natureza do bem jurídico visado pelo julgamento, ou seja, a espécie de tutela jurisdicional concedida à parte (THEODORO JÚNIOR, 2018). 3 As sentenças declaratórias (ou meramente declaratórias) são aquelas que se limitam a declarar: A existência, inexistência ou o modo de ser de uma relação jurídica A autenticidade ou falsidade de um documento (incisos I e II, respectivamente, do art. 19 do CPC) No inciso I, declara-se uma relação jurídica e no inciso II, excepcionalmente, fatos. Nessas sentenças, portanto, obtém-se uma certificação, uma certeza jurídica sobre qualquer situação em que se existia dúvida e incerteza. As sentenças constitutivas são aquelas que criam, modificam ou extinguem uma relação jurídica. Pode-se dizer que tais sentenças certificam e efetivam um direito potestativo, sendo exemplos de direito potestativo: Rever cláusulas de um contrato ou rever valor de prestação alimentícia (alteração da relação jurídica) Instituir servidão ou adotar alguém (criação da relação jurídica) e Rescindir um contrato ou anulá-lo, ou ainda direito de pedir divórcio (extinção da relação jurídica) (DIDIER et al, 2016) As sentenças executivas, por fim, são aquelas que declaram a existência do direito material da parte vencedora e autorizam a realização da atividade executiva a fim de efetivar aquele direito. Trata-se de sentença, portanto, que tem como efeito a criação de um título executivo, que permite o desenvolvimento da atividade jurisdicional de natureza executiva com fim de efetivar a prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa devida pelo réu. ELEMENTOS DA SENTENÇA O art. 489 do CPC afirma que são elementos essenciais da sentença: o relatório (inciso I), os fundamentos (inciso II) e o dispositivo (inciso III). O relatório é a síntese da demanda, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, a suma do pedido, da defesa e da reconvenção (se houver), bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo (art. 489, I, do CPC). Exige-se a elaboração de relatório para demonstrar que o órgão julgador conhece o processo que irá julgar. A ausência de relatório gera a nulidade absoluta da sentença para a doutrina majoritária. É preciso recordar que há hipóteses em que se dispensa o relatório, como é o caso das sentenças proferidas nos Juizados Especiais Cíveis (art. 38 da Lei n. 9.099/1995). 4 Na fundamentação, o juiz analisará as questões de fato e de direito (art. 489, inciso II, do CPC). É na fundamentação que se indicam os motivos que justificam, juridicamente, a conclusão a que se tenha chegado (CÂMARA, 2016). Trata-se de elemento que não pode ser dispensado, cuja falta acarreta a nulidade da decisão (art. 93, IX, da CF/1988 e art. 11 do CPC). A fim de concretizar a exigência constitucional de fundamentação das decisões judiciais, o art. 489, §1º, do CPC enumerou, em rol exemplificativo, as situações em que não se considera fundamentada uma decisão judicial, seja ela interlocutória, sentençaou acórdão. No dispositivo, o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem (art. 489, inciso III, do CPC). Trata-se da parte conclusiva da sentença, representando o comando da decisão. Uma sentença sem sua parte dispositivo não é uma decisão judicial, pois nada foi decidido, concluído. Assim, ausente o dispositivo, a sentença é inexistente. Por fim, o art. 489, §3º, do CPC fixa o dever de o juiz interpretar a decisão judicial a partir de todos os seus elementos em conjunto – e não vistos de forma isolada –, além de ter que analisá-los sempre em conformidade com o princípio da boa- fé. VÍNCULO ENTRE A SENTENÇA E OS PEDIDOS Na sentença de mérito, incumbe ao juiz acolher ou rejeitar, no todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes – no caso do autor, os pedidos constantes na demanda principal e do réu, os pedidos constantes na reconvenção (art. 490 do CPC). Trata-se de artigo que procura estabelecer o conteúdo da sentença de mérito, embora o art. 487 já cumpra com tal função, definindo, nos seus incisos, essa hipótese de conceito e outras duas. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado (art. 492 do CPC). Ou seja, o juiz deve se ater aos pedidos das partes, não podendo conceder a mais do que foi pedido, diferente do que foi pedido, bem como deixar de analisar algo que foi pedido. Ao lado do art. 141 do CPC, esses dois dispositivos legais dão origem ao princípio da congruência. SENTENÇA ULTRA PETITA É aquela que concede à parte mais do que ela pediu; analisa outros fatos essenciais além dos postos pelas partes; ou resolve a demanda em relação a sujeitos que não participaram do processo, indo além dos que participaram. SENTENÇA EXTRA PETITA É aquela que tem natureza diversa ou concede à parte coisa distinta da que foi pedida; considera fundamento de fato não suscitado no lugar dos efetivamente suscitados; ou atinge sujeito que não faz parte do processo. SENTENÇA CITRA PETITA (OU INFRA PETITA) 5 É aquela que deixa de analisar pedido formulado; fundamento de fato ou de direito trazido pela parte; ou pedido formulado por ou em face de determinado sujeito do processo. O primeiro pressuposto da coisa julgada é a existência de uma decisão jurisdicional em cognição exauriente. Se dependesse do conceito de coisa julgada material, previsto no art. 502, o primeiro pressuposto da coisa julgada seria tão somente a existência de decisões de mérito. O segundo pressuposto é o trânsito em julgado. Não é possível haver coisa julgada se, contra decisão, ainda houver possibilidade de interposição de recurso. O próprio art. 502 menciona que a decisão não pode mais estar sujeita a recurso. EFEITO NEGATIVO E EFEITO POSITIVO DA COISA JULGADA A coisa julgada torna a decisão de mérito imutável e indiscutível, impedindo que a mesma ação seja novamente decidida em novo processo judicial. O conceito de ação idêntica pode ser retirado do art. 337, §2º, do CPC, segundo o qual uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. O que se tem, em suma, é a vedação à reapreciação da mesma demanda que já foi resolvida por decisão de mérito acobertada pela coisa julgada. É disso que se trata o efeito negativo da coisa julgada. Se a demanda for ajuizada novamente, caberá ao magistrado extinguir o processo sem resolução de mérito (art. 485, V, do CPC). Embora o juiz possa conhecer de ofício a coisa julgada, no caso concreto, pode o réu alegá-la em preliminar de contestação (art. 337, VII, do CPC). Existe também o efeito positivo da coisa julgada. Tal efeito não veda ao magistrado que julgue o mérito de uma segunda ação ajuizada, apenas determina que uma questão indiscutível pela coisa julgada material, caso retorne em outro processo como fundamento de uma pretensão – portanto, na condição de questão incidental –, seja devidamente observada e não resolvida de forma distinta (DIDIER et al., 2016). O que se busca, no efeito positivo da coisa julgada, é preservar, no segundo processo, uma relação jurídica que já foi decidida em um primeiro processo, exatamente nas hipóteses em que os processos distintos. Trata-se de situação distinta do efeito negativo da coisa julgada, em que há uma preocupação do juiz, não em respeitar uma relação jurídica decidida em processo distinto, mas em evitar que uma mesma demanda seja reproposta e julgada pela segunda vez. CONCEITO 6 A ação rescisória é autônoma de impugnação que objetiva desconstituir a decisão judicial transitada em julgado e, eventualmente, o rejulgamento da causa originária. Na referida ação, portanto, busca-se, em um primeiro momento, desconstituir a decisão judicial já coberta pela coisa julgada, com fundamento nas hipóteses previstas em lei. Ato contínuo, se acolhido o pedido de desconstituição da referida decisão, é possível que haja – ainda no âmbito do processo da ação rescisória – o rejulgamento da causa de origem. A ação rescisória tem natureza jurídica de ação e não se confunde com recurso. Isso porque o recurso é meio de impugnação cabível, no âmbito do mesmo processo, contra decisão judicial não transitada em julgado; ao passo que a ação rescisória é cabível para impugnar decisões transitadas em julgado, o que fará a partir de um novo processo. Nos termos do art. 966, do CPC, é cabível a ação rescisória contra as decisões de mérito, as quais foram proferidas sob as circunstâncias descritas nos incisos do art. 966. Ao se referir genericamente à decisão de mérito, optou o legislador por estabelecer que pode ser objeto de rescisão não apenas sentenças, mas decisões interlocutórias, decisões monocráticas de relator e acórdãos. Os dois únicos requisitos são que sejam tais decisões de mérito e que tenham transitado em julgado. Contudo, a regra de que apenas as decisões de mérito, previstas nos incisos do art. 966, são rescindíveis comporta exceção. Nas situações previstas no §2º, do art. 966, será possível o ajuizamento de ação rescisória contra decisões que não examinam o mérito. HIPÓTESES DE CABIMENTO Examinem-se, a seguir, os casos de rescindibilidade previstos no rol taxativo do art. 966 do CPC. Clique na barra para ver as informações. O INCISO I, ART. 966 DO CPC Prevê a hipótese de ser proferida decisão por força de prevaricação, concussão ou corrupção passiva praticadas pelo juiz. Trata-se de crimes contra a Administração Pública previstos nos arts. 319, 316 e 317 do Código Penal, respectivamente. O cabimento da rescisória com fundamento nesse inciso pode ocorrer com base em prévia condenação do magistrado ocorrida no âmbito da ação penal, que responde pela prática do crime, ou pode o próprio tribunal, que julga a ação rescisória, apurá-lo de forma incidental. Se for o caso de decisão proferida por órgão colegiado, a rescisória só será cabível se o voto do magistrado praticante do crime tiver sido vencedor, contribuindo para a formação da maioria ou unanimidade. Afinal, se o voto vencido do julgador, ainda que viciado por ato ilícito, não altera o resultado do julgamento, não há razões para buscar a rescindibilidade do acórdão. 7 INCISO II, ART. 966 DO CPC Prevê outro caso de rescindibilidade da decisão quando proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente. As hipóteses de impedimento, previstas nos arts. 144 e 147 do CPC, foram criadas exatamente para preservar o julgamento imparcial do magistrado — considerado pressuposto de validade do processo. Tamanha é a gravidade do vício, que se restou positivada a rescindibilidade de decisões proferidas por juiz impedido. Igualmente, na hipótese de decisão colegiado, apenas o julgador impedido com voto vencedor poderá contaminar o acórdão e permitir o ajuizamento da ação rescisória. Por opção do legislador, as causas de suspeição não foram incluídas(art. 145 do CPC). Em relação à segunda parte do inciso II, o juiz absolutamente incompetente ocasiona o direito à rescisão da decisão proferida, o juiz relativamente incompetente não. O INCISO III, ART. 966 DO CPC Prevê o terceiro caso de decisão de mérito rescindível, qual seja, aquela que resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei. O dolo e a coação da parte vencedora – ou também de seu representante legal ou advogado – decorrem da ofensa ao princípio da boa-fé processual, previsto no art. 5º do CPC. Tais condutas, praticadas exclusivamente pela parte e não pelo juiz, ocorrem quando se tenta prejudicar o adversário ou até mesmo induzir o magistrado a erro de forma desleal e contrária à boa-fé. É preciso que tais condutas efetivamente alterem o resultado da demanda para se rescindir a decisão. A colusão, por sua vez, está prevista no art. 142 do CPC. Segundo o dispositivo, há colusão quando autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei. Ao que parece, atualmente, o conceito de simulação está incluída no conceito de colusão, motivo pelo qual sua inserção no inciso, a rigor, sequer seria necessária. O objetivo do legislador foi encerrar divergência doutrinária a respeito da colusão, já que havia quem considerasse no passado que simulação não estaria incluída no conceito de colusão (CÂMARA, 2016). O INCISO IV, ART. 966 DO CPC Prevê que é rescindível a decisão que ofender a coisa julgada. Portanto, caso uma decisão de mérito de determinado processo transitada em julgado tenha ofendido a coisa julgada de um processo anterior, será rescindível a referida decisão ofensora. O INCISO V, ART. 966 DO CPC Prevê a hipótese mais comum de rescindibilidade: quando a decisão violar manifestamente a norma jurídica. O dispositivo legal correspondente no Código anterior era o art. 485, V, do CPC/1973, que previa violação a literal dispositivo de lei. 8 LEGITIMIDADE, COMPETÊNCIA E PETIÇÃO INICIAL Tem legitimidade para propor a ação rescisória: Quem foi parte no processo ou seusucessor a título universal ou singular; O terceiro juridicamente interessado; O Ministério Público: Caso não seja ouvido no processo em que lhe eraobrigatória a intervenção; Quando a decisão rescindenda é o efeito desimulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; Em outros casos em que se imponha sua atuação; Aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção (art. 967 do CPC). PROCEDIMENTO Após o juízo de admissibilidade da inicial, o relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo de 15 a 30 dias úteis para apresentar contestação (primeira parte do art. 970 do CPC). Na contestação, caso respeitado o prazo decadencial de dois anos e feito o depósito prévio de 5% do valor da causa, previsto no art. 968, II, do CPC, poderá o réu também propor reconvenção, bem como, na mesma oportunidade, apresentar eventual impugnação ao valor da causa e impugnação aos benefícios de assistência judiciária, se tiver sido concedida liminarmente como matéria preliminar de contestação (NEVES, 2017). Apresentada ou não a contestação – e o restante mencionado –, a ação rescisória seguirá o procedimento comum no que couber (segunda parte do art. 970 do CPC). Utiliza-se a expressão “no que couber”, pois a rescisória possui certas particularidades que a impedem de seguir rigorosamente o procedimento comum, a exemplo da inexistência de audiência de conciliação nessas demandas, por ser a desconstituição de decisão de mérito transitada em julgado matéria não sujeita a autocomposição. CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível tecer algumas breves conclusões, considerando o exposto. Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento no art. 485 ou 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (art. 203, §1º do CPC). As sentenças terminativas são aquelas que não resolvem o mérito (art. 485), ao passo que as definitivas sim (art. 487). As sentenças podem, ainda, ser classificadas, quanto ao seu conteúdo, em declaratórias, constitutivas e condenatórias, ou, com base em 9 seus limites objetivos e subjetivos, em sentenças ultra petita, extra petita ou citra petita. É formada pelos seguintes elementos: relatório, fundamentação e dispositivo. A coisa julgada material prevista no art. 502 do CPC corresponde à imutabilidade e indiscutibilidade de decisões de mérito produzidas para além do processo em que foi proferida; enquanto a coisa julgada formal tem atuação para dentro do processo em que foi proferida a sentença. A coisa julgada tem limites objetivos e subjetivos: em regra, atinge apenas as questões principais expressamente decididas pela decisão, em especial sua parte dispositiva (arts. 503 e 504 do CPC), e alcança as partes do processo sem poder prejudicar terceiros. A ação rescisória é uma ação autônoma de impugnação que objetiva a desconstituição da decisão judicial transitada em julgado e, eventualmente, o rejulgamento da causa originária. Suas hipóteses de cabimento estão previstas no art. 966 do CPC. Os legitimados ativos são os previstos no art. 967 do CPC. A competência para julgar a ação rescisória, em regra, é do tribunal prolator da decisão rescindenda. O julgamento da rescisória comporta, em princípio, três fases: juízo de admissibilidade, juízo rescindente e juízo rescisório. Por fim, o prazo para ajuizamento da ação rescisória é decadencial e de dois anos, a contar do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. PRAZO O art. 975 estabelece que a ação rescisória deverá ser proposta em dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Segundo o dispositivo legal, o prazo decadencial tem início a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo e não da decisão rescidenda. Em relação à contagem de prazo, determina o §1º do art. 975 que, caso o prazo decadencial de dois anos se encerre durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia que não houver expediente forense, ele será prorrogado para o primeiro dia útil subsequente. Na hipótese de a rescisória fundar-se em prova nova, o termo inicial de dois anos será o da data de descoberta da referida prova, observado o prazo limite de cinco anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975, §2º do CPC). Concertar