Buscar

Prévia do material em texto

Do Penhor Legal
Ralyson Kevin Barata Mota
Conceito
Espécie de Penhor que não decorre da vontade das partes, mas de imposição legal
Base Jurídica
Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.
2
Diferenças Entre Penhor e Direito de Retenção
o penhor tem caráter positivo ou ativo, porque se constitui pela posse da coisa, posse direta que o credor adquire para sua garantia, ao passo que o direito de retenção tem caráter negativo, porque se exerce pela recusa, que faz o credor, de entregar uma coisa do devedor que se encontre em suas mãos; 
ao penhor legal, depois de judicialmente homologado, segue-se a execução pignoratícia, enquanto o direito de retenção constitui simples meio de defesa; 
o penhor legal incide tão somente sobre bens móveis, em favor de determinadas pessoas, ao passo que o direito de retenção se aplica indistintamente tanto aos móveis como aos imóveis, em prol de qualquer credor que tenha crédito conexo à guarda da coisa; 
finalmente, o penhor legal inicia-se por um ato de ordem privada do credor, posteriormente completado pela intervenção do juiz, enquanto no direito de retenção a coisa já se acha em poder do retentor.
3
Do Penhor Hoteleiro
Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;
Art. 1.468. A conta das dívidas enumeradas no inciso I do artigo antecedente será extraída conforme a tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na casa, dos preços de hospedagem, da pensão ou dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do penhor.
Do Penhor Locatício
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.
4
Dispositivos Comuns
Art. 1.469. Em cada um dos casos do art. 1.467, o credor poderá tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida.
Art. 1.470. Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na demora, dando aos devedores comprovante dos bens de que se apossarem.
Art. 1.471. Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a sua homologação judicial.
Art. 1.472. Pode o locatário impedir a constituição do penhor mediante caução idônea.
5
Especificidades
Segundo Tartuce os institutos colidem com outros normativos e jurisprudências;
Quanto ao Penhor Hoteleiro
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
 Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Quanto ao Penhor Locatício
Impenhorabilidade do Bem de Família
6
Jurisprudência
PRIMEIRA TURMA CÍVEL. APELAÇÃO CÍVEL Nº. 0809716-40.2021.8.23.0010. APELANTE: JONAS SANTOS REIS. APELADA: TERESINHA VALE LIMA. RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA. DECISÃO.
Trata-se de Apelação Cível interposta por JONAS SANTOS REIS em face da sentença proferida pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Boa Vista, que julgou improcedente o pedido autoral e procedente a reconvenção apresentada, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos termos do artigo 487, I, do CPC.
No caso, ainda que o autor sustente que a retenção dos móveis de sua propriedade, realizada pela parte ré, locadora do imóvel, como forma de satisfação do débito relativo aos locatícios inadimplidos, tenha sido indevida, entendo que, de fato, a conduta da ré tem amparo legal, especialmente em virtude do inadimplemento confesso da parte autora. Isso porque, ainda que a contratação estabelecida entre as partes tenha sedado sob a forma de locação residencial, o fato se assemelha ao chamado penhor legal, pelo que é assegurado ao locador o direito de retenção dos bens, a título de garantia, na forma autorizada pelo art. 1.467, inciso II, do Código Civil.
Deste modo, não há falar em retenção indevida, nem sequer em exercício arbitrário das próprias razões, ressalvando, por evidente, que a constrição se limita a bens que garantam tão somente o valor da dívida em aberto. (...)
(TJRR – AC 0809716-40.2021.8.23.0010, Rel. Des. ALMIRO PADILHA, Câmara Cível, julg.: 09/07/2022, public.: 09/07/2022)
7
Jurisprudência
RECURSO INOMINADO. OBRIGAÇÕES. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DELOCAÇÃO COMERCIAL. INADIMPLEMENTO DE ALUGUÉIS E DEMAIS ENCARGOS.REVELIA. PRESUNÇÃO QUANTO À MATÉRIA DE FATO. POSSIBILIDADE DERETENÇÃO DOS BENS MÓVEIS QUE GUARNECEM O PRÉDIO LOCADO PARAGARANTIA DE PAGAMENTO DA DÍVIDA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1.467, II, DOCÓDIGO CIVIL. SENTENÇAREFORMADA RECURSO PROVIDO.(Recurso Cível Nº 71006379622, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Mara Lúcia Coccaro Martins Facchini, Julgado em 25/10/2016).EMENTA: RESCISÃO IRREGULAR DE CONTRATO DE LOCAÇÃO RESIDENCIAL–DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL PELO LOCATÁRIO –RETENÇÃO DOS PERTENCES– AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS PERTENCESRETIDOS – DIREITO DO LOCADORA RETENÇÃO POR INADIMPLÊNCIA DO LOCATÁRIO – INCIDÊNCIA DO ART. 1.467,INCISO II DO CÓDIGO CIVIL – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOSFUNDAMENTOS – RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO. O abandonou o imóvel pelo locatário sem pagamento das prestações do aluguel, caracteriza motivo justo para rescisão do contrato de locação, não havendo que se falar em indenização por danos morais. É reconhecido o direito pignoratício do locador sobre bens móveis do locatário para garantia do recebimento dos alugueres, nos termos do inciso II do art. 1.467 do Código Civil. (TJ-MT - RI: 10033484220198110040 MT, Relator: SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA, Data de Julgamento: 08/10/2020, Turma Recursal Única, Data de Publicação: 09/10/2020).
8

Mais conteúdos dessa disciplina