Prévia do material em texto
Legislacao Tributaria e Fiscal Aspectos gerais do Direito Tributário Desenvolvimento do material Lorena Braga 1ª Edição Copyright © 2022, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Aspectos gerais do Direito Tributário Para Início de Conversa... ............................................................................... 3 Objetivos .................................................................................................... 3 1. Atividade Financeira do Estado ............................................................... 4 2. Receitas Públicas .......................................................................................... 4 3. Tributos .................................................................................................... 5 3.1. Impostos ................................................................................................... 6 3.2. Taxas .................................................................................................... 7 3.3. Contribuição de Melhoria .................................................................. 8 4. Origem do Direito Tributário e Direito Constitucional Tributário ........................................................................... 9 5. Código Tributário Nacional e Sistema Tributário Brasileiro .................................................................................... 11 Referências .................................................................................................... 12 Para Início de Conversa... Quando trazemos à pauta o tema Direito Tributário, grande aflição imediatamente salta às nossas mentes, quer seja essa mente direcionada ao privado, quer seja ao público. Essa aflição aponta diretamente para um dos temas mais discutidos e estimulantes: os tributos. Onde atinge? Para que serve? Para onde será lançado? Licitudes e ilicitudes, diferenciações entre suas várias espécies, obrigações, direitos, contudo, nossa seara não será percorrida apenas nessa direção. Conceitos preliminares serão apresentados e discutidos, bem como sua gênese, objetivos, competências, princípios, garantias, fraudes, sanções e planejamentos, temas estes imprescindíveis para uma atuação eficaz no âmbito tributário. O ramo do Direito Tributário merece atenção mais do que especial, visto que atinge a todos indistintamente, de forma igualitária, desde que observadas suas peculiaridades e seus enquadramentos particulares. Objetivos ▪ Entender a existência da atividade financeira do Estado, suas receitas e tributos; ▪ Apontar as origens do Direito Tributário e Direito Constitucional Tributário; ▪ Analisar a aplicação da legislação ao Sistema Tributário Brasileiro; ▪ Discutir, após as conceitualizações apresentadas, como todos os temas nos afetam no dia a dia. Legislacao Tributaria e Fiscal 3 1. Atividade Financeira do Estado O que vem a ser atividade financeira do Estado, suas implicações, seus objetivos, receitas e despesas? Segundo Rosa Júnior (2007, p.50), “a atividade financeira do Estado visa a satisfazer as necessidades públicas e tendo como objetivo o estudo do modo pelo qual o Estado irá obter receitas e como ocorrerão as correspondentes despesas”. A atividade financeira do Estado pode ser definida como a procura de meios para satisfazer as necessidades públicas. Veja o ranking dos países em que os impostos trazem bem-estar à sociedade e se surpreenda. 1º Austrália 2º Coréia do Sul 3º Estados Unidos 4º Suíça 5º Irlanda 6º Japão 7º Canadá 8º Nova Zelândia 30º BRASIL - Imposto demais e retorno de menos Figura 1: Ranking dos países em que os impostos trazem bem-estar à sociedade. Fonte: Impostômetro. Segundo Machado (2007, p.56), a atividade financeira pode ser entendida como um “conjunto de atos que o Estado pratica na obtenção, na gestão e na aplicação dos recursos financeiros de que necessita para atingir seus fins”. Daremos um passo seguinte nessa engrenagem: necessidades públicas. Em relação ao conceito de necessidades, saltam aos olhos a figura de indispensabilidade, ou seja, tudo aquilo que tanto o coletivo social quanto o Poder Público necessitam para um bem comum. Segundo Harada (2010), a atividade financeira do Estado está vinculada a três necessidades públicas básicas: a prestação de serviços públicos, o exercício do poder de polícia e a intervenção no domínio econômico. 2. Receitas Públicas Agora, você vai conhecer e estudar as Receitas Públicas, uma das engrenagens mais importantes e essenciais ao bom funcionamento de toda essa estrutura complexa. Aqui, torna-se fácil entender que, Legislacao Tributaria e Fiscal 4 para a realização do pagamento das despesas públicas que está intimamente ligada à satisfação das necessidades públicas, antes, seria necessária a existência de uma receita correspondente. Aliás, a própria Lei nº. 4.320/64, que estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, prevê em seu artigo 60 o seguinte: “É vedada a realização de despesa sem prévio empenho”. Podemos afirmar que o norte maior da Contabilidade Pública é a Lei nº 4.320/64, visto que ela dita as regras gerais de Direito Financeiro, no auxílio da elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados e dos Municípios, conjuntamente com a Constituição Federal, tornando-se pilares da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) e auxiliadores na elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). Logo, podemos considerar como sendo “cláusula pétrea” o citado artigo, quando se trata de realização de despesas no âmbito da Administração Pública, sendo esta na União, Estado e Municípios. Não seria surpresa se, com o passar dos anos, o Estado fosse criando novas estratégias com o objetivo de se organizar, aplicando certa obrigatoriedade e eficácia no recolhimento dos impostos para realização de suas atividades fins. Observe mais um conceito de Receitas Públicas, sob o ponto de vista de Hable (2018, p.256), auditor fiscal do Distrito Federal: Para conseguir realizar o objetivo de promover o bem comum, o Estado exerce funções que são custeadas com recursos financeiros de diversas origens, formando, assim, as receitas públicas, que são classificadas como originárias e derivadas. As primeiras, fruto da atuação do Estado no mercado, são obtidas por meio da exploração da atividade econômica ou da utilização do próprio patrimônio estatal. As derivadas, por sua vez, que, em virtude do poder de império do Estado, são receitas retiradas de forma coercitiva do patrimônio dos particulares e passam a integrar o do Estado, são advindas da imposição tributária e tratadas pelo direito tributário, que regula essa relação jurídico-tributária, com vistas à obtenção coativa desses recursos. 3. Tributos Se existem despesas, devem existir receitas, e para o perfeito funcionamento de toda essa estrutura, a figura dos Tributos torna-se peça importante e essencial na arrecadação das receitas públicas. Nossa Carta Magna (1988) traz a competência de quem definirá tributos: Art. 146 - Cabe à lei complementar: (...) II - Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Legislacao Tributaria e Fiscal 5 https://www.contas.cnt.br/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-7a-edicao/ https://www.contas.cnt.br/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-7a-edicao/ III - Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) Definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. Ainda nesse entendimento, a natureza jurídicaespecífica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, de acordo com artigo 4º do texto infraconstitucional (1988): Art. 4º - A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - A denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - A destinação legal do produto da sua arrecadação. Tendo ainda esse conceito de tributo como gênero, passaremos a expor, por força ainda da norma infraconstitucional, conforme artigo 5º suas espécies: “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”. Vale também trazer à discussão que o Tributo é uma das formas em que o Estado ingressa compulsoriamente no patrimônio do particular, levando- se em conta que, desse modo, necessariamente haverá transferência patrimonial da esfera privada à pública. Dessa forma, a seguir, trataremos das espécies citadas no Código Tributário Nacional. Nesse esteio, o Código Tributário Nacional nos socorre quanto à definição de Tributo: “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL,1966). 3.1. Impostos Tal espécie está devidamente instituída por meio de Texto Constitucional (1988), em seu artigo 145, inciso I e artigo 16 a 76 do Código Tributário Nacional (1966), esclarecendo que poderão instituir, por meio da União, Estados e Municípios, em função de sua competência, conforme descrito nos artigos 153, 155 e 156 correspondentes a União, Estados e Distrito Federal e Municípios, respectivamente, o seguinte: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - Importação de produtos estrangeiros; Legislacao Tributaria e Fiscal 6 II - Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - Renda e proventos de qualquer natureza; IV - Produtos industrializados; V - Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - Propriedade territorial rural; VII - Grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - Propriedade de veículos automotores. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - Propriedade predial e territorial urbana; II - Transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - Serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. 3.2. Taxas Tal espécie está devidamente instituída por meio de Texto Constitucional (1988), em seu artigo 145, inciso II e artigo 77 do Código Tributário Nacional (1966) o seguinte: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, Legislacao Tributaria e Fiscal 7 têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Segundo Schoueri e Freitas (2010, p.479): As taxas são espécies tributárias, cobradas por todas as pessoas jurídicas de direito público, nos âmbitos de suas competências, justificadas pelo princípio da equivalência, destinadas a cobrir os custos do Estado no exercício de seu poder de polícia; ou na prestação, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos ou divisíveis. Infere-se do conceito infraconstitucional que a espécie ora analisada ainda ramifica-se em Taxas de Polícia e Taxas de Serviços, estando, inicialmente, descritas nos artigos 78 e 79, ambos do Código Tributário Nacional (1966): Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - Utilizados pelo contribuinte: a) Efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento. II - Específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - Divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. 3.3. Contribuição de Melhoria Tal espécie está devidamente instituída por meio de Texto Constitucional (1988) em seu artigo 145, inciso III e artigo 81 do Código Tributário Nacional (1966): Legislacao Tributaria e Fiscal 8 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) III - Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Desta forma, conclui-se que as contribuições de melhoria são espécies tributárias, justificadas pelo princípio da equivalência, que por sua vez é exigida dos proprietários de imóveis beneficiados por uma obra pública (nova), cujo limite individual, nos termos da legislação em vigor, é a valorização do imóvel e cujo limite total é o custo da obra. 4. Origem do Direito Tributário e Direito Constitucional Tributário O Direito Tributário é o segmento do direito financeiro que define como serão cobrados dos cidadãos (contribuintes) os tributos e outras obrigações a ele relacionadas, de modo a gerar receita para o Estado (fisco). Em contrapartida, há o direito fiscal ou orçamentário, que é o conjunto de normas jurídicas destinadas à regulamentação do financiamento das atividades do Estado. Direito Tributário e Direito Fiscal estão ligados, por meio do Direito Financeiro, ao Direito Público. Ao estudarmos esse tema proposto, devemos levar em consideração que os diversos ramos do direito, sem dúvida alguma, tiveram seu início na história muito antes do ramo do Direito Tributário. Este, apesar de não se diferenciar dos demais, tambémsofreu um processo extremamente moroso e sofrido no tocante à maturação que hoje se encontra. As relações tributárias entre contribuintes e o “Estado” sempre foram objeto de faíscas, insatisfações ou sangue, visto que desde a antiguidade, já se fazia menção de pagamento de tributos e/ou impostos, quer por medo de represálias, quer seja por meio de recompensas (tributos) pagos por parte de territórios (colônias ou nações) vencidos ao território vencedor. Legislacao Tributaria e Fiscal 9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_financeiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Tributo https://pt.wikipedia.org/wiki/Receita_(economia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_fiscal https://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_jur%C3%ADdica https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_p%C3%BAblico Estas arrecadações possuíam caráter fiscal, contudo, a partir da idade média, tais impostos passariam a perder tal caráter em razão da destinação ser revertida para os senhores feudais, evoluindo até os moldes atuais de cobrança de tributos. A palavra de origem latina “fiscus”, muito utilizada no vocábulo jurídico, é um sinônimo de “tesouro do príncipe”. Nos moldes atuais, comparativamente falando, o Estado sempre se fez representado, seja por reis, nações ou igrejas. A necessidade de arrecadação de valores sempre esteve presente na sociedade, contudo, como todos os ramos do Direito, uma melhor normatização, com distribuição de obrigações e direitos, regramentos equânimes, justos e, que atingissem a todos, também se faziam necessários. A isso, chamamos o que hoje conhecemos como atividade financeira do Estado. (...) é importante lembrar que o Direito Tributário é um daqueles ramos peculiares do Direito por ser um dos poucos que podem ter uma data de nascimento. Enquanto os outros não sabem muito bem quando nasceram, pois foram o resultado de uma constante construção de disciplinas, o Direito Tributário – estruturado como conjunto orgânico de regras sobre a tributação – pode receber como data de nascimento a edição do Código Tributário alemão de 1919. Não há dúvida de que muito antes deste documento existia o fenômeno da tributação e também não há dúvida de que antes dele existia uma disciplina jurídica do exercício da atividade tributária do Estado, bem como existiam textos doutrinários relevantes a respeito. Porém, o Código Tributário alemão é, fora de dúvida, o grande marco histórico da construção, com identidade própria deste segmento da experiência jurídica. (GRECO, 2004, p.57) Havia a necessidade de arrecadação de tributos (receitas públicas), e uma demanda da sociedade, que necessitava ser atendida em seus direitos básicos. Óbvio que tudo isso seria custeado com valores (despesas públicas), e uma normatização contendo um conjunto de dispositivos se fazia cada dia mais imperioso. O Direito sempre existiu e sempre acompanhou o ser humano em suas relações sociais desde os primórdios, embora naquela época, ainda não fossem utilizados meios mais usuais, contudo, fiéis a um sistema que mais tarde se transformaria em nosso Sistema Tributário. Passamos pelo período Brasil/Colônia, em que Portugal exigia que se pagassem inúmeros impostos (entre eles, o quinto do pau-brasil e a derrama), no caso específico de metais extraídos, em que já se podiam reconhecer de forma arcaica a figura do auditor fiscal, que era representado pelos rendeiros e seus auxiliares, e a Coroa Portuguesa como sendo a Fazenda. Legislacao Tributaria e Fiscal 10 5. Código Tributário Nacional e Sistema Tributário Brasileiro O Código Tributário Nacional é resultado da reforma iniciada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965, que instituiu o Sistema Tributário Nacional, sendo um aprimoramento do anteprojeto elaborado pelo tributarista Rubens Gomes de Souza, na década de 1950. Posteriormente, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 146, inciso III, mereceu nova atenção e regulamentação, visto que era obrigatória sua normatização por meio de Lei Complementar. Após completar mais de 50 anos de vigência, podemos dizer que ela ultrapassou diversos períodos de nossa história. Podemos afirmar que ela cumpre de forma adequada sua proposição, tendo sido considerada um marco, uma evolução na então legislação, contudo, as novidades trazidas com os tempos atuais imporão novas adequações. Os aspectos modernos trazidos e as evoluções apresentadas nesses período quinquagenário são notórios. Em contrapartida, o Estado, ao obter as tão esperadas Receitas Públicas, deve se responsabilizar pela correspondente contraprestação de serviços, e tal obrigação não tem sido observada. Pelo contrário, temos observado uma involução na qualidade da prestação dos serviços em detrimento de uma sobrecarga de impostos, que tem agredido toda a população. Nesse sentido, comentamos de forma sucinta sobre a política tributária praticada no país e a má qualidade dos serviços prestados à sociedade, e falamos também sobre a carga tributária brasileira, que é considerada uma das mais elevadas do mundo, observando que o problema tributário brasileiro estaria onde se arrecada, a quem são destinados esses recursos e principalmente como eles são gastos. Tratamos ainda sobre o sistema tributário nacional, tido como altamente regressivo e concentrador de renda e, por isso, muito injusto e de extrema onerosidade e complexidade – um autêntico “manicômio” jurídico-tributário, em que se prioriza a tributação sobre o consumo, em detrimento do patrimônio, desrespeitando princípios constitucionais, como o da capacidade contributiva. Desse modo, ressaltamos a necessidade urgente de uma reforma tributária, ainda que, para muitos contribuintes, isso possa soar como uma forma escamoteada de elevar a carga tributária. (HABLE, 2018, p.277) Hable (2018, p.254) define também o conceito de Sistema Tributário Nacional. Diz-se que mais bens e serviços públicos universais e de boa qualidade só são viáveis com um Estado e um sistema tributário e fiscal fortes. O sistema tributário nacional é composto por uma vasta legislação, tendo como ponto de partida a CF/1988 e, subordinadas a ela, diversas legislações, em especial o CTN, instituidor das normas gerais de direito tributário, que, em seu art. 96, explicita que o termo Legislacao Tributaria e Fiscal 11 legislação tributária compreende as “leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Os Tributos direcionados ao Estado não estariam sendo objeto de repulsas, se eles estivessem praticando um perfeito atendimento às necessidades públicas, ou seja, se a justiça social estivesse sendo a contrapartida. Logo, em pouco tempo, figuras que iremos estudar adiante irão aparecer como fraudes, sonegação e evasão fiscal. Adequações precisam e deverão ser objeto de uma profunda reforma tributária, até porque, apesar de cinco décadas do Código Tributário Nacional, inovações, modernidades, novos modelos de negócios entre outros, estão cotidianamente surgindo e trazendo impactos diretos na esfera tributária. Assim vimos sobre o estudo dos aspectos gerais do Direito Tributário, e ainda a atividade financeira do Estado, as Receitas públicas e tributos. Aprendemos também sobre a origem do Direito Tributário e Direito Constitucional Tributário, bem como seus conceitos e aplicações. Por fim, estudamos o Código Tributário Nacional e o Sistema Tributário brasileiro, identificando a aplicação da legislação ao Sistema Tributário brasileiro. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. ______. Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, 1964. ______. Lei5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Código Tributário. Diário Oficial da União, Brasília, 1966. GRECO, M. A. Planejamento Tributário. 3 ed. São Paulo: Dialética, 2004. HABLE, J. O Sistema Tributário Nacional nos cinquenta anos do Código Tributário Nacional e os sobre princípios da segurança jurídica e da Justiça Fiscal. Revista IPEA. Ordem dos Advogados do Brasil. Distrito Federal, 2018. HARADA, K. Direito Financeiro e Tributário. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2010. IMPOSTÔMETRO. Estudo da Relação da Carga Tributária Versus Retorno dos Recursos à População em Termos de Qualidade de Vida. Disponível em: <http://ibpt.impostometro.s3.amazonaws.com/ Arquivos/06%2BIRBES%2B2015.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2019. Legislacao Tributaria e Fiscal 12 http://ibpt.impostometro.s3.amazonaws.com/Arquivos/06%2BIRBES%2B2015.pdf http://ibpt.impostometro.s3.amazonaws.com/Arquivos/06%2BIRBES%2B2015.pdf JORNAL CONTÁBIL. Receita Federal perde R$ 8 bilhões com fraudes em impostos devidos ao Fisco. Disponível em: <https://www.jornalcontabil. com.br/receita-federal-perde-r-8-bilhoes-com-fraudes-em-impostos- devidos-ao-fisco/#.XC4SpVxKjIV>. Acesso em: 03 jan. 2019. MACHADO, H. B. Curso de Direito Tributário. 28 ed. São Paulo: Malheiros. 2007. ROSA JÚNIOR, L. E. F. Manual de direito financeiro e direito tributário. 20 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. SCHOUERI, L. E. (Coord.); FREITAS, R. (Org.). Planejamento Tributário e o ‘Propósito Negocial’ – Mapeamento de Decisões do Conselho de Contribuintes de 2002 a 2008. São Paulo: Quartier Latin, 2010. Legislacao Tributaria e Fiscal 13 Aspectos gerais do Direito Tributário Para Início de Conversa... Objetivos 1. Atividade Financeira do Estado 2. Receitas Públicas 3. Tributos 3.1. Impostos 3.2. Taxas 3.3. Contribuição de Melhoria 4. Origem do Direito Tributário e Direito Constitucional Tributário 5. Código Tributário Nacional e Sistema Tributário Brasileiro Referências