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Aspectos Gerais do Direito Tributário

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Legislacao Tributaria 
e Fiscal
Aspectos gerais do Direito Tributário
Desenvolvimento do material
Lorena Braga
1ª Edição
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Sumário
Aspectos gerais do Direito Tributário
Para Início de Conversa... ............................................................................... 3
Objetivos .................................................................................................... 3
1. Atividade Financeira do Estado ............................................................... 4
2. Receitas Públicas .......................................................................................... 4
3. Tributos .................................................................................................... 5
3.1. Impostos ................................................................................................... 6
3.2. Taxas .................................................................................................... 7
3.3. Contribuição de Melhoria .................................................................. 8
4. Origem do Direito Tributário e Direito 
Constitucional Tributário ........................................................................... 9
5. Código Tributário Nacional e Sistema 
Tributário Brasileiro .................................................................................... 11
Referências .................................................................................................... 12
Para Início de Conversa...
Quando trazemos à pauta o tema Direito Tributário, grande aflição 
imediatamente salta às nossas mentes, quer seja essa mente direcionada 
ao privado, quer seja ao público.
Essa aflição aponta diretamente para um dos temas mais discutidos e 
estimulantes: os tributos. Onde atinge? Para que serve? Para onde será 
lançado? Licitudes e ilicitudes, diferenciações entre suas várias espécies, 
obrigações, direitos, contudo, nossa seara não será percorrida apenas 
nessa direção. 
Conceitos preliminares serão apresentados e discutidos, bem como sua 
gênese, objetivos, competências, princípios, garantias, fraudes, sanções 
e planejamentos, temas estes imprescindíveis para uma atuação eficaz 
no âmbito tributário. O ramo do Direito Tributário merece atenção 
mais do que especial, visto que atinge a todos indistintamente, de 
forma igualitária, desde que observadas suas peculiaridades e seus 
enquadramentos particulares.
Objetivos
 ▪ Entender a existência da atividade financeira do Estado, suas receitas 
e tributos;
 ▪ Apontar as origens do Direito Tributário e Direito Constitucional 
Tributário;
 ▪ Analisar a aplicação da legislação ao Sistema Tributário Brasileiro;
 ▪ Discutir, após as conceitualizações apresentadas, como todos os 
temas nos afetam no dia a dia.
Legislacao Tributaria e Fiscal 3
1. Atividade Financeira do Estado
O que vem a ser atividade financeira do Estado, suas implicações, seus 
objetivos, receitas e despesas? Segundo Rosa Júnior (2007, p.50), “a 
atividade financeira do Estado visa a satisfazer as necessidades públicas 
e tendo como objetivo o estudo do modo pelo qual o Estado irá obter 
receitas e como ocorrerão as correspondentes despesas”. A atividade 
financeira do Estado pode ser definida como a procura de meios para 
satisfazer as necessidades públicas.
Veja o ranking dos países em que os impostos trazem bem-estar à 
sociedade e se surpreenda.
1º Austrália
2º Coréia do Sul
3º Estados Unidos
4º Suíça
5º Irlanda
6º Japão
7º Canadá
8º Nova Zelândia
30º BRASIL - Imposto demais e retorno de menos
Figura 1: Ranking dos países em que os impostos trazem bem-estar à sociedade.
Fonte: Impostômetro.
Segundo Machado (2007, p.56), a atividade financeira pode ser entendida 
como um “conjunto de atos que o Estado pratica na obtenção, na gestão 
e na aplicação dos recursos  financeiros  de que necessita para atingir 
seus fins”.
Daremos um passo seguinte nessa engrenagem: necessidades públicas. 
Em relação ao conceito de necessidades, saltam aos olhos a figura de 
indispensabilidade, ou seja, tudo aquilo que tanto o coletivo social 
quanto o Poder Público necessitam para um bem comum. Segundo 
Harada (2010), a atividade financeira do Estado está vinculada a três 
necessidades públicas básicas: a prestação de serviços públicos, o 
exercício do poder de polícia e a intervenção no domínio econômico.
2. Receitas Públicas
Agora, você vai conhecer e estudar as Receitas Públicas, uma das 
engrenagens mais importantes e essenciais ao bom funcionamento 
de toda essa estrutura complexa. Aqui, torna-se fácil entender que, 
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para a realização do pagamento das despesas públicas que está 
intimamente ligada à satisfação das necessidades públicas, antes, seria 
necessária a existência de uma receita correspondente. Aliás, a própria 
Lei nº. 4.320/64, que estatui normas gerais de Direito Financeiro para 
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, 
dos Municípios e do Distrito Federal, prevê em seu artigo 60 o seguinte: 
“É vedada a realização de despesa sem prévio empenho”.
Podemos afirmar que o norte maior da Contabilidade Pública é a Lei 
nº 4.320/64, visto que ela dita as regras gerais de Direito Financeiro, 
no auxílio da elaboração e controle dos orçamentos e balanços da 
União, dos Estados e dos Municípios, conjuntamente com a Constituição 
Federal, tornando-se pilares da Contabilidade Aplicada ao Setor Público 
(MCASP) e auxiliadores na elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Logo, podemos considerar como sendo “cláusula pétrea” o citado artigo, 
quando se trata de realização de despesas no âmbito da Administração 
Pública, sendo esta na União, Estado e Municípios.
Não seria surpresa se, com o passar dos anos, o Estado fosse criando 
novas estratégias com o objetivo de se organizar, aplicando certa 
obrigatoriedade e eficácia no recolhimento dos impostos para realização 
de suas atividades fins.
Observe mais um conceito de Receitas Públicas, sob o ponto de vista de 
Hable (2018, p.256), auditor fiscal do Distrito Federal:
Para conseguir realizar o objetivo de promover o bem comum, o Estado exerce funções 
que são custeadas com recursos financeiros de diversas origens, formando, assim, as 
receitas públicas, que são classificadas como originárias e derivadas. As primeiras, 
fruto da atuação do Estado no mercado, são obtidas por meio da exploração da 
atividade econômica ou da utilização do próprio patrimônio estatal. As derivadas, 
por sua vez, que, em virtude do poder de império do Estado, são receitas retiradas de 
forma coercitiva do patrimônio dos particulares e passam a integrar o do Estado, são 
advindas da imposição tributária e tratadas pelo direito tributário, que regula essa 
relação jurídico-tributária, com vistas à obtenção coativa desses recursos.
3. Tributos
Se existem despesas, devem existir receitas, e para o perfeito 
funcionamento de toda essa estrutura, a figura dos Tributos torna-se 
peça importante e essencial na arrecadação das receitas públicas.
Nossa Carta Magna (1988) traz a competência de quem definirá tributos:
Art. 146 - Cabe à lei complementar:
(...)
II - Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
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https://www.contas.cnt.br/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-7a-edicao/
https://www.contas.cnt.br/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-7a-edicao/
III - Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente 
sobre:
a) Definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos 
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo 
e contribuintes.
Ainda nesse entendimento, a natureza jurídicaespecífica do tributo é 
determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, de acordo com 
artigo 4º do texto infraconstitucional (1988):
Art. 4º - A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da 
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - A denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - A destinação legal do produto da sua arrecadação.
Tendo ainda esse conceito de tributo como gênero, passaremos a expor, 
por força ainda da norma infraconstitucional, conforme artigo 5º suas 
espécies: “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”.
Vale também trazer à discussão que o Tributo é uma das formas em que o 
Estado ingressa compulsoriamente no patrimônio do particular, levando-
se em conta que, desse modo, necessariamente haverá transferência 
patrimonial da esfera privada à pública.
Dessa forma, a seguir, trataremos das espécies citadas no Código 
Tributário Nacional. 
Nesse esteio, o Código Tributário Nacional nos socorre quanto à definição 
de Tributo: “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada” (BRASIL,1966).
3.1. Impostos
Tal espécie está devidamente instituída por meio de Texto Constitucional 
(1988), em seu artigo 145, inciso I e artigo 16 a 76 do Código Tributário 
Nacional (1966), esclarecendo que poderão instituir, por meio da União, 
Estados e Municípios, em função de sua competência, conforme descrito 
nos artigos 153, 155 e 156 correspondentes a União, Estados e Distrito 
Federal e Municípios, respectivamente, o seguinte: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos:
I - impostos:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - Importação de produtos estrangeiros;
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II - Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - Renda e proventos de qualquer natureza;
IV - Produtos industrializados;
V - Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários;
VI - Propriedade territorial rural;
VII - Grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos 
sobre:                                 
I - Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - Propriedade de veículos automotores. 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - Propriedade predial e territorial urbana;
II - Transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens 
imóveis, por natureza ou acessão física, 
e de direitos reais sobre imóveis, 
exceto os de garantia, bem como 
cessão de direitos a sua aquisição;
III - Serviços de qualquer natureza, 
não compreendidos no art. 155, II, 
definidos em lei complementar.
3.2. Taxas
Tal espécie está devidamente instituída por 
meio de Texto Constitucional (1988), em seu artigo 145, inciso II e artigo 
77 do Código Tributário Nacional (1966) o seguinte: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos:
(...)
II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, 
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têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a 
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, 
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Segundo Schoueri e Freitas (2010, p.479):
As taxas são espécies tributárias, cobradas por todas as pessoas jurídicas de 
direito público, nos âmbitos de suas competências, justificadas pelo princípio da 
equivalência, destinadas a cobrir os custos do Estado no exercício de seu poder de 
polícia; ou na prestação, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos ou 
divisíveis.
Infere-se do conceito infraconstitucional que a espécie ora analisada 
ainda ramifica-se em Taxas de Polícia e Taxas de Serviços, estando, 
inicialmente, descritas nos artigos 78 e 79, ambos do Código Tributário 
Nacional (1966):
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração 
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, 
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, 
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, 
à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei 
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade 
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - Utilizados pelo contribuinte:
a) Efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam 
postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo 
funcionamento.
II - Específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas 
de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - Divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por 
parte de cada um dos seus usuários.
3.3. Contribuição de Melhoria
Tal espécie está devidamente instituída por meio de Texto Constitucional 
(1988) em seu artigo 145, inciso III e artigo 81 do Código Tributário 
Nacional (1966):
Legislacao Tributaria e Fiscal 8
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos:
(...)
III - Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, 
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de 
que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa 
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra 
resultar para cada imóvel beneficiado.
Desta forma, conclui-se que as 
contribuições de melhoria são espécies 
tributárias, justificadas pelo princípio 
da equivalência, que por sua vez é 
exigida dos proprietários de imóveis 
beneficiados por uma obra pública 
(nova), cujo limite individual, nos 
termos da legislação em vigor, é a 
valorização do imóvel e cujo limite 
total é o custo da obra. 
4. Origem do Direito Tributário e Direito 
Constitucional Tributário
O  Direito Tributário  é o segmento do  direito financeiro  que define 
como serão cobrados dos cidadãos (contribuintes) os  tributos  e 
outras obrigações a ele relacionadas, de modo a gerar  receita  para 
o  Estado  (fisco). Em contrapartida, há o  direito fiscal  ou orçamentário, 
que é o conjunto de  normas jurídicas  destinadas à regulamentação 
do financiamento das atividades do Estado. Direito Tributário e Direito 
Fiscal estão ligados, por meio do Direito Financeiro, ao Direito Público.
Ao estudarmos esse tema proposto, devemos levar em consideração que 
os diversos ramos do direito, sem dúvida alguma, tiveram seu início na 
história muito antes do ramo do Direito Tributário. Este, apesar de não 
se diferenciar dos demais, tambémsofreu um processo extremamente 
moroso e sofrido no tocante à maturação que hoje se encontra.
As relações tributárias entre contribuintes e o “Estado” sempre foram 
objeto de faíscas, insatisfações ou sangue, visto que desde a antiguidade, 
já se fazia menção de pagamento de tributos e/ou impostos, quer por 
medo de represálias, quer seja por meio de recompensas (tributos) 
pagos por parte de territórios (colônias ou nações) vencidos ao território 
vencedor.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_financeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tributo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Receita_(economia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_fiscal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_jur%C3%ADdica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_p%C3%BAblico
Estas arrecadações possuíam caráter fiscal, contudo, a partir da idade 
média, tais impostos passariam a perder tal caráter em razão da 
destinação ser revertida para os senhores feudais, evoluindo até os 
moldes atuais de cobrança de tributos.
A palavra de origem latina “fiscus”, muito utilizada no vocábulo jurídico, é 
um sinônimo de “tesouro do príncipe”. 
Nos moldes atuais, comparativamente falando, o Estado sempre se 
fez representado, seja por reis, nações ou igrejas. A necessidade de 
arrecadação de valores sempre esteve presente na sociedade, contudo, 
como todos os ramos do Direito, uma melhor normatização, com 
distribuição de obrigações e direitos, regramentos equânimes, justos e, 
que atingissem a todos, também se faziam necessários. A isso, chamamos 
o que hoje conhecemos como atividade financeira do Estado.
(...) é importante lembrar que o Direito Tributário é um daqueles ramos 
peculiares do Direito por ser um dos poucos que podem ter uma data 
de nascimento. Enquanto os outros não sabem muito bem quando 
nasceram, pois foram o resultado de uma constante construção de 
disciplinas, o Direito Tributário – estruturado como conjunto orgânico 
de regras sobre a tributação – pode receber como data de nascimento 
a edição do Código Tributário alemão de 1919. Não há dúvida de que 
muito antes deste documento existia o fenômeno da tributação e 
também não há dúvida de que antes dele existia uma disciplina jurídica 
do exercício da atividade tributária do Estado, bem como existiam textos 
doutrinários relevantes a respeito. Porém, o Código Tributário alemão é, 
fora de dúvida, o grande marco histórico da construção, com identidade 
própria deste segmento da experiência jurídica. (GRECO, 2004, p.57)
Havia a necessidade de arrecadação de tributos (receitas públicas), e uma 
demanda da sociedade, que necessitava ser atendida em seus direitos 
básicos. Óbvio que tudo isso seria custeado com valores (despesas 
públicas), e uma normatização contendo um conjunto de dispositivos se 
fazia cada dia mais imperioso.
O Direito sempre existiu e sempre acompanhou o ser humano em suas 
relações sociais desde os primórdios, embora naquela época, ainda não 
fossem utilizados meios mais usuais, contudo, fiéis a um sistema que 
mais tarde se transformaria em nosso Sistema Tributário.
Passamos pelo período Brasil/Colônia, em que Portugal exigia que 
se pagassem inúmeros impostos (entre eles, o quinto do pau-brasil 
e a derrama), no caso específico de metais extraídos, em que já se 
podiam reconhecer de forma arcaica a figura do auditor fiscal, que era 
representado pelos rendeiros e seus auxiliares, e a Coroa Portuguesa 
como sendo a Fazenda.
Legislacao Tributaria e Fiscal 10
5. Código Tributário Nacional e Sistema 
Tributário Brasileiro
O Código Tributário Nacional é resultado da reforma iniciada pela 
Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965, que instituiu 
o Sistema Tributário Nacional, sendo um aprimoramento do anteprojeto 
elaborado pelo tributarista Rubens Gomes de Souza, na década de 
1950. Posteriormente, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 
146, inciso III, mereceu nova atenção e regulamentação, visto que era 
obrigatória sua normatização por meio de Lei Complementar.
Após completar mais de 50 anos de vigência, podemos dizer que ela 
ultrapassou diversos períodos de nossa história. Podemos afirmar que 
ela cumpre de forma adequada sua proposição, tendo sido considerada 
um marco, uma evolução na então legislação, contudo, as novidades 
trazidas com os tempos atuais imporão novas adequações.
Os aspectos modernos trazidos e as evoluções apresentadas nesses 
período quinquagenário são notórios. Em contrapartida, o Estado, ao 
obter as tão esperadas Receitas Públicas, deve se responsabilizar pela 
correspondente contraprestação de serviços, e tal obrigação não tem 
sido observada. Pelo contrário, temos observado uma involução na 
qualidade da prestação dos serviços em detrimento de uma sobrecarga 
de impostos, que tem agredido toda a população. 
Nesse sentido, comentamos de forma sucinta sobre a política tributária 
praticada no país e a má qualidade dos serviços prestados à sociedade, 
e falamos também sobre a carga tributária brasileira, que é considerada 
uma das mais elevadas do mundo, observando que o problema tributário 
brasileiro estaria onde se arrecada, a quem são destinados esses recursos 
e principalmente como eles são gastos. Tratamos ainda sobre o sistema 
tributário nacional, tido como altamente regressivo e concentrador 
de renda e, por isso, muito injusto e de extrema onerosidade e 
complexidade – um autêntico “manicômio” jurídico-tributário, em que 
se prioriza a tributação sobre o consumo, em detrimento do patrimônio, 
desrespeitando princípios constitucionais, como o da capacidade 
contributiva. Desse modo, ressaltamos a necessidade urgente de uma 
reforma tributária, ainda que, para muitos contribuintes, isso possa soar 
como uma forma escamoteada de elevar a carga tributária. (HABLE, 
2018, p.277)
Hable (2018, p.254) define também o conceito de Sistema Tributário 
Nacional.
Diz-se que mais bens e serviços públicos universais e de boa qualidade só são 
viáveis com um Estado e um sistema tributário e fiscal fortes. O sistema tributário 
nacional é composto por uma vasta legislação, tendo como ponto de partida a 
CF/1988 e, subordinadas a ela, diversas legislações, em especial o CTN, instituidor 
das normas gerais de direito tributário, que, em seu art. 96, explicita que o termo 
Legislacao Tributaria e Fiscal 11
legislação tributária compreende as “leis, os tratados e as convenções internacionais, 
os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre 
tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
Os Tributos direcionados ao Estado não estariam sendo objeto de 
repulsas, se eles estivessem praticando um perfeito atendimento às 
necessidades públicas, ou seja, se a justiça social estivesse sendo a 
contrapartida. Logo, em pouco tempo, figuras que iremos estudar adiante 
irão aparecer como fraudes, sonegação e evasão fiscal.
Adequações precisam e deverão ser objeto de uma profunda reforma 
tributária, até porque, apesar de cinco décadas do Código Tributário 
Nacional, inovações, modernidades, novos modelos de negócios entre 
outros, estão cotidianamente surgindo e trazendo impactos diretos na 
esfera tributária.
Assim vimos sobre o estudo dos aspectos gerais do Direito Tributário, e 
ainda a atividade financeira do Estado, as Receitas públicas e tributos. 
Aprendemos também sobre a origem do Direito Tributário e Direito 
Constitucional Tributário, bem como seus conceitos e aplicações. Por fim, 
estudamos o Código Tributário Nacional e o Sistema Tributário brasileiro, 
identificando a aplicação da legislação ao Sistema Tributário brasileiro.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado 
Federal, 1988. 
______. Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de 
Direito Financeiro para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços 
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, 
1964.
______. Lei5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema 
Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário 
aplicáveis à União, Estados e Municípios. Código Tributário. Diário Oficial 
da União, Brasília, 1966. 
GRECO, M. A. Planejamento Tributário. 3 ed. São Paulo: Dialética, 2004.
HABLE, J. O Sistema Tributário Nacional nos cinquenta anos do Código 
Tributário Nacional e os sobre princípios da segurança jurídica e da 
Justiça Fiscal. Revista IPEA. Ordem dos Advogados do Brasil. Distrito 
Federal, 2018. 
HARADA, K. Direito Financeiro e Tributário. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IMPOSTÔMETRO. Estudo da Relação da Carga Tributária Versus 
Retorno dos Recursos à População em Termos de Qualidade de 
Vida. Disponível em: <http://ibpt.impostometro.s3.amazonaws.com/
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Legislacao Tributaria e Fiscal 12
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JORNAL CONTÁBIL. Receita Federal perde R$ 8 bilhões com fraudes em 
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MACHADO, H. B. Curso de Direito Tributário. 28 ed. São Paulo: Malheiros. 
2007.
ROSA JÚNIOR, L. E. F. Manual de direito financeiro e direito tributário. 20 
ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
SCHOUERI, L. E. (Coord.); FREITAS, R. (Org.). Planejamento Tributário e 
o ‘Propósito Negocial’ – Mapeamento de Decisões do Conselho de 
Contribuintes de 2002 a 2008. São Paulo: Quartier Latin, 2010.
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