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Internato - Rotura Prematura de Membranas Ovulares

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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – MARIANA MARQUES 
INTRODUÇÃO 
 
• Rotura espontânea das membranas coriônica e 
amniótica antes do início do TP, independente da IG. 
• Também chamada de aminiorrexe ou RPMO. 
• Intercorrência materna mais comum na prematuridade. 
• Mais frequente no termo com IG > 37 semanas, em 
geral, possui baixo risco, ocorrendo o TP espontâneo 
nas primeiras 24h, com poucas complicações. 
• Se a RPMO ocorre no pré-termo (IG < 37 semanas), é 
mais preocupante – pode causar parto prematuro. 
• Principais consequências: infecção intra-amniótica, 
DDP e complicações da prematuridade (desconforto 
respiratório, HIC, sepse neonatal e enterocolite). 
 
PRINCIPAIS CAUSAS 
 
• Aumento da pressão intrauterina; 
Þ Causada por hipersistensão uterina (polidrâmnio 
ou gemelaridade), miomatose uterina, contrações 
uterinas, malformações mullerianas e excesso de 
movimentação fetal. 
• Fraqueza do colo e das membranas; 
Þ Ocorre devido deficiência de alfa1-antitripsina, 
alterações do colágeno, fatores nutricionais, 
incompetência cervical e cervicodilatação precoce. 
• Processo infeccioso e/ou inflamatório. 
Þ Causada por infecções ascendentes do canal 
vaginal, chegando até colo e membranas. 
• Outras possíveis causas: 
Þ Placenta prévia; 
Þ Tabagismo: deficiência de oxigenação e inflamação 
 
DIAGNÓSTICO 
 
• É essencialmente clínico (anamnese e exame físico); 
• Queixa típica: perda abrupta de líquido vaginal, em 
quantidade moderada (molha as roupas), com cheiro e 
aspecto específicos (não parece urina ou corrimento). 
• Exame especular: escoamento espontâneo de líquido 
pelo orifício externo do colo uterino e/ou fundo de saco. 
Þ Se não houver escoamento espontâneo pode-se 
realizar compressão do fundo uterino ou solicitar 
que a gestante realize a manobra de valsalva. 
• Não realizar toque vaginal (aumenta risco de infecções). 
• Se duvida diagnostica, realizar os seguintes testes: 
Þ Teste do fenol: há mudança de coloração (laranja p/ 
vermelho) ao colocar algumas gotas do reagente na 
gaze umedecida com o conteúdo vaginal. 
Þ Avaliação do pH, com fitas específicas: se pH ≥ 7,0 
após umedecer a fita com o conteúdo vaginal 
indica perda de líquido. 
Þ Papel de nitrazina: apresenta coloração azul em pH 
alcalino (pouco utilizado no Brasil); 
• A utilização da USG, com avaliação do Índice de Líquido 
Amniótico (ILA) pode ser útil para a confirmação de 
RPMO, quando houver constatação de oligoâmnio ou de 
líquido amniótico diminuído (necessário uma avaliação 
previa da quantidade de LA). 
• Se suspeita de infecção, solicitar exames que avaliem 
complicações como corioamnionite e sofrimento fetal. 
Þ Culturas: Estrepto B, Chlamydia trachomatis e Gonococo; 
Þ Bacterioscópico da secreção vaginal; 
Þ Hemograma com contagem de leucócitos e PCR. 
• Na avaliação da vitalidade fetal, deverão ser realizados 
a cardiotocografia e o perfil biofísico fetal. 
 
TRATAMENTO 
 
• A conduta quanto à RPMO dependerá da IG. 
• Se IG ≥ 37 semanas: realizar resolução da gravidez (o 
risco infeccioso e de hipóxia fetal ultrapassam o risco 
mínimo relacionado com o parto). 
Þ Não é necessário o uso de antibiótico profilático. 
• Se IG < 24-26 semanas (abaixo da viabilidade): há 
grande risco para corioamnionite, sendo necessário 
realizar aconselhamento, c/ esclarecimento dos riscos, 
deixando ela decidir continuar ou não a gravidez. 
• Se IG >26 e <36 semanas: conduta expectante. 
• Motivos para a resolução da gravidez: 
Þ IG > 36 semanas (avaliar caso); TP prematuro; 
Sofrimento fetal; Corioamnionite; Descolamento 
prematuro de placenta; Polapso de cordão. 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE CORIOAMNIONITE: 
• Taquicardia materna (>100 bpm) ou fetal (> 160 bpm); 
• Febre (≥ 37,8 ºC); 
• Contração uterina irregular (útero irritável/doloroso); 
• Saída de secreção purulenta e/ou com odor pelo colo; 
• Leucocitose (> 15.000 ou aumento de 20%); 
• Aumento do PCR em 20%; 
• Ausência de movimentos respiratórios fetais; 
• Diminuição abrupta do ILA. 
 
Observação: confirmação = febre + 2 critérios positivos (MS) 
 
• Na suspeita de corioamnionite, interromper a gravidez e 
iniciar antibioticoterapia imediatamente: 
Þ Esquema 1: Clindamicina 900mg EV 8/8h e Genta 
1,5 mg/kg EV 8/8 horas. 
Þ Esquema 2: Ampi 2g EV 6/6h ou peni cristalina 5 
milhões de ataque + 2,5 milhões UI EV 4/4h + Genta 
1,5 mg/kg EV 8/8h + Metronidazol 500 mg EV 8/8h. 
 
Manter tto por até 48h do parto ou do último pico febril. 
 
PESQUISA DE EGB: 
• Pesquisar EGB c/ culturas em gestantes com RPMO. 
• Iniciar na entrada a antibioticoprofilaxia com ampicilina 
ou penicilina, por 48 horas. 
• Se gestante entrar em TP com o resultado + ou 
indisponível, manter a administração do ATB até o parto. 
 
CORTICOTERAPIA ANTENATAL: 
• Pode ser realizada para maturação pulmonar fetal. 
• Realizar ciclo único de corticoide, com duas doses de 
betametasona 12mg IM, com intervalo de 24h, devendo 
ser feita entre 24-34 semanas. 
• A corticoterapia pode causar leucocitose com desvio à 
esquerda, comprometendo, a vigilância infecciosa. 
• Realizada após período de observação laboratorial e 
clínica, em que se afaste a hipótese de corioamnionite. 
Rotura Prematura das Membranas Ovulares

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