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Rotura Prematura das Membranas Ovulares - É a rotura espontânea das membranas coriônica e amniótica antes do início do trabalho de parto, independente da idade gestacional (IG). - Pode ser chamada de Amniorrexe Prematura, Bolsa Rota Prematura ou RPM - O período entre a rotura de membrana e o parto é chamado de latência - A incidência média é de 10% dos partos • 7% a 8% a termo (37 semanas) • 2% a 3% pré-termo (<37 semanas) - A RPMO em pré-termos é responsável por 30% dos partos prematuros no Brasil - Aumento da pressão intrauterina • Hiperdistensão uterina (polidrâmnio, gemelidade) • Miomatose uterina • Contrações uterinas • Malformações müllerianas • Excesso de movimentação fetal - Fraqueza do colo e das membranas • Deficiência de alfa-1-antitripsina • Síndrome de Ehlers-Danlos (alteração do colágeno) • Fatores nutricionais • Incompetência cervical • Cervicodilatação precoce - Processo infeccioso e inflamatório • Gardnerella vaginalis • Neisseria gonorrhoeae • Estreptococo do grupo B • Escherichia coli • Bacteroides sp. - Outros • Placenta prévia • Tabagismo • USG do sludge - Na conjunção do aumento da pressão ou da fraqueza das membranas - Em processos infecciosos, tem-se citocinas pró-inflamatórias TNF-α, interleucina IL-1 e IL-6, metaloproteinases e prostaglandinas - A saída de líquido pode gerar hipoplasia pulmonar (20 a 25 semanas), deformidades osteomusculares e cutâneas - As principais preocupações são quanto a: • Infecções (corioamnionite e sepse neonatal) • Descolamento prematuro de placenta • Sofrimento fetal (compressão de cordão umbilical) • Prematuridade (Síndrome da angústia respiratória, enterocolite necrosante e hemorragia intraventricular) - RPMO a termo (> 37 semanas) • Geralmente, seguida imediatamente pelo parto, sendo de 50% até 5h e de 95% até 28h • Principal consequência é a infecção intrauterina, com maior chance em latência maior que 18h - RPMO pré-termo (entre 24 e 37 semanas) • 50% entram em trabalho de parto em até 1 semana, sendo que quanto menor a IG maior a latência • 3% a 13% podem parar de perder líquido amniótico • Complicações: infecções, prematuridade e sofrimento fetal - RPMO pré-viável (< 24 semanas) • Menos de 1% das gestações • 40% a 50% dão a luz em 1 semana, sendo 70% a 80 em até 2 a 5 semanas. • Com tratamento expectante a sobrevida é da 55% (após 22 semanas) e de 15% (antes de 22 semanas) • A hipoplasia pulmonar é de até 20% em RPMO até 22 semanas • Oligoidrâmnio acentuado pode causar Síndrome de Potter • As complicações maternas significantes são: infecção intramniótica, endometrite, DPP e retenção placentária - Vazamento de LA após amniocentese • Após exame para estudo genético • 1% dos casos, sendo que 0,5% de perda fetal • Geralmente, ocorre a resselagem das membranas, com a normalização do vLA (70% dos casos) - Clínico • Anamnese: deflúvio vaginal abrupto, de quantidade moderada (molha as roupas da paciente), de cheiro e aspecto diferente da urina e corrimentos • Exame especular: escoamento espontâneo pelo orifício externo do colo. Quando não visualizado, usa-se da manobra de Valsava ou da compressão do fundo uterino provocando escoamento induzido • Exame físico: não realizar toque vaginal, para evitar infecções • Pode-se colocar uma gaze ou algodão estéril próximo ao colo e solicitar que a paciente deambule, para uma nova avaliação quando não se nota o escoamento - Laboratorial • Teste do fenol: mudança da cor laranja para vermelha • Fitas de pH: pH ≥ 7,0 • Papel de Nitrazina: coloração azul • Fern Test: cristalização ao aquecimento • Imunocromatográficos • USG com ILA (Índice de Líquido Amniótico) - Avaliação de complicações • Cultura para infecções • Hemograma com contagem de leucócitos e proteína C-reativa • Cardiotocografia • Perfil biofísico fetal - RPMO a termo • Monitoramento da vitalidade fetal • Indução do parto com misoprostol ou ocitocina • Profilaxia intraparto somente com GBS positivo ou indicadores de risco - RPMO ≥ 34s (Rezende) ou 36s (Febrasgo) • Avalia-se complicações • Muita discussão acerca da melhor IG para resolução da gravidez • Pode-se adotar mesmas medidas do RPMO a termo - RPMO pré-termo (entre 24 e 33 semanas) • Avaliar complicações, se não haver, adotar conduta expectante com paciente hospitalizada • Paciente em repouso relativo • Proibido coito e toque vaginal • Monitoramento, diário ou 2x por semana, de infecção, DPP, compressão do cordão umbilical, sofrimento fetal e início do parto • Antibiótico profilático: administração venosa de ampicilina 2 g a cada 6 h por 48 h, associada à azitromicina 1 g, por via oral (VO), dose única, seguida por amoxicilina 500 mg VO 8/8 h por mais 5 dias • Corticoides indicados para gestações de 24 a 33 semanas com risco de parto iminente • Sulfato de Magnésio para neuroproteção fetal - RPMO pré-viável (> 24 semanas) • Prognóstico ruim, com grande chance de corioamnionite • MS indica o aconselhamento da gestante, sendo uma escolha a conduta ativa ou expectante • Na conduta expectante, deve-se monitorar as complicações, podendo haver resselagem das membranas. Mas, se houver oligoidrâmnio persistente, debater conduta ativa • Sob aspecto jurídico, a indução de feto vivo sem ter o prognóstico fechado, preferencialmente por desejo materno, configuraria aborto terapêutico sem respaldo legal - Vazamento após amniocentese • Conduta expectante ambulatorial • Vigilância para infecção e início do parto • USG para verificação do vLA BARBOSA, M.C.A.; DE, R.F.J. Rezende Obstetrícia Fundamental, 14ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico, 5ª edição. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. EDUARDO, F. C. Febrasgo - Tratado de Obstetrícia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. NELSON, S. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2013.