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Tributação sobre Transmissão de Bens

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Módulo Tributo e Segurança Jurídica
SEMINÁRIO VII - ITCMD E ITBI
Leitura básica
•	SALLABERRY, Fernando Moraes. “ITCMD - IMPOSTO SOBRE HERANÇAS E DOAÇÕES”. Sorocaba: Gráfica Editora Cidade – Sorocaba, 2021. Itens 2.1 / Tomo I (Kindle) ou Volume 1 (impresso); 4.1.”a” e 4.1.”e” / Tomo II (Kindle) ou Volume 1 (impresso); 5.”m” até 5.”q” / Tomo II (Kindle) ou Volume 1 (impresso); 6.1.”f.b” até 6.1.”f.c” / Tomo III (Kindle) ou Volume 1 (impresso); 8. / Tomo V (Kindle) ou Volume 2 (impresso); 8.1 / Tomo V (Kindle) ou Volume 2 (impresso); 8.3.2 E 8.3.2.a / Tomo V (Kindle) ou Volume 2; (impresso); 8.3.2.”d” / Tomo V (Kindle) ou Volume 2 (impresso); 8.3.3 E 8.3.5 / Tomo V (Kindle) ou Volume 2 (impresso).
•	MACEDO, José Alberto Oliveira. ITBI. Aspectos Constitucionais e Infraconstitucionais. São Paulo: Quartier Latin, 2010. Capítulo 5.
Leitura complementar
•	CURY, Fabio Lemos. O papel da lei complementar nos tributos sobre a transmissão causa mortise doação. 2021. 281 f. Tese (Doutorado em Direito) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2021. Capítulos 7 e 8 
•	MANGIERI, Francisco Ramos; MELO, Omar Augusto Leite. ITBI - Imposto sobre Transmissões de bens imóveis. São Paulo: Edipro, 2019. Capítulo 3.
•	HARADA, Kiyoshi. ITBI: doutrina e prática. 3ª ed. São Paulo: Dialética 2021. Capítulo 6.
•	VIEIRA, Maria Leonor Leite et al. Limites à imunidade do ITBI – STF, repercussão Geral – tema 796. In TAKANO, Caio Augusto; BARRETO, Simone Rodrigues Costa (Coord). Direito tributário e interdisciplinaridade: homenagem a Paulo Ayres Barreto. São Paulo: Noeses, 2021. p. 405-416.
•	BRAGHETTA, Daniela de Andrade. Relação jurídica tributária. 2016.249 f. Tese (Doutorado Programa de Estudos Pós-Graduados em Direito) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016. Capítulo quinto, item 5.6
•	ALVES, Francielli Honorato. O planejamento sucessório e a incidência de ITCMD e ITBI. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS - IBET, v. 18, 2021, São Paulo. Meio século de tradição. São Paulo: Noeses, 2021, p. 635-660.
•	ARAÚJO, Clarice Von Oertzen de; FAVACHO, Fernando Gomes. A imunidade do ITBI e a descaracterização do conceito de atividade preponderante. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS - IBET, v. 11, 2014, São Paulo. O direito tributário entre a forma e o conteúdo. São Paulo: Noeses, 2014, p. 217-236.
Questões
1. Construa a regra-matriz de incidência tributária do ITCMD.
RESPOSTA: 
Critério material: transmissão da causa mortis bens móveis e imóveis ou transmitir a título de doação por ato inter vivos bens móveis e imóveis.
Critério temporal: se causa mortis, a data da abertura da sucessão se dará no momento da morte. Já para fins de ITCMD, deverá aguardar o final do inventário. Aplica-se a alíquota vigente no momento da morte. Em caso de doação, será a data da transmissão do bem.
Critério espacial: no caso de doação, será o estado do domicílio do doador ou local de situação do bem (imóvel). Se herança, sendo bem imóvel será o estado de situação do bem; se bem móvel será o estado onde se processar o inventário ou o arrolamento, ou ainda o domicilio civil do “de cujos”.
Critério pessoal: o sujeito ativo é o Estado ou Distrito Federal, o sujeito passivo será o herdeiro, legatário, doador ou donatário.
Critério quantitativo: usa como base de cálculo o valor venal do bem imóvel ou valor do bem móvel e por alíquota a porcentagem fixada na legislação estadual desde que não ultrapasse a alíquota máxima de 8%.
2. O que é transmissão “causa mortis” e o que é doação? Fundamente sua resposta no que dispõe a legislação do código civil, artigo 1784, e no art. 110 do Código Tributário Nacional.
RESPOSTA: O ITCMD está previsto no artigo 155 da Constituição Federal, e também figura entre os artigos 33 e 45 do Código Tributário Nacional. A sua regulamentação é feita pelos estados, que também definem as alíquotas a serem cobradas.
O ITCMD tem uma função fiscal, pois o seu objetivo é arrecadar recursos para os estados. Cada estado tem autonomia para definir as regras de cobrança do ITCMD. Ele é aplicado sempre que alguém recebe uma herança ou doação de bens móveis, imóveis ou direitos. Do aspecto temporal possível (momento em que ocorre a transmissão), também são aplicáveis regras específicas de Direito Civil, tais como as de que a herança se transmite logo que se verificar a abertura da sucessão (art. 1.784 do Código Civil) e de que a doação somente se torna perfeita com a aceitação do donatário (arts. 538 e 539 do Código Civil).
Sujeito passivo: herdeiros ou legatários (nas transmissões causa mortis e quaisquer das partes adstritas à doação (doação ou donatário), na forma da lei. Ao legislador estadual é concedida a faculdade de eleger o responsável tributário. Por fim, embora cada estado tenha autonomia para definir a alíquota do imposto, é preciso respeitar o limite máximo de 8%, definido pelo Senado Federal.
3.	“A”, domiciliado em Maracanaú/CE, doou a seu irmão “B”, domiciliado em Brasília/DF, pouco antes de morrer, a casa de sua propriedade, localizada em Mendoza, República Argentina, bem como o automóvel que se encontrava na garagem desse imóvel, e que foi licenciado naquele país.
Por sua vez, “C”, domiciliado na República Italiana, deixou, em testamento, todos os bens móveis e imóveis de sua propriedade, localizados na Itália, para sua irmã “D”, domiciliada em Redenção/PA, que aceitou a herança transmitida.
Com base apenas nas regras dos incisos I, II e III do § 1º do art. 155 da Constituição Federal, indaga-se: a qual Estado é devido o ITCMD eventualmente incidente sobre as transmissões ocorridas, considerando que todas elas ocorreram em julho de 2021?
a) Doação de bem imóvel localizado em Mendoza:
RESPOSTA: Nao é devido ITCMD para nenhum Estado, uma vez que haja a cobrança é necessário lei complementar com fulcro no art. 155, § 1º, III, alíneas “a” e “b”. Diante da inexistência de tal legislação, não há incidência do tributo.
b) Doação de automóvel (bem imóvel) localizado em Mendoza:
RESPOSTA: Brasilia/DF não será responsavel pela arrecadação necessário lei complementar
c) Transmissão “causa mortis” de bens móveis localizados na Itália:
RESPOSTA: Enquanto não advier a lei complementar, deveras, os estados não terão competência para instituir o ITCMD quando o doador se encontra no exterior. 
d) Transmissão “causa mortis” de bens imóveis localizados na Itália: 
RESPOSTA: o mesmo do anteriores, necessitando de uma lei complementar
Responda à questão anterior, levando em conta, apenas, as normas da Lei estadual nº 10.705/2000, do Estado de São Paulo.
a) Doação de bem imóvel localizado em Mendoza:
RESPOSTA: De acordo com o art. 4º da lei em apreço, não haverá incidência, uma vez que o Estado de São Paulo não poderá arrecadar tal imposto, visto que o donatário não possui domícilio no Estado, assim como o bem imóvel não está situado em São Paulo.
b) Doação de automóvel (bem imóvel) localizado em Mendoza:
RESPOSTA: Tal como ocorreu no item acima, o Estado de São Paulo não será arrrecadador, uma vez que o donatário não possui domicílio no Estado e o bem móvel não se situa em São Paulo.
c) Transmissão “causa mortis” de bens móveis localizados na Itália:
RESPOSTA: O Estado de São Paulo não será o ente arrecadador, uma vez que a herdeira não e domiciliada no Estados e os bens móveis não se encontram em São Paulo
d) Transmissão “causa mortis” de bens imóveis localizados na Itália: 
RESPOSTA: Com fulcro no art. 4º da Lei estadual 10.705/2000 o Estado de São Paulo não poderá arrecadar tal imposto, pois a herdeira não possui domicílio no Estado e os bens imóveis não estão situados em São Paulo
4. Em fevereiro de 2022, faleceu Caio, que, na data do óbito, mantinha domicílio em São Paulo/SP, tendo deixado como herdeiros dois filhos: Tício e Mévio. Tício, que não mantinha boas relações com o pai, renunciou à herança em favor de sua filha Lucrécia. Ao investigar o patrimôniodo de cujus, foi possível constatar a existência dos seguintes bens, direitos e obrigações: 
i. Uma casa de veraneio em Paraty/RJ, com valor venal de R$ 100.000,00;
ii. Cotas do Fundo de Investimento Imobiliário MXXX11, cujo valor de negociação, em Bolsa de Valores, na data de falecimento do de cujus, totalizava R$ 100.000,00. Tais investimentos estavam declarados pelo de cujus, em sua DIRPF apresentada em 2021, pelo valor total de R$ 10.000,00; atualmente, são negociadas em Bolsa de Valores, pelo valor total de R$ 50.000,00;
iii. Um VGBL[footnoteRef:1] em favor dos herdeiros, no valor total de R$ 100.000,00; [1: VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) e PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) são planos por sobrevivência (de seguro de pessoas e de previdência complementar aberta, respectivamente) que, após um período de acumulação de recursos (período de diferimento), proporcionam aos investidores (segurados e participantes) uma renda mensal - que poderá ser vitalícia ou por período determinado - ou um pagamento único. O primeiro (VGBL) é classificado como seguro de pessoa, enquanto o segundo (PGBL) é um plano de previdência complementar. Definições fornecidas pela SUSEP em http://www.susep.gov.br/setores-susep/seger/coate/perguntas-mais-frequentes-sobre-planos-por-sobrevivencia-pgbl-e-vgbl
] 
iv. Débito de R$ 100.000,00 fixado em cumprimento de sentença de ação trabalhista movida pelo antigo caseiro de Paraty;
A família do de cujus o(a) procura para solução das seguintes questões:
a) Quais os valores das bases de cálculo do imposto causa mortis devido ao Estado de São Paulo na abertura da sucessão de Caio? Justifique, apontando cada um dos itens considerados ou excluídos, indicando as razões para tanto;
RESPOSTA: O ITCMD refente a casa de veraneio em Paraty/ RJ com valor venal de R$ 100.000,00; após descontadas as obrigações, deverá ser recolhida ao Estado do Rio Janeiro, nos termos do art. 155 § 1º da CF, pois é onde o imóvel está localizado. De acordo com a Lei Estadual 10.705/2000, os impostos devidos terâo como referência os seguintes valores como base de cálculo.
Quanto as Cotas de Fundo de Investimento Imobiliário a base de cálculo será de R$ 100.000,00 tendo em vista ser o valor na data da transmissão como preceitua o art. 14 da lei em apreço.
A VGBL em favor dos herdeiros também será baseado no valor de R$ 100.000,00.
b) Considerando a renúncia de Tício, esclareça como fica a questão da incidência do ITCMD neste caso. 
RESPOSTA: Sim, haverá incidência de ITCMD, onde a contribuinte será Lucrécia, uma vez que seu pai Tico renunciou a cota da parte herança.
5.	Vinícius, domiciliado em Volta Redonda/RJ, é proprietário de 1.000.000 de ações da empresa Gama (localizada em Salvador/BA), no valor de R$ 10,00 cada ação. “A”, em 2021, instituiu seu irmão Victor, domiciliado em Curitiba/PR, usufrutuário vitalício dessas ações, por meio de ato “inter vivos” não-oneroso. Há incidência do ITCMD sobre a instituição desse usufruto? Em caso afirmativo, qual Estado é o titular desse imposto?
RESPOSTA: O art. 155, I da CF/88 diz que o ITCMD se caracteriza pela transmissão de bens ou direitos. Ou seja, no caso em tela, o usufruto nao se revela a transmissão da propriedade dos bens ou direitos. Por isso não há o que se falar em incidência do ITCMD sobre o usufruto mesmo que permeado pela natureza vitalícia.
No caso em questão nao se pode considerar acréscimo patrimonial, uma vez que o usufruto é somente ônus real sobre a coisa, não temos a ocorrência do critério material, pois não acarreta em aquisição de propriedade.
6.	Construa a regra-matriz de incidência tributária do ITBI.
RESPOSTA:
Critério material: Transmissão inter vivos, a qualquer título por ato oneroso, de direito reais sobre imóveis art. 35, II CTN e art. 156, II CF.
Critério temporal: No momento da aquisição do imóvel.
Critério espacial: Imposto de natureza maunicipal, art. 156 da CF e art. 35 CTN.
Critério pessoal: Sujeito ativo: Município; Sujeito passivo: qualquer das partes na operação tributada art. 42 CTN.
Critério quantitativo: Alíqüota – 0,5% sobre o valor efetivamente base de calculo financiado, até o limite de R$ 42.800,00. No restante o valor que, financiado ou não, exceder do limite de R$ 42.800,00 aplicar-se a alíqüota de 2% nas demais transações, aplicar-se a alíqüota de 2% sobre a base de cálculo.[footnoteRef:2] Base de Calculo: Valor venal dos bens ou direitos transmitidos (art. 38 CTN). [2: www.prefeituradesaopaulo.sp.gov.br] 
7.	Indique, com base na legislação, qual é a base de cálculo do ITBI e se esta fica, de alguma forma, vinculada à do IPTU. É legítima a adoção do valor da negociação do imóvel como base de cálculo do ITBI?
RESPOSTA: De acordo com o art. 38 do CTN, a base de cálculo do ITBI usa como base o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. Entretanto, destaca-se que o STJ decidiu em sede de repetitivo, por meio do REsp 1937821/SP, que o cálculo do ITBI deve ser baseado sobre o valor de mercado do imóvel, valor da transação imobiliária e, assim, apartando o uso absoluto do valor venal relacionado ao IPTU.
A base de cálculo do ITBI, pode-se dizer que será o valor venal, considerando este como o valor do ato negocial. Logo, nao haverá vínculo entre a base de cálculo do ITBI e a do IPTU.
Dessa forma, a adoção do valor de negociação do imóvel com base no cálculo do ITBI é legitima, porém o valor deverá corresponder ao valor venal do imóvel.
8.	Analise a legislação transcrita abaixo para, ao final, responder.
Constituição Federal
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
...
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
Código Civil 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
...
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1 o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2 o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
Código Tributário Nacional
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
LEI Nº 9133, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2006, do Município de Fortaleza/CE
Altera a legislação tributária municipal relativamente ao Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter Vivos (ITBI) e dá outras providências.
FAÇO SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA APROVOU E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
CAPÍTULO I
Dos Elementos do Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter Vivos (ITBI) 
Seção I
Do Fato Gerador
Art. 1º - Fica instituído o Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter Vivos (ITBI), que tem como fato gerador:
I - a transmissão, a qualquer título, por ato oneroso, da propriedade ou domínio útil de bens imóveis por natureza ou acessão física, comodefinidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia;
Seção VII
Do Pagamento do ITBI
Art. 10 - O Imposto sobre a Transmissão Onerosa de Bens Imóveis por Ato Inter Vivos (ITBI) será pago:
I - por antecipação, até a data da lavratura do instrumento que servir de base à transmissão da propriedade, do domínio útil ou da cessão de direitos relativos a bens imóveis, observado o art. 5o, § 2o, desta Lei;
II - no prazo de 30 (trinta) dias, contados do trânsito em julgado, se o título de transmissão da propriedade, do domínio útil ou da cessão de direitos relativos a bens imóveis for decorrente de sentença judicial, observado o art. 5o, § 2o, desta Lei;
III - no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da lavratura do instrumento que servir de base à transmissão da propriedade, do domínio útil ou da cessão de direitos relativos a bens imóveis, observado o art. 5o, inciso II, desta Lei.
Art. 11 - O pagamento será efetuado através de documento próprio, como dispuser o regulamento. 
Considerando a legislação supra indicada, responda:
a) Qual é o momento da incidência do ITBI?
RESPOSTA: O ITBI está previsto no art. 156 da CF que tem a seguinte redação
Art. 156. Compete aos M unicípios inst ituir impostos sobre : II - transmissão "inter v ivos", a qualquer título, p or at o o neroso, de bens imóveis, por natureza ou aces são física, e de direitos reais s obre imóveis, exceto os de gar antia, be m c omo cess ão d e d ireitos a sua aquisição.
Já o art. 1.245 do CC assim diz: “transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. Sobre o tema em questão o STJ confirmou o entendimento adotado pela corte após decisão do STF no Tema 1.124 da repercussão geral (Incidência do Imposto de Transmissão de Bens I móveis (ITBI) na cessão de direitos de compra e venda, ausente a transferência de propriedade pelo registro imobiliário). 
Esse entendimento permitiu que o fato gerador do imposto em apreço ocorra com a efetiva transferência de p ropriedade imobiliária, a qual se concretiza mediante o registro no cartório de imóveis
b) É possível que haja pagamento do imposto na forma em que determinado na legislação? Sob qual fundamento Constitucional?
RESPOSTA: Pode-se dizer que de acordo com o enunciado, o imposto será pago por antecipaçao até a data da lavratura do instrumento que servir de base de transmissoa da propriedade, nao sendo possivel uma vez que na situção em questão não houve transmissão de propriedade, que se dará com o registro no cartório de imóveis.
Sugestão para pesquisa suplementar
•	SALLABERRY, Fernando Moraes; VALENTIM, Jefferson. Uma lei complementar para o ITCMD: Análise do PLP 67/2021, proposta de norma geral para a tributação de heranças e doações no Brasil. Ebook Kindle – Amazon.
•	MELO, José Eduardo Soares de. ITBI e o alcance da imunidade no caso de imóveis integralizados ao capital social da empresa (RE 796.376/SC RG). In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS - IBET, v. 14, 2017, São Paulo. Racionalização do sistema tributário. São Paulo: Noeses, 2017, p. 555-574.
•	VALENTIM, Jefferson. Holding - Estudo Sobre a Evasão Fiscal do Itcmd no Planejamento Sucessório. São Paulo: Letras Jurídicas, 2021.
•	FERNANDES, Regina Celi Pedrotti Vespero. Impostos sobre transmissão "causa mortis" e doação na Constituição e na Lei Complementar. 2001. 202 f. Dissertação (Mestrado em Direito) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2001.
•	FERNANDES, Gabriel Nóbrega. Controle de validade do imposto sobre transmissão causa mortis. 2018. 196 f. Dissertação (Mestrado em Direito) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. 
Anexo I
Resp 1841798/MG
DJE: 07/05/2021
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. TEMA 1048. DECADÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO.CONTROVÉRSIA SOBRE O MARCO INICIAL A SER CONSIDERADO. FATO GERADOR. TRANSMISSÃO DE BENS OU DIREITOS MEDIANTE DOAÇÃO. CONTAGEM DA DECADÊNCIA NA FORMA DO ART. 173, I, DO CTN. IRRELEVÂNCIA DA DATA DO CONHECIMENTO DO FISCO DO FATO GERADOR.
1. Nos termos em que decidido pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016, aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele prevista (Enunciado Administrativo n. 3).
2. Discussão dos autos: No recurso especial discute-se se é juridicamente relevante, para fins da averiguação do transcurso do prazo decadencial tributário, a data em que o Fisco teve conhecimento da ocorrência do fato gerador do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) referente a doação não oportunamente declarada pelo contribuinte ao fisco estadual.
3. Delimitação da controvérsia - Tema 1048: Definir o início da contagem do prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN para a constituição do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) referente a doação não oportunamente declarada pelo contribuinte ao fisco estadual.
4. Nos termos do art. 149, II, do CTN, quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária, surge para o Fisco a necessidade de proceder ao lançamento de ofício, no prazo de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte à data em que ocorrido o fato gerador do tributo (art. 173, I, do CTN).
5. Em se tratando do imposto sobre a transmissão de bens ou direitos, mediante doação, o fato gerador ocorrerá: (i) no tocante aos bens imóveis, pela efetiva transcrição realizada no registro de imóveis (art. 1.245 do CC/2020); (i) em relação aos bens móveis, ou direitos, a transmissão da titularidade, que caracteriza a doação, se dará por tradição (art. 1.267 do CC/2020), eventualmente objeto de registro administrativo.
6. Para o caso de omissão na declaração do contribuinte, a respeito da ocorrência do fato gerador do imposto incidente sobre a transmissão de bens ou direitos por doação, caberá ao Fisco diligenciar quanto aos fatos tributáveis e exercer a constituição do crédito tributário mediante lançamento de ofício, dentro do prazo decadencial.
7. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacificado no sentido de que, no caso do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCDM, a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, observado o fato gerador, em conformidade com os arts. 144 e 173, I, ambos do CTN, sendo irrelevante a data em que o fisco teve conhecimento da ocorrência do fato gerador (AgInt no REsp 1.690.263/MG, Rel. Ministro Francisco Falcão, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/9/2019, DJe 16/9/2019). No mesmo sentido: AgInt no REsp 1.795.066/MG, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/9/2019, DJe 18/ 9/2019.
8. Tese fixada - Tema 1048: O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCDM, referente a doação não oportunamente declarada pelo contribuinte ao fisco estadual, a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, observado o fato gerador, em conformidade com os arts. 144 e 173, I, ambos do CTN.
9. Recurso especial provido.
Acórdão sujeito ao regime previsto no artigo 1.036 e seguintes do CPC/2015.
(REsp 1841798/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2021, DJe 07/05/2021)
Anexo II
RE 851108/SP - Repercussão Geral - Tema 825 
Dje 20/04/2021
EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Competência suplementar dos estados e do Distrito Federal. Artigo 146, III, a, CF. Normas gerais em matéria de legislação tributária. Artigo 155, I, CF. ITCMD. Transmissão causa mortis. Doação. Artigo 155, § 1º, III, CF. Definição de competência. Elemento relevante de conexão com o exterior. Necessidade de ediçãode lei complementar. Impossibilidade de os estados e o Distrito Federal legislarem supletivamente na ausência da lei complementar definidora da competência tributária das unidades federativas. 1. Como regra, no campo da competência concorrente para legislar, inclusive sobre direito tributário, o art. 24 da Constituição Federal dispõe caber à União editar normas gerais, podendo os estados e o Distrito Federal suplementar aquelas, ou, inexistindo normas gerais, exercer a competência plena para editar tanto normas de caráter geral quanto normas específicas. Sobrevindo norma geral federal, fica suspensa a eficácia da lei do estado ou do Distrito Federal. Precedentes. 2. Ao tratar do Imposto sobre transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD), o texto constitucional já fornece certas regras para a definição da competência tributária das unidades federadas (estados e Distrito Federal), determinando basicamente duas regras de competência, de acordo com a natureza dos bens e direitos: é competente a unidade federada em que está situado o bem, se imóvel; é competente a unidade federada onde se processar o inventário ou arrolamento ou onde tiver domicílio o doador, relativamente a bens móveis, títulos e créditos. 3. A combinação do art. 24, I, § 3º, da CF, com o art. 34, § 3º, do ADCT dá amparo constitucional à legislação supletiva dos estados na edição de lei complementar que discipline o ITCMD, até que sobrevenham as normas gerais da União a que se refere o art. 146, III, a, da Constituição Federal. De igual modo, no uso da competência privativa, poderão os estados e o Distrito Federal, por meio de lei ordinária, instituir o ITCMD no âmbito local, dando ensejo à cobrança válida do tributo, nas hipóteses do § 1º, incisos I e II, do art. 155. 4. Sobre a regra especial do art. 155, § 1º, III, da Constituição, é importante atentar para a diferença entre as múltiplas funções da lei complementar e seus reflexos sobre eventual competência supletiva dos estados. Embora a Constituição de 1988 atribua aos estados a competência para a instituição do ITCMD (art. 155, I), também a limita ao estabelecer que cabe a lei complementar – e não a leis estaduais – regular tal competência em relação aos casos em que o “de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve seu inventário processado no exterior” (art. 155, § 1º, III, b). 5. Prescinde de lei complementar a instituição do imposto sobre transmissão causa mortis e doação de bens imóveis – e respectivos direitos -, móveis, títulos e créditos no contexto nacional. Já nas hipóteses em que há um elemento relevante de conexão com o exterior, a Constituição exige lei complementar para se estabelecerem os elementos de conexão e fixar a qual unidade federada caberá o imposto. 6. O art. 4º da Lei paulista nº 10.705/00 deve ser entendido, em particular, como de eficácia contida, pois ele depende de lei complementar para operar seus efeitos. Antes da edição da referida lei complementar, descabe a exigência do ITCMD a que se refere aquele artigo, visto que os estados não dispõem de competência legislativa em matéria tributária para suprir a ausência de lei complementar nacional exigida pelo art. 155, § 1º, inciso III, CF. A lei complementar referida não tem o sentido único de norma geral ou diretriz, mas de diploma necessário à fixação nacional da exata competência dos estados. 7. Recurso extraordinário não provido. 8. Tese de repercussão geral: “É vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal sem a edição da lei complementar exigida pelo referido dispositivo constitucional”. 9. Modulam-se os efeitos da decisão, atribuindo a eles eficácia ex nunc, a contar da publicação do acórdão em questão, ressalvando as ações judiciais pendentes de conclusão até o mesmo momento, nas quais se discuta: (1) a qual estado o contribuinte deve efetuar o pagamento do ITCMD, considerando a ocorrência de bitributação; e (2) a validade da cobrança desse imposto, não tendo sido pago anteriormente.
(RE 851108, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 01/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-074 DIVULG 19-04-2021 PUBLIC 20-04-2021)
Anexo III
REsp nº 1937821 / SP
DJe 03/03/2022
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS (ITBI). BASE DE CÁLCULO. VINCULAÇÃO COM IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO (IPTU). INEXISTÊNCIA. VALOR VENAL DECLARADO PELO CONTRIBUINTE. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. REVISÃO PELO FISCO. INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE. PRÉVIO VALOR DE REFERÊNCIA. ADOÇÃO. INVIABILIDADE.
1. A jurisprudência pacífica desta Corte Superior é no sentido de que, embora o Código Tributário Nacional estabeleça como base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) o "valor venal", a apuração desse elemento quantitativo faz-se de formas diversas, notadamente em razão da distinção existente entre os fatos geradores e a modalidade de lançamento desses impostos.
2. Os arts. 35 e 38 do CTN dispõem, respectivamente, que o fato gerador do ITBI é a transmissão da propriedade ou de direitos reais imobiliários ou a cessão de direitos relativos a tais transmissões e que a base de cálculo do tributo é o "valor venal dos bens ou direitos transmitidos", que corresponde ao valor considerado para as negociações de imóveis em condições normais de mercado.
3. A possibilidade de dimensionar o valor dos imóveis no mercado, segundo critérios, por exemplo, de localização e tamanho (metragem), não impede que a avaliação de mercado específica de cada imóvel transacionado oscile dentro do parâmetro médio, a depender, por exemplo, da existência de outras circunstâncias igualmente relevantes e legítimas para a determinação do real valor da coisa, como a existência de benfeitorias, o estado de conservação e os interesses pessoais do vendedor e do comprador no ajuste do preço.
4. O ITBI comporta apenas duas modalidades de lançamento originário:
por declaração, se a norma local exigir prévio exame das informações do contribuinte pela Administração para a constituição do crédito tributário, ou por homologação, se a legislação municipal disciplinar que caberá ao contribuinte apurar o valor do imposto e efetuar o seu pagamento antecipado sem prévio exame do ente tributante.
5. Os lançamentos por declaração ou por homologação se justificam pelas várias circunstâncias que podem interferir no específico valor de mercado de cada imóvel transacionado, circunstâncias cujo conhecimento integral somente os negociantes têm ou deveriam ter para melhor avaliar o real valor do bem quando da realização do negócio, sendo essa a principal razão da impossibilidade prática da realização do lançamento originário de ofício, ainda que autorizado pelo legislador local, pois o fisco não tem como possuir, previamente, o conhecimento de todas as variáveis determinantes para a composição do valor do imóvel transmitido.
6. Em face do princípio da boa-fé objetiva, o valor da transação declarado pelo contribuinte presume-se condizente com o valor médio de mercado do bem imóvel transacionado, presunção que somente pode ser afastada pelo fisco se esse valor se mostrar, de pronto, incompatível com a realidade, estando, nessa hipótese, justificada a instauração do procedimento próprio para o arbitramento da base de cálculo, em que deve ser assegurado ao contribuinte o contraditório necessário para apresentação das peculiaridades que amparariam o quantum informado (art. 148 do CTN).
7. A prévia adoção de um valor de referência pela Administração configura indevido lançamento de ofício do ITBI por mera estimativa e subverte o procedimento instituído no art. 148 do CTN, pois representa arbitramento da base de cálculo sem prévio juízo quanto à fidedignidade da declaração do sujeito passivo.
8. Para o fim preconizado no art. 1.039 do CPC/2015, firmam-se as seguintes teses: a) a basede cálculo do ITBI é o valor do imóvel transmitido em condições normais de mercado, não estando vinculada à base de cálculo do IPTU, que nem sequer pode ser utilizada como piso de tributação; b) o valor da transação declarado pelo contribuinte goza da presunção de que é condizente com o valor de mercado, que somente pode ser afastada pelo fisco mediante a regular instauração de processo administrativo próprio (art. 148 do CTN);
c) o Município não pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI com respaldo em valor de referência por ele estabelecido unilateralmente.
9. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1937821/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2022, DJe 03/03/2022)
Anexo IV
REsp 722.752/RJ
Dje 11/11/2009
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. ITBI. IMÓVEIS URBANOS EDIFICADOS. DISSOLUÇÃO DE CONDOMÍNIO. INCIDÊNCIA DO TRIBUTO. BASE DE CÁLCULO. PARCELA ADQUIRIDA AOS OUTROS CO-PROPRIETÁRIOS.
1. Hipótese em que os quatro impetrantes (ora recorridos) eram co-proprietários de seis imóveis urbanos edificados. Os condôminos resolveram extinguir parcialmente a co-propriedade. Para isso, cada impetrante passou a ser único titular de um dos seis imóveis. Quanto aos dois bens restantes, manteve-se o condomínio. Discute-se a tributação municipal sobre essa operação.
2. O Tribunal de origem entendeu ter ocorrido simples dissolução de condomínio relativo a uma universalidade de bens, conforme o art. 631 do CC/1916. Assim, não teria havido transmissão de propriedade com relação à maior parte da operação. Se o indivíduo passou a ser proprietário de imóvel em valor idêntico à sua cota ideal no condomínio, não incidiria o ITBI.
3. Inexiste omissão no acórdão recorrido, que julgou a lide e fundamentou adequadamente seu acórdão.
4. No entanto, o art. 631 não incide na hipótese, pois se refere ao caso clássico de condomínio de bem divisível. Seria aplicável se os quatro impetrantes fossem co-proprietários de terreno rural ou de terreno urbano não-edificado. Nesse exemplo, no caso de desfazimento do condomínio, o imóvel poderia ser fracionado junto ao cartório de imóveis, observados os limites mínimos, requisitos e formalidades legais, resultando em quatro partes iguais. Cada um dos antigos co-proprietários seria o único titular de seu terreno (correspondente a 25% do original). Inexistiria transmissão onerosa de propriedade nessa situação fictícia e, portanto, incidência do tributo municipal.
5. Diferentemente, quando há condomínio de apartamento edilício, ou de um prédio urbano não-fracionado em unidades autônomas, é impossível a divisão do bem. É este o caso dos autos.
6. O registro imobiliário é individualizado, como o é a propriedade de apartamentos, nos termos da Lei de Registros Públicos (art. 176, § 1º, I, da Lei 6.015/1973).
7. Na situação inicial, antes do pacto de extinção parcial do condomínio, os quatro impetrantes eram co-proprietários de cada um dos imóveis, que devem ser considerados individualmente.
8. Com o acordo, cada um dos impetrantes passou a ser único proprietário de um dos seis imóveis. Ou seja, adquiriu dos outros co-proprietários 75% desse bem, pois já possuia 25%.
9. O ITBI deve incidir sobre a transmissão desses 75%. Isso porque a aquisição dessa parcela se deu por alienação onerosa: compra (pagamento em dinheiro) ou permuta (cessão de parcela de outros imóveis).
10. Esse raciocínio se aplica aos quatro imóveis que passaram a ser titulados por um único proprietário. Quanto aos outros dois bens, com relação aos quais o condomínio subsistiu, não há alienação onerosa nem, portanto, incidência do ITBI.
11. Os impetrantes adjudicaram cada um dos quatro imóveis a uma única pessoa, indenizando os demais (por pagamento ou permuta), nos termos do art. 632 do CC/1916.
12. É pacífico que os impostos reais (IPTU e ITBI, em especial) referem-se aos bens autonomamente considerados. Também por essa razão seria incabível tratar diversos imóveis como universalidade para fins de tributação.
13. Esse entendimento foi consolidado pelo egrégio STF na Súmula 589: "É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial urbano em função do número de imóveis do contribuinte".
14. A Suprema Corte impediu que os Municípios considerassem todos os imóveis de cada contribuinte como uma universalidade para fins de progressividade das alíquotas . Isso decorre do reconhecimento de que cada imóvel a ser tributado deve ser autonomamente considerado.
15. Se o Município não pode considerar o conjunto de imóveis uma universalidade, para cálculo do IPTU, seria inadmissível que o contribuinte possa fazê-lo com o intuito de pagar menos ITBI.
16. Recurso Especial provido.
(REsp 722.752/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2009, DJe 11/11/2009)
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