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24/03/2023, 23:02 Roteiro de Estudos
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O roteiro de estudos abordará os principais temas relacionados à regulação do mercado da
saúde suplementar, trazendo informações relevantes de como a saúde suplementar e os
planos de saúde surgiram no Brasil, qual é o órgão que regulamenta os planos de saúde, quais
são os mecanismos utilizados pelas operadoras para controlar a assistência à saúde e muitos
outros temas essenciais para a sua formação.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:
aprender sobre a evolução do sistema de saúde no Brasil;
re�etir sobre o surgimento da saúde suplementar e dos planos de saúde no Brasil;
compreender como funciona a regulação dos sistemas de saúde privado no Brasil;
estudar as características que diferem os contratos e os convênios;
avaliar como funcionam os planos de saúde e os seus mecanismos de controle;
conhecer e entender a relação entre o setor público e o setor privado.
Introdução
No início da década de 1950, juntamente com o desenvolvimento da indústria no Brasil, os
empresários estrangeiros propuseram aos seus trabalhadores uma assistência hospitalar
especí�ca. Como as indústrias cresceram, foi identi�cada a oportunidade de oferecer acesso a
serviços de saúde à população, o que resultou no incentivo ao credenciamento de serviços na
área da saúde. Desde 1950, o mercado da saúde suplementar no Brasil passa por grandes
Regulação do Mercado da Saúde Suplementar
Roteiro deRoteiro de
EstudosEstudos
Autor: Ma. Amanda Caroline Sartori
Revisor: Adriana Furquim
24/03/2023, 23:02 Roteiro de Estudos
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mudanças ao longo dos anos. No início da implementação, não existiam normas
regulamentadoras e competitividade de mercado e, assim, as operadoras cometiam inúmeros
exageros. No entanto, atualmente, o mercado da saúde suplementar no Brasil encontra-se
consolidado e com uma ampla concorrência.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi criada em 28 de janeiro de 2000, para
elaborar regulamentações e normas para a saúde suplementar, além de controlar e �scalizar
as atividades desenvolvidas por esse segmento, assegurando a qualidade da assistência em
saúde prestada aos usuários dos planos de saúde e a sustentabilidade do setor de saúde
suplementar.
Sistemas de Saúde: o Surgimento
da Saúde Suplementar e dos
Planos de Saúde
Até o início do século 20, para ter acesso à assistência à saúde, a população brasileira precisava
recorrer aos médicos particulares ou às instituições �lantrópicas. Na década de 1960, o
governo criou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que, posteriormente, passou a
ser o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) (SOUZA, 2002).
O INPS foi criado em consequência da aliança dos Institutos de Aposentadorias e Pensões
(IAPs) de várias categorias pro�ssionais organizadas, como industriários e bancários. Depois,
foram ampliados e viraram o Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS), Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (INAMPS) (SOUZA, 2002).
O INAMPS prestava assistência à saúde somente para os trabalhadores da economia formal e
seus dependentes, e era necessária a construção de grandes centros de assistência hospitalar e
ambulatorial para atender a essa demanda. Desse modo, o INAMPS investia recursos nos
estados, por meio de suas superintendências regionais, para o atendimento à saúde de
maneira proporcional ao arrecadado e de associados existentes (SOUZA, 2002).
Naquele período, a assistência à saúde dos brasileiros estava dividida em três distintas
categorias:
Aqueles que podiam pagar pela assistência em saúde;
Aqueles que tinham direito à assistência à saúde prestada pelo INAMPS;
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Aqueles que não possuíam nenhum direito à saúde.
Na década de 1970, com a crise de �nanciamento da Previdência, o INAMPS assume diversas
medidas para racionalizar seus gastos e, a partir da década de 1980, passa a adquirir os
serviços do setor público, realizando convênios. Assim, o INAMPS começa a �nanciar a
assistência à saúde prestada pela rede pública somente para os seus bene�ciados,
preservando o caráter de universalidade dos associados (SOUZA, 2002).
No �m da década de 1980, o INAMPS deixou de exigir a Carteira de Segurado do INAMPS e
passou a prestar assistência nos seus hospitais próprios e nos conveniados com a rede pública
de saúde, aproximando o INAMPS à cobertura universal do cliente. Ressalta-se que esse
processo resultou na criação do Sistema Uni�cado e Descentralizado de Saúde (SUDS),
concretizado por meio da formalização de convênios entre o INAMPS e os governos estaduais.
Desse modo, podemos identi�car que ali começava a ser elaborado um sistema de saúde que
possuía tendência à cobertura universal da população, até mesmo antes da publicação da Lei
nº 8.080/90 que estabeleceu o Sistema Único de Saúde (SUS) (SOUZA, 2002).
Isso foi causado pela crise de �nanciamento do modelo de assistência médica da Previdência
Social e também pela ampla mobilização política dos centros universitários, dos trabalhadores
da saúde e de setores organizados da sociedade que formavam o movimento da Reforma
Sanitária.
Os primeiros planos de saúde no Brasil surgiram na década de 1950, vinculados às empresas e
considerados um benefício aos trabalhadores. Esses planos de saúde não possuíam uma base
legal apropriada e eram muito semelhantes aos planos de autogestão (SCHEIDWEILER, 2019).
De acordo com Malta et al . (2017, p. 2),
as operadoras de planos de saúde atuam no Brasil desde a década de 1940, e
o subsetor Saúde Suplementar (SS) compreende o mercado de planos privados
de assistência à saúde. O segmento comercial é composto pelas cooperativas
de trabalho médico, cooperativas odontológicas, as empresas de medicina de
grupo, as empresas de autogestão e as seguradoras. Outro segmento, sem �ns
lucrativos, portanto, não alcançado pela regulação do Setor/ANS, constitui o
segmento de Instituições Públicas, de instituição de assistência de servidor
público (municipal, estadual ou militar). A PNS ampliou, ainda, os temas
pesquisados, como doenças crônicas, estilos de vida, dentre outros.
É importante destacar que a Constituição Federal de 1988, além de determinar os princípios
para o atendimento público de saúde, também apresentou a oportunidade de oferta de
serviços de saúde pela iniciativa privada, contudo, era necessário o acompanhamento e a
vigilância do Estado. Os planos de saúde como conhecemos hoje surgiram apenas no �nal da
década de 1960, denominados planos de assistência médica, que, na década de 1970,
originaram os seguros-saúde (ROCHA, 2012).
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Outro ponto importante foi a criação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), no início da
década de 1990, por meio da Lei Federal nº 8.078/90, com a �nalidade de proteger o direito dos
consumidores, inclusive o dos usuários dos planos de saúde, já que, por não ter uma legislação
e regulamentação especí�cas e existir pouca concorrência entre os planos, eram cometidos
vários exageros e abusos pelas operadoras (ROCHA, 2012; SCHEIDWEILER, 2019).
Em 3 de junho de 1998, foi sancionada a Lei nº 9.656, que dispunha sobre os planos privados
de assistência à saúde, envolvendo regras especí�cas para eles. Além disso, em 1999, depois de
algumas medidas provisórias e legislações isoladas, foi criada a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS),para estabelecer uma regulamentação bem mais detalhada para os planos
de saúde privados no Brasil (ROCHA, 2012; SCHEIDWEILER, 2019).
O plano de saúde privado no Brasil deve assegurar o direito à assistência à saúde dos usuários
em nível ambulatorial eletivo ou emergencial, assim como garantir o atendimento relacionado
à internação hospitalar, exames complementares, tratamentos envolvendo altos custos,
procedimentos cirúrgicos e o que for necessário para a recuperação dos usuários,
independentemente de o plano de saúde ser contratado por meio da empresa a que o paciente
está vinculado ou por uma pessoa física (SCHEIDWEILER, 2019).
No entanto, existe o período de carência dos planos de saúde, que nada mais é do que um
espaço de tempo em que o contratante do plano de saúde paga a sua mensalidade, mas não
pode utilizar alguns serviços. Tudo isso está previsto e determinado em contrato.
Veja as seguintes situações e o período de carência após a contratação do plano de saúde de
acordo com a ANS (2020a).
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Quadro 1 - Período de carência dos serviços em saúde de acordo com a Agência Nacional de Saúde
Suplementar
Fonte: ANS (2020a).
Apesar disso, a vida é bem maior do que tal período de carência, e é garantida em lei, como na
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, e no Código de Ética Médica, no artigo 31:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (BRASIL, 1988, on-line).
É vedado ao médico desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante
legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou
terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte (CFM, 2010, p. 38).
Ressalta-se que, no momento da contratação do plano de saúde, é solicitado que o sujeito
assine o formulário de Declaração de Saúde, com a �nalidade de conhecer o estado de saúde e
as possíveis lesões ou doenças que o usuário pode possuir. Além disso, esse formulário
também é importante para que a operadora possa ou não propiciar a Cobertura Parcial
Temporária (CPT), que consiste no período de 24 meses em que �ca restrita a cobertura de
cirurgias, procedimentos de alta complexidade e leitos de alta tecnologia, desde que
relacionados com a doença ou lesão preexistente (ANS, 2020b).
Situação Tempo de carência
Casos de urgência (acidentes pessoais ou
complicações no processo gestacional) e
emergência (risco imediato à vida ou lesões
irreparáveis)
24 horas
Partos a termo, excluídos os partos
prematuros e decorrentes de complicações
no processo gestacional
300 dias
Existência de doenças ou lesões
preexistentes (quando o usuário contrata o
plano e sabe que já possui uma doença ou
lesão)
24 meses
Demais situações, como internações,
cirurgia, procedimentos e outros
180 dias
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A Regulação dos Sistemas de
Saúde Privado no Brasil
É importante que você saiba que, quando é acordado um contrato, o plano de saúde possui a
obrigação de cumprir o que foi estabelecido previamente, considerando que o contrato do
plano de saúde é um contrato de adesão, ou seja, são relações contratuais nas quais as
cláusulas são de�nidas precocemente por uma das partes, e a outra parte decide aderir ou não
a que já se de�niu. Nessa forma de contrato, é proibido o renunciamento prévio a direito
decorrente do próprio negócio.
Assim, se o plano de saúde não cumprir o contrato de forma adequada e o bene�ciário sofrer
algum dano, o plano de saúde pode responder de forma civil e até criminalmente. Por exemplo,
se o plano se recusar a realizar a colocação do DIU (Dispositivo Intrauterino), que consiste em
LIVRO
SUS e ESF – Sistema Único de Saúde e Estratégia
Saúde da Família
Autora : Elisabete Cordoba
Editora : Rideel
Ano : 2013
Comentário : a obra aborda desde a história do SUS até como
agir com o paciente, de acordo com a sua fase de vida ou suas
doenças. Essa obra foi elaborada a partir da experiência das
autoras, com o objetivo de ampliar o conhecimento de
estudantes e pro�ssionais da área da saúde apresentando,
portanto, conteúdo com linguagem acessível.
Disponível na Biblioteca Virtual.
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um procedimento coberto pela Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a
organização pode responder civil e criminalmente.
Já vimos que a ANS foi criada com o objetivo de controlar e �scalizar o sistema de saúde
privado e é associada ao Ministério da Saúde. Além de monitorar o sistema, essa agência busca
aperfeiçoar as possíveis falhas, como problemas contratuais, que resultam em consequências
para os clientes e para a instituição de saúde (BRASIL, 2002).
Quando a instituição de saúde não cumpre suas obrigações, ela tem que responder
judicialmente por responsabilidade civil e criminal, pois, de acordo com o Código de Ética do
Conselho Federal de Medicina (2010), nenhum paciente pode ser submetido à tortura, ao
tratamento desumano e degradante.
Também com a Lei nº 9.656 de 1998, os clientes dos planos de saúde passaram a possuir uma
certa segurança em relação aos exageros que eram cometidos antes da lei. Com isso, as
operadoras passaram a ser mais cuidadosas, sobretudo com o que continha nos contratos e
com o seu cumprimento efetivo (ANS, 2017; BRASIL, 2002).
Além disso, surgiu a necessidade de as operadoras trabalharem com uma gestão mais e�ciente
sobre os riscos. Assim, o crescimento da idade média dos brasileiros, as pesquisas mais
recentes sobre as respectivas faixas etárias e o seu desenvolvimento passaram a ser
considerados. Desse modo, as operadoras, fundamentadas em meios de ordem legal e
regulamentos, passaram a modi�car os esquemas de reajuste, realizando reajustes corretivos
ou por avanço na faixa etária (BRASIL, 2002; SCHEIDWEILER, 2019).
Segundo Freitas, Fonseca e Queluz (2020, p. 13),
conclui-se que a judicialização da saúde pode apontar falhas na gestão e
disfunções nos sistemas de saúde. Os motivos são, em sua maioria, demandas
para acesso a medicamentos. As ações são predominantemente individuais,
não resultando em benefícios coletivos. Não há consenso sobre as
características de renda dos demandantes, assim como não se pode a�rmar,
nem negar, que os valores dos bens ou serviços de saúde demandados possam
comprometer o orçamento do SUS.
Dessa forma, baseados em uma determinada faixa etária, os contratos sobrecarregam mais os
planos de saúde e acabam se tornando mais caros para os usuários. Isso signi�ca um obstáculo
para os processos da operadora, considerando que a operadora presta muitos serviços para a
população acima de 60 anos. No entanto, o usuário é colocado em uma posição difícil, pois,
pelos altos valores cobrados, aos poucos vai perdendo o acesso ao plano de saúde (BRASIL,
2002; SCHEIDWEILER, 2019).
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Características que Diferem os
Contratos e os Convênios
É essencial conhecer as diferenças entre contratos e convênios, considerando que, no âmbito
da saúde, vamos sempre estar participando da gestão de contratos, seja diretamente ou
indiretamente. Na realidade, esse negócio jurídico determina de forma singular as atividades
que serão executadas nas organizações.
Ressalta-se que, no estabelecimento de convênios, a principal característica é a presença de
interesses bilateral, ao passo que nos contratoshá existência de interesses opostos,
executados pelo valor pago pelo propósito do contrato, seja entre empresas, pessoa jurídica ou
pessoa física (SCHEIDWEILER, 2019).
Quando falamos em contrato, logo pensamos em uma relação de con�ança e de �delidade. De
fato, como o contrato é um instrumento �rmado por vontade de ambas as partes, é essencial
que haja segurança. Em outras palavras, um contrato deve ser dispendioso para as partes e é
pactuado consensualmente, necessitando ser cumprido pelo contratado.
LIVRO
Curso de direito de saúde suplementar: manual
jurídico de planos e seguros de saúde
Autor : Leonardo Vizeu Figueiredo
Editora : Grupo GEN
Ano : 2012
Comentário : no livro, podemos ver assuntos jurídicos muito
importantes que devemos saber ao contratar um plano ou
seguro de saúde. Mantenha atenção na leitura do Capítulo 4.
Disponível na Minha Biblioteca.
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A principal característica do convênio é que as partes possuem alguma coisa em comum, ou
seja, existe algo de interesse de todos os participantes do convênio (SCHEIDWEILER, 2019).
A Medicina de Família e Comunidade passa a �gurar como força de trabalho
útil para o setor privado. De fato, a menor taxa de encaminhamentos e a
racionalização do uso de exames complementares são habilidades que convêm
a empresas e seguradoras do mercado. No entanto, a formação voltada para a
comunidade, atividades em grupo, terapia familiar, práticas integrativas não
fazem parte das competências priorizadas ou mesmo possíveis nesse cenário,
de maneira que o título de médicos de família e comunidade é clivado em sua
construção ideológica. Além disso, sua atuação é descolada de uma realidade
socioterritorial e conduzida a uma outra lógica, mercantil e acessada por quem
pode pagar (MACHADO, MELO; PAULA, 2019, p. 3).
Os propósitos estabelecidos nos convênios são de caráter institucional e comum, isso é, os
objetivos a serem alcançados são os mesmos. Desse modo, os convênios provocam uma
associação maior sobre todas as particularidades, requerendo dos órgãos públicos e das
entidades conveniadas o bilateral compromisso em idealizar as ações e em �rmar uma gestão
de controle e �scalização comum (SCHEIDWEILER, 2019).
Para que você entenda melhor sobre as distinções entre contratos e convênios, veja o quadro a
seguir:
Quadro 2 - Principais diferenças entre contratos e convênios
Fonte: Scheidweiler (2019).
Portanto, o que tem valor efetivamente jurídico é o contrato, ao passo que o convênio é uma
regulação. Os contratos possuem maior relação com o ônus, nos quais a formação de interesse
é estabelecida por uma união. Por outro lado, nos convênios, a matéria é moderada pela
somatória dos interesses das partes.
CONTRATOS CONVÊNIOS
Interesses opostos e antagônicos Interesses convergentes
Composição de interesses (juntam-se) Conjunção de interesses (somam-se)
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Os Planos de Saúde e os Seus
Mecanismos de Controle
Os princípios de ordem legal que delimitam as ações e gestão dos planos de saúde são
essenciais para garantirem a e�ciência dos processos. Os contratos que antecipam os vários
meios de regulamentação permitem à operadora usar meios de controle da demanda de
acordo com os serviços prestados aos clientes.
Ressalta-se que qualquer meio de controle usado pelas operadoras está passível à ordem legal
determinada pela ANS, ou seja, a agência é responsável por analisar e aprovar os mecanismos
de controle empregados pela operadora de saúde e nunca devem limitar à assistência dos
usuários do plano de saúde, contanto que esteja acordado no contrato assinado.
LIVRO
Planos de Saúde - Aspectos Jurídicos e Econômicos
Autor : Luiz Augusto Ferreira Carneiro
Editora : Grupo Gen
Ano : 2012
Comentário : a obra apresenta material de re�exão para que as
questões de saúde afetas à contratação da iniciativa particular
mereçam adequado tratamento jurídico. O título aborda que,
por meio da elaboração de trabalhos consistentes, voltados a
elucidar questões já enfrentadas pelos pro�ssionais e pelos
diretamente interessados, com a vocação de dirimir
previamente os pontos controvertidos nessa relação tensional,
aprimorar-se-á o sistema e, com isso, a cidadania poderá atingir
um estágio de maturidade hoje ainda incipiente.
Disponível na Minha Biblioteca.
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É importante que as operadoras de saúde mantenham os meios de controle satisfatoriamente,
considerando que somente assim vão conseguir assegurar um sistema de gestão que
possibilite suas ações e sua ininterrupção, sobrevivência e segmento no mercado. Desse modo,
respeitando os contratos, as operadoras de saúde podem, por exemplo, pedir que o cliente
apresente a aprovação prévia de solicitação de alguns procedimentos (SCHEIDWEILER, 2019).
No caso de um paciente que precisa de medicamentos de alto custo para o tratamento de um
câncer, é necessário que o médico responsável pelo caso apresente uma solicitação de tal
medicação. Essa solicitação passará por análise de um médico auditor. O medicamento não
será liberado de imediato, mas o médico auditor poderá pedir um parecer mais especí�co para
o médico, para esclarecer a real necessidade de ser administrado aquele determinado
medicamento. O que acontece é que, com um relatório médico, o plano de saúde custeia o
medicamento da paciente.
Da mesma forma, a operadora de saúde pode utilizar outros meios para controlar de maneira
mais e�ciente a autorização de benefícios para os usuários. A coparticipação dos usuários é um
ótimo exemplo disso: o usuário tem uma participação �nanceira nas consultas, exames e
procedimentos, dependendo do contrato �rmado. A coparticipação é bené�ca porque evita
exageros e a repetição de exames sem necessidade (SCHEIDWEILER, 2019).
Podemos citar outra estratégia e�ciente muito utilizada atualmente pelas empresas e planos de
saúde com coparticipação para controlar os custos, que é a contratação e manutenção de uma
equipe para especialidades básicas. Essa equipe é responsável por fazer uma triagem no
paciente e realizar um tratamento imediato e resolutivo, não sendo necessário o
encaminhamento para um médico especialista. Porém, se houver a necessidade de um
tratamento contínuo e mais especí�co, o médico da atenção básica encaminhará o paciente.
Essa estratégia é e�ciente porque possibilita o controle da operadora, proporciona uma
assistência de qualidade aos usuários, evita as internações e a realização de exames e
procedimentos que não são necessários.
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Relação entre o Setor Público e o
Setor Privado
A assistência à saúde no Brasil possui uma con�guração indagadora, na qual o �nanciamento
do setor público é menor do que os do setor privado. Isso é curioso, pois o setor público deve
prestar assistência à saúde de toda a população brasileira e a iniciativa privada é destinada a
assumir somente os gastos em saúde dos usuários dos planos privados (ZIROLDO; GIMENES;
CASTELO JÚNIOR, 2013).
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o responsável por prestar atendimento em saúde à
população pelo setor público. Na teoria, esse sistema é quase perfeito, porém, na prática, o
sistema não funciona como deveria, deixando vários quesitos a desejar. Os recursos destinados
à saúde pública também não permitem tantas transformações no sistema, considerando que
os valores recebidos não dão conta de suprir todas as necessidades em saúde dos brasileiros.
LIVRO
Lei dos Planose Seguros de Saúde Comentada -
Artigo por Artigo
Autores : Maury Angelo Bottesini e Mauro Conti Machado
Editora : Grupo Gen
Ano : 2015
Comentário : os autores dão uma visão ampla do alcance dos
dispositivos do direito posto, das diretrizes doutrinárias da
matéria, sem descuidar de pequenos, mas precisos, registros da
tendência da jurisprudência nos tribunais estaduais e superiores
a respeito dos temas versados.
Disponível na Minha Biblioteca.
24/03/2023, 23:02 Roteiro de Estudos
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Por outro lado, o setor privado possui menos usuários e gasta menos que o SUS no âmbito da
saúde, sendo visível a desigualdade entre esses dois setores. Como se isso já não bastasse,
também existem falhas na lei, levando a judicialização de diversas questões em saúde tanto no
setor privado como no setor público (RAMOS; SCATENA, 2014).
Desse modo, é evidente que o Estado não consegue e não tem condições de atender à toda
demanda do país, assim:
[...] poder-se-ia pensar em cenário no qual a Saúde Suplementar atendesse a
parcelas crescentes da população deixando o SUS livre para dedicar sua
atenção aos brasileiros realmente desprovidos de recursos. Certamente, nesse
contexto, uma integração positiva e proveitosa emergiria da relação SUS/
Saúde Suplementar (ZIROLDO; GIMENES; CASTELO JÚNIOR, 2013, p. 219).
Para isso, esperava-se que o governo federal, por meio das políticas de incentivo, bene�ciasse a
Saúde Suplementar, gerando condições de mais brasileiros aderirem aos planos de saúde
disponibilizados pelo setor privado. E podemos citar a implementação da ANS como um marco
regulatório fundamental no mercado da Saúde Suplementar para que a integração citada
anteriormente pudesse ser �rmada (ZIROLDO; GIMENES; CASTELO JÚNIOR, 2013).
Assim, perante os diversos desa�os enfrentados pela saúde pública no Brasil, veri�ca-se o
problema de elaboração e manutenção de um modelo de gestão pública do SUS que tenha
capacidade para realizar os serviços em saúde que a população necessita, sem a
complementação da iniciativa privada (RAMOS; SCATENA, 2014).
Com a atual situação do SUS, considerando que o setor privado precisa conviver com o setor
público no mesmo âmbito social de garantias de direitos, o setor privado atua
complementando a saúde pública por meio de acordo de colaboração e contratos de prestação
de serviços (RAMOS; SCATENA, 2014).
24/03/2023, 23:02 Roteiro de Estudos
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Conclusão
O sistema de saúde no Brasil passou por grandes mudanças ao longo dos anos, porém, com a
Constituição Federal de 1988, o direito à saúde passou a ser um dever do Estado. Contudo, ao
mesmo tempo em que o Estado proporciona a assistência em saúde para a população
brasileira por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), ele também aceita a iniciativa privada e
permite a realização de ações e serviços privados de saúde. Em 2000, foi criada a Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável por elaborar normas, controlar e �scalizar o
setor dos planos de saúde no Brasil.
Por meio da saúde suplementar, foi criado um sistema privado para a oferta de serviços de
saúde mediante convênios ou planos de saúde. Assim, podemos destacar que o mercado da
saúde suplementar é extremamente importante para a saúde e para a economia brasileira,
pois é responsável por milhões de consultas, internações e exames por ano, desempenhando
um papel fundamental na demanda da prestação dos serviços em saúde no Brasil.
LIVRO
SUS: estrutura organizacional, controle, avaliação e
regulação
Autora : Ivana Maria Saes Busato
Editora : Intersaberes
Ano : 2019
Comentário : o título explora os principais elementos que
formam a estrutura organizacional do Sistema Único de Saúde
(SUS), além de analisar os primórdios desse sistema e sua
evolução nas últimas décadas. A obra discorre sobre o modelo
assistencial de saúde no Brasil e sobre o planejamento e
�nanciamento do SUS, além de discutir sobre os instrumentos
de regulação, controle e avaliação em saúde.
Disponível na Biblioteca Virtual.
24/03/2023, 23:02 Roteiro de Estudos
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