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As alterações fisiológicas da gestação decorrem de fatores hormonais e mecânicos. Os ajustes que ocorrem no organismo gravídico devem ser considerados normais. ALTERAÇÕES SISTÊMICAS A gestante adota a chamada marcha anserina. Isso ocorre de forma involuntária, para manter o equilíbrio, empinando o ventre, ampliando a base de sustentação (afasta os pés) e projetando as escápulas para trás, provocando lordose da coluna lombar. Grupamentos musculares que ordinariamente não têm função nítida ou constante passam a atuar, estirando-se e contraindo-se, e sua fadiga responde pelas dores cervicais e lombares, queixa comum. O feto é consumidor constante de glicose, fazendo com que haja aumento na demanda dessa substância no organismo da mãe. Diminui captação periférica de glicose Aumento da resistência à insulina (ao fim do 2º trimestre) como forma de diminuir a captação de glicose Ou seja: na gravidez avançada há mudanças no metabolismo no que se refere à preservação de glicose, graças à utilização dos lipídios. Acúmulo de lipídeos nos tecidos da gestante e hiperlipidemia gestacional (benéfico para o feto) Lipogenegese aumentada Retenção de líquido intra e extracelular > importante para o aumento do débito cardíaco e do fluxo plasmático renal – causado pela retenção de sódio (que é causado pela maior secreção de aldosterona pela adrenal uma vez que a progesterona tem efeito natriurético) Maior reabsorção de cálcio pelos túbulos renais (uma vez que grande parte do cálcio é usada pelo feto) Aumento do débito cardíaco – as custas do aumento da FC (de 10 a 15 bpm até a 28ª a 32ª semana) Aumento da volemia – as custas de aumento de volume plasmático, da redução da resistência vascular periférica e da PA. Portanto: aumento da volemia, aumento do DC, diminuição da RVP > redução da PA materna até o fim do 2º trimestre A partir da 20ª semana, o útero gravídico impede o retorno venoso ao coração (quando deitada em decúbito dorsal) ao comprimir a veia cava inferior > síndrome da hipotensão supina (podendo ter perda de consciência) ▪ O DC é restaurado ao adotar decúbito lateral esquerdo A PA venosa dos MMII aumenta até 3x, devido veias pélvicas estarem comprimidas pelo útero gravídico, em particular na posição em pé e parada, quando há maior aprisionamento de sangue nas pernas e coxas > tendencia a hipotensão, lipotimia ortostática, edema de MMII, varicosidades e hemorroidas. Na gestação, devido aumento da volemia, os fatores circulantes estão mais diluídos, o que faz com que o hemograma na gravidez apresente decréscimo de contagem de hemácias, hematócrito q e concentração de Hb (anemia fisiológica da gravidez). Aumento de leucócitos, diminuição de plaquetas (trombocitopenia gestacional) e hipercoagulabilidade (principalmente fibrinogênio). Há grande uso de ferro pela mãe e bebê, tornando importante a reposição de Fe²+ e ácido fólico. MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS Os rins se descolam para cima devido aumento de volume uterino. O útero expandido comprime os ureteres e o aumento da progesterona inibe a musculatura lisa ureteral. A dilatação dos ureteres são maiores à direita devido dextrorrotação uterina. A dilatação do sistema urinário superior pode causar estase urinaria, fazendo com que grávidas tenho maior risco de pielonefrite. MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS Aumento do fluxo plasmático renal e da RFG > causado pelo aumento do DC e diminuição da RVP. A frequência urinaria é causada pela compressão do útero na bexiga. A expansão do volume de sangue e a vasodilatação normal da gravidez causa hiperemia edema da mucosa do sistema respiratório superior > podem causar congestão nasal, epistaxe e até mesmo alterações da voz. Alterações marcantes na caixa torácica e no diafragma: Aumento da circunferência torácica, diminuição da complacência torácica > aumento do trabalho da respiração. Note: alargamento do tórax – a função do diafragma não se altera mas a elevação da cúpula está diminuída. Hiperventilação da gravidez ocasiona alcalose respiratória > aumento da excreção de HCO3- pela urina, compensando a alcalose. Até 70% das pacientes apresentam dispneia. Frequência respiratória sem alteração Volume-corrente e volume-minuto aumentados cerca de 30 a 40% Capacidade residual funcional reduzida em 20% No 1º trimestre é comum náuseas e vômitos (50 a 90%), podendo levar a anorexia. TIREÓIDE A tireoide materna pode aumentar até 30% no 3º trimestre > hiperplasia e aumento da vascularização (pode ser confundido com doença). Não há bócio, pois o aumento é fisiológico. Elevação de TBG e da hCG; elevação dos hormônios tireoidianos. O feto utiliza T4L da mãe até que sua própria tireoide consiga produzir. A gestante pode apresentar: Estriar no abdome, nos seios q Aumento da pigmentação na linha alva do abdome inferior (linha nigra), da vulva, das aréolas mamárias (sinal de Hunter) e da face (cloasma) > causado pelos altos níveis estrogênicos. Hipertricose (aumento de pelos), hipertrofia de glândulas sudoríparas e sebáceas (nas mamas – tubérculos de Montgomery) A gestação determina modificações locais/genitais no organismo materno que podem ser observadas, principalmente, no lado do útero onde o ovo se nida e desenvolve. ALTERAÇÕES LOCAIS As mudanças da mama são inúmeras, mas ocorrem principalmente nos dois primeiros trimestres. Túrgidas e dolorosas a partir do 2º mês Aumentam de volume a partir da 5ª semana Hiperplasias dos elementos glandulares Surgimento de delicadas veias debaixo da pele – Rede de Haller Aumento da pigmentação dos mamilos Sinal de Hunter: hiperpigmentação da aréola secundária Tubérculos de Montgomery ▪ Hipertrofia das glândulas sebáceas periareolares ▪ Função de proteção da mama a fissuras/atrito etc. Primeiro trimestre: crescimento e proliferação das células ▪ Da 1 a 14ª semana Segundo trimestre: diferenciação final em célula madura que produz e secreta colostro – dependente de prolactina ▪ Da 14ª a 28ª semana Após o parto: queda do estrogênio e progesterona – produção de caseína com estímulo da prolactina (inibida na gestação pela progesterona atuante em receptores prolactínicos) !!! queixa de lactação antes do parto – red flag – pode ser fisiológico mas pode indicar placenta deficitária e causar a morte fetal. Tumefação e consistência amolecida Apresentação coloração vinho-róseo ao invés de rosa-claro Sinal de Jacquemier ou Chadwick: coloração arroxeada da mucosa vulvar, na região do vestíbulo, já ao final do 1º mês – retenção sanguínea. Sinal de Kluge: propagação da coloração arroxeada à vagina. Sinal de Osiander: pulsação da artéria vaginal – decorrente da vascularização aumentada ▪ É um sinal palpatório (durante exame de toque) ▪ É perceptível logo nas primeiras semanas de gestação Hipertrofia da mucosa vaginal, tecido conjuntivo se torna frouxo e o musculo liso se hipertrofia – isso ocorre para suportar a distensão ocorrida no parto Proliferação de lactobacilos – faz com que o pH vaginal mais ácido do que uma mulher não gravida – fica entre 3,5 a 6,0 ▪ Protege de infecções ascendentes ▪ Problema: predisposição a infecções fúngicas aumentam em ambiente ácido (principalmente candida albicans – durante a gravidez a imunidade rebaixa predispondo a infecções oportunistas como essa) Camadas: peritônio – miométrio – endométrio Logo após nidação, sofre modificações de: Volume Forma Situação Consistência Coloração Fora da gravidez: Peso: 50 a 70g Capacidade: 6 a 10ml Final da gestação: Peso: 800 a 1200g Capacidade: 4 a 5L Primeiras 6 semanas de gestação: q Hiperplasia e formação denovas células pelo aumento de síntese de poliaminas RELEMBRANDO... O útero é dividido em corpo, istmo e colo. O local de implantação do óvulo se amolece, posterior progredindo o amolecimento de todo o órgão > diminuição da consistência devido embebição gravídica e à redução do tônus, principalmente no istmo (sinal de Hegar). VOLUME hipertrofia das fibras uterinas – participação do colágeno do miométrio Aumento da fração solúvel do colágeno – moléculas do colágeno tipo I Favorecimento da distensibilidade da parede uterina O crescimento uterino tem relação com estímulo hormonal e com o desenvolvimento do concepto. O órgão aumenta, inicialmente de modo desigual, sendo mais acentuado o crescimento na zona de implantação, o que o impõe forma assimétrica. Três períodos de acomodação: 1) Preparo: antes da nidação – hiperplasia do miométrio 2) Hipertrofia – até o 4 ou 5º mês 3) Alongamento – dependente do estiramento do miométrio com adelgaçamento de sua parede – estímulo estrogênico O miométrio tem aumento de massa devido hipertrofia muscular, hiperplasia de elementos musculares, aumento de tecido conjuntivo e dos líquidos intersticiais (embebição gravídica). Também aumenta a vascularização. FORMA Fenômeno de conversão uterina: diminuição da hipertrofia, modificação na forma de crescimento uterino e aceleração do crescimento fetal. A partir da 20ª semana, transformação da forma esferoide em cilíndrica, com diminuição da tensão e melhora da circulação. No 7º mês predomina forma ovóide. Sinal de Piskacek: forma assimétrica uterina com crescimento maior na zona de implantação. SITUAÇÃO No primeiro trimestre: acentua atitude fisiológica de anteversoflexão – compressão vesical e polaciuria. O crescimento subsequente ameniza e depois elimina a pressão sobre a bexiga (uma vez que, nas primeiras 12 semanas, o útero é pélvico e posterior a esse período, alcança a cavidade abdominal). Sinal de Noble-Budin: presença do corpo uterino gravido dos fundos de saco laterais, que se revela ao toque, tal qual tumor globoso de consistência amolecida. Dextrorrotação uterina: útero cresce rodado à direita uma vez que do lado esquerdo tem a presença do cólon sigmoide. Pielonefrite devido compressão da JUV direita. No final da gestação: desaparecimento do fundo-de-saco anterior (ao toque) e apagamento do canal cervical ou esvaecimento da porção intravaginal do colo (somente nas primigestas). CONSISTÊNCIA UTERINA Embebição gravídica – útero amolecido e pastoso. COR Aumento do fluxo de sangue causando útero de cor arroxeada. ISTMO DO ÚTERO – entre o colo e o corpo uterino q Se alonga entre 8 e 12 semanas e fica amolecido (redução do tônus), e é perceptível no exame de toque: sinal de Hegar CÉRVICE Nos primeiros meses está para baixo e para trás Após: medianiza-se a medida que o útero aumenta de volume Amolecimento cervical – 16 semanas Amadurecimento cervical – cérvice frouxa e com maior capacidade de distensão Esvaecimento do colo – retração do comprimento cervical – expresso em porcentagem Dilatação do colo: ampliação em centímetros do diâmetro do OI – completa tem 10cm Epitélio endocervical – reflete intenso estímulo – o epitélio pode ter pequenos sangramentos Hormonal inerente a gestação – exposto ao contato íntimo com o meio vaginal Ectrópio ou eversão – epitélio cilíndrico estendido para fora do orifício externo colo (OE) – primigestas Abertura do OE – multíparas TUBAS Ficam mais longas e volumosas pelo aumento da vascularização Dispõe-se perpendicularmente ao útero OVÁRIO Início da gestação: persistência do corpo lúteo Na 12ª semana: declínio da excreção de gonadotrofina coriônica e consequente regressão do corpo lúteo gravídico. PONTOS CHAVE ...