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Divã Executivo Por Gilberto Guimarães Gilberto Guimarães é professor e diretor da GG Consulting. Faz treinamentos sobre gestão de mudanças, desenvolvimento de talentos e liderança positiva. É melhor ser uma profissional especialista ou generalista? Valor 28/02/2018 05h00 · Atualizado há 3 anos >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: diva.executivo@valor.com.br Tenho cinco anos de formada, dois dos quais passei desempregada, um logo após me formar e outro após ser demitida em meio aos cortes em uma empresa multinacional. Ficar parada foi agoniante e a geologia é uma área bem específica. Embora eu tenha enviado currículos para todas as áreas possíveis, foi muito difícil conseguir um emprego sem indicação de alguém. Atualmente estou empregada, recebendo bem abaixo do piso salarial do geólogo, mas estou trabalhando na área. A empresa onde estou é pequena e presta serviços para o governo, então após o contrato se encerrar, poderá mandar todos embora. Geologia varia muito com o mercado e com a economia. Gostaria de saber se eu deveria investir em um MBA ou outro curso de especialização para me capacitar mais. Como proceder se eu não gosto de carreira acadêmica e sou de uma área muito mailto:diva.executivo@valor.com.br técnica e específica? É melhor ser uma profissional especialista ou generalista? Geóloga, 30 anos Hoje em dia não é mais necessário virar “gestor generalista” para subir na carreira. Uma carreira como especialista é valorizada e bem remunerada. No mundo atual, as empresas exigem uma nova lógica de atuação e de relações de trabalho. Na era do conhecimento a inovação, a informação e o conhecimento tornam-se mais importantes que o capital financeiro. O maior patrimônio de uma empresa passou a ser a sua base de conhecimento. O conhecimento está nas pessoas, nos especialistas. Nas sociedades do conhecimento o desenvolvimento e o desempenho econômico dependem da capacidade dos indivíduos buscarem novos conhecimentos e inovação. Nessa nova sociedade, o “trabalhador do conhecimento” é, finalmente, dono do produto do seu trabalho. Essas novas empresas buscam ter uma organização de recursos humanos mais “avançada” e baseada em uma maior autonomia dos empregados, no maior desenvolvimento dos indivíduos e na aprendizagem organizacional. O “trabalhador do conhecimento” é um especialista no que faz e sabem mais do que seus “chefes”. Não existe mais a estrutura clássica de subordinação, onde as pessoas eram organizadas em hierarquia, por funções. O modelo anterior era caracterizado por fatores que privilegiavam o tempo de casa e a evolução profissional se dava pela via da administração. As tarefas de supervisão e coordenação de grupos eram mais bem remuneradas que as técnicas. Por conta disso as pessoas buscavam uma formação em gestão. Fazer um MBA era quase que obrigatório para evolução de carreira. Isso talvez não faça mais tanto sentido nas sociedades do conhecimento de hoje. No modelo industrial anterior, o tempo de casa e a manutenção do valor salarial eram fatores fundamentais na evolução da remuneração e das promoções, o que acabava criando um efeito perverso, porque profissionais antigos, em tarefas de gestão, acabavam tendo remuneração superior à de profissionais mais jovens, especialistas bem preparados. Esse sistema deu origem à figura típica do empregado de organização. Hoje nada disso é mais verdade: a terceirização por especialização, as joint ventures, as parcerias, o outsourcing, etc. acabam obrigando o gerenciamento sem comando. As empresas se organizam por especialidades, por conhecimento, focadas na sua atividade-fim, contratando especialistas para as atividades que elas conhecem menos. Na sociedade do conhecimento existe uma dificuldade de estabelecimento da relação direta entre o desempenho, a produtividade de um indivíduo e o volume de produção, pois é o próprio trabalhador do conhecimento que, como especialista, define a velocidade e a produtividade dos seus meios de produção. Essa dificuldade provoca uma inadequação dos sistemas clássicos de avaliação e remuneração. As remunerações variam não mais apenas pela hierarquia e nem mesmo em função do desempenho dos funcionários, mas sobretudo pelo desempenho da empresa ou até mesmo pelo valor de cotação das ações da empresa. O trabalhador do conhecimento não é incentivado e mobilizado apenas por incentivos financeiros, mas também pela possibilidade de atualização permanente, pelo uso das ferramentas mais modernas, pela liberdade de atuação e pela valorização do seu conhecimento. Uma carreira de sucesso pode ser construída totalmente em uma atuação técnica especializada e a melhor forma é buscar se desenvolver ampliando o que você sabe e gosta de fazer, ao invés de gastar tempo e dinheiro tentando ser “menos ruim” naquilo que se não gosta de fazer. >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: diva.executivo@valor.com.br Gilberto Guimarães é diretor da GG Consulting e professor. Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer atureza em decorrência do uso dessas informações. mailto:diva.executivo@valor.com.br