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ABORTAMENTO Laura Pinto Torres de Melo De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o abortamento é a interrupção da gestação antes de 20 semanas ou com peso fetal inferior a 500 gramas. Grau de sangramento A intensidade da dor uterina O conteúdo uterino Aspecto do colo uterino Conceito Toda gestante com queixa de dor pélvica, acompanhada de sangramento vaginal deve ter o abortamento como diagnóstico diferenciado. História Confirmação de uma gravidez intrauterina Presença de febre História de manobras abortivas Presença de leucorréia Uso de medicamentos Eliminação de material pela vagina Sintomas urinários: infecção, litíase como causa de sangramento e dor) Quadro clínico Exame físico 1. Estado geral da paciente (confusão mental, sepse) 2. Sinais vitais 3. Presença de dor lombar (cálculo renal e infecção urinária) 4. Exame abdominal em busca do tamanho uterino, 5. Exame especular para identificar o grau, o local de sangramento e a condição do colo uterino 6. Toque vaginal: identificar se o colo uterino está aborto ou não, o tamanho do útero, o dolorimento à mobilização e as condições dos anexos Abortamento retido: retenção do concepto morto intraútero, sem a eliminação de qualquer parte fetal ou placentária por pelos oito semanas. Ameaça de abortamento: presença de feto vivo, colo fechado, com sangramento abundante Abortamento inevitável: é um momento que precede o abortamento incompleto. Existem contrações ou perda de liquido, acompanhadas por modificações plásticas do colo. Ainda não houve eliminação de tecido fetal ou placentário. Abortamento incompleto com colo aberto: expulsão parcial do tecido fetal e placentário da cavidade uterina. Geralmente visto no exame físico, no qual partes fetais ou placentárias são visíveis. Tipos Tipos Abortamento incompleto com colo fechado: expulsão parcial dos tecidos embrionários. Geralmente é diagnosticado pela ultrassonografia que demonstra restos placentários. Abortamento completo: quando há expulsão total dos produtos da concepção. O sangramento é mínimo ou ausente, a paciente não apresenta dor e o colo está fechado. Aborto infectado ou séptico: é caracterizado pela infecção ovular ou pela disseminação para a circulação materna. É uma complicação clínica que pode acompanhar qualquer estágio do abortamento Gestação anembrionada: ausência de vesícula vitelínica ou de embrião no interior do saco gestacional com idade gestacional igual a 5 e 7 semanas, respectivamente. Condutas A presença de colo aberto no exame físico identifica aborto incompleto ou inevitável, sendo desnecessária a solicitação de uma ultrassonografia para avaliação. Não há conduta médica a ser tomada para alterar a evolução ou não de um quadro de ameaça de abortamento para abortamento. O uso de progesterona para prevenir ou tratar a ameaça de aborto não tem base na literatura. O mais importante é assegurar conforto para a gestante e garantir seu acompanhamento em caso de necessidade. Para esse tipo de abortamento a conduta é expectante, deve aconselhar a paciente para retornar em caso de aumento de sangramento e outras complicações. Abortamento inevitável ou incompleto Colo aberto: não há necessidade de preparo para a dilatação do colo cervical. 1 trimestre: a evacuação uterina pode ser feita assim que a paciente tiver condições para o procedimento. 2 trimestre com feto retido: promover o esvaziamento uterino. Colo fechado: a conduta irá depender da idade gestacional 1 trimestre: usa-se 400ųg de misoprostol por via vaginal no mínimo 3 horas antes do procedimento. Prepara o colo uterino para tornar a dilatação menos traumática para a introdução de uma cânula de 8mm. Condutas 2 trimestre: usa-se 400ųg de misoprostol via vaginal a cada 4 horas até a eliminação do feto. O tempo médio para a expulsão é de cerca de 18 horas. Alternativamente, pode-se usar 400ųg via vaginal a cada 3 horas por 48 horas. Aborto infectado ou séptico A infecção geralmente se inicia no endométrio com disseminação para o paramétrio, para o peritônio, para os linfáticos e para a circulação sistêmica. O esquema utilizado pode ser clindamicina ou metronizadol com gentamicina por via intravenosa, podendo acrescentar a ampicilina se a paciente estiver apresentando febre após 48 horas de antimicrobianos. Condutas Procedimento para evacuação Aspiração manual intrauterina – AMIU Foi desenvolvida para ser utilizada em ambulatório; Utiliza cânulas plásticas semirrígidas que são acopladas em uma seringa por diferentes conectores; É menos traumática; É indicada para todas as formas de abortamento ate 12 semanas de gestação de acordo com DUM. A inspeção do tecido aspirado deve revelar a presença de uma quantidade de restos placentários compatíveis com a idade gestacional. Procedimento para evacuação Curetagem uterina Término do procedimento: Sangue vermelho claro e com bolhas Ausência de tecido dentro da cânula Sensação de estar raspando uma superfície áspera Alta ambulatorial ou hospitalar Revisão ambulatorial em uma semana Aconselhar anticoncepção Sulfato ferroso 300mg 3 x dia Dipirona 1cp VO de 6/6 horas Paracetamol 500mg VO de 6/6 horas Complicações Tríade pós-aborto: dor, sangramento e febre. Essa tríade é causada pela retenção dos produtos da concepção. O tratamento inclui nova curetagem e antimicrobiano (gentamicina e clindamicina). Hemorragia Atonia uterina Laceração cervical Perfuração uterina Presença de restos ovulares Adicionar 20 unidades (04 ampolas) de ocitocina em 500ml de soro fisiológico e fazer massagem uterina. Ergotrat – IM pode ser dado na dose de 0,2mg e repetido a casa 2 ou 4 horas. Complicações Perfuração uterina Na suspeita de perfuração, o procedimento deve ser interrompido. Deve ser manejado com uterotônicos e observação da paciente por 24 horas. Lesão vesical O tamanho da lesão dita o tratamento. As perfurações puntiformes podem ter manejo expectante. Lesão intestinal A presença de material estranho na curetagem é sugestivo de lesão na alça intestinal. Intervenção cirúrgica imediata por laparotomia. Exercitar Durante a curetagem uterina, há suspeita de perfuração uterina, a paciente está estável e ainda há material intrauterino a ser removido. A conduta a seguir é: a. Continuar com a curetagem usando uma cureta maior b. Suspender o procedimento momentaneamente e completá-lo sob visão laparoscópica c. Deixar a paciente em observação por 24 horas d. Levar à laparotomia e. Administrar ocitocina 10UI em 500ml de soro fisiológico, infundir 40 gotas/minutos e continuar o procedimento