Buscar

DIREITO ADMINSTRATIVO - MATHEUS CARVALHO

Prévia do material em texto

MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO
PROFESSOR MATHEUS CARVALHO
estudecomomatheus@editorajuspodivm.com
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO
1. CONCEITO DE ESTADO: 
- O Estado divide-se em Poder Legislativo, Executivo e Judiciário, segundo Montesquieu.
- O objeto de estudo é a função administrativa do Estado.
- O Poder Executivo nem sempre atua na função administrativa, não sem
Ely Lopes Meirelles: Conjunto harmônico de princípios que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas de forma a realizar quais são os fins desejados pelo Estado ( constantes da CF).
2. PREMISSAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO:
a) A DESIGUALDADE JURÍDICA ENTRE ADMINISTRAÇÃO E PARTICULAR
b) PRESUNÇÃO RELATIVA DE LEGITIMIDADE
3. SISTEMAS DE CONTROLE – pág. 47 e 
- Dualidade de jurisdição – contencioso administrativo: Há um Conselho e Estado competente para julgar as controvérsias que tenham a Administração Pública enquanto parte. As outras são julgadas pela jurisdição jurídica. A decisão proferida pelo Conselho de Estado forma coisa julgada material e nãos e submete ao Poder Judiciário.
- O Brasil adota o sistema inglês, o de jurisdição única. Define que só quem pode exercer a função jurisdicional no Brasil é o Poder Judiciário – art. 5º, XXXV, da CF
CAPÍTULO 2 - PRINCÍPIOS
1. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO: o administrador possui prerrogativas nos exercícios da atividade para garantir o interesse público. Ex: cláusulas exorbitantes em contratos.
2. INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO: restrições ao administrador, ao Estado. Ex: dever de realizar licitação, respeito ao teto remuneratório de servidor.
Súmula 599 do STJ – O princípio a insignificância não é aplicável quando se tratar de crimes contra a Administração. Isso porque o bem jurídico protegido é o interesse público e não o valor.
PRINCÍPIOS– caput do artigo 37 da CF.
1. LEGALIDADE: página 69
No Direito Público a legalidade diz respeito à subordinação à lei. O administrador público só pode atuar naquilo que a lei permite.
2. IMPESSOALIDADE : pág. 72
1º enfoque: não discriminação da pessoa que era atingida pelo ato praticado do administrador. Não pode prejudicar, nem beneficiar.
2º enfoque: quando o agente público atua, não é sua pessoa, mas o Estado por meio do agente. Assim, a conduta dele é imputada ao agente estatal.
Súmula Vinculante 13: trata do nepotismo.
3. PUBLICIDADE:
A Administração deve ser transparente, dando conhecimento das atividades a todas as pessoas. Pode ser restringida por motivos de relevante interesse coletivo, segurança nacional e proteção da intimidade, honra e vida privada.
ver página 80
4. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA:
Súmula Vinculante 5: a ausência de defesa técnica não gera nulidade no processo administrativo por si só. Se a parte não desejar, não precisa constituir patrono. 
- DUPLO GRAU DE JULGAMENTO: Súmula Vinculante 21: O direito ao recurso é inerente à ampla defesa, sendo inexigível garantia para interposição de recursos na seara administrativa, violando o contraditório e a ampla defesa. 
5. CONTINUIDADE:
- Princípio implícito da Constituição e expresso na lei 8985, que compreende que a atividade administrativa deve funcionar permanentemente. 
- Artigo 142, §2º, IV, da CF – vedação da greve aos militares, pois a função desempenhada relaciona-se à segurança pública. Estende-se aos policiais civis.
- Os demais servidores públicos civis possuem o referido direito – artigo 37, VII, CF. Por ser norma de eficácia limitada, precisam de regulamentação nos termos de lei ordinária específica. Não ausência, não poderia exercê-lo, apesar de possuí-lo. No entanto, há Mandados de Injunção perante o STF, autorizando o direito à grave nos moldes da lei 7783 – lei geral de greve- até advir lei específica. Ressalta-se que não terão direito à remuneração nos dias parados, exceto se a greve decorrer de conduta ilícita da Administração Pública - RE 693456.
- Exceção ao princípio da continuidade – artigo 6º,3º, da lei 8987: Não há violação da continuidade se a interrupção do serviço ocorrer de inadimplemento no usuário ou por motivo de interesse público, podendo ocorrer somente em situação de urgência e prévio aviso. Ressalta-se que não é possível interromper o serviço naqueles que são considerados essenciais para a coletividade, como corte de energia em hospitais e órgãos dos municípios, mesmo que estejam devedores.
6. AUTOTUTELA
Súmula 473 do STF: possibilidade da Administração Pública rever os próprios atos, independente de provocação para anulá-los se forem viciados ou revogá-los em nome do interesse público, por oportunidade e conveniência
7. MOTIVAÇÃO:
- Refere-se ao dever de fundamentar os atos da Administração. 
- Artigos 20 e 21 da LINDB: princípio do consequencialismo jurídico - as conseqüências práticas da decisão devem ser consideradas na motivação de atos administrativos.
DÚVIDAS DOS ALUNOS:
- Súmula Vinculante 3: A aposentadoria, reforma e pensão são atos administrativos complexos. O órgão aposenta o servidor. Enquanto o Tribunal de Contas não se manifestar, ao to jurídico não está perfeito. Nesse sentido, a atuação do TC não afeta o contraditório. Não acatando o servidor, impede que ato se aperfeiçoe.
- A ocupação temporária de bens é forma de garantir a continuidade do serviço e a Administração deve indenizar. É corolário do princípio da continuidade.
- Súmula 683 do STF: qualquer restrição de acesso em idade, gênero deve estar fundamentado no cargo, sob pena de ferir o princípio da impessoalidade.
CAPÍTULO 3 – PODERES ADMINISTRATIVOS
O Direito Administrativo surgiu para limitar os poderes do Estado Absolutista, no seio do Iluminismo.
Espécies do abuso de poder:
- Excesso de poder: vício sanável - o Estado possuía competência, mas extrapolou.
- Desvio de poder: vício insanável - é vício de finalidade. O agente pratica o ato dentro da competência legal, buscando finalidade diversa da prevista na lei.
- Atuação vinculada:
- Atuação discricionária: discricionariedade: a lei prevê a prática do ato, mas confere ao agente margem de escolha com limites.
O Judiciário controla os atos administrativo não no que tange ao mérito (oportunidade e conveniência), mas à legalidade.
PODERES
PODER NORMATIVO:
É o poder para a edição de normas gerais e abstratas dentro dos limites da lei.
Regulamentos: espécie normativa expedida pelo executivo.
CAPÍTULO 4 –ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Em algumas situações, o Estado presta serviços diretamente: União, Estados, DF e Municípios – prestação centralizada.
Em outras, buscando maior eficiência na execução da atividade, o Estado transfere sua atividade para outra pessoa jurídica especializada – prestação descentralizada. Essas pessoas podem ser criadas pelo próprio Estado ( entidade da Administração Indireta) ou particulares.
O Estado também pode criar órgãos internos para prestar o serviço – fenômeno da desconcentração. O Estado continua oferecendo o serviço diretamente, mas se estrutura internamente para a prestação. Ex: Ministério da Saúde.
Os órgãos público não tem personalidade jurídica propriamente dita, mas gozam de capacidade processual porque a lei assim atribuiu, que é o poder de figurar no pólo de uma ação em nome do próprio órgão. 
O Ministério Público pode propor ação civil pública. Nesse caso, não é o próprio Estado que ajuiza a ação, mas o faz em nome do próprio órgão.
ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
As entidades da Administração Indireta possuem as seguintes características básicas:
- são dotadas de personalidade jurídica, sendo titulares de direitos e obrigações.
- a criação das entidades depende de lei específica, lei ordinária, ou de autorização.
As autarquias são criadas por lei e as outras são autorizadas por lei, ocorrendo com o registro dos atos constitutivos.
- possuem finalidade pública específica pela lei.
-submissão ao controle não hierárquico: os entes da Administração Direta supervisionam os da Indireta.
AUTARQUIAS: O regime das autarquias é o mesmo das Fazendas Públicas, possuindo os mesmos benefícios das entidades da AdministraçãoDireta.
AGÊNCIAS REGULADORAS: 
São criadas para regular e normatizar a prestação de serviços públicos nas mãos de particulares, tais como energia elétrica, telefonia, transporte público. Ex: ENEL, ANATEL. O ato normativo é a resolução que obriga o prestador do serviço. 
Possuem regime especial, pois os dirigentes são nomeados pelo presidente da república com aprovação do Senado, com mandato de 5 anos. Depois que o dirigente sai do mandato, deve cumprir quarentena de 6 meses, ficando impedido de prestar serviços nas agências que atuava - na omissão de outro prazo da lei específica da agência.
- TEORIA DA CAPTURA: quando a agência reguladora é capturada pelo mercado, criando resoluções que beneficiam mais a empresa que ao usuário-cidadão.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS:
São Autarquias comuns, não reguladoras, criadas por lei para prestar serviço público em atividade típica do Estado. Ela está ineficiente e é chamada pela Administração Direta e celebra com as entidades da Administração Direta um contrato de gestão para se qualificar como agência executiva por decreto. Recebe mais orçamento e maior liberdade, mas cumprirá um plano estratégico de reestruturação. 
FUNDAÇÃO PÚBLICA: Pode ser de direito público (autarquia fundacional) ou privado (fundação governamental – regime híbrido).
EMPRESAS ESTATAIS:
As sociedades de economia mista e as empresas públicas possuem regime idêntico as pessoas jurídicas de direito privado.
Na empresa pública, o capital é 100% público. Na sociedade de economia mista, o capital é misto. 
Na empresa pública, admite-se qualquer forma societária. Na sociedade de economia mista, é sempre SA
A empresa pública desloca as ações contra ela na Justiça Federal. A sociedade de economia mista não desloca competência, tramitando na Justiça Estadual. 
A finalidade é sempre pública.
SUBSIDIÁRIAS DAS ESTATAIS:
	Não compõem a Administração indireta. São constituídas para auxiliar as estatais no exercício das atividades. Ex; BRASIL PREV, TRANSPETRO
	Se a lei que autoriza a criação da empresa estatal permitir que crie a subsidiária está suprida a necessidade de lei específica para a criação, conforme entendimento jurisprudencial. 
CAPÍTULO 5 – ATOS ADMINISTRATIVOS
Atos da Administração: conceito amplo. Ex: atos políticos ou de governo, atos privados e os atos materiais (fatos administrativos).
Atos administrativos: os atos da Administração praticados no exercício da função administrativa, sob o regime de direito público e manifestam vontade do Estado.
Competência: elemento que compõe o ato administrativo: não basta ser praticado por agente público, mas este deve ser competente para exercer o referido ato. A competência é dada pela lei. 
- Não há prorrogação de competência no âmbito administrativo.
Delegação: Há possibilidade de delegação para agente de mesma hierarquia e subordinado, estendo a competência. O delegado responde pelo ato conforme súmula 510 do STF, via mandado de segurança, por exemplo.
Vedações à delegação de competência: Não há possibilidade de delegação para edição de atos normativos, decisão de recurso hierárquico e competência exclusiva definida em lei.
Exceção da exceção – artigo 84, PU, da CF: O presidente da república competência para emitir decretos autônomos.a ministro de estado, procurador geral da republica e advogado geral da união.
O silêncio administrativo não produz efeitos, via de regra.
Motivo e Motivação: motivo é elemento administrativo, é situação de fato e de direito que enseja a prática do ato. É a situação prevista em lei que enseja a prática do ato. É diferente de motivação, que a expressão dos motivos, fundamentação do ato.
- Todo ato tem motivo, mas nem todo possui motivação. 
- Se a motivação desnecessária for feita, vinculará o ato – teoria dos motivos determinantes. Ex: a exoneração motivada falsamente ou viciada justificará a nulidade do ato se requerida pela parte.
Atributos do ato:
- Presunção de veracidade/fé pública: enseja inversão do ônus da prova em relação à apresentação dos fatos apresentados pela Administração Pública. É o outro que deve provar o porquê a Administração está errada – presunção relativa.
Fases de constituição do ato:
- Perfeição: cumpriu as etapas de formação, validade: editado conforme o direito e eficácia: produz efeitos
- Ato pendente: perfeito e válido, mas não produz efeito.
- Condição, termo e encargo diferem a eficácia do ato.
Classificação dos atos:
- Simples: perfeito e acabado com única manifestação de vontade. Ex: nomeação de servidor aprovado em concurso.
- Complexos: soma da de vontade de órgãos independentes entre si. Ex: A aposentadoria do servidor é ato complexo porque depende da manifestação do qual o órgão está vinculado e o Tribunal de Contas – Súmula Vinculante nº3.
- Compostos: depende de mais de uma vontade, havendo vontade principal e acessória, dependente daquela.
Extinção dos atos:
- Anulação dos atos: o ato sofre vício de ilegalidade originária.
- Atos nulos: possuem vícios insanáveis.
- Atos anuláveis: posuem vícios sanáveis.
- Atos irregulares: vício material irrelevante, não gera prejuízo, não são passíveis de anulação, pois não é nulidade sem prejuizo.
- Ato inexistente: não cmpletou sua formação
	
- A anulação retroage à data de origem do ato, resguardado os direitos do terceiro de boa fé, em nome do interresse pública - teoria da aparência
A anulação pode ser feita pela própria Administração
Possibilidade de anulação pelo judiciário nos aspectos de legalidade.
Convalidação: opera efeitos ex tunc, retroagindo desde a origem e só pode ser feita se ao to sofre de vício sanável e se não causar prejuízos à adminsitração Pública e à terceiros.
Revogação: sempre para atos válidos, retirada por motivo de mérito, interesse público, oportunidade, conveniência. Só pode ser feita pela Administração.
Cassação e caducidade: o ato nasce válido e se torna inválido durante a execução. Na cassação, a culpa da invalidade é do beneficiário. Ex: tinha hotel e se transformou em bordel. Na caducidade, o ato é válido e se torna inválido sem culpa do beneficiário. Ex: autorização de uso para monta atividade numa praça e vem nova lei e impede a realização.
CAPÍTULO 6

Mais conteúdos dessa disciplina