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CONDUTAS DE ENFERMAGEM NA GRAVIDEZ DE RISCO

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GRAVIDEZ DE RISCO: Complicações
relacionadas com a gravidez
DOCENTE: Enfª Obst. Marilena Magalhães
GRAVIDEZ DE ALTO-RISCO
Muitas	pessoas	consideram	a	gravidez	um processo natural;
Podem	ocorrer	distúrbios	que	possivelmente resultam em desfechos negativos para o feto e
/ou a mãe;
A gravidez de alto risco é aquela que existe um distúrbio que ameaça a saúde da mãe e/ou do feto;
Pode ser em decorrência exclusiva da gravidez ou pode ser em uma alteração que já existia antes da mulher engravidar;
A avaliação de risco começa na primeira consulta de pré-natal e se mantém nas consultas subsequentes;
Fatores adicionais podem ser identificados;
Por meio de orientação e apoio, encorajar gestante a informar situações novas aos profissionais;
SANGRAMENTO DURANTE GRAVIDEZ
Em qualquer momento durante a gravidez é sério e potencialmente fatal;
Pode ocorre no início ou no final da gestação;
Sangramento precoce (1ª metade da gestação), aborto espontâneo, gravidez etópica e doença trofoblástica gestacional (DTG);
Sangramento tardio incluem placenta prévia e descolamento prematuro da placenta, que geralmente ocorrem após a 20ª semana de gestação;
GESTAÇÃO ECTÓPICA
A implantação do ovo fertilizado ocorre no útero;
A gestação ectópica é qualquer gestação na qual o ovo implanta-se fora da cavidade uterina;
O local mais comum é nas tubas uterinas, mas pode haver implantação em outros locais;
Nenhum desses locais anatômicos consegue acomodar a implantação da placenta nem um embrião em crescimento;
Existe um potencial de ruptura e hemorragia´;
É uma emergência médica verdadeira;
Potencialmente fatal e envolve a perda da gestação;
Geralmente são causadas por distúrbios que obstruem ou desaceleram a passagem do ovo fertilizado ao longo da tuba;
São causas a fibrose tubária e doença inflamatória pélvica (DIP);
DOENÇA TROFOBLÁSTICA
GESTACIONAL (DTG)
Distúrbios	neoplásicos	com	origem	na placenta;
Existe tecido gestacional mas a gravidez não é viável;
Os	tipos	mais	comuns:	mola	hidatiforme (parcial e completa) e o coriocarcinoma;
Neoplasia benigna do córion em que vilosidades coriônicas degeneram e tornam-se vesículas transparentes contendo líquido viscoso límpido;
A mola completa desenvolve-se a partir de um “ovo vazio”, o embrião morre antes do estabelecimento da circulação e não é encontrado tecido embrionário;
A gravidez molar (parcial ou completa) não evolui e é possível o desenvolvimento de coriocarcinoma, processo maligno coriônico.
Causa desconhecida;
Pesquisas revelam base genética para o problema;
INCOMPETÊNCIA ISTMOCERVICAL
Consiste num cólo uterino estruturalmente defeituoso, fraco que se dilata espontaneamente na ausência de contrações no 2º trimestre da gravidez, resultando em abortos.
Pode decorrer de traumatismo da cérvice de vido a procedimentos ginecológicos ou obstétricos invasivos (biópsia em cone), lesão da cérvice devido parto dificil; aumento do volume uterino (gestação multipla, hidrâmnio) ou razões desconhecidas;
PLACENTA PRÉVIA
É um distúrbio hemorrágico que ocorre durante os últimos dois trimestres de gestação;
Significa literalmente “placenta primeiro”;
Placenta se implanta sobre o orifício cervical, podendo causar séria morbimortalidade materno-fetal;
Complica 5 de 1.000 partos ou 1 a cada 200 gestações e está associada a consequências potencialmente graves como hemorragia, descolamento da placenta ou cesárea de emergência;
É classificada como:
PLACENTA PRÉVIA TOTAL: ocorre quando todo orifício cervical interno está coberto pela placenta;
PLACENTA PRÉVIA PARCIAL: ocorre quando o óstio interno encontra-se parcialmente coberto pela placenta.
PLACENTA PRÉVIA MARGINAL: ocorre quando a
placenta encontra-se na margem ou na borda do óstio interno;
PLACENTA PRÉVIA BAIXA: ocorre quando a placenta encontra-se próximo do óstio interno, mas não o alcança.
Etiologia desconhecida;
O processo é iniciado pela implantação do embrião na porção inferior do útero;
A vascularização da placenta é defeituosa, o que permite que ela se ligue ao miométrio (ACRETA), invade o miométrio (INCRETA), ou penetre no miométrio (PERCRETA);
DESCOLAMENTO PREMATURO DE
PLACENTA (DPP)
É a separação de uma placenta com localização normal após a 20ª semana de gestação e antes do nascimento, produzindo no hemorragia;
É uma causa importante de hemorragia no 3º trimestre associada à alta taxa de mortalidade;
A taxa de mortalidade fetal varia de 20 a 40% dependendo da extensão do descolamento;
DPP é uma emergência clínica importante, exige intervenções rápidas e efetivas para evitar morbimortalidade materna e fetal;
Causa desconhecida, diversos fatores associados como tabagismo materno, extremos etários, nutrição inadequada, gestação múltipla entre outras.
É classificado de acordo com a extensão da separação e perda de sangue da circulação materna: LEVE (GRAU I), MODERADA (GRAU 2), GRAVE (GRAU 3).
HIPERÊMESE NA GRAVIDEZ
Aproximadamente 80% ou mais das mulheres apresentam náuseas e vômitos durante a gravidez;
A êmese gravídica é termo empregado para descrever esse distúrbio quando os sintomas são relativamente brandos;
A hiperêmese gravídica resulta em desidratação, desequilíbrio eletrolítico, perda de peso e necessidade de hospitalização;
É uma complicação caracterizada por náuseas e vômitos persistentes e incontroláveis antes da 20ª semana de gestação;
Se for contínua, ameaça a vitalidade fetal;
Estima-se que a incidência ocorra em aproximadamente 1% das gestantes, aumenta nas gestações molares e múltiplas;
A incidência máxima é ocorre entre 08 e 12 semanas de gestação, desaparecendo até a 16ª.
HIPERTENSÃO GESTACIONAL
Hipertensão arterial sem proteinúria após 20ª semana de gestação e retorno da pressão arterial ao normal no período puerperal;
Caracteriza-se clinicamente por pressão arterial de 140/90 mmHg ou mais, em duas ocasiões com pelo menos 06 horas entre duas aferições;
É diferenciada da hipertensão crônica, já que se manifesta antes da 20ª semana de gestação ou da hipertensão antes da gestação atual, a qual se mantém após o parto;
É a principal causa de morte materna e a mais comum relatada durante a gravidez;
As taxas mais elevadas de ocorrência em mulheres são naquelas com idade inferior a 20 anos e superior a 40 anos;
Pode ser classificada como PRÉ-ECLÂMPSIA ou ECLÂMPSIA;
A PRÉ-ECLÂMPSIA é definida como pressão arterial superior 140/90 após 20 semanas de gestação, além de proteinúria – 300 mg/24h ou superior a 1+ de proteína;
PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE é superior a 160/110 mmHg, proteinúria superior a 500 mg, oligúria;
Outras manifestações na pré-eclâmpsia grave incluem edema pulmonar ou trombocitopenia associada ou não a lesão hepática, distúrbios cerebrais ou visuais, dor epigástrica;
ECLÂMPSIA é o início da atividade convulsional ou do coma na cliente, sem história de patologia pré-existente.
SÍNDROME HELLP
Significa HEMÓLISE, ELEVAÇÃO DAS ENZIMAS HEPÁTICAS E PLAQUETOPENIA;
Ocorre em aproximadamente 20% das gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave;
Essa complicação hipertensiva materna devastadora	acarreta	alterações multissistêmicas que podem rapidamente evoluir para falência de órgãos e morte;
POLIIDRÂMNIOS
O líquido amniótico desenvolve-se a partir de diversas estruturas maternas e fetais;
Âmnion,	córion,	sangue	materno,	pulmões, trato GI, rins e pele fetais;
Qualquer	alteração	altera	a	quantidade	de líquido amniótico;
É um distúrbio no qual existe líquido amniótico em excesso (> 2.000 ml) circundando o feto entre 32ª e a 36ª;
Ocorre em aproximadamente 3 a 4% de todas as gestações e está associado a anomalias fetais de desenvolvimento;
Existem várias causas;
Em geral pode haver produção excessiva de liquido ou um problema com a captaçãode liquido;
Associado à doenças maternas ou anomalias fetais; mas também idiopática.
FATORES COMUNS
Diabetes melitus;
Atresia esofágica fetal;
Atresia intestinal fetal;
Defeitos no tubo neural;
Gestação múltipla;
Desvios cromossômicos;
Hidropsia fetal;
Anomalias no SNC;
Anomalias cardiovasculares;
Hidrocefalia.
OLIGODRÂMNIO
É o volume diminuído (< 500 ml) entre 32ª e 36ª semana;
Predispõe o feto ao aumento de risco de morbimortalidade perinatal;
Diminui a capacidade do feto movimentar-se livremente sem risco de compressão do cordão umbilical, o que eleva o risco de morte fetal e hipóxia.
FATORES
Qualquer distúrbio que impeça o feto de formar urina ou que não deixe a urina sair para o saco amniótico pode levar a oligodrâmnio;
Insuficiência uteroplacentária;
Ruptura prematura das membranas;
Hipertensão gestacional;
Diabetes;
Restrição de crescimento intra-uterino;
Gestação pós-termo;
Agenesia (ausência) renal fetal;
Rins policísticos;
Obstruções do trato urinário.
GESTAÇÃO MÚLTIPLA
Gestação de dois ou mais fetos simultaneamente;
Gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos ou mais;
Causa mais preocupação porque as gestantes correm maior risco de trabalho de parto pré- termo, poliidrâmnio, hiperêmese da gravidez, anemia, pré-eclâmpsia e hemorragia pré-parto;
Para o feto, pode causar: prematuridade, SAR, asfixia/depressão perinatal, anomalias congênitas, RCIU;
Podem ser monozigóticos ou dizigóticos;
MONOZIGÓTICOS: um único ovo fertilizado divide-se nas 2 primeiras semanas após a concepção;
DIZIGÓTICOS: dois espermatozóides fertilizam dois óvulos;
Os gêmeos dizigóticos têm sua própria placenta, âmnion e córion;
Os monozigóticos compartilham uma placenta, dois âmnios e um córion.
RUPTURA	PREMATURA DE
MEMBRANAS
Definida como a ruptura do saco das águas antes do início do trabalho de parto verdadeiro, com menos de 37 semanas;
Existem complicações associadas como: infecção, prolapso de cordão, descolamento prematuro da placenta e trabalho de parto prematuro.
RISCOS PERINATAIS
Imaturidade;
SAR;
Hemorragia intraventricular;
Persistência do canal arterial;
Enterocolite necrosante.
TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO
Ocorrência de contrações uterinas regulares acompanhadas por apagamento e dilatação do cólo do útero antes de 37 semanas de gestação;
Ocorre entre 20ª e 37ª semana de gestação;
É uma das situações mais problemáticas que contribuem para a morbimortalidade perinatais no mundo;
	As sequelas têm um efeito profundo sobre a sobrevida e a saúde de cerca de 01 em cada 08 recém-nascido;
SAR, infecções, anomalias cardíacas congênitas, problemas de termorregulação, dificuldades na alimentação.
DIABETES MELLITUS
Diabetes Mellitus (DM) representa um conjunto de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia consequente à deficiência insulínica.
Essa deficiência pode ser decorrente da produção pancreática reduzida, de inadequada liberação e/ou da resistência periférica ao hormônio.
(OPAS, 2017)
FISIOPATOLOGIA
A gestação se caracteriza um estado resistência à insulina.
Essa condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o desenvolvimento de DMG.
(OPAS, 2017)
FISIOPATOLOGIA
Lactogênio placentário, cortisol e prolactina, podem promover redução da atuação da insulina em seus receptores e, consequentemente, um	aumento da produção de insulina nas gestantes saudáveis. (RESISTÊNCIA INSULÍNICA)
(OPAS, 2017)
CLASSIFICAÇÃO DO DM
FATORES RELACIONADOS
Idade (aumento progressivo do risco com o aumentar da idade) Sobrepeso/obesidade (IMC ≥ 25Kg/m2) ;
Antecedentes familiares de DM (primeiro grau)
Antecedentes pessoais de alterações metabólicas
Síndrome dos ovários policísticos
Hipertrigliceridemia
Hipertensão arterial sistêmica
FATORES RELACIONADOS
Duas ou mais perdas gestacionais prévias
Diabetes Mellitus gestacional
Polidrâmnio • Macrossomia (recém-nascido
anterior com peso ≥ 4000g)
Óbito fetal/neonatal sem causa determinada
Malformação fetal
PRINCIPAIS EFEITOS NA GESTAÇÃO
POLIIDRAMNIO;
HIPERTENSÃO ARTERIAL;
TPP;
PROLAPSO DE CORDÃO;
INFECÇÕES NO TRATO URINÁRIO
VULVOVAGINITES;
MACROSSOMIA FETAL;
TRAUMATISMO AO NASCIMENTO.
REFERÊNCIA
RICCI, S.S. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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