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Serviço Público Federal Ministério da educação Universidade Federal de Sergipe Campus Universitário “Professor Antônio Garcia Filho” Graduação em Medicina Sanni Silvino Parente Revisão: Medicação Tópica Para Alívio Da Dor A medicação tópica é preferida em alguns casos devido suas altas concentrações nos sítios periféricos e baixas concentrações séricas, produzindo, dessa forma, poucos efeitos colaterais. Anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) Indometacina, aspirina e diclofenaco. Representam a classe mais utilizada no alivio da dor que atua basicamente inibindo a COX. Sua utilização sistêmica produz efeitos colaterais hepáticos, cardiovasculares, gastrointestinais e renais. A utilização tópica produz elevadas concentrações na derme, sinóvia, tecidos musculares e cartilagens articulares. Porém baixa biodisponibilidade (5 – 15%). Estudos comprovam a eficácia deles nas síndromes dolorosas musculoesqueléticas. Atuam diminuindo a concentração de PGLs, inibindo a aderência e função leucocitária, diminuindo a agregação plaquetária, diminuindo a modulação da resposta linfocitária, inibindo a produção de citocinas, suprimindo a síntese de proteoglicanos, reduzindo o espectro de ação do sistema complemento e diminuindo a formação de radicais livres. Além de bloquear o mecanismo de sensibilização periférica. Anestésicos locais Atuam no alivio da dor através de diminuição das descargas ectópicas de nervos somáticos superficiais em áreas de dor localizada e ligando-se a canais de Na anormais, suprimindo-os. Patch de Lidocaína 5%: Utilizado na neuralgia pós-herpética, contém 750mg de lidocaína, dos quais só é liberado 5%. Produz leve eritema local. Creme de EMLA (Lidocaina 2,5% e prilocaina 2,5%) Utilizado como anestésico da pele para punções e injeções. Capsaicina É um extrato da pimenta Chilli. Atua estimulando as fibras aferentes do tipo C a liberar substancia P, de forma que, passado esse primeiro momento de queimação, prurido ou vasodilatação cutânea, a substancia P esteja esgotada e ocorra um segundo período com diminuição da sensibilidade dolorosa. Com a interrupção do tratamento, há reinervação em 6 semanas. Ainda não se conhece os efeitos a longo prazo. Clonidina É um agonista a-2-adrenérgico pré- sináptico. Atua produzindo efeitos simpatolíticos no cérebro, medula e gânglios. Dessa forma, diminui a liberação local de catecolaminas, reduzindo a dor e alodinia. Muito utilizado na neuropatia diabética. Antidepressivos triciclicos Amitriptilina 4% e Cetamina 2% Atuam inibindo a recaptação de serotonina e noradrenalina e ativando vias descendentes inibitórias. Seu efeito é devido a redução de AMPc via ativação de receptores de adenosina e inibindo canais de Na voltagem dependentes. Cetamina É um agonista não competitivo dos receptores NMDA e age, também, bloqueando canais de Na/K. Diminuindo, dessa forma, a alodinia e a hiperalgesia. É utilizado, normalmente, apenas em casos refratários. Opioides Atuam em receptores específicos, com efeitos inibitórios no encéfalo, aumentando o limiar nociceptivo das fibras da substancia gelatinosa e diminuindo a liberação de substancia P. São muito utilizados para tratar dor em úlceras de pressão, visto que a condição do paciente inviabiliza a utilização de medicação sistêmica. Ademais, muitos desses pacientes apresentam comorbidades, estando mais suscetíveis aos efeitos adversos dos opioides sistêmicos, como a depressão respiratória. Canabinóides Atuam em receptores CB1 periféricos, com seus efeitos através de inibição local da síntese de AMPc, inibição da liberação de substancia P e do peptídeo relacionado ao gene calcitonina (CGRP) e abrindo os canais de K via proteína G.