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Atividade 5 – Metabolismo dos fármacos Aluna: Maria Fernanda Torres Luzeiro 1. Em que órgãos ocorre a depuração dos fármacos lipofílicos e hidrofílicos? A depuração de fármacos lipofílicos ocorre pelo metabolismo hepático, ou seja, no fígado (clearance hepática ou hepatobiliar), enquanto os hidrofílicos são substratos de depuração renal, ou seja, nos rins (clearance renal). 2. Quais são as consequências do metabolismo de fármacos? As transformações químicas, metabolismo-dependentes, promovidas na estrutura dos fármacos podem acarretar profundas alterações na resposta biológica, uma vez que modificações moleculares, ainda que singelas, podem alterar significativamente o farmacóforo e/ ou os grupos auxofóricos, dificultando ou impedindo a interação com o biorreceptor original. Dessa forma, um fármaco originalmente ativo pode gerar metabólitos inativos, em um processo conhecido por bioinativação. Em outras circunstâncias, as modificações introduzidas com as reações metabólicas de fase 1 ou de fase 2 podem gerar metabólitos ativos, em um processo conhecido por bioativação. Esse processo pode aumentar a afinidade do metabólito pelo biorreceptor do fármaco original ou favorecer o reconhecimento por biomacromoléculas receptoras distintas do alvo molecular inicial, acarretando distintos efeitos biológicos, algumas vezes responsáveis pelos efeitos adversos e/ou tóxicos, metabolismo-dependente, de alguns fármacos. O processo metabólico de bioativação é a base fundamental do desenvolvimento de pró-fármacos, no qual uma substância desprovida de atividade (inativa) é convertida em metabólito ativo, responsável pelo efeito farmacológico desejado. 3. Qual é o objetivo do metabolismo de fase 1? As reações metabólicas de fase 1 ou biotransformação caracterizam-se por envolver reações de oxidação, redução e hidrólise, as quais frequentemente resultam na obtenção de metabólitos hidroxilados. As desalquilações, por sua vez, constituem um tipo especial de reação oxidativa e contribuem para a formação de metabólitos com a inclusão de radicais OH, NH2 e SH. Embora as transformações metabólicas de fase 1 conduzam à geração de metabólitos de maior polaridade em comparação aos fármacos originais, frequentemente elas são insuficientes para assegurar o aumento da hidrofilia e a consequente eliminação pela via renal. Por essa razão, o metabolismo de fase 1 tem como objetivo funcionalizar a estrutura do fármaco, de modo a torná-lo substrato para as reações metabólicas de fase 2. 4. Quais enzimas participam do processo de biotransformação não-microssomal? Como elas atuam? Dê exemplos de fármacos que são metabolizados por essas enzimas. As biotransformações não microssomais constituem reações metabólicas de fase 1 catalisadas por oxidoredutases mitocondriais (MAO) ou citosólicas (álcool desidrogenases, aldeído desidrogenases, xantinas oxidoredutases, aldocetoredutases, quinona redutases, prostaglandina redutase). Entre os processos oxidativos não microssomais de fase 1, as MAO FERNANDA Lápis FERNANDA Lápis possuem papel central no catabolismo das catecolaminas e de fármacos estruturalmente correlacionados a esses neurotransmissores. Trata-se de flavoenzimas mitocondriais classificadas em duas isoenzimas: MAO-A e MAO-B, as quais possuem diferenças na seletividade por substratos e inibidores. Em processo conhecido por desaminação oxidativa, a MAO-A e/ou a MAO-B catalisam a oxidação de carbono-a de monoaminas primárias, secundárias e terciárias, com consequente eliminação de amônia ou amina funcionalizada. Anfetamina e sertralina são exemplos de fármacos metabolizados por MAO. 5. O metabolismo de fase 1 compreende reações de hidrólise. Como os efeitos estéricos e eletrônicos interferem nestas reações? Os efeitos estéricos e eletrônicos desempenham papéis cruciais nas reações de hidrólise do metabolismo de fase 1. Enquanto os efeitos estéricos podem fisicamente obstruir o acesso ao sítio reativo e forçar conformações desfavoráveis, os efeitos eletrônicos podem influenciar a reatividade do centro funcional através de alterações na densidade eletrônica e estabilidade do produto. A compreensão desses efeitos é essencial para prever e manipular a eficácia das reações de hidrólise em sistemas biológicos e em desenvolvimento de fármacos. 6. Considerando o metabolismo dos fármacos, descreva como ocorre a toxicidade do paracetamol. O paracetamol causa necrose hepática. Os danos hepáticos são dose- -dependentes e irreversíveis. Em condições normais, cerca de 85% da dose administrada é metabolizada por glicuronidação ou sulfatação, sendo eliminada na forma de metabólito inativo. Entretanto, 5 a 15% da dose consumida é oxidada por ação da CYP2E1, transformando o paracetamol no metabólito reativo iminoquinona. A presença de vários sítios eletrofílicos, caracteriza a natureza toxicofórica. Em situações de normalidade e uso correto do paracetamol, a toxicidade do metabólito é neutralizada por meio de sua conjugação com a glutationa. Entretanto, em situações de estresse hepático, de inibição parcial ou total das enzimas glicuroniltransferases (UGT) e sulfotransferases (SULT), ou de uso de indutores enzimáticos da CYP2E1, ocorre um desbalanceamento entre a produção do metabólito tóxico e a de glutationa. Nesta circunstância, o metabólito tóxico liga-se de forma covalente às proteínas dos hepatócitos, causando hepatite medicamentosa e necrose hepática. 7. Explique como os fármacos podem funcionar como agentes pró-carcinógenos. Além dos efeitos de citotoxicidade e hipersensibilidade dependente da ligação dos metabólitos reativos com proteínas celulares, não raramente alguns fármacos funcionam como pró- carcinógenos, sendo metabolizados em compostos capazes de formar ligações irreversíveis com o DNA. Este processo leva a mutações e potencialmente ao câncer. 8. Considerando os estudos de metabolismo para o desenho de fármacos, descreva como ocorreu o desenvolvimento do anti-inflamatório sulindaco a partir da indometacina. A fim de desenvolver um anti-inflamatório isento dos efeitos adversos da indometacina (polineuropatia tóxica, neutropenia, trombocitopenia, psicose, depressão e vertigem), foi proposto o desenho de um novo análogo no qual os principais sítios de metabolização identificados, estivessem bloqueados. Desta forma, o grupo metoxila (OCH3) foi substituído por seu bioisóstero monovalente flúor (F) e o indol substituído pelo sistema indeno, resultando no desenho do sulindaco, cujo metabolismo de fase 1 parece depender exclusivamente de etapas de redução ou oxidação da subunidade metilsulfóxido (CH3-SOR). 9. Explique o que acontece após administração de fármacos indutores e inibidores de enzimas envolvidas no metabolismo de fármacos. Os fenômenos de indução e inibição enzimática, quando aplicados às enzimas envolvidas no metabolismo de fármacos, resultam no aumento ou diminuição, respectivamente, da concentração plasmática de um determinado fármaco. Essa variação na concentração plasmática pode comprometer o efeito terapêutico, situação na qual a concentração plasmática fica abaixo daquela necessária para a resposta terapêutica, ou pode desencadear efeitos adversos/tóxicos, decorrentes do aumento da concentração plasmática, ultrapassando a janela terapêutica, definida como área entre a dose eficaz mínima e a dose máxima permitida.