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Indaial – 2022
água
Prof.ª Daiane Cristine Kuhn
Prof.ª Layane Priscila De Azevedo Silva
Prof.ª Rosana Cristina Carreira
1a Edição
TraTamenTo de
Elaboração:
Prof.ª Daiane Cristine Kuhn
Prof.ª Layane Priscila De Azevedo Silva
Prof.ª Rosana Cristina Carreira
Copyright © UNIASSELVI 2022
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. KUHN, Daiane Cristine.
Tratamento de Água. Daiane Cristine Kuhn; Layane Priscila De Azevedo Silva; 
Rosana Cristina Carreira. Indaial - SC: Arqué, 2022.
244p.
ISBN Digital 978-65-5466-163-8
“Graduação - EaD”.
1. Tratamento 2. Água 3. Brasil 
CDD 628.162
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Prezado acadêmico, bem-vindo à disciplina Tratamento de Água. Este livro 
aborda os conceitos, os critérios e as discussões acerca dos sistemas de captação, 
qualidade e tratamento de água. Além dos conceitos básicos, o livro trata dos principais 
problemas que envolvem o uso da água e quais os procedimentos e as ações adotados 
para buscar o controle, o monitoramento, a recuperação e a preservação da qualidade 
ambiental e da saúde pública.
Na Unidade 1, abordaremos os sistemas de captação de água, com estudos 
de concepção, tipos de sistemas de captação, adução e redes de distribuição de água. 
Em um primeiro momento, trataremos as questões relacionadas ao Marco Legal do 
Saneamento, que estabelece objetivos para ampliar e melhorar o acesso da população 
aos serviços de saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem 
de águas pluviais e limpeza urbana. Além disso, também apresentaremos a importância 
dos aquíferos, das águas superficiais e pluviais e seus diferentes usos pelos sistemas de 
captação, adução e redes de distribuição de água. 
Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os parâmetros físicos, químicos 
e biológicos da água para conhecer melhor sua qualidade e, assim, definir sua 
classificação ou o tipo de tratamento a que deverá ser submetida. Além disso, 
trataremos dos padrões da qualidade da água, a sua importância para a realização do 
monitoramento da qualidade e o conhecimento dos índices de qualidade da água (IQA). 
Também estudaremos a legislação aplicável à qualidade da água e quais são os limites 
recomendados e permissíveis. 
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos o processo de tratamento de água, 
compreendendo as características gerais que abrangem todo o sistema. Estudaremos 
processos unitários específicos, coagulação, floculação, decantação, filtração, correção 
de pH, desinfecção e fluoretação, mistura rápida e dispositivos utilizados. Ao final, 
abordaremos os principais problemas ambientais e as fontes de agentes contaminantes, 
além da minimização e do consumo consciente da água. 
Bons estudos!
Prof.ª Daiane Cristine Kuhn
Prof.ª Layane Priscila De Azevedo Silva
Prof.ª Rosana Cristina Carreira
APRESENTAÇÃO
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dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
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No livro didático, você encontrará blocos com informações 
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acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
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os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
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novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
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interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
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Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
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ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
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educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
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para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA ............................................................... 1
TÓPICO 1 - ESTUDOS DE CONCEPÇÃO .................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 MARCO LEGAL DO SANEAMENTO – LEI FEDERAL Nº 14.026/2020 ...............................3
2.1 CONCEITO DE SANEAMENTO BÁSICO .............................................................................................. 3
2.1.1 Abastecimento de água potável ...............................................................................................4
2.1.2 Esgotamento sanitário ...............................................................................................................4
2.1.3 Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos ...................................................................4
2.1.4 Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas ...............................................................4
2.2 PRINCIPAIS ATUALIZAÇÕES OBSERVADAS .................................................................................. 5
3 ESTOCAGEM DA ÁGUA .......................................................................................................6
3.1 CISTERNAS ..............................................................................................................................................7
3.2 POÇOS .....................................................................................................................................................8
3.3 RESERVATÓRIOSDE DISTRIBUIÇÃO .............................................................................................. 10
3.3.1 Objetivos ...................................................................................................................................... 10
3.3.2 Classificação .............................................................................................................................. 10
3.3.3 Volumes a armazenar ............................................................................................................... 11
4 TIPOS DE AQUÍFEROS E SEUS USOS ............................................................................... 13
4.1 TIPOS DE AQUÍFEROS ........................................................................................................................ 13
4.1.1 Quanto à porosidade ................................................................................................................. 13
4.1.2 Quanto à superfície superior ................................................................................................. 14
4.2 ÁREA DE DESCARGA E REABASTECIMENTO .............................................................................. 15
4.3 FUNÇÕES E USOS .............................................................................................................................. 15
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................18
TÓPICO 2 - SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL ............................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 ÁGUAS SUPERFICIAIS, SUBTERRÂNEAS E PLUVIAIS ................................................... 21
2.1 ÁGUAS SUPERFICIAIS .......................................................................................................................22
2.1.1 Autodepuração dos cursos de água......................................................................................23
2.1.2 Fenômenos de eutrofização em águas superficiais .........................................................26
2.2 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ................................................................................................................. 27
2.2.1 Uso de águas subterrâneas e recomendações ................................................................. 27
2.2.2 Fontes e formas de contaminação das águas subterrâneas ........................................28
2.3 ÁGUAS PLUVIAIS ...............................................................................................................................29
2.4 USOS DA ÁGUA ...................................................................................................................................30
3 DISPOSITIVOS DE CAPTAÇÃO E BOMBEAMENTO DE ÁGUA ......................................... 31
3.1 CAPTAÇÃO E BOMBEAMENTO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS ........................................................32
3.2 CAPTAÇÃO E BOMBEAMENTO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ...................................................33
3.2.1 Métodos geofísicos de prospecção ......................................................................................34
3.3 ESTAÇÕES DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA ....................................................................................34
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 36
TÓPICO 3 - SISTEMAS DE ADUÇÃO ................................................................................... 39
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 39
2 SISTEMAS DE ADUÇÃO DE ÁGUA E TIPOS DE ADUTORA .............................................. 39
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ADUTORAS .................................................................................................. 40
2.1.1 Adutora por gravidade – condutos forçados ..................................................................... 40
2.1.2 Adutora por gravidade – condutos livres ............................................................................ 41
2.1.3 Materiais das adutoras ............................................................................................................. 41
2.1.4 Pontes, pilares, pontilhões e túneis para adutoras...........................................................42
2.2 CORROSÃO DE ADUTORAS ..............................................................................................................42
2.3 VAZAMENTOS EM ADUTORAS .........................................................................................................43
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 45
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 46
TÓPICO 4 - REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (RDA) .................................................... 49
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 49
2 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA .............................................................................. 49
2.1 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................................................49
2.1.1 Perda de carga ............................................................................................................................50
2.2 DEFINIÇÕES .........................................................................................................................................51
2.3 CONDIÇÕES E CRITÉRIOS .................................................................................................................53
2.3.1 Área a ser abastecida ...............................................................................................................53
2.3.2 Vazões para dimensionamento ............................................................................................53
2.3.3 Pressão e serviço .....................................................................................................................54
2.3.4 Traçado da tubulação ..............................................................................................................54
2.3.5 Dimensionamento ....................................................................................................................55
2.3.6 Distrito de medição e controle (DMC) .................................................................................55
2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS OBRAS DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO ..................................56
2.5 PERDAS DE ÁGUA ..............................................................................................................................56
3 MATERIAIS UTILIZADOS NOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA .......................57
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................59
RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................................ 66
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................67
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69
UNIDADE 2 — QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................71
TÓPICO 1 — PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA .......................................................73
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................73
2 CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA ..........................................................................................73
3 PARÂMETROS FÍSICOS ....................................................................................................76
3.1 COR ......................................................................................................................................................... 77
3.2 SABOR E ODOR ................................................................................................................................... 79
3.3 TURBIDEZ ............................................................................................................................................. 79
3.4 TEMPERATURA .................................................................................................................................... 81
3.5 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ............................................................................................................ 81
3.6 SÓLIDOS................................................................................................................................................82
4 PARÂMETROS QUÍMICOS ................................................................................................ 83
4.1 PH ........................................................................................................................................................... 84
4.2 ALCALINIDADE ....................................................................................................................................85
4.3 ACIDEZ ..................................................................................................................................................85
4.4 DUREZA ................................................................................................................................................86
4.5 CLORETOS E NITROGÊNIO ...............................................................................................................87
4.6 OXIGÊNIO DISSOLVIDO ..................................................................................................................... 88
4.7 MATÉRIA ORGÂNICA ...........................................................................................................................89
5 PARÂMETROS BIOLÓGICOS ............................................................................................ 90
5.1 ALGAS .....................................................................................................................................................90
5.2 MICRO-ORGANISMOS ........................................................................................................................93
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................95
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................96
TÓPICO 2 - PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA ...............................................................99
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................99
2 USOS E CLASSIFICAÇÕES DA ÁGUA ...............................................................................99
3 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA ...............................................................106
3.1 ÁGUA NA INDÚSTRIA ........................................................................................................................108
3.2 ÁGUA NA AGRICULTURA ..................................................................................................................110
3.3 ÁGUA NA PECUÁRIA .........................................................................................................................113
4 ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQAS) ................................................................... 114
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................120
TÓPICO 3 - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL À QUALIDADE DA ÁGUA ......................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................123
2 LEGISLAÇÕES E VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA ..............................................123
3 LIMITES RECOMENDADOS E PERMISSÍVEIS ................................................................132
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 137
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................142
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................143
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................145
UNIDADE 3 — TRATAMENTO DE ÁGUA ............................................................................. 151
TÓPICO 1 — CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO DE ÁGUA .......153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................153
2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO DE ÁGUA ..............154
2.1 PROCESSOS UNITÁRIOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 154
2.1.1 Flotação ...................................................................................................................................... 154
2.1.2 Adsorção .................................................................................................................................... 157
2.1.3 Agitação e mistura ..................................................................................................................160
2.1.4 Secagem .................................................................................................................................... 162
2.2 COAGULAÇÃO E FLOCULAÇÃO .....................................................................................................167
2.2.1 Coagulação ................................................................................................................................167
2.2.2 Floculação ................................................................................................................................. 171
2.3 DECANTAÇÃO E FILTRAÇÃO .......................................................................................................... 173
2.3.1 Decantação ............................................................................................................................... 173
2.3.2 Filtração .................................................................................................................................... 175
2.4 CORREÇÃO DE PH ............................................................................................................................ 178
2.4.1 Alcalinizantes ............................................................................................................................ 179
2.5 DESINFECÇÃO ................................................................................................................................... 179
2.5.1 Cloração .....................................................................................................................................179
2.5.2 Tempo de contato ...................................................................................................................181
2.5.3 Outros métodos para desinfecção da água ....................................................................182
2.6 FLUORETAÇÃO ..................................................................................................................................185
2.6.1 A fluoretação no Brasil ...........................................................................................................185
2.7 PROCESSOS AVANÇADOS ..............................................................................................................185
2.7.1 Processo de separação por membranas (PSM) ...............................................................186
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................189
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................190
TÓPICO 2 - TRATABILIDADE DAS ÁGUAS DE ABASTECIMENTO ....................................193
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................193
2 TRATABILIDADE DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO .......................................................193
2.1 MISTURA RÁPIDA ............................................................................................................................. 193
2.1.1 Parâmetros de projeto para mistura rápida ....................................................................... 194
2.2 DISPOSITIVOS UTILIZADOS NA MISTURA RÁPIDA .................................................................. 194
2.2.1 Mistura rápida mecânica ....................................................................................................... 195
2.2.2 Mistura rápida hidráulica ...................................................................................................... 196
2.3 ENSAIOS DE TRATABILIDADE ....................................................................................................... 197
2.3.1 Equipamentos .......................................................................................................................... 197
2.3.2 Procedimentos preliminares ................................................................................................ 199
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 203
TÓPICO 3 - PROBLEMAS AMBIENTAIS E FONTES DE AGENTES CONTAMINANTES 
 DA ÁGUA ........................................................................................................ 205
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 205
2 PROBLEMAS AMBIENTAIS E FONTES DE AGENTES CONTAMINANTES DA ÁGUA .... 207
2.1 MINIMIZAÇÃO E CONSUMO CONSCIENTE DA ÁGUA ................................................................208
2.1.1 Importância dos mananciais para a sociedade ...............................................................208
2.1.2 Principais ameaças aos mananciais ....................................................................................211
2.1.3 Proteção dos mananciais ...................................................................................................... 216
2.1.4 Uso racional da água .............................................................................................................. 217
2.1.5 Reúso de água ......................................................................................................................... 219
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 226
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 232
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 233
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 235
1
UNIDADE 1 -
SISTEMAS DE CAPTAÇÃO 
DE ÁGUA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os sistemas de captação de água existentes no Brasil e no mundo;
• entender as funções dos dispositivos mais utilizados nos sistemas de captação e 
bombeamento de água;
• distinguir os tipos de adução de água e sua importância para uma captação efi ciente;
• relacionar os sistemas de captação de água e suas formas de estocagem;
• conhecer as redes de distribuição de água consolidadas no Brasil.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ESTUDOS DE CONCEPÇÃO
TÓPICO 2 – SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL
TÓPICO 3 – SISTEMAS DE ADUÇÃO 
TÓPICO 4 – REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA (RDA)
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
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3
ESTUDOS DE CONCEPÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o Marco Legal do Saneamento, o conceito 
de saneamento básico, seus principais serviços públicos e as alterações observadas na 
lei. Vamos discutir a universalização dos serviços de saneamento e a importância das 
melhorias propostas para o atendimento das exigências até o ano de 2023.
Em seguida, trataremos a estocagem da água e como ela é feita por meio do 
uso de poços, cisternas e redes de distribuição. Os poços e as cisternas são meios 
recomendados e muito utilizados em regiões de períodos de seca. Já as redes de 
distribuição exercem papel importante na distribuição de água potável em uma cidade, 
por exemplo.
Por último, discutiremos os aquíferos, sua importância, suas funções e seus 
usos. Também vamos entender como a composição geológica influencia diretamente 
no tipo de aquífero e como o conhecimento dessas propriedades é fundamental para a 
extração da água utilizada pela população.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 MARCO LEGAL DO SANEAMENTO – LEI FEDERAL Nº 
14.026/2020
A segurança hídrica é um conceito que abrange todos os aspectos da existência 
humana, uma vez que a água é um elemento central para a maioria dos empreendimentos 
e um fator-chave para o bem-estar. 
Atualmente, o conceito de segurança hídrica está associado ao desenvolvimento 
econômico e vem se tornando uma importante questão. Nesse contexto, com a 
crescente preocupação e a relação com as questões de saneamento básico, alterações 
e atualizações significativas foram aprovadas no Marco Legal do Saneamento Básico, 
alterando a Lei nº 9.984/2000 (BRASIL, 2000). 
2.1 CONCEITO DE SANEAMENTO BÁSICO
O saneamento básico abrange um conjunto de serviços públicos, infraestruturas 
e instalações operacionais. Dessa forma, compreende quatro atividades: abastecimento 
de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e 
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2020).
4
2.1.1 Abastecimento de água potável
O abastecimento de água potável está relacionado à disponibilização e manu-
tenção de instalações e infraestruturas operacionais para atendimento do abasteci-
mento de água potável para a população. Nessas atividades, enquadram-se: captação 
de água, ligação predial e medição. O principal objetivo é proporcionar o suprimento de 
água com a qualidade e a quantidade necessárias. As fases do abastecimento de água 
são importantes para garantir a qualidade do consumo doméstico, dosserviços públi-
cos, industriais, dentre outros.
2.1.2 Esgotamento sanitário
O esgotamento sanitário compreende todos os processos que envolvem os 
esgotos sanitários, desde coleta, transporte, tratamento, disposição final e lançamento 
de forma adequada no meio ambiente. Nesse sentido, é fundamental a disponibilização 
e manutenção das infraestruturas, instalações operacionais e ligações prediais. Também 
se enquadra nesse conceito a produção de água de reuso. O esgotamento sanitário 
instalado adequadamente garante benefícios diretos e indiretos na saúde pública, como, 
por exemplo, diminuição de casos de doenças, como as verminoses, e de vômitos e 
diarreias. A mortalidade infantil também está associada à falta de esgotamento sanitário.
2.1.3 Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos
O serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos compreen-
de as atividades de coleta, varrição mecanizada ou manual, conservação, transporte, 
transbordo, tratamento, destinação e disposição final ambientalmente segura de resí-
duos (resíduos de limpeza urbana e resíduos domiciliares). O manejo dos resíduos só-
lidos também envolve a elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos pelas 
empresas geradoras (BRASIL, 2020).
2.1.4 Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas
Também considerada um serviço público, a drenagem e manejo das águas plu-
viais urbanas está relacionada ao transporte, à detenção ou retenção, ao controle de 
vazões de cheias, ao tratamento e à disposição das águas pluviais drenadas. Esse ser-
viço também contempla a fiscalização preventiva das redes e a limpeza (BRASIL, 2020).
5
2.2 PRINCIPAIS ATUALIZAÇÕES OBSERVADAS 
O maior objetivo do Marco Legal do Saneamento é a universalização dos 
serviços, ou seja, a ampliação do acesso de todas as residências ao saneamento básico 
até o ano de 2023. Dessa forma, algumas metas são definidas.
Uma das metas é o atendimento à população com água potável e tratamento 
de esgotos, sendo definido que, até 31 de dezembro de 2033, 99% da população seja 
atendida com água potável, e 90% com coleta e tratamento de esgotos. 
Também foram estabelecidos os ganhos de escalas com a gestão associada 
de serviços públicos entre municípios, viabilizando tecnicamente e economicamente 
o serviço, uma vez que no Brasil existem municípios pequenos e isolados que não 
conseguem prestar os serviços de saneamento. Assim, a prestação generalizada 
incentiva a formação de estruturas regionalizadas, em que há a prestação integrada de 
serviços públicos de saneamento em determinada região cujo território abranja mais de 
um município (BRASIL, 2020).
Podemos elencar três pilares fundamentais e primordiais para alcançar a 
universalização, como você pode observar na Figura 1.
Figura 1 – Principais pilares do marco do saneamento
Fonte: a autora
• Normas de referência: a Agência Nacional de Águas se tornou, com o novo marco, 
a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) e passou a ser agência reguladora 
que edita as normas de referência do setor de saneamento. As normas de referência 
são padronizações aplicadas a nível federal, ainda que existam normas de referência 
estaduais. A adesão não é obrigatória pelos municípios. Entretanto, caso eles não 
observem as normas de referência da ANA, não receberão os repasses de recursos 
e financiamentos federais.
6
• Competitividade: incentivar que haja processos competitivos para a seleção do 
prestador de serviço. Com isso, abre-se o mercado para o prestador do setor privado 
e aumenta-se o desenvolvimento do setor, com atração de mais investimentos na 
infraestrutura do saneamento. Essa medida procura diminuir a prestação de serviços 
precários para a população. Dessa forma, os contratos vigentes permanecem em 
vigor até o término do termo contratual. Depois, o titular do serviço (o município, 
por exemplo) poderá realizar um processo licitatório ou prestar os serviços em 
substituição às companhias estaduais. 
• Regionalização: municípios podem aderir à regionalização da prestação de 
serviços. Os municípios que não aderirem à formação de blocos regionais existentes 
não receberão repasses de recursos públicos e fi nanciamentos federais. O objetivo 
da regionalização dos serviços é a garantia da universalização e da viabilidade 
técnica e fi nanceira dos serviços para os municípios (BRASIL, 2020). 
Conheça os principais pontos do Marco Legal do Saneamento:
• universalização do acesso (até 2023) e efetiva prestação do serviço;
• integridade (abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza 
urbana e manejo de resíduos sólidos);
• atenção às peculiaridades locais e regionais.
• efi ciência e sustentabilidade econômica;
• transparências das ações e do controle social.
ATENÇÃO
3 ESTOCAGEM DA ÁGUA
Normalmente, a água não está disponível nos mananciais com a qualidade 
recomendada para o consumo humano, sendo necessário o tratamento para torná-la 
potável. As águas de fontes de encosta e de poços profundos estão menos susceptíveis 
à contaminação em comparação aos mananciais superfi ciais e poços rasos (VON 
SPERLING, 2014).
Há também os sistemas individuais de abastecimento, muito utilizados em 
pequenas comunidades ou em conjuntos habitacionais em que a captação de água 
é realizada em fontes de encostas, em poços ou pela coleta de chuva (cisternas). Por 
outro lado, em sistemas coletivos, geralmente, são utilizadas fontes de encostas, poços e 
mananciais superfi ciais de água (reservatórios artifi ciais, lagos, lagoas e rios) (MOTA, 2016).
A reservação ou armazenamento da água em sistemas coletivos de abasteci-
mento de água é necessária para compensar as variações no consumo, garantir abas-
tecimento quando ocorrem paradas dos sistemas de captação e adução, além de pro-
porcionar a pressão necessária na rede de distribuição (MOTA, 2016).
7
3.1 CISTERNAS
As cisternas são utilizadas principalmente em regiões onde há carência de água, 
como em zonas rurais. São reservatórios construídos com objetivo de acumular água por 
meio de precipitações pluviométricas (MOTA, 2016). A água acumulada é muitas vezes 
utilizada em períodos de estiagem, constituindo uma solução principalmente em regiões 
semiáridas onde, em épocas de seca, há escassez de água para todos os tipos de uso. O 
dimensionamento de uma cisterna pode ser realizado utilizando a seguinte fórmula:
V = k. N. C. D
Em que: 
V: volume da cisterna (volume de água armazenada em litros);
k: coeficiente correspondente às perdas (valor usual: k = 1,1);
N: número de consumidores que utilizarão a água da cisterna;
C: consumo unitário de água (litros/consumidor x dia);
D: número de dias de armazenamento de água (valor usual: 240 dias).
De acordo com Mota (2016), a captação de água para as cisternas pode ser feita 
a partir das coberturas das edificações, ou do próprio reservatório, ou em área do solo 
adjacente. A área de captação é calculada pela seguinte fórmula:
Em que:
A = área de captação de água para a cisterna (m²);
V = volume da cisterna (m³);
Cs = coeficiente de escoamento superficial;
p = precipitação média anual dos anos mais secos (m).
O coeficiente de escoamento superficial (CS) é a relação entre o volume escoado 
e o volume precipitado e depende do tipo de material da área de captação. Alguns 
valores de CS são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Valores do coeficiente de escoamento superficial (cs)
Fonte: Mota (2016, p. 294)
Material da área de captação CS
Telha de barro 0,75
Argamassa de cimento de areia 0,88
Asfalto 0,88
Polietileno 0,90
8
Devem ser observados alguns cuidados para garantir a qualidade da água 
acumulada nas cisternas. Veja quais são, a seguir (MOTA, 2016):
• não acumular as primeiras águas precipitadas, pois podem conter sujeiras das 
coberturas; portanto, poderá ser instalado um dispositivo que permita desviar a 
água da chuva nos primeiros instantes.
• a retirada da água das cisternas deve ser feita utilizando torneiras ou bombas 
manuais, evitando o uso de baldes.
• a vedaçãodas cisternas é importante para evitar acesso de animais e detritos e a 
incidência da luz solar.
• as cisternas, para facilitar a limpeza, deverão ter os cantos arredondados internamente.
• a limpeza das cisternas deverá ser feita pelo menos uma vez ao ano.
Além da utilização em áreas de escassez de água, as cisternas também são 
uma forma de armazenar água para suprimento das necessidades em edifi cações, 
residências urbanas ou de controle de enchentes urbanas (HOWE et al., 2016).
No Japão, o uso da água de chuva e a infi ltração têm sido incentivados pelas 
autoridades e praticado pela população como forma de prevenir enchentes urbanas e 
restaurar as fontes de água (MOTA, 2016). 
O estádio japonês Tokyo Dome é um dos exemplos de projeto de 
aproveitamento de água da chuva mais criativo do mundo. O teto é feito 
de plástico ultrarresistente que pode ser infl ado ou desinfl ado a qualquer 
momento. A cobertura funciona como uma lona para coletar água da 
chuva. A água coletada é direcionada a uma cisterna no subsolo, onde 
é tratada e distribuída para o consumo e para o sistema de combate a 
incêndio do prédio. Cerca de um terço da água utilizada no Tokyo Dome é 
proveniente de água da chuva.
INTERESSANTE
3.2 POÇOS
Os poços são utilizados para abastecimentos individuais ou coletivos. Os 
sistemas de abastecimento individuais são mais usados em zonas rurais ou em zonas 
urbanas que muitas vezes não contam com sistemas públicos de fornecimento de 
água. Já os sistemas de abastecimento coletivos são usados principalmente em zonas 
urbanas com conjuntos habitacionais (MOTA, 2016).
Os poços podem ser classifi cados de acordo com o nível de água. Quando o 
nível de água está sob pressão atmosférica, tem-se um poço freático. Entretanto, 
quando o nível de água no poço profundo está sujeito a uma pressão superior à pressão 
9
atmosférica, ele pode ser classificado como poço artesiano. Quando a água jorra acima 
da superfície do solo, tem-se um poço artesiano jorrante.
Os poços podem ser classificados também como rasos ou profundos. Os rasos 
são quando a água é captada do primeiro lençol de água; quando atingem lençóis de 
água mais inferiores, são considerados profundos.
Com relação à construção de poços, os rasos são, normalmente, escavados por 
meio de perfurações manuais. Por outro lado, os profundos são perfurados utilizando 
máquinas perfuratrizes. Diferentes métodos são aplicados na perfuração dos poços, 
como, por exemplo, ar comprimido, percussão ou rotativo.
Com relação aos poços rasos, eles podem ser escavados (cacimbas) ou 
tubulares (quando a própria tubulação serve como parede lateral). Já os poços 
profundos são, em geral, tubulares.
As águas dos poços rasos estão mais susceptíveis à contaminação devido 
à proximidade do contato com sujeiras na superfície do solo ou pela infiltração de 
efluentes domésticos (fossas) ou industriais (HOWE et al., 2016).
As águas de poços profundos, normalmente, apresentam boa qualidade. No 
entanto, as principais causas de contaminação em poços profundos são as deficiências 
na execução e construção e/ou existência de fraturas em rochas que podem facilitar o 
transporte de efluentes e outros poluentes (MOTA, 2016). De acordo com Mota (2016), 
é fundamental seguir algumas recomendações para evitar ou reduzir os riscos de 
contaminação da água de poços:
• localização adequada (evitar perfuração próxima a fossas sépticas): construção em 
pontos mais elevados no terreno em relação a fossas, com afastamento mínimo 
de 15 m; já o afastamento de valas de infiltração ou sumidouros deverá ser de, no 
mínimo, 20 m;
• elevação das paredes do poço de até, pelo menos, 20 cm da superfície do solo;
• cobertura adequada do poço com tampa vedada;
• revestimento impermeável das paredes dos poços, no mínimo até 3 m de 
profundidade;
• utilização de bomba manual ou a motor para a retirada da água;
• realização do controle da qualidade da água do poço frequentemente;
• realização da limpeza e desinfecção do poço.
Dessa forma, é importante observar as recomendações para evitar problemas 
em relação aos poços durante a instalação e o uso ou problemas que possam surgir 
no futuro.
10
3.3 RESERVATÓRIOS DE DISTRIBUIÇÃO
Os reservatórios são utilizados para passagem de água e acumulação, e a 
instalação é realizada sempre em locais estratégicos para garantir o bom funcionamento 
do sistema de abastecimento de água (TSUTIYA, 2004). Eles servem para armazenar 
água e, dessa forma, atender às variações de consumo e demandas de emergência, 
considerando que o consumo de água em uma cidade não é constante, variando 
durante as 24 horas do dia (TSUTIYA, 2004).
O uso de reservatórios entre o sistema de captação/adução/tratamento e a rede 
de distribuição permite que seja adotada uma vazão constante para os componentes 
em seguida, como tomada de água, estação de tratamento de água, dentre outros 
(HOWE et al., 2016).
3.3.1 Objetivos
 
Os reservatórios deverão atender e garantir os seguintes pontos:
• melhores condições de pressão;
• qualidade da água (garantia para emergência, incêndio e equilíbrio);
• adução com altura manométrica e vazão constantes;
• menores diâmetros no sistema;
• abastecimento quando ocorrem paradas dos sistemas de captação e adução de água.
O atendimento dos objetivos é fundamental para a garantia do bom 
funcionamento dos reservatórios, promovendo o abastecimento de água para os 
consumidores com qualidade e quantidade adequada.
3.3.2 Classificação
A classificação dos reservatórios compreende a localização no terreno e no 
sistema (TSUTIYA, 2004; HOWE et al., 2016).
a) De acordo com a localização no terreno:
• enterrado; 
• semienterrado;
• apoiado (laje de fundo apoiada no solo);
• elevado (contém estrutura para elevação).
Os tipos de reservatórios mais construídos são os semienterrados e os elevados. 
Para a garantia de uma pressão mínima na rede, reservatórios elevados são projetados; 
entretanto, eles implicam custos significativamente mais altos devido à construção, 
manutenção e estabilidade da estrutura (TSUTIYA, 2004).
11
De acordo com Mota (2016), a construção de reservatórios enterrados ou 
semienterrados é preferível, dependendo dos custos de escavação, problemas de 
elevação e empuxos. Eles são recomendados principalmente quando a reserva de água 
for superior a 500 m2. Todavia, quando houver necessidade de grandes volumes (acima 
de 800 m2) e de cotas piezométricas acima do terreno, deverá se optar pela construção 
de reservatório elevado conjugado com semienterrado. 
Nesse sentido, a água será bombeada do reservatório semienterrado para o 
elevado sempre que for necessário e de acordo com as demandas, com um volume 
mínimo no reservatório elevado para manter o abastecimento de água caso ocorra 
alguma interrupção (MOTA, 2016).
b) De acordo com a localização no sistema:
• reservatório a montante (antes da rede de distribuição): provoca uma variação 
relativamente alta da pressão nas extremidades a jusante da rede de distribuição;
• reservatório a jusante (após a rede de distribuição): também denominado reservatório 
de sobras, pois recebe água nas horas de menor consumo e auxilia na distribuição 
de água nas horas de maior consumo, garantindo menores oscilações de pressão.
Nos reservatórios localizados a montante passa toda a água que será distribuída 
a jusante. Eles são dimensionados para manter a altura manométrica e a vazão do 
sistema de adução. A entrada desses reservatórios está localizada sobre o nível máximo, 
e a saída, sobre o nível mínimo de água.
Com relação aos reservatórios localizados a jusante, eles são úteis para reduzir os 
diâmetros e a altura de montante da rede. Além disso, armazenam água nos momentos 
em que a capacidade da rede de distribuição for maior que a demanda simultânea, além 
de complementar o abastecimento em outras situações.
3.3.3 Volumes a armazenar
O dimensionamento dos reservatórios deve considerar que eles possam 
acumular um volume útil que atenda às demandas de equilíbrio,de anti-incêndio e de 
emergência.
Reserva de equilíbrio
A reserva de equilíbrio é destinada à acumulação de água nos períodos em 
que o consumo é menor. Como nos centros urbanos o consumo é flutuante (apresenta 
variação durante o dia em relação ao uso da população), e a vazão de adução é constante, 
quando o consumo for menor que a demanda, o reservatório está cheio. Assim, nas horas 
em que o consumo for maior, o volume acumulado anteriormente recompõe o déficit do 
volume de água com relação à vazão de entrada. A reserva mínima corresponde ao 
volume necessário para suprir o consumo durante os períodos em que não terá adução. 
12
Essa situação é bastante comum em pequenas cidades do interior. Portanto, para que 
a reserva de equilíbrio seja pequena, deve-se usar a adução exatamente quando o 
momento do intervalo de consumo for maior, para que a quantidade de água que sai 
permita o menor acúmulo no reservatório.
Exemplo 1: para controlar o consumo de água do reservatório, é recomendado 
construir uma tabela com a variação do horário de consumo de determinada população. 
A partir desses dados, poderá ser confeccionado um gráfico com os horários para 
visualizar melhor as horas de pico de consumo. 
Reserva anti-incêndio 
As normas de reserva anti-incêndio são determinadas pelo corpo de bombeiros 
da localidade. Além disso, deverão ser seguidas as normas da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT) e as recomendações da tarifa de resseguros do Brasil. 
Aliado a isso, também é necessário verificar a ocupação da área urbana. Dessa 
forma, o volume a ser armazenado no reservatório poderá ser calculado e utilizado 
para uso em combate de incêndios na área de abrangência. Alguns fatores devem ser 
considerados para calcular e estimar a reserva anti-incêndio. São eles:
• natureza das edificações;
• material de armazenamento;
• duração média do incêndio;
• materiais de construção.
Considerados esses fatores, o tipo de hidrante e a capacidade de vazão deverão 
ser determinados. Municípios pequenos, que não têm corpo de bombeiros, em geral, 
estão dispensados da previsão desse volume em seus reservatórios. 
Exemplo 2: um município onde a densidade é de 150 habitantes por hectare e 
em uma situação desfavorável, deve-se suprir a vazão de 30 litros por segundo durante 
4 horas de fornecimento contínuo. Considerando isso, a reserva mínima de anti-incêndio 
deverá ser:
Reserva de emergência
Também denominada reserva acidental, refere-se à reserva utilizada em casos 
de imprevistos na adução de água, como, por exemplo, acidentes, rompimento da 
adutora ou falta de energia. É utilizada para evitar que o sistema de abastecimento de 
água entre em colapso e para compensar a falta de água nos reservatórios, impedindo 
que a população fique sem abastecimento.
13
Exemplo 3: para compensar a falta de água no reservatório, deverá ser 
considerado um acréscimo de volume que corresponde a um terço do volume utilizado 
para reserva de equilíbrio + reserva anti-incêndio. Assim:
4 TIPOS DE AQUÍFEROS E SEUS USOS
Aquífero significa, do grego, suporte de água ou, etimologicamente, aqui = 
água; fero = transfere. Aquíferos podem ser entendidos como formações geológicas do 
subsolo em que rochas permeáveis contribuem para o armazenamento de água devido 
a seus poros ou fraturas. Outras definições referem-se ao aquífero como um material 
geológico utilizado no armazenamento e fornecimento de água. Portanto, somente 
poderá ser aquífero quando os poros do material geológico estiverem saturados com 
água e quando essa água puder ser transportada.
Com relação à espessura do aquífero, ele pode ser de alguns metros a centenas 
de metros. Já a extensão pode ser de poucos quilômetros a milhares de quilômetros 
quadrados.
O aquífero mais importante do mundo é o Guarani, que abrange Brasil, 
Argentina, Paraguai e Uruguai, com extensão de 1,2 milhões de km2 e 
profundidade de 1.800 m. Sua importância se deve à irrigação para oferta 
de alimentos e abastecimento da região em que está localizado.
INTERESSANTE
4.1 TIPOS DE AQUÍFEROS
A constituição geológica (permeabilidade e porosidade) influencia no tipo de 
aquífero, pois será determinante na qualidade e na velocidade da água. Sua origem 
geológica também exerce influência, podendo ser: lacustre, fluvial, glacial, eólica, aluvial, 
metamórfica ou vulcânica.
4.1.1 Quanto à porosidade
Existem três tipos de aquífero:
14
• Aquífero sedimentar ou poroso: a transferência de água se dá entre os poros 
formados entre grãos de areia, silte e argila. Sua formação pode ser por rochas 
sedimentares, solos arenosos ou sedimentos com capacidade de armazenar grande 
quantidade de água devido às suas características e à ocorrência em extensas 
áreas. A porosidade está, normalmente, bem distribuída, o que contribui para que a 
água flua para diferentes direções, dependendo da pressão hidrostática. Devido a 
isso, essa característica é definida como isotropia.
• Aquífero fissural ou fraturado: a circulação de água ocorre entre fraturas, falhas 
ou fendas. Sua formação é predominantemente de rochas metamórficas, ígneas ou 
cristalinas (basalto, gabros, granitos e quartzo). A presença de fraturas (quantidade 
e aberturas) nas rochas está relacionada com a capacidade de acumulação de 
água, fluxo e infiltração. Para que os poços sejam perfurados nessas rochas, é 
necessário que a perfuração seja feita onde há fraturas capazes de conduzir água. 
Esses aquíferos são denominados anisotrópicos e representados por derrames de 
rochas vulcânicas (comuns nas bacias sedimentares brasileiras).
• Aquífero cárstico (karst): a circulação de água nesses aquíferos se dá nas 
fraturas e outras irregularidades (diaclases) que foram formadas devido ao carbonato 
dissolvido pela água. Sua formação é predominantemente de rochas carbonáticas 
(calcários, mármores ou dolomitos). As aberturas dessas rochas podem formar 
grandes dimensões, permitindo a existência de rios subterrâneos.
4.1.2 Quanto à superfície superior 
Existem dois tipos de aquífero:
• Aquífero freático ou livre: tem formação geológica superficial e permeável; é 
aflorante com camada impermeável. A quantidade de água varia conforme as chuvas, 
com recarga direta, e a zona saturada na superfície superior está em equilíbrio com 
a pressão atmosférica. É o mais comum e explorado, todavia, representa os com 
maiores problemas de contaminação.
• Aquífero artesiano ou confinado: tem formação geológica permeável e está 
entre duas camadas semipermeáveis ou impermeáveis. No topo da zona saturada, 
a pressão da água é maior que a pressão atmosférica, por isso a água ascende 
ao poço além da zona aquífera. A recarga do aquífero se dá por meio das chuvas, 
principalmente onde a formação aflora à superfície. Há possibilidade de ocorrência 
de artesianismo nos poços, ou seja, a água eleva-se por si mesma, mantendo o 
equilíbrio do lençol subterrâneo. Em perfurações de aquífero confinado, a água será 
elevada em virtude da pressão exercida por meio do peso das camadas subjacentes 
confinantes. Esses poços encontram-se principalmente em locais de ocorrência de 
rochas sedimentares profundas.
15
4.2 ÁREA DE DESCARGA E REABASTECIMENTO
Os aquíferos são continuamente reabastecidos por meio da infiltração de chuvas 
ou mananciais subterrâneos. Dessa forma, eles apresentam uma reserva reguladora 
(correspondente ao escoamento dos rios) e uma permanente. As zonas de recarga são 
responsáveis pelo abastecimento do aquífero, podendo ser indiretas ou diretas.
• Zona de recarga indireta: o reabastecimento do aquífero ocorre pela água da 
chuva a partir da drenagem superficial ou pelo fluxo indireto subterrâneo.
• Zona de recarga direta: a infiltração da água da chuva ocorre diretamente no 
aquífero por meio de fissuras nas rochas ou afloramentos, com ocorrência em toda 
superfície acima do lençol freático.
Ademais, existe também a zona de descarga, que corresponde ao escoamento 
de uma parcela da água do aquífero para alimentar os rios.Geralmente as maiores taxas 
de recarga dos aquíferos ocorrem em regiões bem arborizadas e planas. Em outros casos, 
como locais muito explorados, de uso e de ocupação que não dispõem de cobertura 
vegetal, favorecendo a enxurradas, a recarga dos aquíferos é mais limitada e lenta.
4.3 FUNÇÕES E USOS
Os aquíferos são fundamentais para suprir e manter os cursos de águas 
superficiais (rios) constantes. Além disso, também contribuem para a absorção do 
excesso de água em períodos de muitas chuvas, evitando transbordamentos. 
Outro ponto importante dos aquíferos é a possibilidade de armazenamento de 
água, diminuindo perdas por evaporação. Essa característica é essencial em regiões pro-
pensas à seca. Em algumas regiões da África, cerca de um terço da água dos aquíferos é 
perdida com a evaporação. Nessas regiões, os organismos vivos ali presentes utilizam a 
água subterrânea para sobrevivência, e a água flui para a superfície continuamente. En-
tretanto, em locais de muita exaustão de água subterrânea, os corpos de água superficiais 
acabam secando. Visto isso, é possível elencar as principais funções dos aquíferos.
• Produção: consiste na função essencial, isto é, produção de água para consumo 
humano, dessedentação de animais, irrigação e uso na indústria.
• Regularização e estocagem: consiste no armazenamento e /ou na estocagem de 
água durante as cheias dos rios.
• Filtro: quando os poços são perfurados de forma adequada, com as distâncias 
condizentes com as recomendações, a água extraída será de boa qualidade 
devido à capacidade de filtração e depuração das rochas. Esses poços podem ser 
implantados próximos a rios e lagos, facilitando a extração de água. A característica 
de filtro contribui para a diminuição dos custos com tratamentos convencionais da 
água extraída.
16
• Ambiental: o conhecimento da hidrogeologia ambiental é essencial para identificar 
possíveis impactos ambientais ou contaminação dos aquíferos.
• Transporte: os aquíferos podem ser usados como meios de transporte de água, 
desde as zonas de recarga até as áreas de extração. 
• Estratégica: como o aquífero é local de armazenamento de água durante muitos 
anos, devido à infiltração de águas pluviais, ele pode ser considerado uma reserva 
estratégica em períodos de seca. Dessa forma, quando for inviável o consumo 
proveniente do abastecimento de água convencional, a água poderá ser bombeada 
dos poços e atender a população que estiver em uma emergência, como em caso 
de secas, enxurradas e enchentes. 
• Energética: a água subterrânea aquecida pode ser utilizada para a geração de 
energia elétrica ou termal (água geotermal).
• Mantenedora: contribui para a base do fluxo dos rios.
As funções do aquífero podem ser diversas, dependendo do tipo de uso. Por 
isso é importante conhecer sua formação e demais características, para entender sua 
importância e utilizá-la da melhor forma possível.
17
Neste tópico, você aprendeu:
• A importância dos serviços públicos de saneamento básico: água para abastecimento, 
esgotamento sanitário, drenagem urbana e de água pluvial e limpeza urbana e 
manejo de resíduos. Os principais fundamentos do Marco Legal do Saneamento e 
como eles contribuem para as melhorias no saneamento básico.
• As diferentes formas de estocagem da água, como os reservatórios de distribuição, 
as cisternas e os poços. As vantagens do armazenamento de água em regiões 
semiáridas ou durante períodos de estiagem, as formas de uso e recomendações.
• Os diferentes tipos de aquíferos classificados de acordo com a composição geológica 
(porosidade e permeabilidade). As recomendações quanto à instalação e qualidade 
da água e a importância da disponibilidade dos aquíferos para uso da população. 
• A importância dos aquíferos para a diminuição de perdas de água por evaporação 
e os diferentes usos dos aquíferos. Como cada função contribui para o melhor 
consumo da água subterrânea com qualidade e segurança.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
AUTOATIVIDADE
1 Os serviços do saneamento básico tratados no Marco Legal do Saneamento 
abrangem quatro atividades importantes para o atendimento da lei. São conjuntos de 
serviços públicos que garantem a segurança hídrica. Sobre essas atividades, assinale 
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo 
de resíduos sólidos; drenagem e manejo de águas pluviais.
b) ( ) Avaliação de impactos ambientais; abastecimento de água e esgoto; coleta de 
resíduos; drenagem e manejo de águas pluviais.
c) ( ) Abastecimento de água potável; monitoramento dos rios pela Defesa Civil; 
esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
d) ( ) Controle da qualidade da água; controle dos volumes de chuvas; abastecimento 
de água potável; esgotamento sanitário.
2 Conforme estabelecido pelo Marco Legal do Saneamento, a universalização dos 
serviços é o principal objetivo a ser alcançado pela lei. Para isso, os municípios deverão 
atender às mudanças exigidas até o ano de 2023. Com base nos pilares do Marco 
Legal do Saneamento para atendimento da universalização, analise as sentenças a 
seguir:
I- Normas de referência
II- Regionalização
III- Competitividade
IV- Extinção dos aterros sanitários
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença IV está correta.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Os reservatórios de distribuição são importantes para passagem e acumulação da 
água, por isso estão localizados em pontos estratégicos do sistema de abastecimento. 
Essa localização permite o controle de diversos fatores envolvidos na distribuição de 
água. Dessa forma, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Os reservatórios deverão estar localizados em pontos com vazões de água 
intermitentes. 
19
( ) As reservas de água para emergências, incêndio e equilíbrio deverão ser 
consideradas nos reservatórios.
( ) Os reservatórios deverão estar localizados em pontos de menor vazão e menor 
pressão, para evitar possíveis problemas na rede de distribuição.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 Os aquíferos disponíveis em todo o mundo diferem entre si devido às suas 
características. Fatores como a constituição geológica influenciam no tipo de 
aquífero. A constituição geológica, por sua vez, é influenciada pelo tipo de rocha e pela 
permeabilidade e porosidade. Com relação à porosidade, cite os tipos de aquíferos e 
disserte sobre cada um deles, apontando as diferenças.
5 Existem muitas utilizações para os aquíferos. Eles são fundamentais para suprir e 
manter os cursos de águas superficiais constantes. Além disso, também contribuem 
para a absorção do excesso de água em períodos de muitas chuvas, evitando 
transbordamentos. Cite ao menos três funções dos aquíferos e explique a importância 
de cada uma.
20
21
SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA BRUTA E 
POTÁVEL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a temática que envolve as águas 
superficiais, subterrâneas e pluviais. Vamos entender a importância do conhecimento 
do uso das águas e as recomendações de como melhor aproveitá-las. Em relação às 
águas superficiais, apresentaremos os processos de autodepuração e como ele pode 
ser benéfico para o restabelecimento e tratamento dos rios. 
Em seguida, apresentaremos as águas subterrâneas, que representam todas 
as reservas de água disponíveis no subsolo. E, por último, e não menos importante, 
serão apresentadas as águas pluviais, fundamentais para o abastecimento dos rios e 
aquíferos.
Para realizar a captação de água superficial e subterrânea, são utilizados 
diferentes meios e métodos e, para isso, deverão ser realizados estudos e análises da 
realidade de determinada área. Após conhecida cada condição, os sistemas de captação 
de água poderão ser instalados.UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 ÁGUAS SUPERFICIAIS, SUBTERRÂNEAS E PLUVIAIS
Os componentes hídricos estão todos relacionados dentro do ambiente urbano. 
O ciclo hidrológico é constituído de processos físicos, químicos e biológicos, e com as 
ações antrópicas, ele pode sofrer alterações trazendo impactos significativos, como a 
contaminação.
Nas cidades, vilas, povoados e outros tipos de aglomerações humanas, pode-se 
considerar que um subciclo adicional é acrescentado ao ciclo hidrológico, em razão dos 
diferentes usos da água pela população. De forma breve, o ciclo da água nas cidades 
inicia-se com a captação da água bruta de um manancial superficial (rios, córregos, 
lagos ou reservatórios) ou subterrâneo. 
A água bruta é conduzida por meio de tubulações até a estação de tratamento 
de água (ETA), onde processos físicos e químicos serão empregados com objetivo de 
tornar a água potável, ou seja, adequada para o consumo humano. Em seguida, a água 
tratada é conduzida até as residências, edificações comerciais e industriais, por meio 
da rede de distribuição de água potável. Nas edificações, a água tratada é conduzida 
22
por meio das instalações prediais de água até os pontos de consumo, por exemplo, a 
pia da cozinha, a descarga do vaso sanitário e o chuveiro, entre outros (VON SPERLING, 
2014; LIBÂNEO, 2016). Depois de utilizadas, as águas servidas são conduzidas pelas 
instalações prediais de esgoto até a rede coletora de esgoto que fará o transporte até a 
estação de tratamento de esgoto (ETE) (TSUTIYA, 2004; HOWE et al., 2016). 
Na ETE, as águas servidas passarão por processos físicos, biológicos e químicos 
que reduzirão sua carga poluidora a níveis aceitáveis para o lançamento em corpos 
hídricos. Outra etapa do ciclo da água nas cidades é a condução do escoamento 
superficial pelos sistemas de drenagem até os corpos hídricos. Essa etapa pode ser 
negativamente impactada pelos resíduos sólidos urbanos que requerem gestão 
adequada, para que não sejam conduzidos até os corpos hídricos, gerando poluição, e 
para que não obstruam as instalações e dispositivos dos sistemas de drenagem, o que 
pode provocar alagamentos e inundações. 
O ciclo da água nas cidades está diretamente relacionado aos componentes 
do saneamento: abastecimento, esgotamento sanitário, manejo dos resíduos sólidos 
e manejo de águas pluviais (VON SPERLING, 2014; MOTA, 2016). Portanto, a gestão dos 
serviços de saneamento no âmbito dos municípios não só interfere diretamente no ciclo 
hidrológico como pode ser impactada pelos processos hidrológicos, especialmente em 
casos de eventos extremos, a exemplo das cheias e secas. 
2.1 ÁGUAS SUPERFICIAIS 
A proteção das águas superficiais de todos os tipos de poluição, principalmente 
do lançamento de esgotos domésticos e industriais brutos, é muito importante. As águas 
superficiais estão sujeitas a sazonalidades, pois pode haver degradação da qualidade da 
água em períodos de seca ou de chuvas intensas, como, por exemplo, o aumento nos va-
lores de turbidez da água, dificultando o tratamento (VON SPERLING, 2014; LIBÂNEO, 2016).
Os oceanos têm maior poder de absorção da poluição quando comparados aos 
rios, entretanto, não é permitido fazer o lançamento de esgotos sem tratamento prévio 
nesses receptores. Os oceanos acabam sendo os maiores receptores de despejos, uma 
vez que a relação volume de água dos oceanos e dos despejos é muito grande. Já os 
rios, por estarem em constate movimento, aumentando a oxigenação, os processos de 
autodepuração contribuem para a degradação dos esgotos. Diferentemente de lagos e 
lagoas que acabam acumulando as cargas dos despejos lançados.
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2.1.1 Autodepuração dos cursos de água
Neste item, vamos entender os principais problemas de poluição causados nos 
cursos de água, como é o caso do consumo do oxigênio dissolvido após o lançamento 
de esgotos (VON SPERLING, 2014). Trata-se de um problema que já está solucionado 
em vários países desenvolvidos, entretanto, ainda é um grande desafio na realidade dos 
países em desenvolvimento. 
Quando temos a presença de matéria orgânica em um curso de água, o consumo 
de oxigênio dissolvido aumenta. As bactérias que fazem o processo de decomposição 
da matéria orgânica utilizam o oxigênio dissolvido para respiração. As consequências da 
diminuição de oxigênio dissolvido na água são diversas do ponto de vista ambiental. A 
Figura 2 representa o despejo de esgoto em um rio.
Figura 2 – Esgoto fluindo para o rio Reno, na Alemanha
Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/river-ABWLP2C. Acesso em: 15 ago. 2022.
A autodepuração é uma forma de restauração do equilíbrio aquático após as 
alterações sofridas na água com o lançamento de esgotos. Assim, a matéria orgânica é 
estabilizada. O conhecimento do processo de autodepuração em rios é importante para 
atingir os seguintes objetivos.
• Evitar que ocorra o lançamento de esgotos em volumes superiores à capacidade 
de autodepuração dos rios, ou seja, maior do que o corpo de água possa suportar. 
Desse modo, o rio pode assimilar uma carga orgânica aceitável e não prejudicial, 
respeitando um limite de carga.
• Conhecer a capacidade que um rio tem de assimilar os despejos. Assim, devido 
à carência de recursos, os rios podem ser utilizados como complementadores 
dos processos que ocorrem no tratamento de efluentes. Deve-se tomar muito 
cuidado para que esse processo seja feito de forma segura, dentro dos critérios 
estabelecidos.
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A autodepuração também pode ser conhecida como um processo de sucessão 
ecológica, pois ocorre a substituição de comunidades aquáticas até o momento em que 
o curso de água atinja uma estabilização de acordo com o equilíbrio aquático daquele 
local. Assim, a ausência ou presença de agentes poluentes é caracterizada por meio da 
diversidade de espécies, como observado na Tabela 2.
Tabela 2 – Ecossistemas com ausência e presença de poluentes
Fonte: Von Sperling (2014, p. 137)
Ecossistema em condições naturais
Ecossistema em condições 
perturbadas
Elevado número de espécies Reduzido número de espécies
Reduzido número de indivíduos em cada 
espécie
Elevado número de indivíduos em cada 
espécie
Conforme observado, pode-se concluir que a poluição é seletiva para as espé-
cies. A autodepuração é um processo que ocorre ao longo do tempo. Dependendo da ex-
tensão do corpo de água e da carga de esgoto recebida no rio, existem diferentes estágios 
de sucessão, denominados zonas. Eles podem ser identificados em rios, nesta ordem:
• zona de degradação;
• zona de decomposição ativa;
• zona de recuperação;
• zona de águas limpas.
Vamos entender a trajetória da matéria orgânica, do oxigênio dissolvido e das 
bactérias compositoras ao longo das quatro zonas? 
Zona de degradação
A zona de degradação se inicia logo após o despejo de esgotos no rio. Nessa 
zona, há elevadas concentrações de matéria orgânica. A água permanece turva devido à 
concentração de sólidos presentes e, quando sedimentados, eles formam bancos de lodo. 
Há uma desordem da comunidade existente. Após o período de adaptação, 
as bactérias começam a se proliferar, e elas dependem do oxigênio dissolvido para 
os processos metabólicos. O pH pode diminuir com o aumento da concentração de 
CO2 liberado pelas bactérias, tornando a água mais ácida. Pode haver produção de gás 
sulfídrico com predominância de regiões anaeróbicas (sem oxigênio). A produção desse 
gás tóxico gera odores desagradáveis. Raramente há presença de algas nessa zona, 
pois há dificuldade da penetração de luz, devido aos altos teores de turbidez (sólidos 
em suspensão). 
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Zona de decomposição ativa
Após a perturbação do ecossistema na zona de degradação, inicia-se a zona 
com os micro-organismos presentes decompondo ativamente a matéria orgânica. 
Nessa zona, a qualidade da água atinge um estado totalmente degradado, com 
coloração escura.
O oxigênio dissolvido apresenta baixíssimas concentrações, podendo ser 
nulo em casos de anaerobiose, isto é, todos os organismos aeróbios desapareceme 
apenas os anaeróbios estão presentes. Ao longo do tempo, o alimento disponível 
(matéria orgânica) vai sendo degradado pelas bactérias, diminuindo a disponibilidade. A 
quantidade de bactérias decompositoras também vai reduzindo. O mau odor é grande, 
além de gás carbônico, água, metano e gás sulfídrico.
Zona de recuperação
Após o elevado consumo de matéria orgânica e a deterioração aquática, a zona 
de recuperação é iniciada. A água se apresenta mais clara, com aparência melhorada. 
Não há mais mau odor devido aos gases produzidos, pois não há mais matéria orgânica 
a ser degradada.
A matéria orgânica está estabilizada no local, ou seja, se apresenta como compostos 
inertes. Nesse caso, a concentração de oxigênio dissolvido aumenta, pois a respiração 
bacteriana é reduzida. Desse modo, não ocorrem mais zonas anaeróbias (sem presença de 
oxigênio), influenciando e mudando a composição da fauna e da flora do local.
Todavia, como a água volta a ficar transparente, ocorre a incidência de luz. Por 
isso, há condições para o desenvolvimento de algas. Durante a fotossíntese, as algas 
liberam oxigênio, aumentando a concentração no local. A reprodução intensifica-se, e a 
cadeia alimentar torna-se mais diversificada, gerando alimentos para os peixes que vão 
surgindo aos poucos.
Zona de águas limpas
As águas voltam às condições normais anteriores à poluição, apresentando-
se novamente limpas, em relação à presença de oxigênio dissolvido, matéria orgânica, 
bactérias e organismos patogênicos (vetores de doenças).
Como há baixos níveis de matéria orgânica, o número de bactérias consumidoras 
de oxigênio para degradação da matéria orgânica também é baixo. O oxigênio dissolvido 
apresenta teores maiores, próximos aos iniciais (antes da poluição), devido ao baixo 
consumo e à produção pelas algas.
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Ao final, em geral, as águas apresentam maiores concentrações de nutrientes, 
como fósforo e nitrogênio, em comparação aos níveis presentes antes da poluição. Por 
isso, a produção de algas é maior, existe grande diversidade de espécies, e o ecossistema 
se apresenta estável.
2.1.2 Fenômenos de eutrofização em águas superficiais
Nos últimos anos, esgotos com grandes quantidades de nutrientes, e que fluem 
para corpos de água, aceleraram os processos de eutrofização. Os principais agentes de 
desenvolvimento da eutrofização são os elementos fósforo e nitrogênio. O alto teor de 
fosfato em águas residuárias pode ocasionar sobrecarga nos ecossistemas, ameaçando 
a biodiversidade e colocando em risco o abastecimento de água potável devido à 
deterioração da qualidade da água. 
Quando a concentração de fósforo inorgânico excede 0,02 mgL-1, a condição é 
favorável para o processo de eutrofização. O estado nutricional de um lago ou rio reflete 
diferentes tipos de uso do solo e entrada de nutrientes a partir de pequenos riachos 
interligados dentro da bacia de drenagem. Além disso, a erosão das margens dos rios 
durante inundações também pode transportar grandes quantidades de fósforo para os 
corpos de água.
O aparecimento de fósforo em ecossistemas aquáticos pelo carreamento de 
águas pluviais pode provocar fenômenos de eutrofização. A eutrofização também é 
ocasionada pela descarga de efluentes líquidos domésticos e industriais com altos 
teores de fósforo em águas superficiais.
Com a disponibilidade de macronutrientes (nitrogênio, fósforo), a produção 
primária por algas e macrófitas é estimulada. A decomposição subsequente da biomassa 
vegetal elevada provoca aumento no consumo de oxigênio, o que pode conduzir a 
condições anóxicas (sem presença de oxigênio) nas águas de fundo e nos sedimentos, 
uma vez que o consumo de oxigênio biológico excede o fornecimento de oxigênio por 
difusão em ordens de grandeza. 
Com o aumento da eutrofização, a estrutura das comunidades fitoplanctônicas 
muda, resultando na ocorrência imprevisível de novas florações de algas. O aumento da 
turbidez da coluna de água e a depleção de oxigênio influenciam muito as comunidades 
bentônicas com mudanças na distribuição, abundância, diversidade e estado fisiológico. 
A perda de vegetação aquática submersa faz com que o sedimento se torne móvel. Os 
processos metabólicos bentônicos mudam de decomposição aeróbica para anaeróbica 
da matéria orgânica, causando a liberação de sulfeto de hidrogênio na água de fundo. 
Os produtos dos processos de decomposição anaeróbica causam demanda adicional de 
oxigênio. O problema da depleção de oxigênio é ainda agravado pela estratificação da 
coluna de água, especialmente no verão.
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A eutrofização da água pode ser acelerada por atividades humanas que 
aumentam a taxa de entrada de nutrientes em um corpo de água, devido, por exemplo, 
à rápida urbanização, industrialização e intensificação da produção agrícola. Para 
ecossistemas aquáticos lacustres, as atividades humanas na bacia podem levar à perda 
de espécies e grupos funcionais, alta renovação de nutrientes, baixa resistência, alta 
porosidade de nutrientes e sedimentos e perda de produtividade. 
O problema da eutrofização da água tornou-se cada vez mais grave em todo 
o mundo, mas o mecanismo de sua ocorrência ainda não é totalmente compreendido, 
como o conhecimento limitado dos processos de eutrofização da água adicionado às 
dificuldades para prevenção e remediação da eutrofização da água. Portanto, mais 
pesquisas devem ser voltadas para os mecanismos de eutrofização em diferentes 
condições de bacias hidrográficas.
2.2 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 
Considerando o ciclo hidrológico, as águas subterrâneas são parte integrante, 
pois representam a água da chuva que flui lentamente até a zona de recarga. Nas zonas 
de recarga, temos a presença de água da chuva infiltrada que poderá ser direcionada 
até as zonas de descarga, onde a água flui para rios e lagos. 
Podem ser entendidas como águas subterrâneas todas as reservas de águas 
disponíveis no subsolo. Assim, o termo compreende toda a água presente abaixo da 
superfície de uma área determinada. Já os aquíferos, como vimos anteriormente, são 
representados pelas formações geológicas permeáveis e ocorrem quando a água da 
chuva flui lentamente pelo subsolo. 
De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (2022), o 
Brasil tem 112 mil quilômetros cúbicos de reserva de água subterrânea, representando 
cerca de 48% da área territorial. O país tem 27 aquíferos, entre eles os dois maiores do 
mundo: Guarani (Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste) e o Alter do Chão (Região Norte).
2.2.1 Uso de águas subterrâneas e recomendações
A utilização de águas subterrâneas pela população em geral está relacionada ao 
atendimento das legislações existentes no Brasil.
• Registro do poço e autorização, ou seja, obtenção da outorga de direito de uso de 
recursos hídricos e licença de perfuração. Pois, “constitui infração das normas de 
utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: I - derivar ou utilizar 
recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de 
uso; [...] V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a 
devida autorização” (BRASIL, 1997, on-line).
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• Realização do monitoramento da qualidade da água e se os padrões de potabilidade 
estão adequados, considerando a possibilidade de tratamento convencional.
• Possível cobrança pelo uso da água.
Outro ponto a ser levado em conta é que a construção de poços sem considerar 
as recomendações da ABNT pode causar a contaminação do aquífero, devido à possibili-
dade de contato da água subterrânea com a superfície. Dessa forma, algumas áreas que 
não têm abastecimento de água potável pela rede pública são obrigadas a perfurar poços 
indiscriminadamente, sem padrões. Quando isso ocorre, a população que consome essa 
água está muito mais suscetível à contaminação e a doenças de veiculação hídrica.
Quando é detectada a contaminação da água de um poço, os custos e o tempo de 
descontaminação se tornam muito altos em relação aos das águas superficiais, inviabili-

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