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BRASIL TRANSFORMA Captação de Recursos Missão e Sustentabilidade à serviço do próximo! Sumário Principais erros na hora de captar recursos Pensamento à curto prazo Falta de Planejamento Custo zero em tudo Falta de relacionamento Principais estratégias de captação Recursos governamentais Recursos Privados Geração de Renda Por onde começar? Escolha da astratégia Criação de plano de ação Gestão e controle financeiro 1.1 1.2 1.3 2.1 2.2 2.3 3.1 3.2 3.3 1.4 BRASIL TRANSFORMA Se você trabalha com projetos sociais já deve ter passado por alguns desafios ligados a captação de recursos não é mesmo? Boleto para pagar, desejo de ampliar os atendimentos, necessidade de comprar novos equipamentos, melhorar a estrutura que já existe ou até mesmo aumentar um pouco o salário das pessoas que trabalham na organização, inclusive o seu. Se ainda não começou a iniciativa que tanto sonha, talvez seja por falta de recursos ou pior, não ter ideia do que fazer para mobilizar os primeiros reais para colocar o projeto para rodar. Então fica comigo por aqui que eu vou te dar um norte do que fazer para começar ou aperfeiçoar a sua captação de recursos. Bora? Introdução Principais Erros na hora de captar recursos Pensamento à curto prazo Eu sei que você tem pressa em transformar o mundo. Sei também que os compromissos financeiros não esperam e muitas vezes tiram a sua paz e trazem ansiedade para o seu coração. Mas eu preciso te dizer que captação de recursos nunca funciona na urgência. É claro que você já deve ter conhecido ou até feito ações mais emergenciais para mobilizar recursos, mas elas nunca mudaram a realidade da sua organização ou projeto. Estou certo? Sempre foi aquela velha história de “apagar incêndio”. O que todo empreendedor quer é alcançar a sustentabilidade financeira e viver um tempo de maior tranquilidade enquanto atuamos para servir as pessoas e comunidades ao nosso redor. Mas isso não é possível com pensamento de curto prazo. Você precisa ter em mente que qualquer estratégia de captação, para dar certo e gerar o resultado que tanto deseja, precisa de tempo. Tempo para testar, para errar, para ajustar e aperfeiçoar-se com a jornada. Como diz o velho ditado: “a pressa é inimiga da perfeição”, mas podemos incluir que ela também é inimiga da captação. Você pode ter inúmeras ideias para captar recursos, mas se você não planejar como cada uma delas irá ocorrer, a chance de dar certo é bem pequena. Empreendedores têm uma característica padrão que é: amar a operação. O que significa isso? Nós gostamos muito mais de dar aula, de visitar as famílias, de entregar as doações e de estar com a comunidade de forma direta, do que parar numa sala, abrir o computador ou o caderno e planejar. Claro que cada pessoa tem suas preferências e características, mas é importante você entender que o planejamento é fundamental para gerar os recursos necessários que irão proporcionar que a atividade com a comunidade continue acontecendo. Planejar é saber o que fazer, como fazer, quais metas alcançar, dar nome a responsáveis e deixar tudo claro para que os objetivos sejam alcançados e o projeto cresça em sua capacidade financeira. Falta de Planejamento Em muitas organizações que eu visito ou faço mentorias, percebo que a maioria delas nunca investiu no setor de captação de recursos. E aqui eu não falo nem de grandes investimentos como a contratação de pessoas especializadas, mas de uma visão de semear para colher. Pensa comigo! Se você deseja mobilizar pessoas para fechar novas parcerias e doações para seu projeto, não vai precisar alcançar mais pessoas do que consegue hoje? Somente amigos e familiares não darão conta de gerar tudo que você precisa, certo? E como você pretende alcançar mais pessoas sem investimento? Vai fazer um evento e não pretende gastar em nada na divulgação? Tem como meta dobrar a arrecadação de um ano para o outro, mas não deseja aumentar a equipe ou contratar algum programa de gerenciamento de doações? Quer começar uma nova estratégia de captação de recursos online, mas não pretende investir nem um real sequer para alcançar pessoas diferentes? Eu sugiro que você repense esse modelo e avalie a chance de semear para colher. Calma que não estou falando para você investir rios de dinheiro. Comece com aquilo que pode. O princípio aqui é mais importante que os números, entendeu? Custo zero em tudo Outro erro comum para os captadores de recursos é não criar vínculos profundos com seus doadores. Sabe aquele vendedor de porta em porta que vai batendo palma e oferecendo seu produto sem conhecer seu público? É isso que muitas organizações e iniciativas fazem, tanto nas relações pessoais quanto online. O relacionamento é a chave da mobilização. Ao gerar relações de confiança, naturalmente a organização e potenciais doadores voltam seu olhar para a mesma direção e juntos, constroem uma jornada de transformação para pessoas, famílias e comunidades. Isso não vale apenas para novos doadores, mas para a fidelização daqueles que já são seus parceiros. Muitas vezes os empreendedores sociais acham que o processo de captação acaba quando a pessoa faz o primeiro PIX, “esquecendo” o doador e partindo para a conquista de novos parceiros. É necessário estar atento nesses dois lados: Falta de relacionamento Gerar relacionamento com quem já foi atraído pelo que você faz, aproximando-os do projeto e tornando-os parte do impacto social que está sendo gerado na comunidade. Fidelizar parceiros é muito mais eficiente e barato do que buscar novos doadores. Além disso, uma pessoa que se sente parte do projeto se torna embaixadora daquilo que acredita, espalhando para outras pessoas o quão bom é o projeto e convidando-as para participarem. Alcançar, aproximar e gerar relacionamento com pessoas que ainda não fazem parte ativa do projeto. Saber que ninguém se torna doador “do nada”. É preciso investir nas relações, na conexão de propósito, na escuta e na construção de um vínculo forte e duradouro. Principais Estratégias de captação Recursos governamentais Captar recursos com governos parece algo muito tranquilo para quem olha de longe, mas em minha opinião, é a categoria mais difícil de ter sucesso, pois engloba uma série de burocracias, técnicas e lentidão da “maquina pública” que muitas vezes tiram a nossa paz e atrasam a realização dos projetos. De qualquer forma, vale a pena buscar alternativas nesse sentido, sempre levando em consideração que você não deve depender única e exclusivamente dessa estratégia. Por que eu falo isso? Já passei por várias situações que contratos de parceria com o poder público já tinham sido aprovados e assinados, mas o repasse do recurso chegou a atrasar por anos. Então, eu recomendo que você crie um plano de ação que contemple essa busca de recursos, mas tenham alternativas para continuar operando. Dentre as principais estratégias de captação de recursos governamentais, estão: Termo de fomento: parceria proposta pela organização da sociedade civil, através da apresentação de projetos. Aqui a organização cria um plano de trabalho e apresenta ao poder público para avaliação. Havendo interesse e disponibilidade financeira, o termo de fomento é celebrado entre as partes. Termo de colaboração: neste caso a parceria é proposta pela administração pública, abrindo possibilidades para organizações da sociedade civil receberem recursos para execução de projetos. Não se esqueça: para fechar qualquer parceria governamental é necessário ser uma organização formalizada e com toda a documentação em dia. Recursos privados Emendas Parlamentares: estratégia onde vereadores, deputados e senadores podem solicitar ajustes no orçamento público, destinando recursos para projetos e ações de interesse de suas bases eleitorais, como por exemplo, obras de infraestrutura, projetos na área da saúde, no setor educacional,entre outros. As emendas podem ser destinadas de forma individual ou coletiva, ou seja, quando um ou mais parlamentares são responsáveis pela destinação do recurso. Para que sua ONG possa receber esse tipo de recurso, é necessário que esteja formalizada e com toda documentação em dia. Editais privados: recursos provenientes em sua maioria, de institutos, empresas e fundações, mas também podem ser ofertados por governos e organizações da sociedade civil. Os editais muitas vezes focam em organizações que trabalham em regiões específicas do país ou causas sociais alinhadas com a proposta de quem abriu o edital. É nesta categoria que estão as estratégias onde se busca mobilizar recursos de pessoas físicas e jurídicas. Existem diversas formas de isso acontecer e você deve entender qual funciona melhor para sua iniciativa. Se optar por captar recursos de empresas, institutos e fundações, algumas opões são: Leis de incentivo fiscal: empresas podem destinar para organizações da sociedade civil, parte do imposto que pagariam para o governo. As mais conhecidas são a Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet), Lei de Incentivo ao Esporte, Fundos Municipais da Criança e Adolescente, Fundo do Idoso, entre outros. Doações diretas: recursos investidos por empresas através de patrocínios ou doações, realizadas com dinheiro próprio e sem a necessidade de vínculo ou aprovação em leis de incentivo ou edital. É um modelo um pouco menos frequente, pois nem toda empresa tem ou deseja investir um recurso do “próprio bolso” (sem ser um que daria ao governo) para gerar impacto social. Mas se houver um bom relacionamento e um processo de construção conjunta do projeto, pode ser muito viável. Caso deseje captar recursos privados através de pessoas físicas há diversas estratégias que podem funcionar para você. Alguns exemplos são: apadrinhamento (quando um doador se compromete com um valor que ajuda a manter o beneficiário no projeto), telemarketing, financiamentos coletivos (as famosas vaquinhas), face to face (aquelas iniciativas que abordam pessoas na rua para captar novos doadores), entre outros. Imagina um mundo onde as iniciativas sociais não dependem somente de doações, mas podem gerar os seus próprios recursos! Sim, isso é possível e tem se tornado cada vez mais frequente no setor social. A venda de produtos e serviços pode e deve estar entre as estratégias escolhidas por você. Para começar, pense nos recursos que você, sua equipe e a comunidade têm em mãos. Alguém sabe cozinhar algo para vender? Conseguem criar um produto a partir das oficinas do projeto? Quais talentos vocês possuem e que podem se tornar uma prestação de serviços? Aqui não há certo e errado e sim um mundo de possibilidades para desbravar. Desde criar uma linha de produtos personalizados da iniciativa, até o aluguel de um espaço da organização, podem se tornar fontes de receita para o projeto. A dica final aqui é pensar como um negócio. Tenha em mente que as pessoas não devem comprar algo de você por dó, mas sim por que o produto ou serviço que vende tem muita qualidade e gera transformação social. Além disso, atente-se para que o estatuto da organização tenha a informação desse formato de fonte de receita. Geração de renda Por onde começar? Agora que já conhece algumas das possibilidades para captar recursos em sua iniciativa, chegou a hora de dar um passo prático e escolher qual estratégia você vai rodar. E aí que muita gente trava. Como escolher a melhor alternativa para gerar recursos? Não existe uma receita pronta, mas uma análise de alguns pontos pode facilitar o processo e dar o primeiro passo. Para te ajudar, vou te dar 4 dicas que aplico com meus alunos: Inspire-se, não copie: muitos empreendedores buscam informações e conhecimento sobre o que organizações de todo o Brasil estão fazendo para captar recursos. Isso é muito válido e necessário para ampliar os horizontes, mas muitas iniciativas acabam copiando exatamente a mesma estratégia para aplicar na sua realidade. E isso é um problema para qualquer empreendedor. Sabe porquê? Porque tudo é diferente. A iniciativa, as pessoas envolvidas, os tipos de projetos executados, o local, os relacionamentos, as características da equipe e tantas outras coisas. Uma estratégia de captação de recursos pode funcionar muito bem numa cidade do Nordeste e ser um fracasso na região sul. Então, busque inspirar-se em estratégias que têm funcionado por aí, mas não copie totalmente. Adapte e crie conforme a sua realidade. Público: quais perfis de pessoas você tem mais conexão? Esse é um ponto importante para a escolha da estratégia de mobilização de recursos. Se você tem mais relacionamento com pessoas físicas, foque primeiro fazer um bom trabalho com elas. Se você tem bons acessos a grandes empresas, seu foco de captação deve estar ali. A resposta do que pode ou não dar certo está nos pontos de conexão que hoje você tem mais facilidade em trabalhar. É claro que você pode trabalhar com públicos diferentes, mas dependendo do momento que você está, busque consolidar uma estratégia para iniciar outra. Um erro a ser evitado é: não comece uma segunda coisa sem fazer a primeira bem feita. Escolha da estratégia Equipe ou EUquipe: a escolha da estratégia está muito conectada com o time que você tem na mão. Se você trabalha sozinho e não tem perspectiva de contratar alguém, terá que decidir por um caminho “mais simples” para no futuro conseguir buscar caminhos mais complexos e de um volume maior de recursos. O mais importante é começar. Ficar parado nunca será a resposta e dinheiro nenhum vai aparecer. Se hoje você consegue fazer apenas uma ação para mobilizar recursos, faça. Cresça devagar. Lembra que a pressa é inimiga da captação. Atenção É importante que em algum momento da jornada de captação você diversifique as suas fontes de receita para não depender apenas de uma única entrada. Essa diversidade de fontes recebe o nome de MIX de Sustentabilidade. Quanto mais estratégias equilibradas você tiver, menos risco você corre, caso alguma delas não funcione como você deseja. Investimentos: lembra que falamos de investimento no começo desse material? Essa é uma parte importante a ser analisada. A escolha da estratégia de captação está muito atrelada ao que você pode investir. Imagina que você quer captar recursos com grandes empresas, mas pessoalmente nunca fez isso e não tem muito perfil de ligar, marcar reuniões e buscar contatos para apresentar seu projeto. Qual a chance de dar certo? Pequena né? Não seria melhor contratar alguém que tenha esse perfil e possa impulsionar essa estratégia? Ou você tem sonhado em captar recursos de forma online, focado em pessoas físicas, mas ainda não tem nenhum controle de doadores (quem são, quanto doam, que dia doam, como doam, etc..). Não faz sentido investir em algum programa de controle de doações, deixando tudo mais organizado e com maior chance de alcançar mais pessoas? Percebe a importância de investir? Mais uma vez é a lei de semear para colher. Avalie o que pode plantar hoje e faça suas escolhas. Uma boa estratégia de captação de recursos só vai funcionar se ela vier acompanhada de um bom planejamento. Abra uma planilha, um caderno e de acordo com as estratégias que escolheu no item anterior, responda as seguintes perguntas: Criação de plano de ação Nome da estratégia escolhida: Ex: Lei de Incentivo à Cultura, Apadrinhamento, etc... Como você vai fazer: qual o passo a passo detalhado para que você coloque essa estratégia para rodar e alcance os objetivos; Meta: Qual seu objetivo de arrecadação a partir dessa estratégia? Pense numa meta mensal e anual, levando em consideração fases do ano que possam ter efeitos positivos e negativos na captação, como por exemplo, o mês de janeiro onde os gastos familiares com material escolar, IPTU, IPVA, são maiores e por isso é mais difícil as pessoas se comprometerem a doar mensalmente para sua iniciativa;Responsável: quem é a pessoa que estará a frente para liderar essa estratégia? Prazo: quando a estratégia vai começar a rodar? Coloque datas específicas para facilitar o direcionamento do trabalho; Investimento: quanto você pretende investir para que essa estratégia dê o retorno que espera? Por último, não adianta nada ter um super plano e não fazer a gestão dos processos. Existem diversas formas de fazer isso. Programas online, aplicativos, planilhas de Excel, entre outros. Mas o mais importante é entender que o melhor formato é aquele que funciona para você. Anote todas as entradas de recursos, nomes, telefone, e-mail e endereço de todos os doadores, datas que as doações foram realizadas, datas mensais para doadores recorrentes, entre outros. Tenha um bom painel de controle para saber como está indo a estratégia que você escolheu. Somente com essas informações você poderá tomar melhores decisões, investir para expandir, gerando maiores resultados e crescendo em sustentabilidade organizacional. Gestão e controle financeiro Eu espero que esse material ajude você a crescer. Não há receita de bolo e nem varinha mágica para fazer com que as nossas iniciativas se tornem sustentáveis. O que há é muito trabalho, suor e estratégia. Comece por algo e dê o primeiro passo. Teste sempre, ajuste os processos e continue avançando. Conclusão Danilo Ladentim é formado em Educação Física e Especialista em Empreendedorismo e Negócios Sociais. Cristão, participou do movimento de Jovens com uma Missão. Há 15 anos trabalha na área de projetos sociais, sendo 11 deles dedicados ao CADI – Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral. Atualmente trabalha com cursos, treinamentos e mentorias sobre gestão de projetos e captação de recursos, sempre unindo missão e profissionalismo a serviço do Reino de Deus. Sobre o Autor @danilo_ladentim www.academiadeimpactosocial.com.br Realização: BRASIL TRANSFORMA