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Márcia de Jesus Xavier
Francisco Varder Braga Junior
PRÁTICA DE ENSINO VI
Educação Especial e Inclusão
Biblioteca Central Orlando Teixeira – BCOT/UFERSA
Setor de Processos Técnicos – Ficha Catalográfica
Bibliotecário-Documentalista
Mário Gaudêncio – CRB-15/476
http://nead.ufersa.edu.br/
Governo Federal 
Ministro de Educação
José Henrique Paim
Universidade Aberta do Brasil
Responsável pela Diretoria da Educação a Distância
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Reitor
José de Arimatea de Matos
Pró-Reitor de Graduação
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Núcleo de Educação a Distância
Coordenadora UAB
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Equipe multidisciplinar
Antônio Charleskson Lopes Pinheiro – Diretor de 
 Produção de Material Didático
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Ângelo Gustavo Mendes Costa - Assessor Pedagógico
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Alberto de Oliveira Lima – Diagramador
José Antonio da Silva - Diagramador
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Éder Luiz Adelino da Silva – Edição de vídeo
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Paulo Augusto Nogueira Pereira - Estagiário
Equipe de apoio
Márcio Vinicius Barreto da Silva – Revisão Linguística
Alvaneide Maria de Morais Moura – Revisão Didática
Gilberliane Mayara Andrade Melo – Revisão Conceitual
Serviços técnicos especializados
Life Tecnologia e Consultoria
Edição
EDUFERSA
Impressão
Gráfica São Mateus
© 2014 by NEaD/UFERSA - Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do NEaD/UFERSA.
B813p Xavier, Márcia de Jesus.
 Prática de ensino VI : educação especial e inclusão / 
 Márcia de Jesus Xavier, Francisco Varder Braga Junior. 
 – Mossoró : EdUFERSA, 2013.
 56 p. : il.
 
 ISBN: 978-85-63145-63-5
 1. Educação especial. 2. Inclusão social. 3. Prática 
 de ensino. I. Braga Junior, Francisco Varder. II. Título. 
 
 RN/UFERSA/BCOT CDD: 371.9
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A disciplina de Educação Especial e Inclusão dará a base conceitual necessária 
para que você possa atuar na docência de forma a construir práticas e ambientes 
coerentes com o paradigma atual da educação, em uma perspectiva inclusiva.
Vejamos agora alguns objetivos relevantes da disciplina, que é prevista na 
modalidade transversal, perpassando todos os níveis da educação, desde a educação 
infantil ao ensino superior. 
Buscamos com os conteúdos trabalhados neste livro didático levar você a: 
•	 refletir sobre as concepções de Educação Especial na perspectiva da 
Educação Inclusiva;
•	 compreender as políticas públicas de inclusão no cenário internacional e 
nacional, considerando os conceitos e paradigmas;
•	 discutir acerca do trabalho pedagógico na escola em relação aos princípios 
da gestão democrática, da autonomia escolar e da participação dos diversos 
segmentos na gestão da escola;
•	 entender como acontece e como deve acontecer o processo de acesso, 
permanência e sucesso dos alunos no processo educacional especial e 
inclusivo;
•	 refletir sobre a educação especial a partir do Projeto Político Pedagógico da 
escola inclusiva;
•	 compreender como deve ser o processo de inclusão dos alunos com deficiência 
e com necessidades educacionais especiais na educação: questões de 
interdisciplinaridade, currículo, progressão e gestão escolar.
Dessa forma, esperamos poder fazer com que você se sinta acolhido nesta 
disciplina e envolvido com as temáticas que trabalharemos com afinco, pois elas são 
extremamente importantes para sua atuação profissional e para ampliar seu potencial 
transformador.
Bons estudos e seja bem-vindo!
SOBRE OS AUTORES
Márcia de Jesus Xavier
Meu nome é Márcia de Jesus Xavier. Sou graduada em Letras, com 
habilitação em Português e Inglês e nas respectivas literaturas, 
tendo realizado meu curso de Mestrado na área de Educação, na 
Universidade do Planalto Catarinense. 
Atuei como orientadora de diversos trabalhos de conclusão de 
curso (de 2009 a 2012) e como coordenadora de seis cursos 
de especialização na área de educação (de 2010 a 2012), na 
modalidade a distância, na Universidade Regional de Blumenau, 
ocupando também o cargo de chefe da Divisão de Pós-graduação na referida 
instituição (2010 a 2012). 
Em 2012 e 2013, atuei como tutora junto a duas disciplinas do curso de 
Licenciatura em Matemática da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró/
RN), realizado na modalidade a distância.
No mês de julho de 2013, fui indicada a exercer a função de coordenadora substituta 
da Coordenação Geral de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social da UFERSA, 
permanecendo até fevereiro de 2014. Atuei, em seguida, como Coordenadora 
Adjunta do Núcleo de Educação a Distância e estou, desde maio de 2014, integrando 
a equipe gestora desta Universidade, como Chefe de Gabinete da Reitoria.
No ano de 2013, tive a oportunidade de participar da publicação do livro Toc! 
Toc! Toc! Eu Quero Entrar!, cujo tema principal é a capacidade de transformação da 
sociedade, partindo de trabalhos produzidos na academia, no qual desenvolvo um 
capítulo sobre políticas públicas dirigidas aos povos do campo. A inclusão digital 
de professores do campo e a educação especial na perspectiva inclusiva têm sido 
temas de estudo, que resultam na minha participação em eventos locais, regionais 
e nacionais sobre as temáticas.
Francisco Varder Braga Junior
Meu nome é Francisco Varder Braga Junior. Sou graduado em 
Fonoaudiologia pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR, especialista 
em Audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia - CFFª e 
em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela Universidade 
Regional do Cariri - URCA. Realizei meu curso de mestrado em 
Ambiente, Tecnologia e Sociedade na Universidade Federal Rural do 
Semi-Árido - UFERSA. 
Atuei na Fonoaudiologia Clínica com as mais diversas deficiências, 
síndromes, distúrbios e dificuldades na comunicação humana (fala, voz, audição e 
linguagem oral e/ou escrita), fazendo promoção e prevenção da saúde, diagnóstico, 
habilitação e reabilitação. Também tive a oportunidade de trabalhar e desenvolver 
projetos na Educação com a formação de professores, nas linhas de Saúde Vocal do 
Professor, Ensino e Aprendizagem. Ainda, desenvolvi trabalhos nas áreas de Saúde 
Mental e Ocupacional, na clínica e na pesquisa.
No ensino superior fui professor de disciplinas no curso de graduação de 
Enfermagem na URCA, Licenciatura em Ciências Biológicas e Licenciatura em 
Matemática, ambos na UFERSA. Estive coordenador adjunto no Núcleo de Educação 
a Distância UAB/UFERSA no período de 2012/2013. Atualmente, tenho como foco 
de estudo e trabalho a Fonoaudiologia Educacional, no que se refere aos temas: 
Educação Inclusiva, Voz Profissional e Educação a Distância. 
SUMÁRIO
UNIDADE I 
- HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIALCONCEPÇÕES SOCIOCULTURAIS DA ERA PRIMITIVA À IDADE MÉDIA 13
CONCEPÇÕES SOCIOCULTURAIS NA MODERNIDADE 15
RETROSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL 15
OS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA SOCIEDADE 
CONTEMPORÂNEA 18
• Paradigma da exclusão 18
• Paradigma da integração 19
• Paradigma da inclusão 20
UNIDADE II
- PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
DOCUMENTOS INTERNACIONAIS E SUA INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL DO BRASIL 27
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA 
DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 34
• Atendimento educacional especializado 34
A DEFICIÊNCIA EM NÚMEROS 37
UNIDADE III
- PREMISSAS DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
A ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA PARA 
ABRIGAR AS DIFERENÇAS 41
PROJETO DE ESCOLA – QUE ESCOLA 
QUEREMOS PARA NOSSA COMUNIDADE? 44
INTERDISCIPLINARIDADE E TECNOLOGIAS 
NO CENÁRIO EDUCACIONAL 45
• Refletindo sobre Interdisciplinaridade 45
• E as tecnologias... 48
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS 51
I HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
Nesta unidade, abordaremos a Educação Especial na perspectiva da 
Educação Inclusiva numa visão histórica, descrevendo características de 
determinadas sociedades ou comunidades, dentro de um espaço e tempo 
determinados, de acordo com a historiografia tradicional. Sabemos, 
entretanto, que em uma abordagem de historiografia contemporânea, os 
acontecimentos e concepções não se deram de forma linear, temporal e 
espacial tão bem definidas.
O propósito desta unidade é fornecer uma visão global de como as 
pessoas com deficiência e necessidades educacionais especiais foram 
tratadas, consideradas ou desconsideradas ao longo de séculos, sendo 
que ainda hoje podemos encontrar práticas de extermínio, de segregação, 
de integração e de inclusão em diversos segmentos da sociedade.
Queremos que você perceba principalmente o panorama atual da 
Educação Especial numa perspectiva inclusiva, em contraponto aos 
modelos de educação que contemplavam os paradigmas da segregação e 
da integração.
Desta forma, temos como objetivos:
• Estudar as concepções socioculturais desde a era primitiva até a 
modernidade;
• Fazer uma retrospectiva da Educação Especial no Brasil;
• Conhecer os paradigmas da educação especial na sociedade 
contemporânea.
I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Concepções socioculturais 
da era primitiva à Idade Média
UN 01
A história da humanidade é marcada por mudanças e transformações constantes. Consequentemente, 
nossas concepções são modificadas nos redefinindo enquanto sujeitos sociais dentro de uma estrutura 
política, econômica e religiosa. À medida em que a natureza é explorada e as relações sociais são 
constituídas, molda-se uma nova organização coletiva.
Nesse sentido, as épocas históricas se caracterizam por suas concepções e ideias em torno do próprio 
ser humano e do bem estar da sociedade que se constitui de regras e de convenções sociais. Tendo em 
vista esse comportamento, o conceito de deficiência e as formas socialmente aceitáveis de lidar com ela 
também sofreram transformações históricas, influenciadas pelos diversos contextos e práticas sociais, por 
razões econômicas, culturais ou religiosas.
Para compreendermos melhor como se deu a evolução histórica da deficiência, e seus conceitos ao 
longo de diversos períodos, iremos mergulhar no contexto de espaço, tempo e cultura, demonstrando o 
comportamento social frente à deficiência no mundo, bem como as transformações das concepções no 
âmbito da família e da educação. Logo, poderemos observar como o conceito e a ideia de deficiência foi se 
formando e se transformando em nossa sociedade e está arraigado em nós mesmos, nascendo como um 
sentimento de medo, passando pelo sentimento de compaixão até chegar à tão discutida inclusão social, 
defendida por muitos estudiosos e profissionais da área da educação especial na atualidade.
Ao nos reportarmos ao mundo primitivo, podemos observar que a comunidade se organizava de maneira 
coletiva numa perspectiva de sobrevivência, extraindo seu sustento da natureza. Naquele contexto, todos 
os membros dessa comunidade tinham que participar da subsistência do grupo e, dessa forma, ser 
deficiente era não ter condições de assegurar seu próprio sustento, e, consequentemente, do grupo, sendo 
visto pela comunidade primitiva como um ser incapaz. Na perspectiva daquela sociedade, este tinha que 
ser eliminado.
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃOPE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Com a mitologia, concepções éticas e morais foram empregadas nas relações sociais, dando ao 
deficiente a condição de um ser com espírito, eliminando o extermínio. Eles passam agora a ser 
abandonados à própria sorte ou trancafiados. Essa segregação era praticada por seus próprios 
familiares que, dependendo do seu poder aquisitivo, poderiam ainda, ignorá-los ou escondê-los da 
sociedade.
Na civilização egípcia, pregava-se o ensinamento e a aprendizagem de que o deficiente não tinha como 
ser útil aos interesses do Faraó. Já na civilização 
hebraica, iniciou-se a propagação das doutrinas 
que contribuíram para a organização da sociedade 
com a diferenciação de papéis sociais e nesse 
cenário o deficiente estava excluso da sociedade. 
Na civilização grega, havia uma divisão entre o 
culto ao corpo físico e a valorização intelectual, 
sendo duas ideologias bastante defendidas, as 
quais segregavam o deficiente em função da sua 
incapacidade de corresponder a essas expectativas.
Durante a Idade Média, esse ser de espírito 
(deficiente) fica a mercê das doutrinas e dogmas 
cristãos que passam a ser administrados pela igreja 
sobre uma ideologia cristã, a qual considerava os 
deficientes como sendo criaturas de Deus, vindo a 
despertar na sociedade sentimentos de compaixão, 
tolerância e caridade. Essa ideologia ainda passava 
a ideia de que a deficiência era predestinação 
divina, sendo esse sujeito digno da boa ação da sociedade. Com isso, o deficiente 
passa a conviver com seus familiares, andar nas ruas, sendo assistido com alimentação. Alguns serviam de 
diversão ou de espécie de amuleto da sorte para algumas aldeias contra maldições ou pecados coletivos.
Aos poucos, a Idade Média foi dando espaço para as novas concepções que vinham surgindo, devido 
Na Antiguidade, período que se inicia com a invenção da escrita (cerca de 400 a 3500 a.C.) e vai até a queda 
do Império Romano do Ocidente (476 d.C) iremos ter como base de estudo o mundo oriental, as sociedades 
egípcia, hebraica, grega e romana. Com o início dessa nova era, a vida comunitária e de subsistência abre 
espaço para uma sociedade constituída por divisões de papéis sociais, preocupando-se com questões 
econômicas e políticas que trazem como consequência a opressão e a desigualdade. Portanto, as pessoas 
que apresentassem alguma deficiência eram abandonadas pelos seus próprios familiares ou eliminados 
e/ou sacrificados por membros da sociedade. Dessa maneira, o destino do deficiente variava de acordo 
como as concepções da sociedade em que vivia, oscilando entre duas vertentes: o divino e o demoníaco.
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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a achados científicos e à ascensão da burguesia. Ideias liberais foram moldando a sociedade da época 
baseadas no acúmulo de capital, surgindo um regime capitalista e com ele, a Idade Moderna. 
EXERCÍCIO PROPOSTO
1. Após assistir ao filme, faça um texto dissertativo acerca do tratamento dado às pessoasconsideradas 
“anormais” para os padrões da época. Procure fazer relação com o que aprendeu até agora nesta disciplina 
e com demais leituras que tenha feito sobre a temática.
DICA DE FILME
O CORCUNDA DE NOTRE DAME 
Sinopse: Dirigido por Peter Medak, contracenado 
por Salma Hayek, Mandy Patinkin, Richard Harris, 
foi produzido em 1997, e conta a história de 
Quasímodo que vive na catedral de Notre Dame, 
perseguido e incompreendido pelo povo. Idade 
Média, Paris. 
O corcunda Quasímodo (Mandy Patinkin) mora em 
uma das torres da catedral Notre 
Dame. Isolado e incompreendido 
pelo povo da época, ele se se 
esconde do mundo, vivendo 
como um pária. Durante um 
passeio pelo mundo exterior, ele 
se apaixona pela cigana Esmeralda (Salma Hayek), uma jovem perseguida 
pelo sacerdote Dom Frollo (Richard Harris).
Concepções socioculturais na modernidade
UN 01
Essa nova sociedade, marcada pelo renascimento, traz uma representação social da construção da 
verdade por meio do homem, contrapondo-se a todas às ideologias anteriores. 
Nesse período, a medicina resolve estudar o deficiente mental a partir do conhecimento das ciências 
naturais, o que não alivia a discriminação ou modifica a representação do deficiente na sociedade, pois 
continuavam sendo segregados, só que agora em hospícios ou asilos sobre a tutela do estado, aliviando a 
família e a sociedade da sua presença incômoda e ameaçadora.
Assim, nessa nova era histórica, o trabalho passa a ser 
condição natural do sujeito, sendo que a representação 
social do deficiente está relacionada com a 
improdutividade, sendo considerado uma ameaça ao 
sistema. Por isso, o deficiente se afasta do convívio 
social, ficando sobre a tutela do Estado e à filantropia. 
Segundo Fonseca (1995, p.9), “esta realidade obscura, 
tênue, sutil e confusa procura de alguma forma, afastar 
ou excluir os indesejáveis, cuja presença ofende, 
perturba e ameaça a ordem social de um sistema”. 
Portanto, ao observarmos o comportamento da 
sociedade no decorrer da história, no que diz 
respeito às suas concepções religiosas, econômicas 
e culturais, podemos verificar que a deficiência foi 
objeto de exclusão, discriminação e marginalização, 
corroborado por diversas práticas sociais. cec
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃOPE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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EXERCÍCIO PROPOSTO
1. Segundo Castel (1997) existem três formas qualitativas de exclusão. Pesquise sobre elas, definindo-as 
e, em seguida, relacione-as às épocas históricas estudadas.
Retrospectiva da 
Educação Especial no Brasil
UN 01
Pretende-se aqui traçar um pouco da história da deficiência no Brasil, direcionando nosso olhar para 
uma realidade complexa e dinâmica que perpassou por todos os paradigmas da história da deficiência, 
porém com outra temporalidade e nem sempre com a mesma intensidade. Logo, diferentemente do 
que aconteceu nos países europeus e norte-americanos, no Brasil a história da deficiência não tem sua 
trajetória bem definida e associada aos movimentos internacionais da época por se dar um pouco mais 
tardiamente, e pouco sistematizada em registros e literatura.
Ao traçarmos um paralelo da história da deficiência do Brasil em relação aos países desenvolvidos, 
podemos constatar um gap no tempo, pois enquanto o paradigma da exclusão se estendeu até no 
século XVII nesses países, no Brasil perdurou até o início da década de 50. Segundo Mendes (1995) 
e Dechichi (2001), não existia nenhum interesse pela educação das pessoas consideradas idiotas e 
imbecis, persistindo, desse modo, a era da exclusão; enquanto isso, outros países já viviam o paradigma 
da segregação (séculos XVIII e XIX).
A atenção educacional ao deficiente inicia-se no Brasil com a criação do “Instituto dos Meninos Cegos” 
(hoje “Instituto Benjamin Constant”) em 1854, e do “Instituto dos Surdos-Mudos” (hoje, “Instituto 
Nacional de Educação de Surdos – INES”) em 1857, ambos na cidade do Rio de Janeiro, por iniciativa do 
governo Imperial; pois antes dessa época a educação no Brasil era voltada para os filhos de famílias de 
classe econômica distintas e realizada por meio de tutores. Tal iniciativa foi importante para provocar 
reflexões e conscientização sobre a educação no país, porém a demanda era muito superior à oferta de 
vagas (MAZZOTTA, 1996).
Dessa maneira, a Educação Especial no Brasil se caracterizou por ações isoladas e de iniciativa privada 
ou filantrópicas, merecendo destacar a Sociedade Pestalozzi criada em 1945. Por outro lado, havia uma 
maior preocupação com reformas na educação de pessoas consideradas normais, como: a expansão do 
ensino primário, secundário e a fundação da Universidade de São Paulo entre as décadas de 30 e 40.
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Na década de 50, enquanto o panorama mundial discutia a qualidade dos serviços educacionais, o Brasil 
criava classes e escolas especiais nas escolas públicas e incentivava financeiramente escolas especiais 
comunitárias e sem fins lucrativos, chegando em 1967 um quantitativo de 16 Pestalozzi e já em 1962 
com também 16 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAEs distribuídas por todo o país.
Em 1957, o governo federal inicia uma atenção ao deficiente sem se tratar ainda de uma política 
instituída em âmbito nacional, criando campanhas voltadas às especificidades como por exemplo: a 
Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro, a Campanha Nacional da Educação e Reabilitação do 
Deficiente da Visão (1958) e a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais 
(1960). Com isso, ocorreu uma maior expansão do número de classes especiais no serviço público por 
todo o país.
Na década de 70, os países desenvolvidos traziam a discussão sobre o paradigma da integração dos 
deficientes na sociedade, enquanto que no Brasil acontecia o movimento de institucionalização da 
Educação Especial como política pública, dando origem ao Centro Nacional de Educação Especial 
(CENESP), em 1973.
A prática da integração social teve grande impulso nos anos 80, principalmente nos países desenvolvidos, 
devido à luta pelos direitos dos deficientes, movimento similar no Brasil com as lutas sociais da 
população marginalizada. Nesse sentido em 1988 a Constituição Federal, em seu artigo 208, estabelece 
a integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando o atendimento aos indivíduos que 
apresentam deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. 
Nos anos 90, começaram as discussões em torno de um novo modelo de atendimento escolar 
denominado de inclusão, que nada mais foi uma reação contrária ao processo de integração. No intuito 
de reforçar a obrigação do país em promover a educação, em 1996, é publicada a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional - 9.394/96 que traz uma expansão de oferta da educação especial na faixa 
etária de zero a seis anos, criando-se uma ideia de qualidade nos serviços educacionais para alunos. 
Além disso reafirma a necessidade do professor estar preparado e com recursos adequados de forma a 
compreender e atender à diversidade dos alunos.
Portanto, para que o processo de inclusão possa ser efetivado na sua prática, as diferenças devem ser 
repeitadas, sendo necessário uma nova concepção de escola, de aluno, de ensino e de aprendizagem, 
lidando com a heterogeneidade nas mais diversas interações humanas.
DIRETRIZES NACIONAIS PARA 
A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA 
EDUCAÇÃO BÁSICA
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃOPE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Os paradigmas da Educação 
Especial na sociedade contemporânea
UN 01
“[...] cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende 
e interpreta a partir do mundo que habita”. 
Boff (1997, p. 9-10)
Passemos agora a tratar de caracterizar mais um momento histórico de exclusão, o que nos leva a 
concluir que o contexto econômico, político, social e religioso interferem em nossas formas de conceber 
os diversos processos, sejam eles de exclusão, de integração ou de inclusão.
A educação na era moderna foi influenciada pelas ideias do Positivismo e do Liberalismo, constituindo 
um modelo de atendimento educacional para Educação Especial. Dessa forma, preocupava-se em 
quantificar, dividir e classificar as capacidades e comportamentos dos sujeitos, além de reduzir a 
complexidade das dificuldades de aprendizagem, rotulando o sujeito como deficiente, excluindo-os do 
convívio social, considerando-os como um fenômeno a ser estudado por protocolos validados que se 
baseavam nas teorias das ciências exatas e naturais.
Contudo, a deficiência assume o papel de doença, surgindo com isso, a Pedagogia Curativa que se baseava no 
modelo médico com práticas educativas, técnicas e instruções para corrigir as desarmonias e inadaptações 
próprias da deficiência. Para Aranha (2001), as instituições asilares e de custódia eram ambientes segregadores, 
recebendo a denominação de Instituições Totais. Elas fizeram parte do primeiro paradigma formal adotado na 
caracterização do deficiente pela sociedade: o paradigma da institucionalização. As instituições passaram a ser 
responsáveis por abrigar os deficientes. Tal forma de intervenção foi muito questionada, ao contrário do que 
ocorria nas décadas antes, quando este modelo era aceitável e até encorajado pela sociedade. 
Os resquícios deste paradigma ainda se fazem presentes no contexto educacional, quando rotula os 
sujeitos, trata-os de maneira homogênea, segregando-os do convívio social, e organizando estruturas 
e limitações de espaço. A partir deste posicionamento, impede-se que ocorram práticas educacionais 
emancipatórias, que valorizam estes indivíduos e os levam à conquista da autonomia.
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Por volta do final da década de 70 e início dos anos 80, especificamente no Brasil, o paradigma da 
exclusão perde terreno para a ideia de integração, devido à sociedade, nessa época, já apresentar 
uma visão totalitária de mundo, visão essa, adquirida com o advento da globalização, passando a não 
fragmentar mais as ciências, vendo o ser humano como um todo. Nesse sentido, esse novo paradigma 
trouxe novas reflexões sobre a Educação Especial, caracterizando-se como um novo modelo educacional 
e começa a discutir a integração do deficiente no sistema de educação regular, porém sem se firmar 
como política pública, pois ainda havia necessidade de mudança de conceito e atitudes frente às pessoas 
com necessidades especiais, seja por parte da família, da escola e/ou sociedade.
A realidade da escola nessa época era de: medo e falta de conhecimento em desenvolver um trabalho 
pedagógico voltado para esse tipo de público; falta de materiais, recursos e espaço físico adequados; 
falta de assessoria e apoio técnico; dificuldade de credibilidade na aprendizagem dos alunos com 
necessidades educacionais especiais; ideia de integrar ao espaço e não ao currículo, e a prática da 
pedagogia do afeto, carinho e compaixão.
Paradigma da integração
De acordo com Ferreira e Guimarães (2003, p. 112), o princípio da normalização, no contexto escolar, 
pode ser caracterizado como um processo onde ocorre: “a colocação seletiva do indivíduo com 
necessidades especiais na classe regular. Nesse caso, o professor não precisaria receber um suporte da 
área de educação especial. Os alunos submetidos ao processo de normalização precisariam demonstrar 
que são capazes de permanecer na classe normal”. 
Desta forma, os educandos com deficiência ou com necessidades educacionais especiais teriam que se 
adequar à instituição escolar, e esta é apresentada e percebida pelo aluno com deficiência como uma 
instituição inflexível.
Segundo estudo de autores como Mantoan, Ferreira, Pessotti, Fonseca e Carvalho, esse paradigma não 
se consolidou, ficando situado nas discussões que giravam em torno da Educação Especial, devido à 
realidade que as escolas apresentavam. O que ocorreu, na verdade, foi que o deficiente teve as portas das 
escolas regulares abertas, conforme a garantia dos direitos assegurados pela lei. Com isso, o deficiente 
adentrou na sala de aula de ensino regular, tendo que se ajustar ao padrão curricular que considerava 
a aprendizagem um processo de iguais, tendo que vencer dificuldades e barreiras constantemente, 
impostas pela própria escola.
A integração, considerando o ambiente educacional, defende a inserção de alunos com necessidades 
especiais nas escolas regulares. Entretanto, esta inserção não se dá de forma qualitativa e benéfica ao 
desenvolvimento dos educandos, uma vez que se fundamentava no processo de normalização.
De acordo com Brasil (1994, p. 22), o conceito de normalização é considerado o: 
Princípio que representa a base filosófico-ideológica da integração. Não se trata de normalizar 
as pessoas, mas sim o contexto em que se desenvolvem, ou seja, oferecer, aos portadores de 
necessidades especiais, modos e condições de vida diária o mais semelhantes possível às formas 
e condições de vida do resto da sociedade. (PNEE, 1994)
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃOPE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Pesquisadores de diversas áreas e educadores têm se debruçado a estudar este tema cuja relevância 
é bastante discutida, pois tratam da inserção de alunos com deficiências e necessidades educacionais 
especiais, sejam elas permanentes ou temporárias, nas instituições de ensino regular. Muitos destes 
estudiosos trazem elementos de análise dos modelos de educação ofertados de estratégias adotadas 
pelos docentes, das políticas públicas para fomentar a formação docente, dentre outros extremamente 
importantes para refletirmos sobre uma educação qualitativa.
Como já estudamos nesta disciplina, num tempo não muito distante, os deficientes eram excluídos da 
sociedade, não sendo atribuídas a eles quaisquer atividades, pois eram tidos como inaptos. Naquele 
contexto, eram negados a eles direitos básicos como o direito a uma educação de qualidade e a 
oportunidade de convívio social, tão importante para o desenvolvimento do ser humano. Com o decorrer 
dos tempos, seu atendimento, tratamento e educação eram oferecidos em instituições residenciais e 
escolas especiais, atendimento este que, mesmo recebendo atenção especializada, caracterizava-se como 
segregado, pois se encontravam isolados dos demais educandos. Os educadores das escolas especiais 
também se encontravam distantes e sem oportunidade de convívio com educandos não deficientes e 
com os professores da escola regular.
Paradigma da inclusão
EXCLUSÃO
INTEGRAÇÃO
INCLUSÃO
SEGREGAÇÃO
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PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Na década de 70, constatamos o surgimento da concepção de integração, visando à mudança do paradigma 
excludente a que eram submetidas as pessoas com deficiência. Assim, aquele movimento objetivava a 
inserção destas pessoas deficientesem diversas instituições sociais, a saber: familiar, de trabalho, de lazer 
e escolar, apresentando-se como uma alternativa mais humana que a institucionalização anteriormente 
vivenciada, já que essa segregava, separava e classificava as pessoas devido a suas “imperfeições”, 
“defeitos” e “anomalias”. De acordo com Ferreira e Guimarães (2003, p. 109), “era preciso modificar 
(habilitar, reabilitar, educar) a pessoa com deficiência, a fim de torná-la apta a satisfazer os padrões 
aceitos no meio social (familiar, escolar, profissional, recreativo, ambiental)”.
O paradigma da integração tinha como modelo a concepção médico-terapeuta ou médico-hospitalar, 
pois concebia as pessoas com deficiência como pacientes, eram considerados incapazes e estabelecia 
uma relação de total dependência de seus familiares ou de seus professores. 
Ao pesquisar a respeito desta temática, você irá perceber que os sistemas educacionais inclusivos 
vêm se desenvolvendo com avanços, desafios e resistências em nossa sociedade. Os conceitos sociais 
de classificação e de homogeneização resultam de uma história marcada por rejeição, isolamento 
e segregação, principalmente em relação às pessoas com deficiência, transtornos globais de 
desenvolvimento, altas habilidades e/ou superdotação. Para trabalhar estas questões, precisamos estar 
atentos às barreiras com as quais se deparam estes alunos. 
A partir deste novo paradigma, a instituição que se pauta pela inclusão compreende a aceitação da 
diversidade, na vida em sociedade, o que representa garantia do acesso de todos a todas as oportunidades, 
independentemente das peculiaridades de cada indivíduo e/ou grupo social.
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I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA: DO SACRIFÍCIO À INCLUSÃO SOCIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃOPE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Para que a igualdade de oportunidade seja real, faz-se necessário colocar em foco o princípio da equidade, 
pois as pessoas são diferentes, apresentam necessidades diversas, porém têm direitos iguais.
Para Mrech (2010, p. 04)
 “O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa atender ao máximo a 
capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular. Envolve fornecer o 
suporte de serviços da área de educação especial através dos seus profissionais. A inclusão é um 
processo constante que precisa ser continuamente revisto”. 
Desta forma, a instituição inclusiva atua numa perspectiva de inclusão social e de atendimento das 
necessidades específicas dos educandos com deficiência. Esta é a defesa dos direitos de todos à educação, 
resultado de lutas sociais empreendidas pelas minorias e seus representantes em função do exercício 
dos seus direitos enquanto cidadãos ativos e participativos da sociedade. 
Para Sassaki (1997), a sociedade precisa ser modificada, visando atender às necessidades de seus 
membros. Assim, cabe à instituição educacional trabalhar para eliminar as diversas barreiras que 
privam estes sujeitos do convívio social, através da oferta de uma educação de qualidade de fato, 
não apenas através de normas jurídicas. Ou seja, tratar com igualdade não se refere à instituição de 
privilégios, e sim, à disponibilização das condições exigidas pelas peculiaridades individuais na garantia 
das oportunidades.
Numa instituição escolar que respira inclusão, parte-se da premissa de que todos e todas são capazes de 
aprender. Para tanto, é necessário que lhes sejam oferecidas as condições necessárias para tal intento 
e um ambiente favorável e sem restrições, levando-se em conta suas características e potencialidades. 
Assim, todos podem atingir o desenvolvimento pleno.
Além disto, para que a sociedade e suas instituições formais possam desenvolver ambientes acolhedores 
e de fato inclusivos, é necessário que a proposta da educação inclusiva esteja baseada em princípios e 
leis que reconhecem a necessidade de uma educação de qualidade para todos. Se antes, num passado não 
muito distante, o aluno com deficiência e o aluno com necessidades educacionais especiais precisavam se 
adequar à escola que se apresentava a eles, de forma que eles deveriam atingir os padrões de normalidade 
de desenvolvimento dos demais alunos, hoje o quadro mudou. É necessário, em primeiro lugar, que haja 
uma grande transformação da escola para receber o aluno com necessidades especiais, que vai além da 
modificação espacial. E, em segundo plano, a formação inicial e continuada do professor deve ser o foco 
principal das políticas públicas, pois este, o professor, é o principal agende de transformação de diversas 
práticas que podem desconstruir a realidade dura de uma escola que segrega, que rotula e que exclui, 
seja através das atitudes, seja através de práticas culturais ultrapassadas.
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PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Pardal (2001, p. 84) corrobora o importante papel do professor no cenário em discussão, pois para ele:
“Toda mudança na educação escolar passa, entretanto, pelos professores e pelos seus papéis. São 
eles que, em última instância, interpretam, na escola e na sala de aula, os modelos de gestão, a 
organização da escola, as vias de formação, os currículos”.
Sobre este aspecto, Mantoan (2003, p.21) conclui: “conquanto tenham significados semelhantes, são 
empregados para expressar situações de inserção diferentes e se fundamentam em posicionamentos 
teórico-metodológicos divergentes”. O primeiro está focado no indivíduo e em suas deficiências ou 
necessidades específicas, sendo que o segundo foca as deficiências e necessidades da instituição escolar, 
as quais se constituem em barreiras e podem impedir que ocorra o desenvolvimento do estudante, seja 
ele um indivíduo com ou sem deficiência, com ou sem necessidades educacionais especiais.
Ao longo desta disciplina, trabalharemos o conceito de barreiras, descobriremos juntos os diversos tipos 
de barreiras existentes na escola e na sociedade, construindo um aprendizado significativo em torno de 
práticas educativas inclusivas, pois somente após a identificação das barreiras é que podemos tomar 
medidas institucionais, visando à sua eliminação ou minimização, quando for o caso. Nesta perspectiva, 
Carvalho (2007, p. 172) ressalta que: 
“Temos uma longa trajetória e boas razões para unir nossos esforços, discutir nossas ideias, 
buscando alternativas que nos permitam entrar no novo século com perspectivas mais otimistas 
em relação às respostas educativas de nossas escolas para todos”.
Como podemos observar, nesta unidade, abordamos a educação especial e inclusiva numa perspectiva 
histórica, explorando características de determinadas sociedades ou comunidades, dentro de um 
espaço e tempo determinados pela historiografia tradicional. Contudo, sabemos que os acontecimentos 
e concepções não se deram de forma linear, temporal e espacialmente bem definidas. Logo, tentamos 
fazer neste capítulo, foi dar uma visão global de como as pessoas com deficiência e com necessidades 
educacionais especiais foram tratadas, consideradas ou desconsideradas ao longo de séculos, sendo que 
ainda hoje podemos encontrar práticas de extermínio, de segregação, de integração e de inclusão em 
diversos grupos humanos.
EXERCÍCIO PROPOSTO
1. Pesquise um ou mais artigos científicos nas bases de dados (lilacs. Medline, scielo), trazendo diferentes 
perspectivas da inclusão e elabore uma apresentação para socializar com seus colegas em sala.
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GLOSSÁRIO
Paradigma – Esta noção filosófica foi introduzida por Thomas Kuhn e é utilizada por ele de duas formas 
principais e complementares.Em um primeiro momento, refere-se a um quadro de crenças, valores, 
técnicas e instrumentos comuns aos membros da mesma comunidade científica. Em um segundo momento, 
designaria um tipo de resultado particular que se torna exemplar e constitui um modelo a partir do qual 
os cientistas acabam por trabalhar. No caso desta disciplina, optamos por adotar o primeiro sentido, pois 
queremos caracterizar o tratamento e a importância que cada grupo humano, em determinados espaços 
temporais, conferiu às pessoas com deficiência e com necessidades educacionais especiais.
Concepções – Palavra originária do latim “conceptio”. Significa a capacidade de perceber e compreender as 
coisas, fatos e acontecimentos. Nossas concepções estão atreladas à nossa forma individual de enxergar, sentir 
ou compreender, o que nos possibilita dar uma opinião a respeito de determinado assunto. Deste modo, as 
concepções passam pelo conhecimento de temas, pela apreensão das ideias e pela formação de opinião. Neste 
ponto, adquirimos nossas próprias concepções. Neste contexto, a expressão significa a percepção e a maneira 
de conceber ou julgar algo; conceito ou noção em relação a determinado fato. Observe-se que as concepções 
são formadas no convício social, mudando de grupo para grupo e sofrendo influência com o decorrer do tempo.
Burguesia – Caracteriza-se por representar a classe social dominante no sistema capitalista, por possuir ou 
dispor de meios de produção. Compreende, portanto, um grupo de pessoas relativamente abastadas, sem 
exercer atividade remunerada para sua subsistência.
Renascimento – Período da história da Europa marcado por muitas transformações em diversas áreas. 
Caracterizou-se pelo final do feudalismo e nascimento do capitalismo, rompendo com as estruturas medievais. 
O novo período foi representado pelas artes, pela Filosofia e pela ciência, retomando o ideal humanista e 
naturalista, tendo seus referenciais na antiguidade clássica. Para alguns autores, o Renascimento ficaria 
circunscrito à cultura italiana do período.
Positivismo – Engloba diversos significados. Para Augusto Comte, o Positivismo está intimamente ligado 
a uma interpretação das ciências e a uma classificação do conhecimento, desenvolvida na segunda fase da 
carreira de Comte. Surgiu das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade 
industrial, processos que deflagraram a Revolução Francesa (1789-1799).
Liberalismo – Compreendeu o período entre a guerra civil inglesa e continuou após o fim da guerra fria, 
abrangendo os últimos quatro séculos. Caracterizou-se como uma filosofia política que defende a liberdade 
individual nos campos religioso, político, econômico e intelectual, defendendo o direito da não agressão, o 
direito de propriedade privada e da supremacia do indivíduo contra as atitudes opressoras do poder estatal. 
A promoção e expansão dos mercados livres, a liberdade de expressão, bem como os modelos de organização 
política baseados em constituintes são heranças deste movimento.
Globalização – É um fenômeno capitalista, tido com um dos mais complexos, que se iniciou na era dos 
descobrimentos e se desenvolveu a partir da Revolução Tecnológica. É marcado pela expansão do comércio, 
das comunicações e da aproximação de pessoas em escala global. É responsável pelo incremento do mercado 
financeiro e de serviços. As fronteiras entre os países desapareceram. Desta forma, há autores que veem esta 
situação como danosa para a identidade das localidades em detrimento da valorização do global.
Interdisciplinaridade - Vocábulo dividido em: Inter – prefixo latino que significa posição ou ação 
intermediária, reciprocidade, interação; Disciplina – significa episteme/ramo do conhecimento; Dade – sufixo 
latino que significa qualidade, estudo, modo de ser. Assim, interdisciplinaridade expressa a recuperação da 
totalidade da produção do conhecimento em função de um objeto comum. Neste sentido, ela expressa ainda 
a conjunção do coletivo em direção à construção de um projeto único entre as áreas de conhecimento.
Multidisciplinaridade – Várias disciplinas trabalhando juntas sem conversar entre si;
Complexidade - É uma noção utilizada em Filosofia, Epistemologia, Linguística, Pedagogia, Matemática, 
Química, Física, Metereologia, Estatística, Biologia, Sociologia, Economia, Arquitetura, Medicina, Psicologia, 
Ciência da Computação ou Tecnologia da Informação. A definição varia significativamente segundo a área 
de conhecimento. Frequentemente, é também chamada Teoria da Complexidade, Desafio da Complexidade 
ou Pensamento da Complexidade. Trata-se de uma visão interdisciplinar acerca dos sistemas complexos 
adaptativos, do comportamento emergente de muitos sistemas, da complexidade das redes, da teoria do caos, 
do comportamento dos sistemas distanciados do equilíbrio termodinâmico e das suas faculdades de auto-
organização. Este movimento científico tem gerado uma série de consequências não apenas tecnológicas, 
como também filosóficas. O uso do termo complexidade é, portanto, ainda instável e na literatura de 
divulgação frequentemente ocorrem usos muito distantes do contexto científico. 
II PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Nesta segunda unidade, iremos conhecer e discutir os processos, 
a política e como o sistema da Educação Especial se constituiu no 
tempo, tanto em nível internacional, quanto nacional. Dessa forma, 
analisaremos os documentos internacionais, considerados marcos legais, 
e sua influência nas decisões governamentais brasileiras para a criação 
e implementação da Política Nacional de Educação Especial em nosso 
país, na perspectiva da Educação Inclusiva que temos hoje.
A atual unidade tratará, portanto, dos seguintes temas:
• Documentos internacionais e suas influências na Educação Especial do 
Brasil;
• Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação 
Inclusiva;
• A deficiência em números.
Logo, constataremos numa perspectiva inclusiva, a importância de tais 
marcos legais, suas conquistas e avanços na prática educacional e social, 
a partir da análise da deficiência em números, projetando os desafios 
futuros para a consolidação dessa política. Sendo assim, procuraremos 
alcançar nesta unidade os seguintes objetivos:
• Estudar e pesquisar o histórico documental da Educação Especial;
• Compreender os conteúdos das convenções, leis, decretos e portarias, 
relacionando com nossa prática diária no que refere à educação e à 
sociedade;
• Ampliar os conhecimentos teóricos e metodológicos acerca das 
atividades e leituras sugeridas;
• Refletir sobre as práticas e ações educacionais inclusivas garantidas 
por leis com as que observamos na escola, a fim de contribuir para a 
efetivação e melhoria da educação.
II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Documentos internacionais e sua 
influência na Educação Especial do Brasil
UN 02
Ao analisarmos o percurso histórico e social da deficiência na unidade 
anterior é possível constatarmos que as ideias dominantes sobre as 
pessoas com deficiência, se pautaram em pressupostos excludentes, 
requerendo novas leis para assegurar direitos a minorias, as quais já 
tinham esses direitos garantidos dentro de uma ótica universal e igualitária 
como cidadão. Essa ideia nos leva a refletir sobre como a sociedade 
compreende o “diferente” e como ela própria construiu culturalmente 
respostas a essas diferenças, nos permitindo entender seus modos de 
organização e estruturação de leis, papéis, políticas, trabalho, etc.
Pensando nisso, nos reportamos à educação como um direito 
universal, o qual foi consagrado na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH), em 1948 pela Organização das Nações 
Unidas (ONU), que em seu artigo 26, retrata a educação como um 
direito comum a todos de forma gratuita e obrigatória, ao menos no ensino elementar fundamental.
Numavisão de expansão, visando garantir o direito a educação à todos, a ONU em 1959, reitera a DUDH 
com a proclamação da Declaração dos Direitos da Criança (DDC), que vem garantir às crianças, como 
sujeitos de direitos, a educação gratuita e compulsória no grau primário, necessitando de cuidados 
especiais e proteção em função da sua imaturidade física e mental.
Ao prosseguir as lutas pelos direitos sociais e de educação pelos países membros da ONU, surgem os 
movimentos pelos direitos dos deficientes que inclui a educação. E a ONU, mais uma vez, em 09 de dezembro 
de 1975, aprova a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (DDPD), dispondo sobre o 
direito a tratamento médico, psicológico e 
fundamental (...), à reabilitação médica e 
social, educação, treinamento vocacional e 
reabilitação, assistência, aconselhamento, 
serviços de colocação e outros serviços que lhes 
possibilitem o máximo desenvolvimento de 
sua capacidade e habilidades e que acelerem 
o processo de sua integração social.
O Brasil apesar de ser signatário de ambas as declarações, passou a considerar a educação como um 
direito social, porém não possuía obrigação formal de garanti-la a todos os brasileiros e crianças. Foi 
somente em 1988, com a promulgação da Constituição Federal que a Educação Fundamental passa 
a ser garantida como um direito de todos, sendo dever do Estado prestar esse direito social, garantido 
constitucionalmente, o qual passa a ser passível de responsabilização quando ao não cumprimento.
O direito à educação para todos significa que todos estarão preferencialmente na escola regular, a 
qual terá que disponibilizar um ensino baseado nos princípios de “igualdade de condições de acesso e 
permanência na escola”, pois segundo o Artigo 208, inciso III, da nossa Constituição Federal aponta que o 
atendimento educacional especializado deve acontecer preferencialmente no ensino regular, para atender 
às especificidades dos alunos com deficiência: trabalhando para a eliminação de barreiras, fornecendo 
apoios e recursos.
Assim, deu-se continuidade aos movimentos em prol da educação em todo o mundo, os quais resultaram 
em declarações, leis, decretos e portarias, o que não quer dizer que tais melhorias se concretizassem na 
prática. Dessa forma, nos anos 60, eclodem os movimentos dos pais de crianças que não tinham direito 
às escolas regulares, surgindo assim, as escolas especiais e mais tarde as classes especiais dentro das 
escolas comuns. Logo, o sistema educacional passou a funcionar com dois subsistemas paralelamente e 
sem ligação um com o outro: o sistema regular e o sistema especial. Ainda nesse período, surgiu o conceito 
de integração, estudado na unidade anterior, apontando a inserção dos educandos com deficiência nas 
escolas, como algo que deve ser corrigido ou tratado, a fim de que esses possam fazer parte da sociedade.
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II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
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Dessa forma, foi criada a Lei nº 7.853/89 que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de 
deficiência e a sua integração social, sob a Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora 
de Deficiência (CORDE), e reforça a responsabilidade do poder público e de seus órgãos em 
assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos. As 
principais medidas apontadas por essa lei, no seu artigo 2º, parágrafo único, Item I, para a educação 
foram:
• Inclusão da Educação Especial no sistema educacional como modalidade educativa que abranja 
a educação precoce, a pré-escola, o ensino fundamental e o médio, a supletiva, a habilitação e 
reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;
• Oferecimento obrigatório e gratuito de programas de Educação Especial em estabelecimentos 
públicos de ensino;
• Oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial em nível pré-escolar, em unidades 
hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a um ano, 
aos educandos portadores de deficiência;
• Acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, 
inclusive material escolar, merenda escolar e bolsa de estudo;
• Matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de 
pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem ao sistema.
No ano de 1990, é estabelecida a Lei 8.069, referente ao Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), que retoma as diretrizes da Constituição de 1988, quanto à oferta do ensino fundamental, 
obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram acesso na idade própria; e do atendimento 
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de 
ensino.
No cenário mundial, a UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), 
braço direito da ONU, realizou 1994, uma Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas 
Especiais em Salamanca (Espanha) e proclamou a Declaração de Salamanca sobre Princípios, 
Política e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Nessa Declaração, salienta-se 
a relevância de acesso às escolas regulares para as crianças e jovens com necessidades educativas 
especiais, destacando-se a Educação Inclusiva como forma de combater à discriminação e como 
meio de construir uma sociedade mais solidária. Também reconhece a diversidade inerente a cada 
indivíduo e propõe que a pedagogia deve ser centrada na criança, considerando suas características, 
interesses, capacidades e necessidades.
Em 1996, no Brasil, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 – LDB, a 
qual declara que é de responsabilidade dos municípios brasileiros a universalização da educação para os 
cidadãos de zero a quatorze anos, e a Educação Especial se torna uma modalidade de ensino, deixando 
claro que a educação dos alunos com deficiência deve, preferencialmente, ser oferecida na rede regular, e 
quando necessário que se preste atendimento especializado para atender às peculiaridades da clientela 
da Educação Especial.
Além disso, essa Lei indica que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades 
especiais:
a) currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender as 
suas necessidades;
b) terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão 
do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor 
tempo o programa escolar para os superdotados;
c) professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento 
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses 
educandos nas classes comuns;
A política de integração permaneceu até meados da década de 80, quando os próprios deficientes 
organizados foram à luta em busca da garantia dos seus direitos, da valorização e respeito as suas 
diferenças, propondo a unificação no sistema de ensino.
II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
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d) educação especial para o trabalho, visando à sua efetiva integração na vida em sociedade, 
inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho 
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que 
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
e) acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o 
respectivo nível do ensino regular (Artigo 59, itens de I a V).
Nesse sentido, em 1998, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educaçãoe do Desporto 
formaliza as características das necessidades especiais:
NECESSIDADES ESPECIAIS
Superdotação
Deficiência auditiva 
Deficiência mental
Deficiência múltipla
Condutas típicas 
Deficiência física
Deficiência visual
notável desempenho e levada 
potencialidade intelectual;
perda total ou parcial, congênita ou 
adquirida, da capacidade de compreender a 
fala por intermédio do ouvido;
funcionamento intelectual geral 
significativamente abaixo da média; 
associação, no mesmo indivíduo, de 
duas ou mais deficiências primárias, 
mental/visual/auditiva/física.
manifestações de comportamento de 
portadores de síndromes e quadro 
psicológicos, neurológicos e psiquiátricos;
variedade de condições não sensoriais que 
afetam o indivíduo em termos de mobilidade, 
de coordenação motora geral ou da fala;
redução ou perda total da capacidade 
de ver com o melhor olho após a 
melhor correção ótica; 
CARACTERÍSTICAS
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que abrangem as Adaptações Curriculares (1998), as 
definem como as possibilidades educacionais de atuar em face das dificuldades de aprendizagem dos 
alunos, abrindo a possibilidade de adaptação do currículo regular tornando-o apropriado às peculiaridades 
dos alunos. Elas implicam em planejamento pedagógico e ações docentes fundamentais em critérios que 
definem: o que o aluno deve aprender, como e quando aprender, que formas de organização do ensino são 
mais eficientes para o processo de aprendizagem e como e quando avaliar o aluno.
Com a expansão na busca de garantir os direitos das pessoas portadoras de deficiência, a Organização dos 
Estados Americanos (OEA) adota, em 1999, a Convenção Interamericana para a Eliminação de todas 
as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência, aprovada na Guatemala. 
Essa convenção só foi promulgada no Brasil em 2001, tomando-a como “medidas de caráter legislativo, 
social, educacional, trabalhista ou qualquer natureza, que sejam necessárias para eliminar à discriminação 
contra as pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integração à sociedade”. Com isso, 
o Brasil reafirma seu sistema de integração social, garantindo a equidade de direitos, priorizando ações 
em todos os níveis de saúde, além de sensibilizar a população para uma futura sociedade mais inclusiva.
II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
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No Brasil, foram outorgadas as leis de nº 10.048/00 e 10.098/00 que 
estabelecem as normas gerais e critérios básicos para a promoção da 
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade 
reduzida, por meio da supressão de barreiras e obstáculos nas vias e espaços 
públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos 
meios de transporte e de comunicação. Na lei 10.098/00, é considerada 
barreira qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a 
expressão ou o recebimento de mensagens, por intermédio dos meios 
ou sistemas de comunicação, sejam, ou não, de massa (Capítulo I, Artigo 
2º, Item II, Subitem d) . Essa lei ainda fomenta programas destinados: à 
promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento e prevenção 
de deficiências, ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de 
ajudas técnicas para as pessoas portadoras de deficiência e à especialização 
de recursos humanos em acessibilidade (Artigo 21, Itens I a III). Nesse 
contexto, o Programa Brasil Acessível, do Ministério das Cidades, é desenvolvido com o objetivo de promover 
a acessibilidade urbana e apoiar ações que garantam o acesso universal aos espaços públicos.
Concomitante a esse período, em Montreal, no Canadá, acontecia a International Conference of Inclusion by 
Design, na qual foi aprovada a Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão, reconhecendo o 
acesso igualitário de todos aos espaços da vida, salientando ainda que determinados grupos necessitam 
de garantias adicionais para obtenção de acesso. Dessa forma, implementa o desenho inclusivo a todos os 
ambientes, produtos e serviços inclusive que sejam incorporados nos currículos de todos os programas de 
educação e treinamento.
A Resolução CNE/CEB nº 02/2001 instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na 
Educação Básica, manifestando o compromisso do país com “o desafio de construir coletivamente as 
condições para atender bem à diversidade de seus alunos”, o que representou um avanço na perspectiva 
da universalização do ensino e um marco da atenção à diversidade na educação brasileira, ratificando a 
obrigatoriedade da matrícula de todos os alunos, declarando:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o 
atendimento dos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições 
necessárias para uma educação de qualidade para todos”. (Resolução CNE/CEB nº 02/2001, artigo 2º).
O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca ainda que “o grande avanço que a 
década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento 
à diversidade humana”. Ao estabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o 
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, aponta um déficit referente à oferta 
de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular, à formação docente, à 
acessibilidade física e ao atendimento educacional especializado.
Nesse sentido, seguindo a perspectiva da Educação Inclusiva, a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que 
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, define 
que as instituições de ensino superior devem prever, em sua organização curricular, formação docente 
voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos 
com necessidades educacionais especiais.
Nessa trajetória inclusiva de formação, a Lei 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) 
como outro recurso de comunicação para garantir a acessibilidade comunicativa e o acesso à escola dos 
alunos surdos, incluindo a LIBRAS como disciplina curricular nos cursos de formação de professores e 
de fonoaudiologia, determinando a formação e a certificação de professores, instrutores e tradutores/
intérpretes de LIBRAS. Também em 2002, foi criada a Portaria nº 2.678/02 do MEC que aprovava as 
diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema Braille em todas as modalidades 
de ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e a recomendação para o 
seu uso em todo o território nacional.
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II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
31
Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas 
a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um 
amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do 
direito de acesso de todos à escolarização, à oferta do atendimento educacional especializado e à garantia 
da acessibilidade.
Em 2004, o Ministério Público Federal publicou o documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas 
e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para 
a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas 
turmas comuns do ensino regular. Já em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividades de Altas 
Habilidades/Superdotação (NAAH/S) em todos os estadose no Distrito Federal, são organizados 
centros de referência na área das altas habilidades/superdotação para o atendimento educacional 
especializado, para a orientação às famílias e a formação continuada dos professores, constituindo a 
organização da política de Educação Inclusiva de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede 
pública de ensino.
SAIBA MAIS
Nesse site você pode consultar a linguagem de 
sinais. Se você tem uma palavra em mente, basta 
buscar pela inicial e ver o significado, a demonstração 
em vídeo, exemplos de uso dessa palavra, a classe 
gramatical e o sinal feito com a mão. Link: http://
www.acessobrasil.org.br/libras/
A INCLUSÃO EM NÚMEROS
A EVOLUÇÃO DA POLÍTICA INCLUSIVA NAS CLASSES COMUNS DO 
ENSINO REGULAR SE MOSTRA CONSISTENTE AO LONGO DOS ANOS
Fonte: FNDE/MEC
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Matriculas em escolas especializadas e classes especiais
Matriculas em escolas regulares/classes comuns
Um marco importante na história da Educação Especial no mundo, assim como em todas as áreas, no 
que se refere aos direitos das pessoas com deficiência foi a Convenção sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência que aconteceu em 2006 em New York nos EUA. Ela contempla mais de 30 artigos que 
ratificam os direitos humanos e incorporam as necessidades das pessoas com deficiência como grupo 
vulnerável, a fim de assegurar igualdade de oportunidades com uma participação mais efetiva na 
sociedade. A convenção retrata, ainda, que os impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais 
sofridos por essas pessoas são por consequência das barreiras sociais, atitudinais e ambientais existentes 
na sociedade em que vivemos.
II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
PE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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O Artigo 2º da CDPD define alguns conceitos considerados essenciais para a compreensão da 
Convenção:
O Artigo 24 defende a educação inclusiva do ensino infantil ao ensino superior, treinamento profissional 
e educação continuada. O Item 2 determina que:
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação 
de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário 
gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência;
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade 
e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as demais pessoas na 
comunidade em que vivem;
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas;
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema educacional 
geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que maximizem 
o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena.
CONCEITOS
COMUNICAÇÃO
LÍNGUA
ADAPTAÇÃO 
RAZOÁVEL
DISCRIMINAÇÃO
 POR MOTIVO DE 
DEFICIÊNCIA
DESENHO
UNIVERSAL
Abrange as línguas, a visualização de textos, o braille, 
a comunicação tátil, os caracteres ampliados, os 
dispositivos de multimídia acessíveis, assim como a 
linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e 
os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos 
aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a 
tecnologia da informação e comunicação acessíveis
Abrange as línguas faladas e de sinais e outras formas de 
comunicação não falada
As modificações e os ajustes necessários e adequados 
que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, 
quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar 
que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, 
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, 
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.
Significa qualquer diferenciação, exclusão ou restrição 
baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de 
impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o gozo ou o 
exercício, em igualdade de oportunidades com as demais 
pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades 
fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, 
cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as formas 
de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável.
A concepção de produtos, ambientes, programas e 
serviços a serem usados, até onde for possível, por 
todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou 
projeto específico. O “desenho universal” não excluirá 
as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas 
com deficiência, quando necessárias.
SIGNIFICADOS
II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
PE VIAutores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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Neste mesmo ano, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, os Ministérios da Educação e da Justiça, 
juntamente com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançam 
o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as suas ações, contemplar, 
no currículo da educação básica, temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações 
afirmativas que possibilitem acesso e permanência na educação superior.
Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), reafirmado pela Agenda Social, 
tendo como eixos a formação de professores para a Educação Especial, a implantação de salas de recursos 
multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a permanência das 
pessoas com deficiência na educação superior e o monitoramento do acesso à escola dos favorecidos pelo 
Benefício de Prestação Continuada (BPC). No documento do MEC, Plano de Desenvolvimento da Educação: 
razões, princípios e programas é reafirmada a visão que busca superar a oposição entre educação regular 
e educação especial. Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da Educação Especial 
nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva da 
inclusão e do atendimento às necessidades educacionais especiais, limitando o cumprimento do princípio 
constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e a continuidade 
nos níveis mais elevados de ensino (BRASIL, 2007, p. 09).
Portanto, como podemos observar, todas as declarações e convenções aqui apresentadas de cunho 
internacional, de uma forma ou de outra, refletiram ou refletem ainda hoje na legislação brasileira, nos 
documentos norteadores da educação nacional, além de servirem como fundamentação para a construção 
de políticas públicas e de movimentos para transformação na nossa prática social.
EXERCÍCIO PROPOSTO
1. Pesquise sobre o que foi o Relatório Jacques Delors, qual sua importância para educação no mundo e 
qual o seu produto para a educação do milênio?
SAIBA MAIS
CARTA DO TERCEIRO MILÊNIO
Acesse: http://portal.mec.gov. br/seesp/arquivos/pdf/carta_milenio.pdf
LEGISLAÇÃO
Acesse: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view
=article&id=16761&Itemid=1123
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DO TRABALHO
Acesse:http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/confer_trab.pdf
II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
PE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
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A Educação Especial é uma modalidade de ensino que 
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o 
atendimento educacional especializado, disponibiliza os 
recursos e serviços, e orienta quanto a sua utilização no 
processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do 
ensino regular.
O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual 
se desenvolvem as bases necessárias para a construção do 
conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa 
etapa, a riquezade estímulos nos aspectos físicos, emocionais, 
cognitivos, psicomotores e sociais, e a convivência com as 
diferenças favorecem o desenvolvimento da linguagem, as 
relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança.
Do nascimento aos três anos, o olhar da educação se 
expressa por meio de cuidados e estimulação precoce, 
objetivando otimizar o processo de desenvolvimento e 
aprendizagem em interface com os serviços de saúde 
e assistência social. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o sistema educacional é 
organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, ajudando a superar suas dificuldades, na tentativa 
de potencializar suas habilidades.
Desse modo, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação Profissional, as ações da 
Educação Especial possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para ingresso 
no mundo do trabalho e efetiva participação social. 
A interface da Educação Especial na Educação Indígena, do campo e quilombola deve assegurar que os 
recursos, serviços e atendimento educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos 
construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos.
Na Educação Superior, a Educação Especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a 
permanência e a participação dos alunos. Essas ações envolvem o planejamento e a organização de 
recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica nas comunicações, nos sistemas de 
informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos 
e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e a extensão.
 A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, 
a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover 
respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo:
• Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior;
• Atendimento educacional especializado;
• Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino;
• Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais 
da educação para a inclusão escolar;
• Participação da família e da comunidade;
• Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na 
comunicação e informação;
• Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.
Política Nacional de Educação Especial 
na Perspectiva da Educação Inclusiva
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PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
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O Atendimento Educacional Especializado (AEE) faz parte das 
diretrizes da política nacional de Educação Especial na perspectiva 
da Educação Inclusiva e tem como função identificar, elaborar e 
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem 
as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando 
suas necessidades específicas. 
As atividades desenvolvidas no atendimento 
educacional especializado diferenciam-se daquelas 
realizadas na sala de aula comum, não sendo 
substitutivas à escolarização. Esse atendimento 
complementa e/ou suplementa a formação dos alunos 
com vistas à autonomia e independência na escola e 
fora dela. (BRASIL, 2008, p. 15).
Dentre as atividades de atendimento educacional especializado 
são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o 
ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, e tecnologia assistiva.
 Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento deve estar articulado com a proposta 
pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de 
instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública 
e nos centros de atendimento educacional especializados públicos ou conveniados. Ele é ofertado tanto na 
modalidade oral e escrita quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguística, orienta-se que o aluno 
surdo esteja com outros surdos em turmas comuns na escola regular. 
O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos 
específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como 
segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, 
da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de 
enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de 
recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros.
A avaliação pedagógica como processo dinâmico considera tanto o conhecimento prévio e o nível 
atual de desenvolvimento do aluno quanto às possibilidades de aprendizagem futura, configurando 
uma ação pedagógica processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu 
progresso individual, prevalecendo na avaliação os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções 
pedagógicas do professor. No processo de avaliação, o professor deve criar estratégias considerando que 
alguns alunos podem demandar ampliação do tempo para a realização dos trabalhos e o uso da língua 
de sinais, de textos em Braille, de informática ou de tecnologia assistiva como uma prática cotidiana. 
Logo, cabe aos sistemas de ensino organizar a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, 
disponibilizando as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como 
de monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação, 
locomoção, entre outras, que exijam auxílio constante no cotidiano escolar.
Atendimento Educacional Especializado
A história do Atendimento Educacional Especializado, oferecido às pessoas com necessidades educacionais 
especiais, passou por várias etapas que vão desde a exclusão até o atual modelo de educação inclusiva. De 
acordo com Werneck (1997, p.53), “a inclusão exige uma transformação da escola, pois defende a inserção 
no ensino regular de alunos com quaisquer deficiências e necessidades, pois a inclusão exige rupturas”. Ela 
é antes de tudo, uma busca por uma educação de qualidade para todos, que enriquece os envolvidos no 
processo educativo: alunos, professores, escola, pais e sociedade. 
Logo, a educação no Brasil vem sendo influenciada por essa ideologia de “Educação para Todos”, a 
partir de leis que foram aprovadas, decretos estabelecidos e várias mudanças propostas. Entretanto, 
ainda encontramos práticas discriminatórias (desinformação), falta de profissionais habilitados 
(capacitação), dúvidas quanto ao papel da escola na superação da lógica da exclusão em algumas 
instituições de ensino, configurando a necessidade de uma mudança estrutural (acessibilidade), 
profissional (capacitação) e cultural (conscientização) da instituição para que todos os alunos tenham 
suas especificidades atendidas, garantindo o acesso social, curricular e pedagógico. 
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II - PROCESSOS, POLÍTICAS E SISTEMAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
PRÁTICA DE ENSINO VI - EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO
PE VI Autores: Márcia de Jesus Xavier e Francisco Varder Braga Junior
36
Para Mantoan, (2006, p. 27):
O atendimento educacional especializado deve estar disponível em todos os níveis de ensino, de 
preferência na rede regular, desde a educação infantil até a universidade. A escola comum é o ambiente 
mais adequado para garantir o relacionamento entre os alunos com ou sem deficiência e de mesma 
idade