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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – MARIANA MARQUES INTRODUÇÃO • Também chamada restrição de crescimento fetal, ocorre quando o feto não atinge seu potencial genético de crescimento. • É definida como o feto que apresenta peso estimado pela USG < percentil 10 para a IG, porém, a confirmação só é feita após o nascimento. • Associada a risco elevado de mau resultado perinatal. • Os RN com RCIU possui maiores chances de apresentar hipoglicemia, hipocalcemia, policitemia, hemorragia pulmonar, hipotermia, aspiração meconial e prejuízo no desenvolvimento psicomotor. • Em geral, quando menor o percentil, pior o prognóstico. CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O ACOMETIMENTO: TIPO I – SIMÉTRICO: • RN tem acometimento global (apresenta peso, estatura e circunferência cefálica abaixo do percentil 10). • Precoce (fatores genéticos e infecções congênitas); • Acomete a fase de hiperplasia celular. • 10% a 20% dos casos. TIPO II – ASSIMÉTRICO: • A circunferência abdominal é mais afetada que outras medidas, como polo cefálico e ossos longos. • Acomete a fase de hipertrofia. • Principal causa: insuficiência placentária; INTERMEDIÁRIO: • É característico do segundo trimestre da gestação; • Os ossos longos e polo cefálico são menos acometidos, em comparação ao tipo I. • Fases de hipertrofia e hiperplasia são afetadas. • Causas: drogas, álcool, fumo e desnutrição. • 10% dos casos (difícil diagnóstico). CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A IG: INÍCIO PRECOCE: • Ocorre em IG mais precoces (< 32 semanas); • Definição: Þ Circunferência abdominal (CA) ou peso fetal < percentil 3 ou presença de diástole zero/ reversa na a. umbilical, na ausência de anomalia congênita. Þ 2 dos seguintes parâmetros estiverem presentes: - (a) peso fetal estimado ou CA < percentil 10; - (b) Índice de pulsatilidade (PI) da artéria uterina acima do percentil 95; - (c) PI da artéria umbilical acima do percentil 95. • Alterações típicas: anormalidades precoces no doppler de artéria umbilical e SNC, deterioração do perfil bifásico (PBF), prematuridade. • Associada com pré-eclâmpsia e mortalidade perinatal. INÍCIO TARDIO: • Ocorre em IG mais tardias (>32 semanas); • Definição: Þ CA ou o peso fetal estimado abaixo do percentil 3, na ausência de anomalia congênita. Þ 2 dos seguintes parâmetros estiverem presentes: - (a) Peso fetal e/ou CA abaixo do percentil 10; - (b) Redução de mais de dois quartis no percentil; - (c) Relação cerebroplacentária < percentil 5. • Associada com alterações placentárias menos severas; • A adaptação cardiovascular do feto não progride além da alteração do fluxo da circulação cerebral. FATORES DE RISCO • Tabagismo; • Etilismo; • Cafeína; • Antecedente de RCF prévio; • Diabetes; • Hipertensão; • Nefropatias; • Cardiopatias; • Trombofilias; • Doença inflamatória intestinal; • Fertilização assistida; • Lúpus eritematoso sistêmico; • Idade materna avançada; • Baixo nível socioeconômico. DIAGNÓSTICO • O diagnostico precoce é feito se seguimento pré-natal for feito de forma adequada. • Devem-se identificar fatores de risco e realizar acompanhamento minucioso nessas gestantes. • Confirmar a IG (avaliar data da última menstruação e comparar com a USG precoce - até 12 semanas), monitorizar o ganho de peso materno e medir a altura uterina para identificar RCF em gestantes de baixo risco. • Durante a assistência pré-natal, a USG é o método mais acurado para o diagnóstico de RCF. AVALIAÇÃO DO GANHO PONDERAL MATERNO: • Deve-se identificar o ganho de peso insuficiente ou baixo peso pré-gestacional materno - maior risco para crescimento fetal diminuído. MEDIDA DA ALTURA UTERINA: • É o método clínico mais importante para avaliar o crescimento fetal durante o pré-natal. • Com a fita métrica, mede-se a distância, da borda superior da sínfise púbica até o fundo uterino. • Quando a medida da altura uterina é > percentil 10, a chance de crescimento normal é superior a 90%. Restriçao de Crescimento Intrauterino GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – MARIANA MARQUES USG OBSTÉTRICA: • Realizada se suspeita de RCF devido de fatores de risco ou exame clínico. • Medidas utilizadas na USG: diâmetro biparietal (DBP), circunferência cefálica (CC), comprimento do fêmur (F) e circunferência abdominal (CA). • A estimativa do peso fetal pela USG é considerada o melhor método para a identificação da RCF. • Considera-se RCF quando o peso fetal < percentil 10. DOPPLERVELOCIMETRIA: • O doppler da artéria umbilical é o primeiro exame solicitado após a suspeita ultrassonográfica da RCF. • Identifica resistência vascular no território placentário, permitindo diagnosticar a insuficiência placentária. • Auxilia na diferenciação do feto pequeno constitucional daquele com RCF. • O doppler de artéria cerebral média é indicado se doppler da artéria umbilical exibir resultados anormais. CONDUTA • O acompanhamento da gestante com RCF deve ser realizado em centro terciário, devido as possíveis complicações perinatais e necessidade de avaliações mais complexas. • Principais objetivos na suspeita de RCF: esclarecer a etiologia e definir o melhor momento para a resolução da gestação. • Se diagnóstico de RCF no segundo trimestre, realizar USG morfológica + ecocardiografia fetal. • As intervenções clínicas não melhoram o prognóstico. • Orientações gerais para as gestantes com RCF: Þ Fazer repouso; Þ Cessar tabagismo; Þ Receber dieta adequada (>2.500 kcal). Þ Realizar exames propedêuticos mais frequentes. • A partir de 25 semanas, realizar exames de vitalidade fetal e monitorização do crescimento fetal, por USG seriada, a cada 14 dias. • Entre a 25 e 34 semanas: corticoterapia para minimizar efeitos da prematuridade na maturidade pulmonar. • Se vitalidade fetal preservada e apresentação cefálica, a preferência é pela via vaginal. • Se sofrimento fetal ou apresentação pélvica, cesárea. • O clampeamento do cordão umbilical deve ser precoce, após o primeiro movimento respiratório do RN. • Não há tratamento para os casos de RCF. • Devem-se avaliar a vitalidade fetal para determinar o melhor momento para o parto, equilibrando os riscos de prematuridade e insuficiência placentária.