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Esquizofrenia - Ibiracy

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ESQUIZOFRENIA – IBIRACY
1809 – Mais antiga descrição de esquizofrenia:
Os psiquiatras Philippe Pinel e John Haslam descreveram jovens pacientes que apresentavam sinais
de “demência precoce”. Esses casos são comumente tratados como os primeiros retratos completos
de esquizofrenia
1908 – Fixação do termo: 
Eugene Bleuler, que não acreditava que a demência precoce só atacasse adolescentes, firma o termo
Esquizofrenia
1954 – Primeiro antipsicótico:
Aprovam a Clorpromazina, a primeira droga desenvolvida especificamente como antipsicótica. Nos
EUA, recebeu o nome de Thorazine, no Brasil de Amplctil
1976 – Diferenças no cérebro:
Tomografias sugerem diferenças no tamanho dos ventrículos cerebrais de pacientes com
esquizofrenia. Esse primeiro de muitos estudos que identificam anomalias cerebrais associadas com
esquizofrenia
1994 – Esquizofrenia Nobel:
Matemático John Nash, diagnosticado com esquizofrenia recebe o Prêmio Nobel de Economia 
→ NÚMEROS DA DOENÇA
➢ 1% da população mundial é vítima de esquizofrenia, que acomete em igual proporção
homens e mulheres
➢ 1 milhão de brasileiros sofrem da doença
➢ 25 anos é a idade média do primeiro surto entre as mulheres
➢ 20 anos é a idade média do primeiro surto entre os homens
➢ 56000 novos casos de esquizofrenia são diagnosticados todos os anos no Brasil
➢ 60% dos pacientes em tratamento conseguem levar uma vida relativamente normal –
trabalhar e manter um círculo social
➢ 50% foi a queda nas tentativas de suicídio entre os esquizofrênicos, desde a criação dos
antipsicóticos
→ ASPECTOS GERAIS
➢ Psicose devastadora
➢ Solapa o raciocínio, a percepção, o afeto, a vontade
➢ Presença de delírios e/ou alucinações
➢ Surtos são intercalados por períodos de apatia mortificante, marcados por lentidão e
desordem do pensamento
➢ Duração dos surtos: 1 a 6 meses
➢ Não tem cura, é o mais importante transtorno psiquiátrico
➢ Tem forte componente genético e é deflagrada por gatilhos externos 
➢ Infecções graves, estresse, traumas afetivos
➢ A medicina está longe de decifrar a esquizofrenia por completos
➢ Passo mais importante: descoberta de medicamentos para controlar o surto
➢ Clorpromazina, década de 1950
➢ Ao estudarem um anestésico para substituir a morfina, médicos franceses observaram que a
substância, em doses elevadas, funcionada como um potente antipsicóticos
➢ Base orgânica: desequilíbrio quimico-cerebral
➢ A esquizofrenia resulta de um desarranjo na liberação de dopamina, neurotransmissor
associado às sensações de prazer e de recompensa
**OBS: quem mais se mata = depressivos!!
→ ETIOLOGIA
➢ Considerações socioculturais
➢ Teorias Psicológicas
➢ Teorias Bioquímicas
→ O QUE É?
➢ Transtorno psicótico que se compõe de um certo número de tipos de reação
➢ Reação: Paranóide, Hebefrênica, Simples, Catatônica, etc. (Subtipos)
➢ Diferentes manifestações sintomáticas ou por quadros clínicos
➢ Subtipos: apresentam diferentes quadros sintomáticos; têm características semelhantes que
parecem refletir um distúrbio ou processo subjacente comum
 Esquizofrenia e Transtornos Psicóticos
➢ A Psicose é uma Síndrome (conjunto de sintomas) onde estão prejudicados:
- Capacidade cognitiva
- Resposta afetiva
- Capacidade de realidade
- Comunicação e o relacionamento 
➢ Ela pode estar associada a diferentes transtornos psiquiátricos como característica definidora
ou pode estar presente sem ser necessária para o Dx
1. Perturbação Emocional ou Afetiva
• A resposta emocional do paciente é inadequada ou imprópria para a situação
• Indiferente ou apático ao meio circundante; ou
• Não mostra emoção alguma quando esta seria de esperar (embotamento afetivo)
• Uma emoção despropositada – p.ex. rir ou chorar na ausência de estímulo apropriado e
justificativo
2. Perturbação do pensamento
• Considera-se perturbado na medida em que tem ideias estranhas ou bizarras, em que sua
corrente de pensamento é vaga ou incidental, ou
• Em que usa linguagem incomum, na qual os neologismos são abundantes 
• Capacidade para formar conceitos abstratos com associações apropriadas é frequentemente
prejudicada
• Parecem ter deficiências intelectuais (pensamento concreto)
3. Comportamento Autista
• Sente o mundo apenas em função da sua imaginação, suas sensações e seus sentimentos
• Ideias bizarras e delírios (interpretações pessoais e insólitas do mundo) dominam a fantasia
da pessoa
• Fantasia: não os opõe à prova na estrutura do mundo real
• Perda do interesse pela vida; vive preocupado com suas fantasias
• Muitas vezes fica obcecado num problema específico, como a religião
Outras manifestações:
➢ Alucinações ou estranhas experiências sensoriais: ouvir vozes, visões na ausência de
estímulos apropriados
➢ Comportamento extravagante: estranhos maneirismos ou esgares faciais
➢ Preocupações com atos estereotipados incomuns
➢ Formulação de queixas físicas bizarras, p.ex. De que seu coração abandonou seu corpo ou
tem a coluna vertebral quebrada em cem pedaços
➢ Grave regressão 
→ Quatro “As” de Bleuler:
➢ Autismo
➢ Afetividade incongruente
➢ Ambivalência afetiva
➢ Associação de ideias (distúrbio da)
→ SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA
➢ Positivos: delírios; alucinações
➢ Negativos: redução no interesse por contato social, pobreza de vocabulário, dificuldades
afetivas
→ SUBTIPOS CLÍNICOS:
• Simples
• Paranoide
• Hebefrênica
• Catatônica
• Esquizoafetiva
• Residual
• Indiferenciada
• Depressão pós-esquizofrênica
* Não se excluem mutuamente
** Um paciente pode ser considerado um esquizofrênico paranoide e apresentar sintomas mais
característicos de outro subtipo
 ESQUIZOFRENIA SIMPLES 
➢ Redução da capacidade de realização e interesse reduzido pelo mundo
➢ Antes pode ter mostrado capacidade, porém efetua um ajustamento psicológico em nível
inferior ao que sua capacidade lhe permitiria (vagabundo, prostituta ou recluso)
➢ Parece apático e indiferente quanto à realização das metas na vida
➢ Gatilho importante = maconha na adolescência (1x/semana por 1 ano, aumenta 320x a
chance de desenvolver esquizofrenia se tiver predisposição)
→ CURSO:
➢ Início de forma gradual
➢ Muitas vezes a partir dos primeiros anos da adolescência
➢ Extenso período de ajustamento social inadequado
➢ Incapacidade de relacionamento
→ PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
➢ Embotamento emocional
➢ Apatia
➢ Preocupações com a vida de fantasias
➢ Ausência de delírios e alucinações (único tipo sem)
ESQUIZOFRENIA HEBEFRÊNICA
➢ Tom emocional absurdo, uso inapropriado
➢ Risos imotivados
➢ Comportamento bizarro, com gestos estranhos e maneirismos extravagantes
➢ Vivem preocupados com fantasias e divagações
➢ É mais ativo que o esquizofrênico simples
ESQUIZOFRENIA PARANOIDE
➢ Mais comum
➢ Delírios
➢ Persecutórios, grandeza
➢ Não tão sistematizados e bem construídos
➢ Alucinações (predominantemente auditivas) **se alucinações olfativas investigar gânglios
cerebrais
➢ Mais inteligentes do que outros tipos de esquizofrênicos
→ CURSO:
➢ Início mais tardio: 35 – 40 anos
➢ Parecem ter melhor contato com a realidade, o que pode construir vantagem para o
tratamento
➢ O prognóstico para um episódio paranoide é frequentemente bom
➢ Desconfiança e percepção aguda do meio
➢ Evasão, homicídio
ESQUIZOFRENIA CATATÔNICA
➢ História de ensimesmamento gradual
➢ Estados de reação catatônica é mais abrupto
➢ O episódio ou estado psicótico catatônico é frequentemente curto
→ ESTADOS CATATÔNICOS:
1. Estupor catatônico: negativismo, mutismo ou recusa alimentar, flexibilidade cerea
2. Excitação catatônica: violento, excitado, destrutivo e agressivo, alucinações bizarras e
delírios de grandeza
→ Excitação catatônica – CURSO: 
➢ Pode alternar entre os estados de estupor e excitação
➢ Pode ser predominantemente abúlico ou excitado
➢ Prognóstico de recuperação do episódio: é bom, porém são prováveis repetições futuras
ESQUIZOFRENIA ESQUIZOAFETIVA
➢ Período ininterrupto da doença durante o qual, em algum momento da doença, existe um
Episódio Depressivo Maior,Maníaco ou Misto
➢ O de mais difícil diagnóstico
➢ Afeto pode não estar tão embotado (bom prognóstico)
➢ Respondem melhor ao tratamento se antipsicótico associado a modulador de humor
ESQUIZOFRENIA INDIFERENCIADA
Pouco frequente
Satisfaz critérios para o Dx de esquizofrenia
Não se pode incluir nos demais subtipos
ESQUIZOFRENIA RESIDUAL
➢ Formas terminais de esquizofrenia de mal prognóstico (hebefrênica, indiferenciada)
➢ Evolução com grande deteriorização da personalidade
➢ Sintomas predominantemente deficitários: abulia, apatia, anedonia, afeto empobrecido,
afetividade inadequada
➢ Dificuldades na atenção e concentração
➢ Alguns podem estar bem adaptados em certos meios, como o rural
DEPRESSÃO PÓS-ESQUIZOFRÊNICA (DEPRESSÃO PÓS-PSICÓTICA)
➢ Atenção ao humor do paciente
➢ Sintomas podem ser confundidos com sintomas negativos ou sintomas extrapiramidais
induzidos pelos antipsicóticos
➢ Os sintomas são semelhantes a um episódio depressivo dos pacientes com transtorno afetivo
→ FATORES QUE CONTRIBUEM PARA BOM ou MAU PROGNÓSTICO: (cai muito!!) 
*Afeto não prejudicado = bom prognóstico
→ TRATAMENTO
 NEUROLÉPTICOS (tranquilizantes maiores, tranquilizantes antipsicóticos)
• Conceito: drogas que produzem sedação sem sono ou confusão, inibem a atividade
psicomotora, reduzem ansiedade e frequentemente produzem uma síndrome extrapiramidal
de parkinsonism, distonia e acatisia
• Classificação - os mais frequentemente utilizados na atualidade são:
◦ Fenotiazinas: Clorpromazina (R Amplictil)
 Levomepromazina (R Neozine)
◦ Butirofenonas: Haloperidol (R Haldol)
◦ Atípicos: Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Aripiprazol, Ziprasidona, Closapina e
Paliperidona
• Indicações clínicas: 
◦ Psiquiátricas: - Excitação, hostilidade, agitação e hiperatividade dos surtos psicóticos 
 agudos
 - Surtos alucinatórios
◦ Outras: - Pré-anestesia
 - Potencialização do efeito dos opiáceos
• Efeitos colaterais: 
1. Sistema Nervoso Central
- Síndrome de Impregnação (Sd. Extrapiramidal)
- Alterações na regulação térmica
- Convulsões
2. Sistema Cardiovascular
- Hipotensão postural
3. Sintema Nervoso Autônomo
- boca seca, visão borrada, constipação, retenção urinária
4. Sistema Hematopoiético
- Agranulocitose
5. Pele e olhos
- Pigmentação cinza-azulada na pele e olhos em tratamentos prolongados
- Retinopatia pigmentar
- Dermatite de contato
- Fotosensibilidade
6. Fígado
- Icterícia colestática intrahepática
7. Alterações Endócrinas e Metabólicas
- Aumento de peso, alterações menstruais, lactação, ginecomastia
• Mecanismo de ação: 
◦ Derivados Fenotiazinicos (1950-1960) → atuam sobre o sistema ativados
mesodiencefálicos, formação reticular e as projeções talamocorticais difusas
▪ A sedação produzida por essas drogas parece estar associada a influências indiretas
sobre o hipotálamo e uma ação bloqueadora direta, que impede a reação entre os
receptores e as monoaminas norepinefrina e serotonina.
◦ O Haloperidol atua de forma muito semelhante à das fenotiazinas → inibe o sistema
ativador mesodiencefálico
◦ Atípicos → são mais específicos no bloqueio da dopamina; agem seletivamente nos
receptores de dopamina nos lobos frontal e temporal; aumento de peso e Sd metabólica
(DM, HAS, colesterol alto)
• Contraindicações: 
◦ Estados comatosos
◦ Intoxicações agudas por barbituricos, opiláceos e álcool
◦ Glaucoma de ângulo estreito
◦ Hipertrofia da próstata
**OBS: medicamentos recentes não são mais eficazes que os tradicionais, mas produzem menos
efeitos colaterais
→ SÍNDROME DE IMPREGNAÇÃO NEUROLÉPTICA (cai muito!) 
• Três padrões gerais de sintomas
1. Equivalentes Parkinsonianos: (mais comum)
Tremores finos e rigidez muscular, cuja intensidade pode variar desde uma ligeira alteração na
mobilidade facial até rigidez completa e incapacidade
Antídoto = Agonista Anti-Parkinsoniano (Artane) / BZD ↓ dose
2. Distonias (mais comumente observadas em crianças e adultos jovens):
Movimentos espasmódicos e incoordenados de corpo e membros, tais como arqueamento do tronco,
rotação do pescoço, etc
3. Acastisia:
Sensação de agitação ou de necessidade compulsiva de movimentação. O paciente caminha
impacientemente, bate os pés sem cessar ou queixa-se de “agitação nas pernas”
 PSICOTERAPIA
• Objetivos: 
• Interromper a perda da capacidade mental, preservando o contato com a realidade
• Restaurar a capacidade de cuidar de si e de administrar sua vida, e manter o máximo de
autonomia para promover o melhor ajustamento pessoal, psicológico e social possível
• Diminuir o isolamento
• Reconhecer e reduzir a natureza ameaçadora dos eventos da vida, para os quais existe uma
sensibilidade particular
• Conscientizar o portador sobre a realidade de seus recursos e limitações, tanto ajudando a
descobrir e realizar seu potencial, quanto ajudando na aceitação de suas limitações
• Aumentar suas defesas diante de situações estressantes, liberando recursos que,
eventualmente estejam obstruídos pela psicose e desenvolver fontes alternativas para
solução de seus problemas
• Recuperar e promover a autoestima, a autoimagem e autoconfiança, proporcionando
contínuo progresso
• Estimular a independência, os cuidados consigo mesmo em questão de higiene e capacitar o
paciente para as atividades da vida diária

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