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Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 DHEG introdução DHEG - Doença Hipertensiva Específica da Gestação: engloba várias doenças hipertensivas que ocorrem após a 2ª metade da gestação. - HAS crônica - HAS gestacional - Pré-eclâmpsia - Eclâmpsia - HAS crônica com pré-eclâmpsia superajuntada. Só será considerada DHEG a doença hipertensiva que inicia após 20 semanas. 10% das gestantes desenvolvem esse distúrbio, sendo 70% deles decorrente de pré-eclâmpsia. É a principal complicação gestacional no Brasil, sendo a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia as mais potencialmente perigosas. A DHEG pode ser: Precoce: < 34 semanas Tardia: > 34 semanas E pode ser classificada quanto a gravidade: DHEG com critérios de gravidade DHEG sem critérios de gravidade Fisiopatologia Teoria da placentação anormal ➔ Se trata de uma anormalidade da implantação placentária. Em um cenário fisiológico, temos uma invasão das artérias espiraladas do endométrio por citotrofoblasto, isso causa um alargamento dos diâmetros dos vasos, diminuindo a resistência e aumentando o fluxo sanguíneo para o feto e placenta. Essa invasão ocorre em 2 ondas: 1ª onda: ocorre no 1º trimestre e com ela teremos a destruição da camada muscular dos vasos; 2ª onda: ocorre entre 16-20 semanas e Na pré-eclâmpsia, temos uma invasão trofoblástica deficiente, então não teremos um aumento satisfatório das artérias (diâmetros menores), causando uma maior resistência à passagem do sangue, culminando em uma isquemia placentária. Na pré-eclâmpsia teremos a 1ª onda, mas não a 2ª, então não terá o estímulo necessário para dilatação dos vasos, pois é justamente essa a onda que causa o maior estímulo para aumento do diâmetro. Por isso que precisamos aguardar e somente dar o diagnóstico após as 20 semanas, uma vez que essa 2ª onda só ocorre nesse período. Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Quando isso ocorre, o sangue não passará como deveria da mãe para o feto, causando um aumento da pressão na mãe e prejuízo no crescimento fetal. Repercussões sistêmicas: A lesão renal causa uma endoteliose capilar glomerular, por isso que teremos uma proteinúria. classificações HAS crônica: quando a paciente já tinha uma HAS de base; Pré-eclâmpsia sobreposta a HAS crônica: surge sobreposta a uma HAS de base; Hipertensão gestacional: surge após a 2ª metade da gestação, se trata de uma doença transitória. Hipertensão gestacional Hipertensão que surge após 20 semanas de gestação e desaparece até 12 semanas após o parto. PA > ou = 140/90mmHg após 20 semanas de gestação em uma mulher normotensa. - NÃO tem associação com proteinúria; - Pode evoluir para pré-eclâmpsia; Deve realizar duas medidas com o intervalo de 4h (de preferência) sendo tolerado um intervalo de até 7 dias. Hipertensão Crônica Será HAS crônica quando diagnosticada antes da 20ª semana ou que perdura após a 12ª semana pós-parto. *Geralmente apresenta ácido úrico normal e isso ajuda a diferenciar de pré- eclâmpsia que tem ácido úrico alterado. Lembre! Gestante com HAS crônica pode ter lesão renal e apresentar proteinúria sem ter pré-eclâmpsia. Por isso é importante realizar o pré-natal Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 desde o início da gestação, auxilia na definição do tipo de HAS. Deve ser encaminhada para o pré-natal de alto risco. Tem um pior prognóstico materno-feral quando associada a pré-eclâmpsia, uma vez que teremos duas doenças importantes associadas. Solicitar na primeira consulta de pré- natal, além dos exames básicos de rotina: Não usar nunca losartana, captopril e demais medicamentos da classe iECA e BRA. Nem todas as pacientes necessitarão de uso de medicamentos. Manejo pós-parto: - Retornar aos anti-hipertensivos de uso prévio. - Manter PA < 150x100mmHg; Amamentação e anti-hipertensivos: Geralmente sem restrições, mas não se usa muito a losartana (BRA), pois esse medicamento interfere e reduz a produção de leite. - BB: propranolol/labetalol apresentam menor concentração no leite materno; - BCC/iECA: são seguros, pequena concentração no leite; - Diuréticos: seguros, podem em altas doses podem reduzir a quantidade de leite materno. Hipertensão Sobreposta Paciente HAS crônica que após a 20ª semana desenvolve um aumento importante da PA. Aumento súbito da pressão; Aumento da proteinúria. Se apresenta de forma precoce e tende a ser mais agressiva pela junção de duas patologias. Pode ser classificada em: HAS sobreposta sem critérios de gravidade HAS sobreposta com critérios de gravidade A HAS sobreposta aumenta as chances de: DPP - Descolamento prematuro de placenta; CIUR - Crescimento intrauterino restrito. Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Deve avaliar parto com 34 semanas. Pré-eclâmpsia: Será pré-eclâmpsia quando: PAS > ou = 140 OU PAS > ou = 90 mmHg após 20s + Proteinúria patológica ou Critérios de gravidade A proteinúria pode ser verificada com três tipos de exames diferentes: - Proteinúria de 24h > 300mg - Relação proteinúria/creatinina >/= 0,3 - Proteína na fita >/= +1 Os dois primeiros testes são laboratoriais e mais demorados, o terceiro é ambulatorial e deve ser escolhido quando a paciente estiver grave, pois requer agilidade no manejo ou na ausência de outro método. A proteinúria de 24h é um exame quantitativo, sendo útil para pacientes portadoras de doença renal. A relação proteína/creatinina apenas diz que existe ou não proteinúria. Uma fez confirmado proteinúria, não é necessário repetir o exame durante a gestação e tratamento. A pré-eclâmpsia pode ser classificada em: ➔ Pré-eclâmpsia sem critérios de gravidade; ➔ Pré-eclâmpsia com critérios de gravidade; É um tipo mais grave, o manejo deve ser mais rápido. Pode ter como complicação a eclâmpsia (convulsão) ou S. HELLP (plaquetopenia). Paciente com pré-eclâmpsia deve ser encaminhada para o pré-natal de alto risco. É possível calcular o risco de desenvolver pré-eclâmpsia através da calculadora da Fetal Medicina Foundation, mas na prática quando falta infraestrutura usa- se os fatores de risco da história materna. Necessário apenas 1 fator de alto ou 2 de moderado risco. Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Prevenção de pré-eclâmpsia em pacientes de alto risco Deve iniciar preferencialmente entre 12- 16 semanas: - AAS 100-150mg, VO, à noite, até 36s - Cálcio 1-2g/dia em pacientes com baixa ingesta (500mg, VO, 3x/dia, nas refeições). Além disso, atividade física e o controle adequado da HAS crônica pode auxiliar também. Pré-eclâmpsia sem critérios de gravidade: Hipertensão que surgiu após 20s + proteinúria, sem critérios de gravidade. A conduta seguinte depende da IG: ➔ IG > 37 semanas Indicado realizar o parto, se a mãe estiver bem o parto pode ser via vaginal. CTG: cardiotocografia, verifica durante 20 minutos os BCF. ➔ IG < 37 semanas: Se IG < 34 semanas, iniciar corticoide para amadurecer o pulmão do bebê, caso ele tenha que nascer antes do previsto. Se IG > 34, o pulmão está bem formado e não necessita desse estímulo. Manter na paciente < 37 semanas a rotina DHEG. Rotina DHEG: Solicitar hemograma, LDH (verificar se está tendo hemólise), TGO, TGP, bilirrubina total e frações, ácido úrico, creatinina, proteinúria de 24h. Avaliação fetal: USG com doppler. Pré-eclâmpsia com Critérios de Gravidade: Para ser considerada com critérios de gravidade, basta ter apenas a PA elevada + 1 dos critérios abaixo: Se classifiquei a paciente como grave, e episódio de PA > 150x105mmHg, devo entrar com medicação: Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC22.1 Anti-hipertensivo oral: Está por ordem de preferência, se um não resolveu, associa com outro. 1. Metildopa 2. Nifedipino 3. Hidralazina 4. Metoprolol Se a paciente chegou na emergência com pico hipertensivo, a medicação deve ser intravenosa: Hidralazina: 5mg IV a cada 20 min, até o máximo de 20mg (ou seja, posso repetir 4x). A droga tem um tempo de ação de 10-20min. ➔ Se não resolver, cogitar encaminhar para interrupção da gestação. Magnesioterapia Quando temos uma pré-eclâmpsia temos um aumento de glutamato que pode resultar em convulsão. O magnésio é indicado justamente para neuro- proteção. Indicação: pré-eclâmpsia com critérios de gravidade, eclâmpsia e Síndrome HELLP. Iniciar 1h antes do parto e manter até 24h após o parto. Se creatinina >/= 1,2: usar metade da dose de MgSO4 recomendada. Não utilizar se débito urinário < 25ml/h. Zuspan: quando tiver disponível a bomba de infusão contínua (BIC). Pritchard: usar se BIC indisponível. Não usar em síndrome HELLP. Atenção! Toda vez que usamos magnésio, precisamos ficar atentos aos sinais de intoxicação: Se a paciente apresentar qualquer um dos critérios, deve suspender o magnésio, iniciar gluconato de cálcio e reavaliar. Se melhorou após o gluconato, pode retornar com o magnésio. Após identificar o quadro, controlar a pressão e fazer a magnesioterapia, a próxima conduta depende da IG. Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Se > 34 semanas: indicado realizar o parto da paciente, lembrar de inserir o magnésio, avaliar a vitalidade fetal e solicitar rotina DHEG. Se 24-34 semanas: internamento obrigatório, administrar o magnésio, fazer corticoide por 48h e realizar exames laboratoriais e USG a cada 48h enquanto a paciente estiver internada. Se < 24 semanas: conversar com a família sobre a proposta de interromper a gestação. Paciente com pré-eclâmpsia + critérios de gravidade no ambiente hospitalar: ABCD + MOV + MgSO4 + manejo da PA + infusão contínua de fluidos + avaliar corticoterapia + exames laboratoriais + conduta obstétrica (avaliar bem estar fetal e interrupção/dia de parto). Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Lembrar de fazer uma vigilância contínua do bem estar fetal e monitorizar os exames laboratoriais pensando em HELLP e decisão sobre via de parto. Corticoide para maturação pulmonar fetal: Puerpério da paciente com pré- eclâmpsia: Essas pacientes tem maior risco de cardiopatias, nefropatias e de recorrência da pré-eclâmpsia, por isso a necessidade de cuidar do risco cardiovascular durante o resto da vida. Eclâmpsia: A eclâmpsia é uma complicação da pré- eclâmpsia, se trata de uma convulsão tônico-clônica, focal ou multifocal em uma gestante com pré-eclâmpsia que ocorre antes, durante ou após o parto. A eclâmpsia pode ser precedida de sinais de iminência de eclâmpsia: ➔ Epigastralgia ➔ Cefaleia ➔ Alteração visual Esses sinais são autolimitados, duram cerca de 60 segundos e param, funcionam em ciclos de 60s. O bebê pode apresentar bradicardia por até 5 min após o episódio. Se a paciente estiver com esses sinais, com duração > 60s, cogitar outras patologias, como: ➔ Epilepsia, ataque isquêmico transitório, uso de drogas, hemorragias e isquemia de SNC. Nesse caso deve solicitar uma TC para avaliação. Manejo Eclâmpsia é convulsão e o manejo será semelhante ao manejo da convulsão. Realizar controle da crise, proteger mordedura de língua, lateralizar a paciente, manter via aérea livre e fornecer O2. Deve lateralizar a gestante para o lado esquerdo, a fim de evitar que o útero comprima a veia cava. E seguir a condução: Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Deve ser feito tudo para evitar uma gestação antes do tempo, mas o único tratamento efetivo para esses problemas gestacionais é o fim da gestação e retirada da placenta que está causando um alvoroço no organismo materno. Lembrando! Não pode dar Diazepam para gestantes! É um medicamento que não resolve a convulsão e pode dopar o bebê. Síndrome HELLP Forma multissistêmica grave das DHEG que se caracteriza por anemia hemolítica microangiopática, disfunção hepática e trombocitopenia. A Síndrome HELLP é caracterizada por: Destes, o mais importante é a plaquetopenia. Avaliou a paciente e verificou plaquetopenia, pensar em síndrome HELLP. Conduta Hemoterapia: manter plaquetas acima de 50.000 para cesárea e 20.000 para parto normal. Solicitar reserva de plaquetas e/ou concentrado de hemácias. Indicado dexametasona para resgate de plaquetopenia. Avaliação laboratorial a cada 6-12h (meia vida da plaqueta); Internar em UTI + USG de abdome superior (avaliação hepática); Existe a possibilidade de rotura hepática. Avaliar a interrupção da gestação: A via de parto é obstétrica. A melhor será a vaginal para diminuir sangramento, e deve indicar cesárea quando houver hematoma hepático. Pós parto monitorar sangramentos, diurese e controlar a PA. Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Se IG < 34 semanas + mãe estável: aguardar corticoide e depois interromper. RESUMO