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Hemorragias do 1º trimestre da gravidez Abortamentos / prenhez ectópica / doença trofoblástica gestacional Abortamento Interrupção da gravidez até 20-22 semanas ou do concepto pesando menos de 500g (Ministério da Saúde). A OMS determina que é até 24 semanas. Cerca de 10 a 15% das gestações diagnosticadas terminam espontaneamente até as 20 semanas. Etiologias: · Anomalias cromossômicas genéticas (50-60%) – principalmente aneuploidia e trissomias; · Insuficiência lútea (10%) – não tem como diagnosticar; · Infecções (sífilis, toxoplasmose, brucelose) – causam placentite – diagnóstico feito facilmente pois afeta o organismo da mãe; · Tireoidopatias (principalmente hipotireoidismo – nível A de evidência: abortamentos de repetição) diabetes avançado, LES; · Causas imunológicas; · Fatores tóxicos (chumbo, álcool); · Sinequias uterinas (aderência de paredes) – curetagem, DIPA; · Miomas submucosos; · Malformações uterinas. Causas: NIC, abertura da cavidade uterina (em algumas curetag ens); · Incompetência istmo-cervical – diagnóstico: medir o colo do útero (deve ser acima de 2,5 cm para ser considerado saudável). · Traumatismos graves. Classificação De acordo com o tempo: Precoce (antes de 12 semanas) / tardia (após 12 semanas); · Quando o abordo ocorre até 8 semanas, geralmente indica problema genético no embrião ou disfunção endócrina; de 9 a 12 é geralmente por trombofilia; após isso, uma grande causa é incompetência istmo-cervical. Modo: espontâneo / provocado; Tipo: completo / incompleto / retido; · Completo: eliminação completa; útero está menor que a IG; após 12h, o colo está fechado. Só fecha diagnóstico com USG; em gravidez de idades menores, como até 12 semanas. · Incompleto: elimina partes do feto; útero está menor que a IG; colo permanece aberto; · Retido: feto morto, mas não teve eliminação; útero está igual ao da IG; colo do útero está fechado. Ameaça de aborto: · Hemorragia (anomalia decidual ou descolamento); · Dor e cólica (contração uterina) Na ameaça, o colo está fechado e o feto está vivo; e a AFU está compatível com a IG. Considera-se mais grave quando o sangramento é precoce, de longa duração e escuros. Sinais de alarme: SG pequeno para a data ou estacionado no seu crescimento; SG mal definido ou colabado ou de implantação baixa. Trabalho de aborto: Caso seja mais que 8 semanas, assemelha a um trabalho de parto. O episódio é quase sempre precedido de uma ameaça de aborto. O volume do útero corresponde à data da amenorreia, a menos que seja um antigo. O colo está permeável. No trabalho de abortamento, a gravidez sempre estará interrompida, mesmo que o feto esteja vivo. diagnóstico e tratamento Diagnóstico: · Anamnese/exame físico; · USG (olhar anexos também); · bHCG (compatível); · pesquisar infecção materna e causas; · tipagem sanguínea – fazer Coombs e vacina; · hemograma e coagulograma. Tratamento: Em ameaça de aborto: repouso relativo; proibição do coito; analgesia e antiespasmódicos. Esvaziamento da cavidade uterina: conduta do abortamento; · Até 8 semanas – geralmente é completo; · Até 12 semanas – AMIU (aspiração manual intrauterina) / curetagem; · Acima de 12 semanas – misoprostol / curetagem; · Misoprostol: 200 mg, via vaginal, 6/6h – de 400 a 800mg para induzir o aborto. Complicações: · hemorragias; · infecções /sepsis; · perfuração uterina / alça intestinal; · dor pélvica crônica; · infertilidade; · morte materna. Abortamento pós-estupro Previsto por lei, concedido pela mãe e/ou responsável. · Registro de atendimento médico; · Desnecessário BO em casos que tiver laudo do IML; · Devem ser rastreadas ISTs. Abortamento terapêutico Previsto por lei; evolução da gravidez é risco de vida da mãe ou feto incompatível com a vida (anencefalia); consentimento da mãe e parceiro (ideal); · Deve ter relatório de 2 obstetras / especialista na patologia; · Notificar conselho de ética do hospital; · Desnecessário notificar CRM. prenhez ectópica Quando o ovo se implanta fora do útero. Fatores de risco: · DIPA; · DIU; · Endometriose pélvica; · Abortamento provocado; · Cirurgias tubárias previas; · Anomalias anatômicas tubárias. Epidemiologia: 1% das gravidezes totais; · 98% tubáricas; · 1% ovariana; · 1% abdominal. clínica Sintomas: · Dores abdominais baixas; · Atraso menstrual*; · Sangramento vaginal intermitente (em casos de expulsão completa); · Sinais de irritação peritoneal: náuseas e vômitos, subfebril, distensão do ventre; leucocitose moderada; abdome doloroso à palpação. · Útero pequeno; · Massa anexial; · Sintomas de gravidez leves – bHCG é baixo; · Alterações hemodinâmicas. *1/3 das mulheres com prenhez ectópica não possuem queixa de amenorreia, uma vez que o sangramento vaginal a encoberta. Exame especular: dor à pressão do fundo de saco posterior, moléstia e desconforto decorrente da manipulação da cérvice. Gravidez ectópica rota: clínica aguda, com dor de alta intensidade, em punhalada, na fossa ilíaca e no hipogástrio. Com sinais de irritação peritoneal e palidez, sudorese, extremidades frias, pulso fino e hipotensão. Diagnóstico Clínico (sangramento com dor na fossa ilíaca) + bHCG (positiva) + USTV (cavidade uterina vazia – ausência de saco gestacional). O bHGC é baixo independente do estágio da gestação; Diagnóstico diferencial: aborto tópico, prenhez normal. Rotura de cisto lúteo ou folicular; torção de tumor ovariano; apendicite. Tratamento Toda gravidez ectópica é inviável, devendo ser finalizada. Expectante: · Apenas 20% com resolução espontânea; · bHCG < 1000 (decrescendo), assintomática, SG < 1,5 cm, hemoperitôneo < 100mL; · Fazer USG e bHCG de 2 em 2 dias para ver se está abaixando. Medicamentoso: Em pacientes assintomáticas ou oligossintomáticas, com bHCG entre 1000 e 5000; IG < 7 semanas; massa anexial < 3,5 cm e hemoperitôneo < 100mL. · Metotrexate (MTX) – 1mg / kg - IM; preferível quando o BCF está negativo, qndo ele tiver positivo, ele negativa em 7 dias · Percentual de resolução: 80%; · Fazer acompanhamento do bHCG, que negativa em até 40 dias; · Prescrever anticoncepção por pelo menos 120 dias; · Fazer a Ig anti Rh caso necessário. Cirúrgico: em casos de bHCG > 5000 e bolsa rota · Salpingostomia linear (conserva a trompa da gestante, com reconstrução – não recomendada pelo maior risco de outra prenhez ectópica); · Salpingectomia (parcial/total); · Depois de uma cirurgia, a chance de ter outra GE é de 7x, caso deixe a trompa lá (quando é parcial). · Fazer bHCG semanal a mensal até negativar; · Persistência de trofoblasto – 5%. Prognóstico Cerca de 1/3 das pacientes submetidas à cirurgia tradicional para prenhez tubária têm gestações subsequentes com feto vital. O acidente pode se repetir em 10-20% das mulheres. doença trofoblastica gestacional Blastomas originários do tecido de revestimento das vilosidades coriais (trofoblasto). Classificação: · Mola hidatiforme (parcial/completa); · NTG Mola Hidatiforme: Quadro Clínico: · Hemorragia indolor, de repetição, progressiva; · Corrimento amarelo (rotura das vesículas) no intervalo dos sangramentos; · Útero em sanfona – cresce e diminui (a AFU muda constantemente); · Hiperêmese gravídica; · Cistos na teca luteínicos (> 5cm); · Útero grande para a IG; · Emissão de vesículas (patognomômico) – causa a hemorragia com o corrimento; · Toxemia gravídica antes de 24 semanas. bHCG funciona como LH ovário produção de progesterona e estrogênio cresce abruptamente; Diagnóstico: bHCG > 40.000 USG Tratamento: · Dilatação & Esvaziamento: aspiração à vácuo; · 80% - evolução benigna; · 18% - corioadenoma destruens; · 2% - coriocarcinoma. bHCG semanal até negativar (8 a 10 semanas), 3 dosagens negativas – quinzenal /mensal (6 meses após negativo). Fazer AC por 1 ano. Mola Invasora: Diagnóstico e tratamento: · Metrorragias / subinvolução uterina; · Curetagem inefetiva; · bHCG persistente; · USG: invasão miometrial; · Doppler colorido (fluxo após esvaziamento); · QT especializada / histerectomia; · Controles negativos de bHCG por um ano. image1.png