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OB 1. ABORTAMENTO SANGRAMENTOS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO • Abortamento: interrupção gestação antes de 20-22 semanas e/ou até 500g. TIpos: ameaça (sangramento mas ultrassom normal), retido (não está evoluindo ou não apareceu batimento), incompleto (sangra bastante, colo aberto), completo (sangrou e endométrio já ficou < 15mm), infectado (com sinais de infecção). Anembrionada: saco gestacional a partir de 25mm sem embrião ou vesícula vitelínica internamente. • Ectópica: fora da cavidade uterina. Sangramento + dor + atraso menstrual. Normalmente cirúrgico. Metotrexato se desejo reprodutivo, GE íntegra até 4 cm, BCF ausente, pouco líquido livre, betahCG < 5.000 e crescente. Sinais: anel tubário, sinal do bagel, blob ou imagem heterogênea ou complexa. • NTG: betahCG é o marcador tumoral. Mola hidatiforme é o mais comum - parcial tem feto, triplóide paterno; completa não tem feto, diplóide paterno. Tratamento: esvaziamento uterino, seriar betahCG, contracepção. 1.1 Definição • É a interrupção da gestação antes de 20-22 semanas e/ou feto com peso • ≤ 500 gramas. 1.2 Classificação: • Precoce: Até 12 semanas; • Tardio: Após 12 semanas; • Espontâneo ou Induzido. 1.3 Causas: Anomalias cromossômicas: responsáveis por 70% dos abortamentos; Trissomias; Monossomias; Poliploidias. Causas anatômicas/estruturais: Leiomiomatose; Polipose; Malformação mulleriana; Incompetência istmo-cervical. Causas sistêmicas/metabólicas: • Diabetes mellitus; • Tireoidopatias; • Síndrome de Cushing; • Álcool/drogas; • Tabagismo; • Medicamentos; • SAAF. OBS.: As bancas examinadoras cobram o diagnóstico diferencial e a conduta! 1.4 Tipos de abortamento: Ameaça; • Sangramento em pequena quantidade; • Colo uterino fechado; • Saco gestacional, com ou sem embrião na cavidade uterina. Retido; • Sangramento em pequena quantidade; • Colo uterino fechado; • Gestação inviável. Incompleto; • Sangramento em moderada ou grande quantidade; • Colo uterino aberto; • Presença de conteúdo na cavidade uterina; Endométrio ≥ 15mm. Completo; • Sangramento em moderada ou grande quantidade, que reduz; • Colo uterino fechado ou aberto; • Ausência de conteúdo na cavidade uterina; Endométrio < 15mm. Infectado; • Qualquer um dos anteriores, com sinais clínicos de infecção. 1.5 Aborto inevitável: USG com saco gestacional ocupando colo uterino Fonte: Ultrassom - emergências em ginecologia e obstetrícia. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/ FernandaHiebraGonalv/ultrassom-emergncias-em- ginecologia-e-obstetrcia>. RAÍ DA ROSA VIANA - raidarosav@gmail.com - 03381885090-36184 OB OBSTETRÍCIA BÁSICO2 • Há dilatação do colo uterino, ao exame físico; • Percepção das membranas ou embrião ao toque; • Demonstra sangramento, cólica e útero compatível com a idade gestacional; • Prescinde de ultrassonografia!; • É necessária uma conduta ativa pelo profissional da saúde! 1.6 Gestação anembrionada: • É uma gestação inviável; • Ultrassonografia: • Saco gestacional ≥ 25 mm, com ausência de embrião ou vesícula vitelínica no seu interior; • Embrião ≥ 7 mm (medida CCN; crânio-nádega) e ausência de atividade cardíaca (em batimentos cardiofetais - BCF). • Saco gestacional sem vesícula vitelínica; Repetir o exame em 14 dias; Não surge um embrião. • Saco gestacional com vesícula vitelínica; Repetir o exame em 11 dias; Não surge um embrião. 1.7 Mau prognóstico: o que não esperar em uma gestação normal? Critérios principais: • Saco gestacional irregular; • BCF < 100 bpm entre 5 e 7 semanas; • Hematoma subcoriônico > 25% do diâmetro total do saco gestacional. 1.8 Condutas nos abortamentos: Gerais: • Avaliar a estabilidade hemodinâmica; • Fazer a tipagem sanguínea; • Outros exames: Sorologia para HIV e sífilis; Sorologia para hepatites; • Avaliar a administração de Imunoglobulina anti-D; Se o pai for Rh positivo e a mãe Rh negativo; • Orientar a contracepção e acolher as pacientes! Na ameaça: • Vigilância clínica; • Orientações gerais. No retido: • Conduta expectante; Esperar a eliminação em até 28 dias. • Conduta Ativa; Misoprostol + curetagem ou AMIU (aspiração manual intrauterina); 1.Observação: pacientes com IG > 12 semanas, há o risco da presença de espículas ósseas; 2. Dessa forma, deve- se eliminar o produto conceptual antes de curetar/ aspirar, pelo alto risco de perfuração intrauterina. USG com saco gestacional vazio Fonte: Gravidez anembrionária, Dra. Pâmela Duarte. Disponível em: <https://pamelagineco.com. br/2021/11/25/gravidez-anembrionaria/>. Acesso em: 13 nov. 2023. No tipo incompleto: • Curetagem ou AMIU. No completo: • Não há necessidade da conduta expectante ou curetagem; • Seriar beta-hCG 🡪 se não houver material para anatomopatológico. No infectado: • Esvaziamento + antibioticoterapia: Gentamicina + ampicilina + (clindamicina ou metronidazol), por 48 horas. • Medidas para sepse, se necessário. 1.9 Abortamento de repetição: Define-se por 2 ou mais abortos consecutivos confirmados; • Acomete 1/200 casais; • Exige investigação. Propedêutica: • Realizar o cariótipo do casal; • Investigar doenças sistêmicas/metabólicas; Glicemia de jejum; TSH; Obesidade. • Avaliar hábitos e vícios; • Realizar a avaliação anatômica: USG tranvaginal + HSC (histeroscopia) ou HSG (histerossalpingografia); RNM (ressonância magnética) de pelve. • Investigar Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF): Anticorpos anti-cardiolipina + anti-B2- glicoproteína-1 + anticoagulante lúpico; Em caso de alteração de algum dos exames 🡪 repetir a dosagem em, pelo menos, 12 semanas. RAÍ DA ROSA VIANA - raidarosav@gmail.com - 03381885090-36184 OB 3SANGRAMENTOS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 1.10 Incompetência istmo cervical (IIC): • É um quadro com dilatação indolor e recorrente do colo uterino; • Pode provocar abortos tardios. 2. GESTAÇÃO ECTÓPICA 2.1 Definição: Dá-se pela implantação ou desenvolvimento do ovo fora da cavidade uterina. 2.2 Fatores de risco: • Antecedente de gravidez ectópica; • DIP; • Cirurgia tubária; • Infertilidade; • Endometriose – pela distorção de arquitetura da tuba uterina; • Uso de DIU; • Contracepção de emergência; • Tabagismo. 2.3 Quadro clínico: Tríade: Dor + atraso menstrual + sangramento vaginal (em geral, de pequena quantidade). 2.4 Diagnóstico: • Atraso menstrual de 5 semanas 🡪 é esperado encontrar o saco gestacional na cavidade uterina. • Beta-hCG > 20001 mUI/mL: provavelmente há imagem na cavidade uterina! (Se não há imagem na cavidade uterina, deve-se atentar para pesquisar em outros lugares.) OBS.: Em 48 horas, espera-se que os níveis de beta-hCG tenham dobrado! OBS.: Gravidez ectópica não é sinônimo de gestação tubária! 2.5 Manejo: Quanto mais precoce o diagnóstico, menos mórbido é o tratamento! Condutas: • Paciente com beta-hCG positivo e dor abdominal? Dosar beta-hCG quantitativo. • Beta-hCG < 2000 mUI/mL, sem SG (saco gestacional) intrauterino: Repetir o exame em 48 horas; Imagem anexial? Varia na literatura: 1500 x 2000 x 3500 mUI. • Beta-hCG > 2000 mUI/mL, sem SG intraútero: achar e tratar a gestação; • Avaliar a estabilidade hemodinâmica da paciente. Tratamento expectante: • Quando posso fazer? GE (gestação ectópica) íntegra de até 4 cm (ou 5 cm); Ausência de batimentos cardiofetais (BCF); Líquido livre limitado à pelve; Beta-hCG < 5000 mUI/mL (ou 2000 mUI/mL) e em queda. Tratamento medicamentoso (metotrexato): • Quando posso fazer? GE (gestação ectópica) íntegra de até 4 cm (ou < 3,5 cm); Ausência de BCF; Líquido livre limitado à pelve; Beta-hCG < 5000 mUI/mL e crescente. • Critérios para uso do metotrexato: Estabilidade hemodinâmica; Desejo reprodutivo; Consentimento da paciente. • Contraindicações ao uso do metotrexato; Recidiva ectópica na mesma tuba; Amamentação; Alteração das enzimas hepáticas ou creatinina; Impossibilidade de seguimento. Cirúrgica: • Laparoscopia: preferência, se estabilidade hemodinâmica; • Laparotomia:preferência, se instabilidade hemodinâmica; 2.6 O que esperar no ultrassom de uma gestação ectópica? Sinais sugestivos ao ultrassom de gestação ectópica; • Anel tubário, “sinal do bagel” 🡪 imagem paraovariana semelhante ao saco gestacional; • Imagem heterogênea ou complexa, também chamada de “blob”. USG com imagem de saco anecogênico rodeado por anel hiperecogênico (seta) Fonte: Ultrassom - emergências em ginecologia e obstetrícia. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/ FernandaHiebraGonalv/ultrassom-emergncias-em- ginecologia-e-obstetrcia>. RAÍ DA ROSA VIANA - raidarosav@gmail.com - 03381885090-36184 OB OBSTETRÍCIA BÁSICO4 3. DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL É definida por uma anomalia proliferativa que acomete as células que compõem o tecido trofoblástico placentário; 3.1 Considerações importantes: Marcador tumoral biológico e específico; • Beta-hCG. Epidemiologia: • Ocorrência em 1/200-400 gestações. Fatores de risco: • Idade avançada; • Doença trofoblástica gestacional prévia. 3.2 Quadro clínico: Sangramento vaginal + beta-hCG persistentemente elevados. Demais sinais clínicos: • Útero aumentado para a idade gestacional; • Cistos tecaluteínicos; É uma resposta ao hiperestímulo ovariano por altas doses de hCG com efeito LH- like; Não são exclusivos da doença trofoblástica gestacional; Regridem espontaneamente; O procedimento cirúrgico somente está indicado nos casos de abdome agudo associado. • Náusea e vômitos; • Hipertireoidismo; • Pré-eclâmpsia precoce (< 20 semanas); • Vesículas hidrópicas vaginais. OBS.: Por tal motivo, é necessário o acompanhamento do beta-hCG quando não há disponibilidade de avaliação do material anatomopatológico. 3.3 Cinco entidades clínicas – diagnósticos diferenciais; Mola hidatiforme - é mais comum; • Completa ou parcial. Formas malignas (NTC); • Mola invasora; • Coriocarcinoma; • Tumor trofoblástico do sítio placentário; • Tumor trofoblástico epitelióide. 3.4 Mola hidatiforme; Potencial de malignização; • 10 – 20% 🡪 completa; • 4 – 8% 🡪 incompleta. Completa: • Cariótipo diplóide de origem paterna: Óvulo vazio + 1 spz (espermatozóide) duplicado ou 2 spz 🡪 46, XX em 90% dos casos; Sem óvulo = sem embrião. USG com imagens de vesículas Fonte: LIMA, L. DE L. A. et al. Correlações clinicorradiológicas em pacientes com doença trofoblástica gestacional. Radiologia Brasileira, v. 49, n. 4, p. 241–250, 2016. Parcial: • Cariótipo triplóide de origem paterna: Óvulo haplóide + 1 spz duplicado ou 2 spz 🡪 69, XXX; 69, XXY; 69, YYY. • Presença do feto; há menos vesículas e apresenta um diagnóstico mais • tardio. RM de pelve com imagem de de mola parcial Fonte: LIMA, L. DE L. A. et al. Correlações clinicorradiológicas em pacientes com doença trofoblástica gestacional. Radiologia Brasileira, v. 49, n. 4, p. 241–250, 2016. RAÍ DA ROSA VIANA - raidarosav@gmail.com - 03381885090-36184 OB 5SANGRAMENTOS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO Fluxo de tratamento da Mola Hidatiforme; • Conduta principal: esvaziamento + seguimento pós-molar: Esvaziamento uterino: 1. Dilatação mecânica; 2. Uso de ocitocina; 3. Aspiração; 4. Misoprostol – não usar! • Propedêutica: Anamnese; Exame físico completo; Exame ginecológico. • Exames complementares: Hemograma; Tipagem sanguínea + fator Rh; Beta-hCG quantitativo; TSH + T4l; Sorologia para HIV, sífilis; Radiografia de tórax (especialmente se AU (altura uterina) > 16 cm). • Conduta cirúrgica: HTA / HTL profilática: Considerar em: Pacientes > 40 anos e com prole constituída. Seguimento clínico da Mola Hidatiforme; • Dosagem semanal/quinzenal de beta-hCG; • Após 3 valores normais (negativos) 🡪 dosar mensalmente por 6 meses. OBS.: Contracepção! ACOH é o ideal! Gravidez somente se 6 meses de b-hCG negativo! Progressão para neoplasia trofoblástica gestacional (NTG); Quando suspeito de neoplasia? Elevação BhCG (≥ 10%) em três dosagens ou mais: dias 1, 7 e 14; Platô (< 10%) em 4 ou mais aferições em mais de três semanas: dias 1, 7, 14 e 21.OBS.: Para tais casos, é importante repetir o exame físico e ginecológico, USG transvaginal e radiografia de tórax; • Diagnóstico histológico de coriocarcinoma. ATENÇÃO! Se coriocarcinoma ou metástase pulmonar: proceder com ressonância magnética de sistema nervoso central e de abdome. Estadiamento Estádio I Estádio II Estádio III Estádio IV Doença restrita ao corpo do útero NTG em pelve, vagina, anexos, ligamento largo NTG com extensão para os pulmões, com ou sem envolvimento genital. Todos os outros locais de metástases Escore de risco 0 1 2 4 Idade (anos) < 40 ≥40 - - Gestação anterior Mola Aborto Termo — Intervalo (meses) entre gestação antecedente e NTG < 4 4-6 7-12 > 12 Beta-hCG (UI/L) pré-tratamento NTG <10³ 10³- 10⁴ > 10⁴ - 10⁵ >10⁵ Maior tumor (cm), incluindo útero - 3 - 4 cm ≥5cm - Sítio de metástases Número de metástases - Baço, rim 1 -4 Gastrintestinal 5-8 Cérebro, fígado >8 Falha da QT - - Agente único Dois ou mais agentes Tratamento: • NTG não metastática: 1. Quimioterapia na primigesta x Histerectomia na multípara; 2. No coriocarcinoma, pode ser necessário quimioterapia complementar além da histerectomia. • NTG metastática; 1.Quimioterapia +/- radioterapia; 2. Não biopsiar metástase vaginal: há risco de sangramento volumoso. • Cuidados pós-tratamento: Gestação somente após 12 meses de beta- • hCG negativo! OBS.: Quimioterapia – utilizar metotrexato ou actinomicina D. RAÍ DA ROSA VIANA - raidarosav@gmail.com - 03381885090-36184 OB OBSTETRÍCIA BÁSICO6 RAÍ DA ROSA VIANA - raidarosav@gmail.com - 03381885090-36184