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- A primeira coisa a se fazer sempre é observar a congruência articular entre os ossos da região estudada (ou seja, se os ossos estão no local adequado). - Para isso, é necessário conhecer a anatomia do osso e da articulação em questão. - A segunda coisa a se fazer é identificar a cortical externa dos 2 lados do osso e ir acompanhando-a por todo o osso. Após isso, se analisa as 2 corticais internas e a parte medular do osso. Nessa imagem, o tálus está se articulando com a tíbia de forma congruente, assim como o maléolo medial da tíbia com o tálus, etc. A imagem representa uma fratura sem desvio Existe uma incongruência na imagem. Há uma incongruência da cortical externa da fíbula (fratura da fíbula distal) e uma ruptura da cortical externa do maléolo medial da tíbia (descontinuidade da cortical externa = fratura). A imagem representa uma fratura com desvio (mas sem luxação). Incongruência da articulação, pois o tálus está fora da pinça articular (comparar com o lado normal ajuda), caracterizando uma luxação. Porém, por ainda haver um pedaço da articulação congruente, chama-se subluxação. A imagem representa uma fratura incompleta com subluxação (parcial) do tálus. Giovanna Lopes A imagem mostra uma fratura com luxação (completa) do tálus. A luxação é situação de emergência e é mais grave do que a fratura. - Uma entorse geralmente é conhecida por torcedura ou mau jeito. É um mecanismo indireto de lesão (virou o pé acidentalmente enquanto caminhava, por exemplo). É uma torção do ligamento. Em casos graves, pode haver ruptura do ligamento. - É um trauma provocado pela movimentação abrupta de uma articulação (se não tiver articulação envolvida, não é entorse), de maneira forçada, ultrapassando os limites anatômicos e fisiológicos, produzindo estiramento dos ligamentos que estabilizam a articulação, podendo lesar fibras, mas sem afastar as superfícies de contato, tendo como consequência uma luxação. - Os locais onde ocorre mais comumente são as articulações do tornozelo, ombro, joelho, punho e dedos. A entorse do tornozelo é a lesão mais comum com alta frequência de recorrência devido a mecanismos de inversão do pé. - É importante diferenciar entorse de contusão, a qual seria um mecanismo direto de lesão (uma pedra caiu no meu pé, por exemplo). Entorses tem a ver com ligamentos e articulações. Já a contusão pode acontecer no ligamento, no osso ou no músculo. - As distensões são lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causadas por hiperextensão ou por contrações violentas. - Em casos graves pode haver ruptura do tendão. - Pode ser de mecanismo direto ou indireto. Tem a ver com músculo, com tendão, com ligamento, mas não tem nada a ver com osso. Na vista lateral, há 3 ligamentos importantes: o ligamento talofibular anterior (também chamado de fibulotalar), o ligamento talofibilar posterior e o ligamento calcâneofibular. Os ligamentos tibiofibulares anterior e posterior são chamados de ligamentos interósseos, responsáveis pelo mecanismo rotacional do corpo (são os ligamentos mais fortes do tornozelo) Na parte dos ligamentos da vista medial, existem feixes superficiais e feixes profundos, o ligamento deltoide (é o ligamento medial do tornozelo, constituído por um folheto superficial e um profundo – é um ligamento muito forte). Os ligamentos importantes da vista posteromedial é o ligamento tibiotalar posterior e anterior e o ligamento deltoide - Os ligamentos deltoide (medial), tibiofibular posterior, tibiofibular anterior, talofibular posterior, talofibular anterior e o calcâneofibular fazem parte do complexo lateral do tornozelo. - Os ligamentos não são visualizados através da radiografia, mas sim através da USG, pois é um exame mais rápido e efetivo do que a ressonância magnética. - A lesão ligamentar mais comum é a do tornozelo (subir e descer escadas, tropeçar em terrenos irregulares...). - Entorses laterais do tornozelo, 16-21% são lesões traumáticas relacionadas com a prática desportiva. - O ligamento talofibular anterior é o mais fraco e o mais frequentemente lesionado. - Geralmente, o padrão previsível de lesão do ligamento colateral lateral é: o 1º: Ligamento Talofibular Anterior o 2º: Ligamento Calcâneofibular o 3º: Ligamento Talofibular Posterior o Classificação: Entorse de grau I, II e III (rotura parcial/completa) - O tratamento cirúrgico de lesões agudas apenas é ponderado para atletas de alta performance e para doentes com história de instabilidade crônica do tornozelo. - Rotura Aguda do Ligamento Calcâneofibular: o Espessado, heterogêneo. o Derrame da bainha do tendão peroneal pode ser um sinal secundário de lesão deste ligamento. - As lesões no tornozelo são as mais frequentes em atletas, principalmente no Brasil (devido ao futebol) e nos EUA (devido ao basquete). - Nos EUA há 01 entorse/dia/10.000 habitantes. - No Brasil há 18.000 entorses/dia. - O diagnóstico é incorreto, pois os médicos subestimam muito essas lesões. Há 3 vezes mais entorses do que fraturas. - O tratamento é conservador na maioria das vezes. - É a estrutura mais lesada do tornozelo (cerca de 85%). - Os principais sinais e sintomas são edema, dor e equimose (algumas vezes). - Classificação geral para lesão de ligamentos e músculos. - Grau I: Ligamentos estirados (não há lesão na integridade dos ligamentos). As fibras apenas se alongam, não se rompem. O tratamento sempre é conservador (PRICE). 3 semanas de tratamento. - Grau II: Há ruptura parcial dos ligamentos. Causa dor, hematoma e edema. O tornozelo fica com certa instabilidade anterior. Se o mecanismo continuar ou o tratamento não for feito direito, pode evoluir para o grau III. Se o tratamento conservador for feito direitinho, vai cicatrizar bacana. 6 a 8 semanas de tratamento. - Grau III: Há ruptura completa dos ligamentos. Causa dor intensa, hematoma e grande edema. O tornozelo fica instável e com incapacidade funcional. O tratamento é cirúrgico. 8 a 12 semanas de tratamento. - Como a lesão geralmente é na lateral do tornozelo, são 3 ligamentos, se, dos 3, tiver lesão completa (grau III) de apenas 1 e os outros 2 tiver lesão de grau I ou II (não completa), o tratamento será todo conservador. Mas se dos 3, tiver lesão completa de grau III em 2, o tratamento será cirúrgico dependendo da situação (paciente idoso = conservador / atletas = cirúrgico). Se os 3 estiverem em grau III, o tratamento sempre será cirúrgico. - Na equimose, existe extravasamento de sangue, mas não há tumoração. A área lesionada fica no mesmo nível da pele normal, não há elevação. - Já no hematoma, há um extravasamento de sangue com uma elevação no tecido (tumoração). Significa que a lesão foi mais grave e o prognóstico é mais delicado, pois nesse local pode haver infecção (bactéria gosta de sangue como seu meio de cultura) em casos de imunidade baixa do paciente (vira pus) em casos de não tratamento adequado da lesão. Assim, um hematoma pode complicar dependendo da resposta imunológica do paciente. - Inversão: o pé vira para dentro (para medial). Ocorre o estiramento do complexo lateral do tornozelo (lesão dos 3 ligamentos laterais – calcâneofibular, talofibular anterior e talofibular posterior). O ligamento mais comum de ser lesionado nessas situações é o talofibular anterior. - Eversão: o pé vira para fora (para lateral). Ocorre o estiramento e a lesão dos ligamentos mediais (ligamento deltoide). É o mecanismo mais frequente de entorse (85% dos casos). - Rotação: o corpo gira e o pé fica. É o mais grave. Esse tipo de mecanismo é capaz de lesionar todos os ligamentos, inclusive os ligamentos interósseos. Na grande maioria dos casos é cirúrgico e associado com fratura da fíbula proximal (próximo ao joelho) – chamada de Fratura de Maisonneuve. - O SistemaNervoso Autônomo é responsável pela instabilidade articular. Esse sistema é composto pelo Sistema Nervoso Central, Sistema Vestibular, Visual, Auditivo e Tátil. - Impulsos Proprioceptivos. - Os Distúrbios de Larsen é uma condição hereditária caracterizada pelo deslocamento congênito de múltiplas articulações do corpo. É uma displasia esquelética rara caracterizada por luxação congênita de grandes articulações, deformidades nos pés, displasia da coluna cervical, escoliose, falanges distais em forma de espátula e anomalias craniofaciais distintas, incluindo fenda palatina. - Quando alguém tem algum distúrbio vestibular, a pessoa perde o equilíbrio e tem uma propensão a cair. Se a luz se apagar, você sabe a direção onde fica a porta. Tudo isso é o Sistema Nervoso Autônomo trabalhando. Assim, pacientes com quadro de entorses frequentes é necessário se fazer uma investigação neurológica do sistema vestibular. - Pedir USG quando os ligamentos são ligamentos extra-articulares (como os ligamentos externos da mão, do pé, do tornozelo). - Pedir Ressonância Magnética quando os ligamentos são intra- articulares (como os ligamentos internos do quadril). A RM também mostra a contusão óssea, além de lesões cartilaginosas e capsulares. - Pedir Radiografia para ver ossos. Não mostra contusão óssea, apenas a fratura. - Como as lesões no tornozelo são extra-articulares, uma USG bem feita resolve. - Em lesões que acabaram de acontecer ou com muito hematoma, o diagnóstico da lesão e a classificação através da USG fica comprometido devido ao sangue acumulado na região, impedindo a visualização. Nesses casos, é recomendado a USG de forma prática em média 7 dias depois da lesão (com o paciente devidamente imobilizado com a tala gessada para evitar complicações da lesão). - Já a radiografia deve ser feita imediatamente para verificar se há fratura. Se não houver fraturas, devemos sempre suspeitar de lesões ligamentares. Pode ser feita radiografia normal em comparativo ou radiografia sob estresse. - Fazer sempre o protocolo PRICE. - O gelo deve ser aplicado no local da lesão imediatamente. Essa é a primeira e mais importante medida a ser tomada. O frio (vasoconstrição) diminui a sensibilidade à dor, o edema, o sangramento interno e o processo inflamatório associado ao trauma sofrido pelo músculo ou pela articulação. Fazer sempre o gelo por 3 dias, e depois pode começar o calor úmido (possibilita os neutrófilos de combater a lesão – abre caminho para a imunidade chegar no processo da cicatrização). - O calor aumenta o fluxo de sangue no local e poderá agravar o sangramento, o edema e a inflamação. As compressas ou bolsas de água quente só deverão ser usadas quando o inchaço tiver desaparecido completamente. - Se o paciente tiver a tala gessada, não precisa do gelo, apenas precisa manter o membro elevado. A tala gessada traz conforto para o paciente, tira a dor e estabiliza a lesão. A tala gessada não serve apenas para fraturas, mas sim para qualquer lesão muscular, ligamentar, etc. Tala Gessada = imobilização provisória - O paciente com lesão grave, se bem tratado e com a devida fisioterapia de reabilitação, ele pode voltar a suas atividades normais. - Lesões combinadas. - Atletas de Elite. - Rafia ou reinserção do ligamento com sutura transóssea ou com miniâncoras. - P.O. de tratamento funcional. - 7 a 18% de complicações. - Sindesmose = cirurgia – parafuso tibiofibular 2,5 cm acima da articulação.